Tabela 2 descrição dos articulemas e fonemas e seu uso em boquinhas
1. Método das Boquinhas
Renata Jardini CRFa: 4028-SP - CRFa: 2025/PJ - CNPJ: 09.508.047/0001-35
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Rua Maurílio Luiz Vieira, 5-62 - Bauru/SP – CEP: 17060-560 - Tel.: (14) 3206.2541
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Tabela 2: A DESCRIÇÃO DOS ARTICULEMAS E FONEMAS
E SEU USO EM BOQUINHAS
Renata Jardini
Resenha do livro Alfabetização e Reabilitação pelo Método das Boquinhas – Fundamentação Teórica, JARDINI, 2010.
As fotos ilustrativas dos padrões articulatórios - Boquinhas- de nosso idioma podem auxiliar na fixação da correspondência fonema/grafema/articulema, que devem ser treinados, sinestesicamente (pelo sentir), visualmente (com espelhos) e auditivamente, tanto pelos professores, como pelos alunos, propiciando-lhes maior segurança e credibilidade no uso do método aqui apresentado. Você também pode fotografar cada boca, de cada criança, construindo o seu álbum pessoal de Boquinhas. Desta maneira, reafirma o conceito de coautoria no processo e de internalização dos conceitos.
O educador pode achar, porventura, que as Boquinhas estejam "exageradas" na sua articulação quando comparadas à fala normal. Isto é verdadeiro, porém é preciso entender que a criança em fase de alfabetização necessita de ênfase na proposta sugerida, para que ela mesma possa sentir-se segura com as novas ferramentas de que dispõe. Esse "exagero" articulatório é minimizado com o passar do aprendizado, tornando- se natural dentro de alguns meses.
A descrição sucinta dos pontos articulatórios dos fonemas da Língua Portuguesa apresentada abaixo, foi baseada em uma descrição facial, levando-se em conta os movimentos de língua e posições labiais, de forma simples e prática, não se atendo às características de percepção sonoras, como oclusão, tonicidade, fricação, constrição, e outras, como um fonoaudiólogo e/ou linguista dominaria. Não foram observados os caracteres representativos do alfabeto fonético internacional (IFA) e serão utilizadas barras / / para exemplificar fonemas, grafemas e palavras, indistintamente. Essa tabela simplificada tem a intenção de ser facilmente compreendida, podendo ser também utilizada em sala de aula, tanto pelo professor, como pelo aluno.
Como já escrito anteriormente, a escrita alfabética é um sistema de escrita regido pelo princípio da fonografia, em que o signo gráfico representa normalmente um ou mais fonemas do idioma. Assim, de uma maneira ou de outra, para se alfabetizar a criança deverá ter a compreensão da associação fonema/grafema, que deverá ser salientado em alguma parte de todo e qualquer método de alfabetização, uma vez que vai buscar, em sua fala, elementos que lhe deem segurança e recorrência no aprendizado. Desta forma, o nome das letras, ou o recitar o alfabeto de maneira rotineira e mecânica, treino tão usual nas escolas brasileiras, e também nos lares, deve ser evitado, na intenção de não prejudicar o processo pela fixação automática dos mesmos.
Com isso, não estamos afirmando que letras não possuem nomes, apenas sons, isso seria inverídico e totalmente absurdo. Nem estamos dizendo que seu nome é o seu som, recitando o alfabeto fonematizando-o, o que seria mais absurdo ainda!! É apenas dito e explicado a verdade, ou seja, que as letras têm nomes, sons e bocas, mas para se aprender a ler, usamos o seu som e sua boca (e não o seu nome) e exemplificamos: eu leio /lata/ e não /éle-a-te-a/, ou leio /faca/ e nunca /éfe-a-cê-a/. Para uma analogia lúdica e simples, explicamos que um animal cachorro é reconhecido cachorro sempre, mas quando ele abre a boca, late /au-au/, este é o seu som. Não vamos ouvir nunca um cachorro latir /cachorro-cachorro/, nem um gato miar /gato-gato/, mas /miaaaau-miaaaau/. Apesar de
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engraçado e lúdico, essa analogia tem um alto poder de convencimento e leva à compreensão do processo, nosso objetivo primordial.
