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FÁRMACOS QUE AGEM SOBRE
O SISTEMA NERVOSO
OBJETIVOS DA UNIDADE
● Compreender a ação dos fármacos que agem sobre o sistema nervoso.
Nesta unidade, iremos aprender sobre as diferentes classes de fármacos que agem
no sistema nervoso. Esse tipo de medicamento está entre os mais usados no mundo inteiro
e é responsável pelo tratamento de muitos transtornos neurológicos e psiquiátricos,
melhorando a qualidade de vida de pessoas que desenvolvem tais distúrbios.
Você já percebeu que, nos dias atuais, casos de depressão, ansiedade e diversas
síndromes têm se tornado cada vez mais comuns? Isso pode ter relação com a quantidade
de informação a que somos expostos, cobranças e uma série de outros fatores da vida
moderna que afetam diretamente o funcionamento do nosso sistema nervoso.
Vamos, a partir de agora, entender um pouco mais sobre a forma como diferentes
classes de fármacos agem no sistema nervoso e contribuem para o tratamento desses
transtornos.
APRESENTANDO A UNIDADE
6. MECANISMOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS QUE AGEM SOBRE O
SISTEMA NERVOSO
Iniciaremos nossos estudos entendendo como os fármacos agem sobre o sistema
nervoso. Para atuar no sistema nervoso, é preciso que o fármaco entre na principal via de
comunicação entre os neurônios: a sinapse. É por meio da sinapse química que, como o
nome sugere, são liberadas substâncias químicas sinalizadoras, chamadas de
neurotransmissores. Essas moléculas têm a capacidade de excitar ou inibir o
funcionamento do sistema nervoso.
Figura 6.1: Ação dos fármacos
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Assim, para que os fármacos consigam controlar a atuação dessas substâncias,
devem atuar em diferentes etapas das sinapses, de forma específica e inespecífica. Vamos
conhecer esses mecanismos de ação?
● Substâncias com efeito depressor
De maneira geral, as moléculas pertencentes a esse grupo têm a capacidade de
reduzir a quantidade de neurotransmissores liberados durante as sinapses. Alguns
exemplos de substâncias com esse tipo de ação, são gases anestésicos, alguns álcoois e
fármacos hipnótico-sedativos. Eles também diminuem a reatividade pós-sináptica e o
transporte iônico. Normalmente causam dependência devido a outros mecanismos.
● Substâncias com efeito estimulante
Os fármacos desse grupo provocam a excitação do sistema nervoso. As
metilxantinas, das quais a cafeína faz parte, podem estimular a ação dos
neurotransmissores de duas principais maneiras: bloqueando a inibição desses
neurotransmissores ou excitando diretamente os neurônios, para que eles aumentem a
liberação dos transmissores. Isso pode prolongar o efeito, da mesma maneira que acontece
quando se inibe a recaptação de um transmissor.
● Diferença entre fármacos depressores e estimulantes
Como sabemos, não podemos considerar o funcionamento do organismo humano
como uma equação matemática. Por isso, nem sempre um fármaco estimulante poderá
modificar (antagonizar) a ação de um depressor. Em alguns casos, isso até pode acontecer
(os antagonistas opióides antagonizam seletivamente os efeitos dos analgésicos opioides),
mas na maioria das vezes, essa relação não é tão direta e simples assim.
Como veremos detalhadamente ao longo do nosso estudo, os medicamentos com
ação no sistema nervoso podem ser de diferentes classes, das quais veremos as seguintes:
antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e antipsicóticos. Vamos ver também que
os fármacos têm uma ação específica em relação aos receptores ou aos
neurotransmissores relacionados. Porém, mesmo os fármacos com ação específica podem
afetar outras funções neurológicas centrais.
6.1 ANTIDEPRESSIVOS
Como falamos, os transtornos mentais têm tornado-se cada vez mais presentes em
nossa sociedade. Apesar disso, somente por meio de uma consulta é que uma pessoa pode
ser diagnosticada com depressão. Segundo Brunton, Chabner e Knollmann (2012), alguns
sintomas comuns podem ser observados: perda de interesse ou prazer em suas atividades
básicas, problemas para dormir, falta de apetite, pensamentos de culpa, entre outros. Para
Fuchs, Ferreira e Wannmacher (2006), a depressão ainda pode causar outras doenças,
como acidente vascular encefálico, esclerose múltipla e demência, entre outras.
Inúmeras pesquisas têm contribuído para o desenvolvimento de novos fármacos
mais potentes, seguros e com menor custo, aumentando o acesso das pessoas a esses
medicamentos. Porém, precisamos saber que seu uso deve ser feito com clara indicação
médica e que o paciente deve estar bem orientado durante o tratamento sobre posologia e
interações medicamentosas, entre outros fatores importantes. Vamos agora conhecer os
grupos de fármacos antidepressivos:
● Antidepressivos tricíclicos
Essa classe de antidepressivos foi a mais usada há cerca de 30 anos. Hoje em dia,
eles têm sido substituídos por fármacos mais modernos (como veremos adiante). Somente
são usados quando o paciente não responde a outros tratamentos. As substâncias
pertencentes a esse grupo são imipramina, amitriptilina, nortriptilina, doxepina, amoxapina,
entre outras.
