2. Quando se deve “cobrar” a ortografia?
O que corrigir? Como? Por quê?
O que o aluno pode compreender? E o que
tem de memorizar?
Qual o nível de consciência que as crianças
possuem em relação ao sistema ortográfico
da língua?
3. Que aspectos da ortografia são
dominados primeiro pelas crianças?
Como o professor pode ser um
mediador eficiente no aprendizado do
sistema ortográfico?
O que os aprendizes sabem falar sobre
regularidades e irregularidades
de nossa ortografia?
4. Ortografia
Saber resultante de uma convenção,
com caráter normativo,
de natureza arbitrária,
reflete uma tentativa de unificação da forma
de escrevermos.
5. Como ensinar e aprender ortografia?
Pensando:
O Ensino – objeto de reflexão, processo ativo
trabalho coletivo e de interação dos
alunos
O Aluno – operar, criar e não apenas
memorizar palavras e acumular
regras ortográficas.
O Professor – ser um inventor, mediador,
sistematizador do trabalho
7. Sistema de notação alfabética
A criança elabora
uma gradual compreensão
sobre como funciona nossa
escrita alfabética e
domina as convenções
letra/som.
8. Sistema de notação ortográfica
Afirma o caráter
convencional da escrita,
precisa ser sistematizado,
ter metas definidas, construídas
em conjunto com os alunos.
9. Constitui objeto de Inquietação
• Como lidar com os erros dos alunos?
• Leitura e produção de textos garantem o domínio
das regularidades ortográficas?
• Fazer ditados, cruzadinhas, preencher lacunas
resolvem problemas de ortografia?
• Deve-se, ou não, fazer trabalhos específicos sobre
regras ortográficas em sala de aula?
10. Para superação dos erros é preciso
entender:
Erros ortográficos têm diferentes causas;
Erros diferentes – estratégias diferentes;
O raciocínio do aluno em relação às palavras:
o que precisa memorizar
o que precisa compreender
11. Relações entre sons e letras
Lemle (1981) sugere três tipos de correspondências
existentes:
1 - Cada letra é representada por um som e cada
som é representado por uma letra, relação
biunívoca, ideal para o sistema alfabético, mas só se
realiza em poucos casos.
Regulares diretas - relações letra/som incluem as
grafias de P, B, T, D, F, V.
Não existe nenhuma outra letra concorrendo.
12.
Sistematização de atividades para o
trabalho em sala de aula
1ª Etapa
Correspondências biunívocas entre fonemas e letras
Sugestões de Atividades
Brincar com letras desprovidas de sentido.
Treinar a relação escrita/fala – escrever e ler o escrito, ler e escrever o lido.
Criar ritmos alternando as consoantes
Trabalhar com pares mínimos: pata / bata; faca / vaca; etc.
Tomar melodias conhecidas e cantarolá-las, lendo sucessão de sílabas formadas
com essas consoantes.
Inventar jogos de palavras cruzadas usando somente as letras p, b, t, d, f, v e a
vogal a.
13. 2 - Cada letra é representada por um som, de
acordo com a posição –
SACOLA - CASA - MASSA,
e um mesmo som é representado por diferentes
letras, de acordo com a posição:
ZEBRA - CASA.
Regulares - passíveis de serem apreendidas por
meio de regra.
14. Sistematização de atividades para o
trabalho em sala de aula
2ª Etapa: Uma letra representando diferentes
sons, segundo a posição
Sugestão de Atividades
- Propor atividades de pesquisa;
- Construir regras junto com os alunos.
15. É possível prever-se que:
Em CASA, o /s/ não pode ser escrito com ss;
em MASSA, não pode ser escrito com s;
em ZEBRA, não pode ser escrito com s;
em SAPATO, não pode ser escrito com ss.
Dependendo do local onde a unidade gráfica se
encontra, a unidade sonora modificará.
16. Outras regularidades contextuais
Em função do contexto, sempre é possível gerar
grafias corretas, sem precisar memorizar.
Para o som de “r” forte,
usamos o “r” tanto no início da palavra (risada),
como no começo de sílabas precedidas de
consoante (genro),
ou no final de sílaba (porta).
OBS.: No caso das palavras “genro”, “honra”, a
consoante está presente na grafia com a função de
nasalizar a vogal.
17. Continuação
Quando o mesmo som de “r” forte aparece entre
vogais, sabemos que temos de usar o “rr” (carro,
serrote).
E, quando queremos registrar o outro som do
”r”, que alguns chamam de “brando”, e,
algumas crianças chamam de “tremido”, usamos
um “r” só em palavras como
“careca” e “braço”.
18. • G e GU – leitura das palavras
garoto e guerra;
• C e Qu – leitura das palavras
capeta e quilo;
• J formando sílabas com A, O, U
Jabuti, jogada, caju;
• Z em palavras que começam com o som de Z
zabumba, zinco, etc.
• S no início das palavras, formando
sílabas com A, O, U, como em
sapinho, sorte, sucesso;
19. • O ou U átonos e tônicos no final de
palavras, com o som de U – bambo,
bambu;
• E ou I, átonos e tônicos no final de
palavras que terminam com o som de I
– perde, perdi;
• M, N, NH, TIL – para grafar as formas
nasais em nossa língua – campo,
canto, minha, pão, maçã, limões.