Com isso não proibimos que o alfabeto seja ensinado ou treinado, apenas salientamos que o treino abusivo dos nomes das letras, em detrimento de seus sons, tem consequências graves no processo de aquisição da leitura e escrita, como vemos nos exemplos de escritas: /pacarinho/ no lugar de /passarinho/; /halinha/ no lugar de /galinha/; /gato/ no lugar de /jato/, em que se escreve usando como referência o nome da letra no lugar de seu som. Também o educador certamente conhece alunos que sabem todas as letras de cor, e que leem /ésse, o, éfe, a/, ou seja, falam o nome das letras sem conseguir efetivamente ler /sofá/... Infelizmente esse saber ler, como ainda muitos pais e educadores insistem em defender como processo de alfabetização, tem trazido bem mais problemas do que soluções.
Descrição dos Articulemas
FONEMA (som)
ARTICULEMA (Boquinha)
GRAFEMA (letra)
/a/
Boca bem aberta, mostrando-se os dentes. Sonoro.
A
/e/
Boca entreaberta. Sonoro.
E
/i/
Dentes à mostra, lábios esticados. Sonoro.
I, Y
/o/
Boca entreaberta, lábios arredondados. Sonoro.
O
/u/
Boca semifechada, lábios em bico. Sonoro.
U, W
/b/
Lábios fechados, som explosivo - vibração, sonoro.
B
/k/
Boca entreaberta, som brusco na garganta - sem vibração, surdo.
CA, CO, CU,
QUE, QUI, QUA, K
/d/
Boca semifechada, a língua toca rapidamente os dentes superiores – vibração, sonoro.
D
/f/
Dentes superiores tocam o lábio inferior, soltando o ar - sem vibração, surdo.
F
/g/
Boca entreaberta, som brusco na garganta - com vibração, sonoro.
GA, GO, GU,
GUE, GUI, GUA
/j/
Lábios em bico, língua elevada ou retraída - com vibração, sonoro.
JA, JE, JI, JO, JU,
GE, GI
/l/
Boca aberta, a língua toca atrás dos dentes superiores, sonoro.
L
/m/
Boca fechada, som nasal, sonoro.
M
/n/
Boca aberta, língua atrás dos dentes superiores, som nasal, sonoro.
N
/p/
Boca fechada, som explosivo - sem vibração, surdo.
P
/rr/, /R/
Boca entreaberta, garganta raspada, sonoro.
R, ARRA
/r/
Boca entreaberta, língua toca uma vez o céu da boca, mais ao fundo.
AR, ARA
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/s/
Dentes à mostra, lábios esticados, sopro contínuo, língua toca os dentes inferiores - sem vibração, surdo.
SA, SE, SI, SO, SU,
ÇA, ÇO, ÇU, SS, CE, CI
/t/
Boca semi-fechada, língua toca rapidamente atrás dos dentes superiores - sem vibração, surdo.
T
/v/
Dentes superiores tocam o lábio inferior, soltando o ar - com vibração, sonoro.
V, W
/x/
Lábios em bico, língua elevada ou retraída - sem vibração, surdo.
X, CH
/z/
Dentes à mostra, lábios esticados, sopro contínuo, língua toca os dentes inferiores - com vibração, sonoro.
Z, ASA
A distinção entre a tonicidade das vogais /e/ e /o/, caracterizando-as em abertas /é/ e /ó/ e fechadas /ê/ e /ô/ não foi demarcada, por não acreditarmos se tratar de variável que traga confusão às crianças, uma vez que seus grafemas são os mesmos, excetuando-se no caso onde haja acentuação aguda. Acreditamos que esse aprendizado virá com o andamento da alfabetização propriamente dita e com a memorização da grafia e das regras que regem a acentuação. Trabalhar a tonicidade nesse momento da aquisição é um fator a mais, que agrega stress desnecessário ao processo, causando, por vezes, equívocos outros, como acentuar-se todas as palavras em que o som da letra /E/ é aberto /é/, como /bonéca/, /éla/.