O mecanismo de ação principal dos antidepressivos tricíclicos é o bloqueio da
recaptação de norepinefrina e serotonina e, em menor proporção, da dopamina. Assim,
pelo que vimos anteriormente, se o neurotransmissor não é recaptado para o interior do
neurônio, ele pode continuar exercendo seus efeitos na fenda sináptica.
Outras aplicações dos antidepressivos tricíclicos são tratamento de distúrbios da
dor, controle da micção e insônia.
● Inibidores seletivos da recaptação de serotonina
Esses fármacos inibem o transportador de serotonina, prolongando seu efeito na
sinapse. O medicamento pioneiro desse grupo é a fluoxetina. Após sua aprovação para uso
em 1998, ela rapidamente tornou-se uma das medicações mais prescritas. Hoje em dia, há
seis fármacos nesse grupo: fluoxetina, sertralina, citalopram, paroxetina fluvoxamina e
escitalopram. Além da depressão, esses fármacos também são usados contra outros
transtornos mentais, como bulimia e transtornos de pânico.
CURIOSIDADE!
Você sabia que esses medicamentos causam mais
reações adversas e apresentam certos efeitos tóxicos em
doses mais altas e que, por isso, seu uso foi sendo diminuído
com o passar dos anos?
● Antagonistas dos receptores da serotonina
Vários antagonistas dos receptores da serotonina são antidepressivos eficazes. Os
principais medicamentos dessa classe são trazodona, nefazodona, mirtazapina e
mianserina. As duas últimas têm grande ação sedativa, sendo a principal escolha para
alguns pacientes deprimidos com insônia. A trazodona bloqueia os receptores da
serotonina, assim como a nefazodona. Além disso, mirtazapina e mianserina bloqueiam
potencialmente os receptores da histamina.
Figura 6.2: Antidepressivos.
Fonte: Plataforma Deduca (2018). Adaptada
● Inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina
Este grupo de medicamentos inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina,
prolongando sua ação. São empregados no tratamento de depressão, transtornos de
ansiedade e dor: venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina e milnaciprano. A duloxetina, além
de ser aprovada para uso no tratamento de depressão e ansiedade, também é usada para
tratamento de fibromialgia e dor na neuropatia periférica.
● Inibidores da monoaminoxidase (MAO)
A monoaminoxidase é uma enzima que degrada moléculas como noradrenalina,
dopamina e serotonina, aumentando sua concentração sináptica e, consequentemente, sua
ação. Os fármacos inibidores da monoaminoxidase (IMAO) são eficazes, mas apresentam
alta toxicidade e várias interações medicamentosas e alimentares. Os IMAOs utilizados
para o tratamento da depressão são tranilcipromina, fenelzina e isocarboxazida.
6.2 ANSIOLÍTICOS
Os ansiolíticos são medicamentos utilizados no combate aos sintomas da
ansiedade. A Associação Americana de Psiquiatria conceitua ansiedade como tensão,
apreensão, desconforto que se origina de perigo interno ou externo iminente, podendo ser
resposta a estresse ou a estímulo ambiental (SILVA, 2010).
Todas as pessoas têm certo nível de ansiedade que pode ser considerado normal,
sem precisar de tratamento. O uso do medicamento é indicado apenas quando a ansiedade
se prolonga e passa a interferir na rotina da pessoa. Além disso, algumas doenças podem
aumentar a ansiedade, como hipertensão, asma e hipertireoidismo, entre outras.
Entre os fármacos utilizados como ansiolíticos, estão benzodiazepínicos, ácido
gama-aminobutírico (GABA) e derivados, agonistas parciais do receptor de serotonina e
barbitúricos.
● Benzodiazepínicos
Os principais medicamentos desta classe são diazepam e clordiazepóxido. Os
benzodiazepínicos têm a capacidade de potencializar a ação inibidora neuronal, mediada
pelo GABA. Os efeitos principais são diminuição da ansiedade, sedação, hipnose,
relaxamento muscular e, para alguns fármacos específicos (clonazepam, clorazepato e
diazepam), propriedades anticonvulsivantes.
● GABA e derivados
O ácido gama-aminobutírico é um dos neurotransmissores mais importantes
relacionados ao efeito depressor e ao mecanismo de ação dos benzodiazepínicos. Porém,
SAIBA MAIS!
Atualmente, os ansiolíticos têm seu uso aumentado, principalmente
por mulheres. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre o perfil
de mulheres que utilizam esse tipo de medicamento, muitas vezes de forma
indiscriminada. A dependência medicamentosa também é um importante
assunto abordado nesse estudo: o. http://www.redalyc.org/html/261/26190114/
possui baixa lipofilicidade, o que dificulta sua passagem pela barreira hematoencefálica.
Assim, fármacos derivados do GABA foram desenvolvidos (a vigabatrina, por exemplo) para
ter melhora em sua ação.
