O documento discute o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em termos de números, circuitos neurais envolvidos, evidências de tratamentos farmacológicos e psicoterapias, e desafios na implementação de tratamentos baseados em evidências na prática clínica. Conclui que há terapias eficazes para o TEPT, mas falta disseminação e aplicação prática destes tratamentos.
11. TEPT EM NÚMEROS
Exposição a
trauma
15 – 24%
desenvolvem
TEPT
População em
geral ao longo
da vida
8-9% em risco
de desenvolver
um episódio de
TEPT
12. TEPT EM NÚMEROS
Risco 9.8 vezes maior de cometer suicídio
3.6 dias de trabalho perdidos ao mês
Prejuízo de U$6.23 bilhões em dois anos
PREJUÍZO
PESSOAL Risco maior de desenvolver comorbidades
(transtornos de ansiedade, humor, uso de
substâncias, outros problemas de saúde)
PREJUÍZO
SOCIAL
13. TEPT: um desafio
• Diagnóstico e tratamento dificultados por
comorbidades psiquiátricas, complicações
médicas e psicossociais
• Estigma social
14. PESQUISA TRANSLACIONAL EM TEPT
“Da ciência básica à
aplicação prática”
Desenvolvimento de
novas terapêuticas
baseadas em
evidência
Disseminação de sua
utilização na
comunidade médica
Uma revisão de TEPT baseado em evidências
- Farmacoterapias
- Psicoterapias
- Tratamentos combinados
- Modelo translacional de TEPT
- Desafios
16. TEPT baseado em evidências:
FARMACOTERAPIAS
• Medicamentos para TEPT: controvérsias.
Antidepressivos
Tricíclicos
IMAOs
ISRS*
IRSN
Venlafaxina
Estudo mostrou
apenas 40% de
remissão
* Paroxetina
Sertralina
Apenas 20-30%
de remissão
Apenas 60% de melhora
Melhora de sintomas de
hipervigilância, evitação,
pensamentos intrusivos.
Faltam dados sobre
recidiva e estudos
mais abrangentes!
17. TEPT baseado em evidências:
FARMACOTERAPIAS
Antipsicóticos
Ação nos sist. Dopaminérgico e
serotoninérgico
Uso combinado com ISRS e psicoterapia
Risperidona: melhora
de alguns sintomas
em alguns estudos
Atípicos: agem na insônia e
em sintomas psicóticos
18. TEPT basaedo em evidências:
FARMACOTERAPIAS
Bloqueadores β-
adrenérgicos:
propranolol
Ativação adrenérgica prolongada
após trauma aumenta risco de TEPT
Propranolol como “profilático” após trauma, ou
durante terapia de exposição, bloquearia os
receptores, reduzindo manifestação do TEPT
• Estudos mostram resultados inconsistentes
– Propranolol X gabapentina X placebo
– Impacto na consolidação de memória: uso de
propranolol durante escrita de uma narrativa do
trauma diminuiu ativação psicológica durante a
leitura
19. TEPT baseado em evidências:
FARMACOTERAPIAS
Bloqueador α1-
adrenérgico:
Prazosin
Redução de pesadelos
e distúrbios do sono
Relativa melhora da
sintomatologia geral
http://www.seattlemet.com/articles/2014/3/1/the-end-
of-the-nightmare-march-2014
20. TEPT baseado em evidências:
FARMACOTERAPIAS
• Apesar da falta de evidências da eficácia do
tratamento farmacológico, padrões de prescrição são
mantidos Polifarmácia
• Tratamento focado nos
sintomas, buscando
melhora da qualidade de
vida enquanto não se
encontra a cura
• Psicoterapia adjunta é
fundamental, mas faltam
estudos.
21. Psicoterapias para o TEPT
Exposição
Exposição
prolongada (PE) (Foa
& Kozak) teoria do
processamento
emocional
Condicionamento
clássico
Estruturas de medo
maladaptativas
Informações sobre
estímulos, respostas
e significados
ativados
22.