São apresentadas nesse trabalho, apenas as ocorrências de sílabas simples e complexas mais comuns, resguardando-se as exceções da língua, para a fase de alfabetização propriamente dita, no ensino fundamental. Nos livros Boquinhas no Desenvolvimento Infantil optamos por não apresentar as novas letras /k/, /y/, /w/, inseridas no alfabeto da Língua Portuguesa após a última reforma ortográfica de 2008. Isso se deveu ao fato de acreditarmos que a inserção dessas letras, que ainda são usadas somente em siglas, nomes próprios ou palavras de origem estrangeiras, não existindo na Língua Portuguesa nenhuma ocorrência, possa trazer confusões e equívocos, principalmente para os iniciantes no processo de aquisição da leitura e escrita. No entanto, palavras que as possuam, como muitos nomes dos alunos devem, é evidente, serem escritos corretamente e apenas citadas suas letras, para memorização.
Justifica-se essa omissão no trabalho sistemático de Boquinhas dada sua ocorrência múltipla e complexa, em que as letras /y/ e /w/ podem ter som das vogais /i/ e /u/ respectivamente, e sua ocorrência em palavras estrangeiras ou nomes próprios não ter regularidade, isto é, são aleatórias e dependem apenas de memória visual para ser grafadas corretamente. O caso da letra /w/ é mais complexo ainda, pois tanto pode se tratar de uma consoante de fonema /v/, como de uma vogal, de fonema /u/ e, novamente sua ocorrência ser aleatória. Já o caso da letra /k/, é sempre uma consoante pois possui de forma regular o fonema /k/. Se essas letras fossem pertinentes a palavras comuns e abundantes na Língua Portuguesa, seriam por nós sistematicamente trabalhadas, o que talvez possa acontecer em um futuro breve, uma vez que toda língua é viva e modificada por seus usuários.
As famílias silábicas devem ser apreendidas em concordância com o fonema (som) ao produzi-las e com o articulema (boquinha) ao pronunciá-las. Para nós, a regularidade, e, consequentemente a aprendizagem, se justifica pela ocorrência do mesmo som, mesma boca, que não necessariamente têm a mesma letra. Ao acompanharem o quadro anterior, verão que as sílabas, /que, qui/, pertencem à família silábica /ca, co, cu/ e devem ser
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dadas em conjunto, pois têm o mesmo ponto de articulação, embora ortograficamente apresentem-se diferentes. O mesmo vemos nas sílabas /gue, gui/ que pertencem à família /ga, go, gu/.
Essa proposta metodológica vem causando, a princípio, muito desconforto e resistência, pois está arraigado e paradigmatizado nos educadores o famoso jargão /ca-co- cu/; /ce-ci/; bem como /ga-go-gu/; /ge-gi/, em que as crianças devem apenas memorizar suas irregularidades, sem algo palpável para garantir a aprendizagem. Certamente um educador experiente já se deparou com crianças registrando /cibe/ no lugar de /quibe/, ou a famosa /aula de portugês/, no lugar de /português/, provas cabais dessas dificuldades cristalizadas pelo efeito da ensinagem insegura.
Desta forma, Boquinhas indo buscar a regularidade e constância entre um som e uma boca, acrescenta credibilidade e segurança à aquisição. A seguir demonstraremos como dúvidas pautam a formação dos educadores, que estão presos a processos silábicos e não alfabéticos de ensinagem. Exemplificando:
Qual é o som da letra /C/?
Certamente alguns disseram /k/, enquanto outros disseram /s/ e ainda outros afirmam categoricamente que, depende...
O mesmo pode ser dito da letra /G/? Provavelmente os mesmos resultados, ou seja, som /G/ e som /J/, ou depende...
É preciso que essa compreensão seja esclarecida de maneira eficaz e assertiva, para que a ensinagem não seja acompanhada de dúvidas. Para tal, reporto-me à compreensão de que para se conhecer, de fato, o som de uma letra, é preciso que a mesma esteja sozinha, isolada de qualquer outra, isolada das vogais, seja uma ocorrência muda, mas em que haja pronúncia, ou fonematização. Essa nomenclatura de letra muda deveu-se ao fato de que as vogais, sendo sonoras e mais audíveis dentro da sílaba, representavam sua sonoridade, enquanto que as consoantes, mais frágeis e breves, teriam um caráter mudo, posto que necessitassem das vogais para serem faladas e escritas. Isso é válido para a maioria dos vocábulos, mas há palavras em que a ocorrência de consoantes sem vogais permanece, sendo pronunciadas e audibilizadas. Quando de sua separação silábica, permanecem em sílabas diferenciadas. Exemplos: /substantivo; pacto; advogado; afta; signo; opção; atmosfera/.
