2. Líquido Cefalorraquidiano: alguns pontos importantes!
O LCR é um líquido límpido incolor que ocupa os ventrículos e o espaço
subaracnóideo;
Suas funções são: proteção mecânica, química e biológica do SNC;
Locais de produção: plexos coroides (principalmente), superfícies
ependimárias, membranas aracnoides e espaços perivasculares que circundam
os v.v sanguíneos cerebrais;
É produzido a uma taxa de 20 ml por hora, totalizando cerca de 500 ml por dia;
No adulto o volume aproximado é de 150 ml, sendo renovado, portanto, a cada
8 horas. Na criança o volume é menor, sendo renovado mais vezes;
A PIC normal do recém nascido é de 2-4 cmH2O, aumenta com o crescimento
até alcançar os 14 cmH2O do adulto (deitado).
3. Revisão da Anatomia do Sistema Ventricular Cerebral
Ventrículos Laterais;
Terceiro Ventrículo;
Quarto Ventrículo.
Neuroanatomia -
UFRO.
4. O Fluxo Liquórico
Netter, F. H. Atlas of Neuroatomy and Neurophysiology.
Ventrículos Laterais
Forame Interventricular1
Terceiro Ventrículo
Aqueduto Cerebral2
Quarto Ventrículo
Aberturas Laterais3
e
Mediana4
do Quarto Ventrículo
Espaço Subaracnóideo
Absorção nas Granulações
Aracnóideas5
1. de Monro; 2. de Sylvius; 3. de Luschka; 4. de Magendie; 5. de Pacchioni.
5. Definição e Fisiopatologia
“Hidrocefalia é o aumento patológico no volume ventricular devido uma alteração do
fluxo liquórico”.
Mecanismos de alteração do fluxo liquórico
Classificação
Aumento da produção
Obstrução intraventricular
Obstrução do espaço subaracnóideo
Diminuição da absorção
Não comunicante ou obstrutiva
Comunicante
6. Etiologia
Congênita
Adquirida
Malformação de Chiari tipo II
Estenose congênita de aqueduto
Síndrome de Dandy-Walker
Infecções congênitas
Idiopática
Infecções
Hemorragias intracranianas
Lesões expansivas
7. Quadro Clínico
Lactentes
Macrocefalia (PC > p97); Alterações associadas a macrocefalia –
desproporção craniofacial, fontanela abauladas e tensa, disjunção de suturas,
couro cabeludo delgado e com aumento da rede venosa;
Alterações evolutivas – aumento do PC, atraso do DNPM;
Motricidade – sinais de liberação piramidal e crises de hipertonia (cerebelar
fits);
Psiquismo – irritabilidade, sonolência, inapetência;
Alterações do tronco cerebral – “olhar em sol poente”, crises de apneia,
vômitos.
10. Quadro Clínico
Crianças com idade superior a 2 anos
Sinais e sintomas de HIC – sonolência, cefaleia, vômito, papiledema, paresia
de VI par craniano, alteração de marcha;
Alterações de comportamento, piora do desempenho escolar, alteração de
memória;
Sinal do “pote rachado” (sinal de MacEwen) – som característico obtido à
percussão da região pterional do crânio, devido a disjunção das suturas
previamente fechadas (em virtude do aumento da PIC).
11. Exames Complementares
USG
Pré-natal morfológico (medida do átrio ventricular, que não deve ser maior que
10mm da 15ª a 35ª semana de gestação);
Neonatal de encéfalo – realizada por meio da fontanela anterior, de maneira
seriada (ventriculomegalia que progride), permitindo um acompanhamento mais
preciso que o PC.
Schlatter, D. Dissertação de Mestrado UFRGS, 2005.
Ventriculomegalia leve Ventriculomegalia grave
12. Exames Complementares
Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio
Diferencia entre as formas comunicante e não comunicante;
Exame pré e pós-operatório de escolha para planejamento da punção
ventricular e seu controle;
Pinto, F. C. G. Manual de Iniciação em Neurocirurgia, 2012.
13. Exames Complementares
Ressonância Magnética (RM)
Encéfalo – pode detectar a etiologia e determinar malformações associadas;
Fetal – permite informar aos pais o prognóstico intelectual, a partir do
diagnóstico da etiologia e malformações associadas. No futuro, será útil para
intervenção intrauterina;
Permite o estudo do fluxo liquórico – exame de escolha pós-
terceiroventriculostomia (TVE).
Pinto, F. C. G.
Manual de
Iniciação em
Neurocirurgia,
2012 .
RM – corte
sagital em
T1.
15. Diagnóstico Diferencial
Macrocefalia – constitucional, coleção subdural benigna da infância, lesões
expansivas (cisto aranoide, tumores);
Malformações que cursam com o espaço liquórico intracraniano aumentado –
porencefalia, esquizencefalia, holoprosencefalia e hidranecefalia. Pode ocorrer
hidrocefalia associada.
RM de
encéfalo
mostrando
hidranecefalia.
Pinto, F. C. G.
Manual de
Iniciação em
Neurocirurgia,
2012 .
16. Diagnóstico Diferencial
Macrocefalia – constitucional, coleção subdural benigna da infância, lesões
expansivas (cisto aracnoide, tumores);
Malformações que cursam com o espaço liquórico intracraniano aumentado –
porencefalia, esquizencefalia, holoprosencefalia e hidranecefalia. Pode ocorrer
hidrocefalia associada;
Ventriculomegalia constitucional – por hipoplasia (colpencefalia) ou por
destruição de tecido (ex-vácuo).
17. Tratamento
Temporário
Acetazolamida – inibidor da anidrase carbônica que reduz a produção de
líquor. Na hemorragia do prematuro, por exemplo;
Punções esvaziadoras;
Derivação ventricular externa (DVE) – em ventriculite, por exemplo.
18. Tratamento
Definitivo com prótese
Derivação ventriculoperitoneal (DVP) – tratamento de escolha em crianças;
Derivação ventriculoatrial (DVA) – alternativa a DVP. Complicações graves;
Derivação lomboperitoneal (DLP) – utilizada na hidrocefalia comunicante do
adulto.
Definitivo sem prótese
Terceiroventriculostomia (TVE) endoscópica – suas principais vantagens são
índice muito baixo de infecção e ausência de complicações mecânicas como a
hiperdrenagem;
Terceiroventriculostomia anterior – abertura da lamina terminalis quando está
indicada craniotomia por outro motivo (aneurisma, por exemplo).
24. Referências Bibliográficas
PINTO, F. C. G. Hidrocefalia na Infância. Manual de iniciação em
Neurocirurgia. 2 ed., São Paulo: Santos Editora, 2012.
RIZVI, R., ANJUM, Q. Hydrocephalus in Children. J Pak Med Assoc. v. 55, n.
11, p. 502-507, nov. 2005.
NETTER, F. H. Atlas of Neuroatomy and Neurophysiology. 2002.
SCHLATTER, D. Hidrocefalia fetal grave: achados ultra-sonográficos pré-natais e
seguimento até o 1º ano de vida. Dissertação de Mestrado, UFRGS. 107p,
2005.