23. Terapia baseada no Processamento
Emocional (Foa & Kozak)
Ativação da
estrutura de medo
Nova
aprendizagem
Incorpora nova
informação
incompatível com
a estrutura
patológica
24. Manutenção do Transtorno
Minimiza exposição a informações discordantes
que desconfirmem os resultados temidos
Desenvolveriam uma estrutura de medo que
compete com a patológica (pensamentos,
emoções, resultados esperados)
Evitação cognitiva e comportamental
mantém os sintomas de TEPT
25. Psicoterapia baseada no
Processamento Emocional
Guiado a
relembrar as
memórias
traumáticas em
ambiente seguro
para facilitar a
extinção do
aprendizado
Resposta de medo
associado aos
estímulos é
extinguido
Aumenta distinção
entre pensar e
falar sobre o
trauma –
diminuição da
revivência
Discussão sobre a
exposição
imagística de
pensamentos e
emoções que
surgem durante a
exposição
Exposição imagística
26. Terapia de Exposição em Realidade
Virtual (VRE)
Maior engajamento na terapia de exposição
Eficácia demonstrada para TEPT após o 11/09,
Veteranos de guerra do Afeganistão e Iraque
Aumentam as capacidades de imaginação do
paciente come estímulos visuais, auditivos,
olfativos
Permite exposição a ambientes altamente
temidos, cuidadosamente monitorados e
adaptados para necessidades individuais
27. Implementação das psicoterapias
baseadas em evidências para o TEPT
• Psicoterapia interpessoal e terapia cognitivo-
comportamental conjunta
• TCC + TE = sucesso no tratamento
Minoria obtém benefício limitado
Psicofarmácos
28. Pesquisa Translacional
Condicionamento clássico ocorre em diversos
filos
Pareamento de estímulos neutros com estímulos
de ameaça = resposta de medo condicionada
Trauma provém o contexto para o novo
aprendizado emocional
29. Condicionamento do medo
• Estímulos sensórios nas memórias traumáticas –
pistas que ativam a resposta de medo na ausencia
do trauma original
• Resposta de medo condicionada: evitação de
pensamentos, sentimentos, estimulos sensoriais
Evitação do estresse emocional
30. Condicionamento do medo
• Resposta de medo condicionada pode ser
adaptativa, mas deve se extinguir quando não
tem mais um perigo de fato
• TEPT: não aprenderam que o estímulo
associado agora é seguro
• Resposta de medo persistente independente do
trauma original
• Dificuldade de aprender que o estímulo associado
ao trauma é seguro agora
31. TEPT e Neurobiologia
• Estudos com gêmeos: risco de TEPT entre 30-
40% na variação do diagnóstico
• Transportador da serotonina
• Receptor da dopamina
• “brain-derived neurotrophin factor”
32. TEPT e Psicofármacos da memória
• D-cycloserine (DCS; Seromycin)
• Antibiótico de amplo espectro
• Agonista parcial do receptor N-methyl-D-aspartate
(NMDA) – membro da família do glutamato
• Aprendizagem do medo e extinção são bloqueados por
antagonistas do receptor glutamatérgico NMDA
Demonstrou, combinado com TCC reduzir tempo do
tratamento para transtornos de ansiedade
*Aprendizado da evitação e tem como sintoma
principal o estresse emocional a partir de gatilhos
33. TEPT e Psicofármacos da memória
DCS melhorou exposição imagística e virtual para
acrophobia, fobia social, pânico e TEPT.
Ensaios clínicos randomizados em andamento após
terrorismo e relacionado a combate.
Terrorismo: Benefício para TEPT mais severo
Resultados negativos em protocolo de seis sessões com
relacionado a combate (amostra pequena)
34. Dificuldades na implementação de
tratamento baseado em evidências
Diagnóstico demora mais do que a média de 16.3min de consulta clínica
Dificuldade em falar sobre o trauma
Busca por especialistas clínicos devido a sintomas físicos
Comorbidades: 48% dos homens e 49% das mulheres com Transtorno
Depressivo comórbido
Sintomas sobrepostos podem obscurecer sintomas do TEPT em favor do
tratamento da depressão
35. TEPT e Comorbidades
Trauma Brain Injury: 73% tem diagnóstico de TEPT
Sintomas sobrepostos: dificuldade de concentração, sono prejudicado,
memória do evento prejudicada e irritabilidade
Abuso de substâncias: 22-43% entre civis
Entre homens, >51% fechavam critério para abuso/dependência de
álcool e >34% para abuso/dependência de substâncias que não álcool
Mulheres: 27% e 26%
36. “Lost in Translation”: Implementação de
tratamentos validados empiricamente
17 anos, em média,
para que pesquisas
atinjam a prática
Apenas 17% de 217
psicólogos utilizam
terapia de exposição no
TEPT
Falta de treinamento
Relutância de utilizar
tratamentos manualizados
Receio de que o
paciente descompense
(mesmo que não haja
evidências)
A incapacidade de mudar a
prática é um impedimento ao
sucesso no tratamento do TEPT!!