Com isso, o leitor deve ter-se atido às representações onde a letra /c/ e /g/ são pronunciadas invariavelmente com os sons /k/ e /g/ respectivamente, e nunca com os sons /s/ e /j/. Desta forma lemos /cacto; invicto; característica; magno; ignóbil; impregna; ignorante; etc./. Desta forma, o som da letra /C/ é /k/ e o som da letra /G/ é /g/, pois são letras que possuem uma individualidade, respeitando-se o princípio alfabético de nossa língua. Quando associadas às vogais, vão apresentar irregularidades, ou seja, dificuldades ortográficas devido à representação dupla de suas articulações/fonematizações na sílaba. Ou seja, quando associadas às vogais /a-o-u/ são pronunciadas na garganta, ou seja, /ka- ko-ku/ e /ga-go-gu/. Quando associadas às vogais /e-i/ passam para outras famílias, isto é, produzem outros sons e outras bocas, que são /se-si/ e /je-ji/ respectivamente. Do contrário, leríamos equivocadamente /casto/ para cacto; /invisto/ para invicto; /carasterística/ para característica; /majno/ para magno; /ijnóbil/ para ignóbil; /imprejna/ para impregna e /ijnorante/ para ignorante.
Ainda se reportando às dificuldades ortográficas, teremos que as sílabas /ce, ci/, e /ss/ pertencem à família silábica /sa, se, si, so, su/, da mesma maneira que as sílabas /ge, gi/ vão pertencer à família /ja, je, ji, jo, ju/. Também o dígrafo /ch/ pertence à família do /x/ e
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o /s/ de casos como /asa/ pertence a família /z/; todos justificados por apresentarem o mesmo som e a mesma boquinha.
Asseguramos que em nossa experiência de 10 anos de Boquinhas sendo aplicada em todo território nacional, esses complicadores são muito facilmente assimilados pelas crianças, comprovando que o adulto, educador, por vezes tem mais paradigmas arraigados, impossibilitando-o de evoluir para o novo, que as próprias crianças e aprendentes. Embora o professor tradicional tenha dificuldade em acreditar nessa simples apresentação, verá, na prática, que é mais fácil, para a criança que adquire um novo código, memorizar visualmente as diferenças ortográficas, aceitando-as como diferenças existentes nas famílias, tendo, porém, como pistas facilitadoras e seguras, as semelhanças existentes na sonoridade (fonema) e na articulação (articulema).
O traço distintivo de sonoridade refere-se à vibração provocada pelas cordas vocais ao pronunciar determinados sons, ditos sonoros. São eles: /b/, /d/, /g/, /j/, /v/, /z/, acrescidos de suas variantes ortográficas, facilmente percebidos, quando colocamos as costas das mãos na garganta, ao produzi-los isoladamente. Eles confundem-se com seus oponentes surdos, isto é, que possuem o mesmo ponto de articulação, a mesma boquinha, porém não apresentam vibração nas cordas vocais, são surdos. São eles: /p/, /t/, /k/, /x/, /f/, /s/, respectivamente, acrescidos de suas variantes ortográficas. Ressalta-se que para a produção (fala) dos fonemas surdos não se deve pronunciá-los com o auxílio de vogais, uma vez que toda vogal é sonora e mascararia a percepção da presença/ausência de vibração.