● Agonistas do receptor de serotonina
São considerados ansiolíticos de segunda geração. O primeiro e mais importante
fármaco dessa classe é a buspirona, sintetizada na década de 1970. O efeito sobre os
receptores pré-sinápticos, por reduzirem temporariamente as concentrações de serotonina,
apresenta resultados ansiolíticos. Apesar disso, a administração prolongada pode causar a
dessensibilização dos receptores.
● Barbitúricos
São depressores não seletivos do sistema nervoso central. Geralmente, os
usuários apresentam facilidade em desenvolver tolerância, dependência física e até mesmo
abstinência. Dois representantes desse grupo são fenobarbital e pentobarbital. Quando
usados sem acompanhamento médico, podem ser fatais, causando falência respiratória e
cardiovascular. Muitos suicídios e homicídios foram cometidos com seu uso.
6.3 ANTIPSICÓTICOS
A psicose é caracterizada por um senso distorcido da realidade, como alucinações,
ilusões, fala desorganizada e comportamento agitado. Algumas das doenças psicóticas
mais conhecidas são a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Um importante uso dos
antipsicóticos é no tratamento imediato para diminuir sintomas agudos que perturbam o
paciente, assim como seu comportamento, que pode ser perigoso em alguns casos.
A reserpina e a clorpromazina foram os primeiros fármacos utilizados na redução
dos sintomas psicóticos na esquizofrenia. Atualmente, existem outros medicamentos mais
potentes e com menos efeitos colaterais. A ação dos antipsicóticos, de maneira
geral, ocorre pelo mesmo mecanismo de ação: antagonismo dos receptores D2 de
dopamina e serotonina. A diferença entre eles está na estrutura química e na capacidade
de bloquear os receptores dopaminérgicos. Podem ser divididos em dois grupos:
antipsicóticos atípicos e típicos.
Figura 6.3: Psicóticos.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
● Antipsicóticos atípicos
Neste grupo, temos os seguintes medicamentos: clozapina, olanzapina,
risperidona, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol. Eles agem bloqueando os receptores de
dopamina e de serotonina. Esse mecanismo de ação combinado é responsável pela
eficácia dos antipsicóticos atípicos contra diversos sintomas da esquizofrenia. Além disso,
possuem boa tolerância clínica, sendo considerados como tratamento de escolha para esse
transtorno.
● Antipsicóticos típicos
Os antipsicóticos típicos subdividem-se em fenotiazinas e não fenotiazinas
(SPRINGHOUSE, 2006). As fenotiazinas são clorpromazina, flufenazina, mesoridazina etc.
Já as não fenotiazinas são haloperidol, loxapina, molindona, pimozide, entre outras. Eles
são antagonistas apenas de receptores D2, diferentemente dos antipsicóticos atípicos.
ATENÇÃO!
Esse mecanismo de ação combinado é responsável pela
eficácia dos antipsicóticos atípicos contra diversos sintomas da
esquizofrenia. Além disso, possuem boa tolerância clínica, sendo
considerados como tratamento de escolha para esse transtorno.
6.4 ANTICONVULSIVANTES
A epilepsia atinge muitas pessoas em todo o mundo, sendo um dos transtornos
neurológicos mais comuns. A epilepsia é um transtorno crônico caracterizado por
convulsões recorrentes (KATZUNG, 2017). As convulsões são episódios curtos que
acontecem quando há uma descarga anormal dos neurônios, o que leva à disfunção
cerebral. Elas podem ter diferentes causas, como infecções, câncer e hereditariedade. Em
alguns casos de epilepsia hereditária, são observados defeitos em genes que codificam
canais iônicos regulados por voltagem ou receptores de GABA.
O mecanismo de ação dos fármacos anticonvulsivantes é parecido e consiste
basicamente em:
● ativação dos receptores GABA;
● inibição da função dos canais de sódio e cálcio.
Outros mecanismos menos comuns são a ação em receptores excitatórios, a
inibição da liberação do glutamato e o bloqueio de receptores de glutamato.
● Ativação dos receptores GABA
A ativação dos locais de ligação do GABA nos receptores ou o aumento da
disponibilidade do GABA nas sinapses têm efeito anticonvulsivante. Alguns fármacos com
esse mecanismo de ação são a vigabatrina e a tiagabina.
● Inibição da função dos canais de sódio e cálcio
O bloqueio dos canais de sódio e cálcio provoca uma ação anticonvulsivante. A
etossuximida e a gabapentina fazem esse bloqueio. Já fenitoína, carbamazepina, ácido
valproico e lamotrigina atuam sobre os canais de sódio.
Esses agentes normalmente são divididos de acordo com o tipo de crise:
generalizadas e parciais. Dessas, as crises parciais podem ainda dividir-se em simples
(quando não há perda da consciência) e complexas (quando há perda da consciência).
● Crises parciais
Neste tipo de crise, os fármacos mais usados são fenitoína e seus derivados
carbamazepina, valproato e os barbitúricos. Além deles, pesquisas têm revelado
substâncias mais modernas, como eslicarbazepina, lamotrigina, gabapentina, topiramato,
vigabatrina etc. Assim, existe atualmente grande quantidade de medicamentos disponível
para as crises parciais.