37. Terapia de Exposição - desafios
Medo e hesitação do
paciente em se
aproximar de
memórias difíceis e
situações
ansiogênicas
Dificuldade de
encaixar em modelos
médicos por ser não-
farmacológico,
geralmente aplicado
por psicólogos
Devido a muitas
comorbidades que são
tratadas primeiro, os
pacientes levam tempo até
chegar ao terapeuta correto!
38. CONCLUSÕES
Há psicoterapias que são primeira linha no tratamento de
TEPT e novas evidências em tratamento farmacológico
Faltam estudos clínicos randomizados que gerem melhor
consistência quanto às evidências no tratamento de TEPT
Falta disseminação, aceitação e aplicação prática dos
tratamentos baseados em evidência – por terapeutas e
pacientes!
Tratamentos comportamentais têm evidências mias
robustas que os farmacológicos – esbarra na falta de
preparo e na visão fechada dos terapeutas
39. CONCLUSÕES
TEPT como um distúrbio do condicionamento do medo
= atalho no diagnóstico e tratamento, e não mais cuidar
apenas dos sintomas
É necessário mudar a prática clínica!
Notas do Editor
Aqui explicar o que vamos abordar no trabalho
Sintomas relacionados ao sono são extremamente detrimentais!
A incapacidade de mudar a prática é um impedimento ao sucesso no tratamento do TEPT
One role of the provider is to assure patients that they can tolerate distress in order to overcome it. Devido a muitas comorbidades que são tratadas primeiro, os pacientes levam tempo até chegar ao terapeuta
Patients with chronic PTSD typically present for PTSD treatment many years after the trauma with a multiplicity of psychiatric and interpersonal problems that obscure the seminal cause of their impairments and suffering. We suggest that if the PTSD, seen as a disorder of fear conditioning, is regarded as the root problem and addressed first or concurrently, the multiple associated problems would be more amenable to intervention as the PTSD improved.
Typically, community providers take the opposite strategy, treating the associated depression, substance abuse, and interpersonal conflict first, often to no avail or achieving only a partial remission. This approach is understandable because these are the problems that the typical chronic PTSD patient will present as urgent. We propose that the use of the fear-conditioning model may sharpen the focus of treatment planning, offering clarity and cohesiveness to an obscure clinical picture.
The accurate diagnosis and proper referral and treatment of PTSD patients require a change in clinical practice. “Business as usual” is not an effective approach to healthcare delivery for the treatment of PTSD. Although there is an ongoing concerted effort to develop biomarkers for PTSD, currently, in the absence of such tests, the assessment of psychiatric conditions by nonpsychiatric physicians requires a change in practice.
Patients with chronic PTSD typically present for PTSD treatment many years after the trauma with a multiplicity of psychiatric and interpersonal problems that obscure the seminal cause of their impairments and suffering. We suggest that if the PTSD, seen as a disorder of fear conditioning, is regarded as the root problem and addressed first or concurrently, the multiple associated problems would be more amenable to intervention as the PTSD improved.
Typically, community providers take the opposite strategy, treating the associated depression, substance abuse, and interpersonal conflict first, often to no avail or achieving only a partial remission. This approach is understandable because these are the problems that the typical chronic PTSD patient will present as urgent. We propose that the use of the fear-conditioning model may sharpen the focus of treatment planning, offering clarity and cohesiveness to an obscure clinical picture.
The accurate diagnosis and proper referral and treatment of PTSD patients require a change in clinical practice. “Business as usual” is not an effective approach to healthcare delivery for the treatment of PTSD. Although there is an ongoing concerted effort to develop biomarkers for PTSD, currently, in the absence of such tests, the assessment of psychiatric conditions by nonpsychiatric physicians requires a change in practice.