20. O ou U átonos e tônicos no final de palavras,
com o som de U – bambo, bambu;
E ou I, átonos e tônicos no final de palavras que
terminam
com o som de I – perde, perdi;
M, N, NH, TIL – para grafar as formas nasais em
nossa língua
campo, canto, minha, pão, maçã, limões
21. 3. Casos de regularidades morfológico-
gramaticais:
•presentes em substantivos e adjetivos
Exemplos de regularidades morfológico-gramaticais
observadas na formação de palavras
por derivação:
. “portuguesa”, “francesa” e demais adjetivos
que indicam o lugar de origem se escrevem
com ESA no final;
. “
22. Continuação
“beleza”, “pobreza” e demais substantivos
derivados de adjetivos e que terminam com o
segmento sonoro / eza / se escrevem
com EZA;
. “português”, “francês” e demais adjetivos que
indicam o lugar de origem se escrevem
com ÊS no final;
23. . “milharal”, “canavial”, “cafezal” e outros
coletivos semelhantes terminam
com L;
. “famoso”, “carinhoso”, “gostoso” e outros
adjetivos semelhantes se escrevem
sempre com S;
. “
24. Continuação
doidice”, “chatice”, “meninice” e outros
substantivos terminados com o sufixo ICE se
escrevem
sempre com C;
. Substantivos derivados que terminam com os
sufixos ÊNCIA, ANÇA e ÂNCIA também se
escrevem
sempre com C ou Ç ao final,
“ciência”, esperança” e “importância”);
25. • presentes nas flexões verbais
As regras morfológico-gramaticais se aplicam
ainda a vários casos de flexões dos verbos que
causam dificuldades para os aprendizes.
Alguns exemplos:
. “cantou”, “bebeu”, “partiu” e todas as outras
formas de terceira pessoa do singular do passado
(perfeito do indicativo) se escrevem com U final;
26. “cantarão”, “beberão”, “partirão”
e todas as formas da terceira pessoa do
plural no futuro se escrevem
com ÃO
Enquanto todas as outras formas da terceira
pessoa do plural de todos os tempos verbais
se escrevem com M no final
“cantam”, “cantavam” “bebam”, “beberam”;
. “cantasse”, “bebesse”, dormisse” e todas
as flexões do imperfeito do subjuntivo terminam
com SS;
27. Todos os infinitivos terminam com R
“cantar”, “beber”, “partir”,
embora esse R não seja pronunciado em
muitas regiões de nosso país.
Na maioria dos casos essas regras envolvem
sufixos, partes finais da palavra, que indicam a
sua família gramatical.
Esses sufixos aparecem tanto na formação de
palavras derivadas quanto na flexão de verbos.
28. Sistematização de atividades para o trabalho em sala de
aula
3ª Etapa: As partes arbitrárias do sistema. Certos sons
podem ser representados por mais de uma letra.
Sugestões de Atividades
- Dar informações sobre a história da língua: em latim, os sons do “C” de CINCO e
do “S” de SINO não eram iguais, e por isso essas palavras eram escritas com
letras diferentes.
-Trabalhar as regularidades ligadas a morfologia das palavras.
Sufixos – ECER: velho / envelhecer EZA: belo / beleza
- Utilizar o dicionário para o trabalho com as irregularidades ortográficas.
- Criar no aluno o hábito de reler o que se escreve. Evita erros aleatórios.
- Propor atividade de pesquisa.
Consultar o material de apoio item 2 desta oficina.
29. A representação de um único som por
diferentes letras em uma mesma posição
Irregularidades
Nestes casos, não há regras que ajudem o
aprendiz.
Ele pode e deve compreender que as
irregularidades de nossa ortografia concentram-se
na escrita.
A consulta ao dicionário, a memorização
e o estudo da morfologia ajudam bastante:
;
30. “som de S”
seguro, cidade, auxílio, cassino, piscina, cresça,
fiz, força, exceto;
“som de G”
girafa, jiló;
“som de Z”
zebu, casa, exame
31. -“som de X” - enxada, enchente;
- emprego do H inicial - hora, harpa;
- disputa entre E e I, O e U, em sílabas átonas
que não estejam no final das palavras
cigarra, seguro, bonito, tamborim;
- disputa do L com LH diante de certos ditongos
Júlio, julho, família, toalha;
- certos ditongos da escrita que têm uma
pronúncia reduzida - caixa, madeira;
32. Segundo Artur Gomes de Morais,
para desencadear a reflexão ortográfica tendo
textos como suporte, as atividades assumem três
modalidades básicas, explicadas e discutidas,
sempre que possível com exemplos concretos de
vivências desenvolvidas em sala de aula:
1- Ditado Interativo 2- Releitura com foco
3-Reescrita com transgressão ou correção
33. 1- Ditado Interativo
Consiste em ensinar ortografia ao aluno,
refletindo sobre o que está escrevendo.
Ele é orientado a
focalizar e discutir questões
ortográficas previamente selecionadas ou
levantadas durante a atividade.
34. 2- Releitura com Focalização
Consiste na releitura com focalização
na qual os alunos refletem sobre as
palavras de um texto já conhecido,
focando a atenção na
grafia das palavras.
Volta a atenção para o interior das palavras.
35. 3- Reescrita com transgressão ou correção
Consiste em refletir sobre
as propriedades de nossa norma ortográfica,
solicitando aos alunos que transgridam
reescrevendo textos
“errados de propósito”.
OBS. No material de apoio desta oficina você encontra explicações para realização
de cada atividade.
36. Considerações Finais
Uma boa parte dos desafios que se impõem no
processo de ensino e de aprendizagem da ortografia
consiste em elaborar situações didáticas que
permitam à criança compreender as conexões
entre os diferentes níveis de análise da língua e a
ortografia das palavras, a partir de uma seleção de
textos e de palavras que forneçam a evidência
necessária a uma adequada apropriação das
restrições contextuais da língua.