● Crises generalizadas
Este tipo de crise envolve ambos os hemisférios cerebrais e suas categorias
principais são as crises de ausência (pequeno mal) e tônico-clônicas (grande mal) (SILVA,
2010).
Figura 6.4: Crises generalizadas.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Os fármacos normalmente usados nas crises generalizadas são etossuximida,
fensuximida, metsuximida, valproato de sódio e trimetadiona.
6.5 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS
A acetilcolina é um importante neurotransmissor no sistema nervoso central, no
sistema nervoso periférico e também na junção neuromuscular. A acetilcolina, seus
receptores e as enzimas que a sintetizam e degradam formam o sistema de
neurotransmissão colinérgica (VENTURA et al., 2010).
As ações da acetilcolina são classificadas como muscarínicas e nicotínicas de
acordo com os receptores colinérgicos que respondem à ativação colinérgica com alta
afinidade. Vamos conhecer um pouco mais sobre esses receptores?
● Receptores colinérgicos muscarínicos
Este tipo de receptor pode ser encontrado em várias partes do corpo, realizando
funções de grande importância. Os receptores colinérgicos muscarínicos agem tanto no
sistema nervoso autônomo quanto no central. A ativação desses receptores no sistema
nervoso central está relacionada com o controle da função extrapiramidal, memória,
aprendizado, em respostas emocionais, na modulação do estresse, no sono e na vigília,
entre outros.
● Receptores colinérgicos nicotínicos
Os receptores colinérgicos nicotínicos estão distribuídos em vários tecidos,
incluindo o cérebro e o tecido muscular. Eles são chamados de receptores ionotrópicos,
pois, quando são ativados, adquirem a conformação de canal aberto permeável aos íons
Na+ e K+. Os receptores nicotínicos estão envolvidos em transmissões excitatórias rápidas
se comparados aos receptores muscarínicos.
Agora que já conhecemos um pouco mais sobre os receptores colinérgicos, vamos
então entender como agonistas e antagonistas desses receptores podem contribuir no
tratamento de diversas patologias. Vamos aos principais exemplos.
● Agonistas de receptores muscarínicos
Os agonistas muscarínicos são usados no tratamento de distúrbios da bexiga, falta
de saliva e na hiper-reatividade brônquica. Os agonistas muscarínicos de origem natural
são a muscarina e a pilocarpina. Os de origem sintética são a metacolina, o carbacol e o
betanecol. No sistema nervoso central, atuam nos receptores muscarínicos no tratamento
de insuficiência cognitiva na doença de Alzheimer.
● Antagonistas de receptores muscarínicos
Este grupo de moléculas impede os efeitos da acetilcolina, pois bloqueia sua
ligação aos receptores muscarínicos. Os antagonistas dos receptores muscarínicos são os
alcalóides naturais atropina e escopolamina, além dos derivados semissintéticos e
sintéticos dessas moléculas.
SAIBA MAIS!
Conheça um pouco mais da utilização dos agonistas e antagonistas dos
receptores colinérgicos no tratamento de uma doença que afeta cada vez mais
pessoas em idade avançada: a doença de Alzheimer. Neste artigo, o objetivo foi revisar
as drogas colinérgicas, únicas com eficácia comprovada nessa doença. Acesse:
<https://www.researchgate.net/profile/Paulo_Bertolucci/publication/268349229_Terapi
a_Colinergica_na_Doenca_de_Alzheimer/links/566ad02f08ae62b05f04485c.pdf>
Os antagonistas muscarínicos têm sido usados no tratamento de várias doenças
do trato respiratório, trato urinário, olhos e coração. No sistema nervoso central, têm ação
no tratamento da doença de Parkinson e no controle de efeitos adversos dos fármacos
antipsicóticos.
Figura 6.5: Antagonistas muscarínicos.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
● Agonistas de receptores nicotínicos
Esses agonistas atuam nos receptores nicotínicos ganglionares e da placa
motora. Os principais agonistas nicotínicos são nicotina, succinilcolina e hexametônio. São
utilizados no combate ao tabagismo (nicotina), na indução de paralisia durante cirurgias
succinilcolina e dexametônio.
● Antagonistas de receptores nicotínicos
Os antagonistas nicotínicos bloqueiam a acetilcolina, causando o chamado
bloqueio não despolarizante. Eles são utilizados como agentes auxiliares anestésicos, no
controle de espasmos musculares, na avaliação do bloqueio neuromuscular etc. Os
principais antagonistas nicotínicos são tubocurarina, pancurônio, vecurônio, atracúrio,
mivacúrio e galamina.
REFERÊNCIAS
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases
farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
FUCHS, F. D.; FERREIRA, M. B. C.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica. 3.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
2017.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SPRINGHOUSE. Farmacologia para Enfermagem - Série Incrivelmente Fácil. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
VENTURA, A. L. M. et al. Sistema colinérgico: revisitando receptores, regulação e
a relação com a doença de Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e tabagismo. Rev.
psiquiatr. clín., São Paulo, v. 37, n. 2, p. 66-72, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
60832010000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 jan. 2018.