A dificuldade maior encontra-se nas produções das letras /p/ e /t/ que, por serem plosivas, apresentam traços mais breves e não podem ser prolongadas. Salienta-se que o educador tende a exagerar na pronúncia das mesmas, colocando uma vogal /ã/ depois da consoante, pronunciando /tã/, /pã/. Esse equívoco pode gerar confusões, pois como já salientado anteriormente, /ã/ é sonoro, nasal e vibra as cordas vocais. É importante que se compreenda que essas pronúncias são bem discretas e quase imperceptíveis auditivamente, mas bem visíveis do ponto de vista articulatório. Por isso Boquinhas é concreto e oferece mais pistas multissensoriais do que a metodologia fônica pura. Ainda, as oponentes sonoras dessas letras, o /b/ e /d/ que vibram as cordas vocais, devem ser pronunciadas salientando-se a vibração antes da produção. Isto quer dizer que os músculos das pregas vocais se contraem antes que o som é produzido. Costumo mostrar que o pescoço se avoluma, fato bem perceptivo quando usamos um microfone encostado nele, que amplifica a vibração antes do som sair. Assim, evite falar /bãããã/ ou /dãããã/, pois essa ocorrência é nasal, sonora e pode gerar equívoco.
Outro exemplo para que o leitor compreenda de início a funcionalidade da ferramenta Boquinhas é a explicação para a ocorrência exclusiva de /m/ antes de /p/ e /b/, como nos exemplos /campo/, /tombo/, em contraparte da consoante /n/ antes de todas as outras letras (exceto /p/ e /b/), como nos exemplos /entra/, /ensino/, /canta/. O que antigamente se caracterizava como uma regra ortográfica, que deveria ser memorizada e aceita arbitrariamente, hoje se sabe tratar-se de uma ocorrência articulatória, posto que as consoantes /p/ e /b/ bilabiais, “pedem” a nasal antecedente /m/, também bilabial, uma vez que são as únicas três letras bilabiais de nosso alfabeto.
Assim, a troca recorrente entre /m/ e /n/, seja em início de sílaba, seja, principalmente, no meio da palavra, como nos arquifonemas /am/, /an/, é facilmente trabalhada em nossa proposição, uma vez que o aluno poderá encontrar elementos que facilitem o seu correto uso, se ativer-se, mais uma vez, à diferença entre os padrões articulatórios. Por exemplo: /m/ grafa-se com “três perninhas”, enquanto que /n/, com
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apenas duas. Se associarmos as perninhas aos lábios, veremos que /m/ utiliza os dois lábios para ser produzido e também a intercessão entre eles, ao serem fechados, onde forma-se a “terceira perninha”, enquanto que /n/, somente usa dois lábios, pois é produzido com os lábios e a boca entreaberta. Aliás, a única explicação coerente para o uso histórico de /m/ antes de /p/ e /b/, é que ambos também ocluem os lábios ao serem pronunciados e são os únicos com essa característica em todo o grupo de fonemas portugueses, isto é, bilabiais. Sendo assim, o fonema /m/ praticamente "pede" os fonemas /p/ e /b/, e seria contrário às preferências de uma articulação de Língua Portuguesa falarmos /ínpar/ ou /amtes/. Nas fotos das Boquinhas o /m/ apresenta-se com três dedos apoiados na face, sendo que o dedo intermediário salienta exatamente o fechamento dos lábios, ou seja, bilabial.
Questões – Tabela 2
1- Escolha um ou mais aluno/paciente do início do Ensino fundamental, ou jovem/adulto da EJA e treine com ele os articulemas propostos por Boquinhas. Faça um treino somente oral, sem escrita, de preferência, usando o espelhinho e apoiando-se no DVD que acompanha o livro. Depois responda:
- Quais foram os maiores entraves encontrados por você?
- Quais foram os maiores entraves encontrados por ele (a)?
- Como você se sentiu aplicando esse trabalho?
- Como ele (a) se sentiu realizando esse trabalho?
OBS: Esse treino é apenas de reconhecimento e contato com a metodologia, sendo apenas UM DE SEUS ASPECTOS. Não se espera, de ninguém, que o faça corretamente nas primeiras vezes, nem que domine todos os articulemas juntos, de uma única vez, sem erros. Não é esse o objetivo aqui proposto. Nessa etapa queremos apenas que você e seu aluno/paciente tentem, brinquem e se familiarizem com as bocas.
A sua aprendizagem, articulema, por articulema, será trabalhada efetivamente quando cada letra for apresentada e você poderá ver essa progressão nos livros dos alunos. Os exercícios que usarão o conhecimento dessa tabela se iniciam na 14ª semana, com as vogais.