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  • 1.
  • 2. FÁRMACOS QUE AGEM SOBRE O SISTEMA NERVOSO OBJETIVOS DA UNIDADE ● Compreender a ação dos fármacos que agem sobre o sistema nervoso. Nesta unidade, iremos aprender sobre as diferentes classes de fármacos que agem no sistema nervoso. Esse tipo de medicamento está entre os mais usados no mundo inteiro e é responsável pelo tratamento de muitos transtornos neurológicos e psiquiátricos, melhorando a qualidade de vida de pessoas que desenvolvem tais distúrbios. Você já percebeu que, nos dias atuais, casos de depressão, ansiedade e diversas síndromes têm se tornado cada vez mais comuns? Isso pode ter relação com a quantidade de informação a que somos expostos, cobranças e uma série de outros fatores da vida moderna que afetam diretamente o funcionamento do nosso sistema nervoso. Vamos, a partir de agora, entender um pouco mais sobre a forma como diferentes classes de fármacos agem no sistema nervoso e contribuem para o tratamento desses transtornos. APRESENTANDO A UNIDADE
  • 3. 6. MECANISMOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS QUE AGEM SOBRE O SISTEMA NERVOSO Iniciaremos nossos estudos entendendo como os fármacos agem sobre o sistema nervoso. Para atuar no sistema nervoso, é preciso que o fármaco entre na principal via de comunicação entre os neurônios: a sinapse. É por meio da sinapse química que, como o nome sugere, são liberadas substâncias químicas sinalizadoras, chamadas de neurotransmissores. Essas moléculas têm a capacidade de excitar ou inibir o funcionamento do sistema nervoso. Figura 6.1: Ação dos fármacos Fonte: Plataforma Deduca (2018). Assim, para que os fármacos consigam controlar a atuação dessas substâncias, devem atuar em diferentes etapas das sinapses, de forma específica e inespecífica. Vamos conhecer esses mecanismos de ação? ● Substâncias com efeito depressor De maneira geral, as moléculas pertencentes a esse grupo têm a capacidade de reduzir a quantidade de neurotransmissores liberados durante as sinapses. Alguns exemplos de substâncias com esse tipo de ação, são gases anestésicos, alguns álcoois e fármacos hipnótico-sedativos. Eles também diminuem a reatividade pós-sináptica e o transporte iônico. Normalmente causam dependência devido a outros mecanismos.
  • 4. ● Substâncias com efeito estimulante Os fármacos desse grupo provocam a excitação do sistema nervoso. As metilxantinas, das quais a cafeína faz parte, podem estimular a ação dos neurotransmissores de duas principais maneiras: bloqueando a inibição desses neurotransmissores ou excitando diretamente os neurônios, para que eles aumentem a liberação dos transmissores. Isso pode prolongar o efeito, da mesma maneira que acontece quando se inibe a recaptação de um transmissor. ● Diferença entre fármacos depressores e estimulantes Como sabemos, não podemos considerar o funcionamento do organismo humano como uma equação matemática. Por isso, nem sempre um fármaco estimulante poderá modificar (antagonizar) a ação de um depressor. Em alguns casos, isso até pode acontecer (os antagonistas opióides antagonizam seletivamente os efeitos dos analgésicos opioides), mas na maioria das vezes, essa relação não é tão direta e simples assim. Como veremos detalhadamente ao longo do nosso estudo, os medicamentos com ação no sistema nervoso podem ser de diferentes classes, das quais veremos as seguintes: antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e antipsicóticos. Vamos ver também que os fármacos têm uma ação específica em relação aos receptores ou aos neurotransmissores relacionados. Porém, mesmo os fármacos com ação específica podem afetar outras funções neurológicas centrais. 6.1 ANTIDEPRESSIVOS Como falamos, os transtornos mentais têm tornado-se cada vez mais presentes em nossa sociedade. Apesar disso, somente por meio de uma consulta é que uma pessoa pode ser diagnosticada com depressão. Segundo Brunton, Chabner e Knollmann (2012), alguns sintomas comuns podem ser observados: perda de interesse ou prazer em suas atividades básicas, problemas para dormir, falta de apetite, pensamentos de culpa, entre outros. Para Fuchs, Ferreira e Wannmacher (2006), a depressão ainda pode causar outras doenças, como acidente vascular encefálico, esclerose múltipla e demência, entre outras. Inúmeras pesquisas têm contribuído para o desenvolvimento de novos fármacos mais potentes, seguros e com menor custo, aumentando o acesso das pessoas a esses
  • 5. medicamentos. Porém, precisamos saber que seu uso deve ser feito com clara indicação médica e que o paciente deve estar bem orientado durante o tratamento sobre posologia e interações medicamentosas, entre outros fatores importantes. Vamos agora conhecer os grupos de fármacos antidepressivos: ● Antidepressivos tricíclicos Essa classe de antidepressivos foi a mais usada há cerca de 30 anos. Hoje em dia, eles têm sido substituídos por fármacos mais modernos (como veremos adiante). Somente são usados quando o paciente não responde a outros tratamentos. As substâncias pertencentes a esse grupo são imipramina, amitriptilina, nortriptilina, doxepina, amoxapina, entre outras. O mecanismo de ação principal dos antidepressivos tricíclicos é o bloqueio da recaptação de norepinefrina e serotonina e, em menor proporção, da dopamina. Assim, pelo que vimos anteriormente, se o neurotransmissor não é recaptado para o interior do neurônio, ele pode continuar exercendo seus efeitos na fenda sináptica. Outras aplicações dos antidepressivos tricíclicos são tratamento de distúrbios da dor, controle da micção e insônia. ● Inibidores seletivos da recaptação de serotonina Esses fármacos inibem o transportador de serotonina, prolongando seu efeito na sinapse. O medicamento pioneiro desse grupo é a fluoxetina. Após sua aprovação para uso em 1998, ela rapidamente tornou-se uma das medicações mais prescritas. Hoje em dia, há seis fármacos nesse grupo: fluoxetina, sertralina, citalopram, paroxetina fluvoxamina e escitalopram. Além da depressão, esses fármacos também são usados contra outros transtornos mentais, como bulimia e transtornos de pânico. CURIOSIDADE! Você sabia que esses medicamentos causam mais reações adversas e apresentam certos efeitos tóxicos em doses mais altas e que, por isso, seu uso foi sendo diminuído com o passar dos anos?
  • 6. ● Antagonistas dos receptores da serotonina Vários antagonistas dos receptores da serotonina são antidepressivos eficazes. Os principais medicamentos dessa classe são trazodona, nefazodona, mirtazapina e mianserina. As duas últimas têm grande ação sedativa, sendo a principal escolha para alguns pacientes deprimidos com insônia. A trazodona bloqueia os receptores da serotonina, assim como a nefazodona. Além disso, mirtazapina e mianserina bloqueiam potencialmente os receptores da histamina. Figura 6.2: Antidepressivos. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Adaptada ● Inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina Este grupo de medicamentos inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina, prolongando sua ação. São empregados no tratamento de depressão, transtornos de ansiedade e dor: venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina e milnaciprano. A duloxetina, além de ser aprovada para uso no tratamento de depressão e ansiedade, também é usada para tratamento de fibromialgia e dor na neuropatia periférica. ● Inibidores da monoaminoxidase (MAO) A monoaminoxidase é uma enzima que degrada moléculas como noradrenalina, dopamina e serotonina, aumentando sua concentração sináptica e, consequentemente, sua ação. Os fármacos inibidores da monoaminoxidase (IMAO) são eficazes, mas apresentam alta toxicidade e várias interações medicamentosas e alimentares. Os IMAOs utilizados para o tratamento da depressão são tranilcipromina, fenelzina e isocarboxazida.
  • 7. 6.2 ANSIOLÍTICOS Os ansiolíticos são medicamentos utilizados no combate aos sintomas da ansiedade. A Associação Americana de Psiquiatria conceitua ansiedade como tensão, apreensão, desconforto que se origina de perigo interno ou externo iminente, podendo ser resposta a estresse ou a estímulo ambiental (SILVA, 2010). Todas as pessoas têm certo nível de ansiedade que pode ser considerado normal, sem precisar de tratamento. O uso do medicamento é indicado apenas quando a ansiedade se prolonga e passa a interferir na rotina da pessoa. Além disso, algumas doenças podem aumentar a ansiedade, como hipertensão, asma e hipertireoidismo, entre outras. Entre os fármacos utilizados como ansiolíticos, estão benzodiazepínicos, ácido gama-aminobutírico (GABA) e derivados, agonistas parciais do receptor de serotonina e barbitúricos. ● Benzodiazepínicos Os principais medicamentos desta classe são diazepam e clordiazepóxido. Os benzodiazepínicos têm a capacidade de potencializar a ação inibidora neuronal, mediada pelo GABA. Os efeitos principais são diminuição da ansiedade, sedação, hipnose, relaxamento muscular e, para alguns fármacos específicos (clonazepam, clorazepato e diazepam), propriedades anticonvulsivantes. ● GABA e derivados O ácido gama-aminobutírico é um dos neurotransmissores mais importantes relacionados ao efeito depressor e ao mecanismo de ação dos benzodiazepínicos. Porém, SAIBA MAIS! Atualmente, os ansiolíticos têm seu uso aumentado, principalmente por mulheres. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre o perfil de mulheres que utilizam esse tipo de medicamento, muitas vezes de forma indiscriminada. A dependência medicamentosa também é um importante assunto abordado nesse estudo: o. http://www.redalyc.org/html/261/26190114/
  • 8. possui baixa lipofilicidade, o que dificulta sua passagem pela barreira hematoencefálica. Assim, fármacos derivados do GABA foram desenvolvidos (a vigabatrina, por exemplo) para ter melhora em sua ação. ● Agonistas do receptor de serotonina São considerados ansiolíticos de segunda geração. O primeiro e mais importante fármaco dessa classe é a buspirona, sintetizada na década de 1970. O efeito sobre os receptores pré-sinápticos, por reduzirem temporariamente as concentrações de serotonina, apresenta resultados ansiolíticos. Apesar disso, a administração prolongada pode causar a dessensibilização dos receptores. ● Barbitúricos São depressores não seletivos do sistema nervoso central. Geralmente, os usuários apresentam facilidade em desenvolver tolerância, dependência física e até mesmo abstinência. Dois representantes desse grupo são fenobarbital e pentobarbital. Quando usados sem acompanhamento médico, podem ser fatais, causando falência respiratória e cardiovascular. Muitos suicídios e homicídios foram cometidos com seu uso. 6.3 ANTIPSICÓTICOS A psicose é caracterizada por um senso distorcido da realidade, como alucinações, ilusões, fala desorganizada e comportamento agitado. Algumas das doenças psicóticas mais conhecidas são a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Um importante uso dos antipsicóticos é no tratamento imediato para diminuir sintomas agudos que perturbam o paciente, assim como seu comportamento, que pode ser perigoso em alguns casos. A reserpina e a clorpromazina foram os primeiros fármacos utilizados na redução dos sintomas psicóticos na esquizofrenia. Atualmente, existem outros medicamentos mais potentes e com menos efeitos colaterais. A ação dos antipsicóticos, de maneira geral, ocorre pelo mesmo mecanismo de ação: antagonismo dos receptores D2 de dopamina e serotonina. A diferença entre eles está na estrutura química e na capacidade de bloquear os receptores dopaminérgicos. Podem ser divididos em dois grupos: antipsicóticos atípicos e típicos.
  • 9. Figura 6.3: Psicóticos. Fonte: Plataforma Deduca (2018). ● Antipsicóticos atípicos Neste grupo, temos os seguintes medicamentos: clozapina, olanzapina, risperidona, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol. Eles agem bloqueando os receptores de dopamina e de serotonina. Esse mecanismo de ação combinado é responsável pela eficácia dos antipsicóticos atípicos contra diversos sintomas da esquizofrenia. Além disso, possuem boa tolerância clínica, sendo considerados como tratamento de escolha para esse transtorno. ● Antipsicóticos típicos Os antipsicóticos típicos subdividem-se em fenotiazinas e não fenotiazinas (SPRINGHOUSE, 2006). As fenotiazinas são clorpromazina, flufenazina, mesoridazina etc. Já as não fenotiazinas são haloperidol, loxapina, molindona, pimozide, entre outras. Eles são antagonistas apenas de receptores D2, diferentemente dos antipsicóticos atípicos. ATENÇÃO! Esse mecanismo de ação combinado é responsável pela eficácia dos antipsicóticos atípicos contra diversos sintomas da esquizofrenia. Além disso, possuem boa tolerância clínica, sendo considerados como tratamento de escolha para esse transtorno.
  • 10. 6.4 ANTICONVULSIVANTES A epilepsia atinge muitas pessoas em todo o mundo, sendo um dos transtornos neurológicos mais comuns. A epilepsia é um transtorno crônico caracterizado por convulsões recorrentes (KATZUNG, 2017). As convulsões são episódios curtos que acontecem quando há uma descarga anormal dos neurônios, o que leva à disfunção cerebral. Elas podem ter diferentes causas, como infecções, câncer e hereditariedade. Em alguns casos de epilepsia hereditária, são observados defeitos em genes que codificam canais iônicos regulados por voltagem ou receptores de GABA. O mecanismo de ação dos fármacos anticonvulsivantes é parecido e consiste basicamente em: ● ativação dos receptores GABA; ● inibição da função dos canais de sódio e cálcio. Outros mecanismos menos comuns são a ação em receptores excitatórios, a inibição da liberação do glutamato e o bloqueio de receptores de glutamato. ● Ativação dos receptores GABA A ativação dos locais de ligação do GABA nos receptores ou o aumento da disponibilidade do GABA nas sinapses têm efeito anticonvulsivante. Alguns fármacos com esse mecanismo de ação são a vigabatrina e a tiagabina. ● Inibição da função dos canais de sódio e cálcio O bloqueio dos canais de sódio e cálcio provoca uma ação anticonvulsivante. A etossuximida e a gabapentina fazem esse bloqueio. Já fenitoína, carbamazepina, ácido valproico e lamotrigina atuam sobre os canais de sódio. Esses agentes normalmente são divididos de acordo com o tipo de crise: generalizadas e parciais. Dessas, as crises parciais podem ainda dividir-se em simples (quando não há perda da consciência) e complexas (quando há perda da consciência). ● Crises parciais Neste tipo de crise, os fármacos mais usados são fenitoína e seus derivados carbamazepina, valproato e os barbitúricos. Além deles, pesquisas têm revelado substâncias mais modernas, como eslicarbazepina, lamotrigina, gabapentina, topiramato, vigabatrina etc. Assim, existe atualmente grande quantidade de medicamentos disponível para as crises parciais.
  • 11. ● Crises generalizadas Este tipo de crise envolve ambos os hemisférios cerebrais e suas categorias principais são as crises de ausência (pequeno mal) e tônico-clônicas (grande mal) (SILVA, 2010). Figura 6.4: Crises generalizadas. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Os fármacos normalmente usados nas crises generalizadas são etossuximida, fensuximida, metsuximida, valproato de sódio e trimetadiona. 6.5 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS A acetilcolina é um importante neurotransmissor no sistema nervoso central, no sistema nervoso periférico e também na junção neuromuscular. A acetilcolina, seus receptores e as enzimas que a sintetizam e degradam formam o sistema de neurotransmissão colinérgica (VENTURA et al., 2010). As ações da acetilcolina são classificadas como muscarínicas e nicotínicas de acordo com os receptores colinérgicos que respondem à ativação colinérgica com alta afinidade. Vamos conhecer um pouco mais sobre esses receptores? ● Receptores colinérgicos muscarínicos Este tipo de receptor pode ser encontrado em várias partes do corpo, realizando funções de grande importância. Os receptores colinérgicos muscarínicos agem tanto no sistema nervoso autônomo quanto no central. A ativação desses receptores no sistema nervoso central está relacionada com o controle da função extrapiramidal, memória, aprendizado, em respostas emocionais, na modulação do estresse, no sono e na vigília, entre outros.
  • 12. ● Receptores colinérgicos nicotínicos Os receptores colinérgicos nicotínicos estão distribuídos em vários tecidos, incluindo o cérebro e o tecido muscular. Eles são chamados de receptores ionotrópicos, pois, quando são ativados, adquirem a conformação de canal aberto permeável aos íons Na+ e K+. Os receptores nicotínicos estão envolvidos em transmissões excitatórias rápidas se comparados aos receptores muscarínicos. Agora que já conhecemos um pouco mais sobre os receptores colinérgicos, vamos então entender como agonistas e antagonistas desses receptores podem contribuir no tratamento de diversas patologias. Vamos aos principais exemplos. ● Agonistas de receptores muscarínicos Os agonistas muscarínicos são usados no tratamento de distúrbios da bexiga, falta de saliva e na hiper-reatividade brônquica. Os agonistas muscarínicos de origem natural são a muscarina e a pilocarpina. Os de origem sintética são a metacolina, o carbacol e o betanecol. No sistema nervoso central, atuam nos receptores muscarínicos no tratamento de insuficiência cognitiva na doença de Alzheimer. ● Antagonistas de receptores muscarínicos Este grupo de moléculas impede os efeitos da acetilcolina, pois bloqueia sua ligação aos receptores muscarínicos. Os antagonistas dos receptores muscarínicos são os alcalóides naturais atropina e escopolamina, além dos derivados semissintéticos e sintéticos dessas moléculas. SAIBA MAIS! Conheça um pouco mais da utilização dos agonistas e antagonistas dos receptores colinérgicos no tratamento de uma doença que afeta cada vez mais pessoas em idade avançada: a doença de Alzheimer. Neste artigo, o objetivo foi revisar as drogas colinérgicas, únicas com eficácia comprovada nessa doença. Acesse: <https://www.researchgate.net/profile/Paulo_Bertolucci/publication/268349229_Terapi a_Colinergica_na_Doenca_de_Alzheimer/links/566ad02f08ae62b05f04485c.pdf>
  • 13. Os antagonistas muscarínicos têm sido usados no tratamento de várias doenças do trato respiratório, trato urinário, olhos e coração. No sistema nervoso central, têm ação no tratamento da doença de Parkinson e no controle de efeitos adversos dos fármacos antipsicóticos. Figura 6.5: Antagonistas muscarínicos. Fonte: Plataforma Deduca (2018). ● Agonistas de receptores nicotínicos Esses agonistas atuam nos receptores nicotínicos ganglionares e da placa motora. Os principais agonistas nicotínicos são nicotina, succinilcolina e hexametônio. São utilizados no combate ao tabagismo (nicotina), na indução de paralisia durante cirurgias succinilcolina e dexametônio. ● Antagonistas de receptores nicotínicos Os antagonistas nicotínicos bloqueiam a acetilcolina, causando o chamado bloqueio não despolarizante. Eles são utilizados como agentes auxiliares anestésicos, no controle de espasmos musculares, na avaliação do bloqueio neuromuscular etc. Os principais antagonistas nicotínicos são tubocurarina, pancurônio, vecurônio, atracúrio, mivacúrio e galamina.
  • 14. REFERÊNCIAS BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. FUCHS, F. D.; FERREIRA, M. B. C.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2017. SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. SPRINGHOUSE. Farmacologia para Enfermagem - Série Incrivelmente Fácil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. VENTURA, A. L. M. et al. Sistema colinérgico: revisitando receptores, regulação e a relação com a doença de Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e tabagismo. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 37, n. 2, p. 66-72, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832010000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 jan. 2018.