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PRÍONS 
Príon infeccioso e não infeccioso, respectivamente. 
Príons não são fungos, vírus, bactérias nem protozoários, mas tem tamanho diminuto e são capazes de causar 
infecções. Além disso, não possuem ácidos nucleicos, mas têm capacidade de replicação; e podem ser 
infecciosos ou transmitidos hereditariamente. 
Foram descobertos por Stanley Prusiner, bioquímico da Universidade da Califórnia em San Francisco, ao estudar 
o processo infeccioso da “doença da vaca louca”. Além da vaca louca, os príons são responsáveis por outras 
doenças degenerativas do sistema nervoso central, como a Kuru, responsável por quadro de perda de 
coordenação motora, demência e morte – descrita em habitantes de um grupo étnico da nova Guiné que tinha a 
prática do canibalismo: fator que propiciava sua transmissão. Outra doença causada por príons, cuja 
porcentagem de incidência hereditária é significativa, chama-se Creutzfeld-Jakob, esta que também pode ser 
transmitida via transplante de córnea, injeção de hormônio do crescimento extraído de hipófise humana, dentre 
outros. 
Compostos por proteínas, os príons são fabricados pelas próprias células de mamíferos; e podem se apresentar 
patogênicos ou não. No primeiro caso, o que provavelmente acontece é uma mutação no gene que os produz, 
propiciando o aparecimento de doenças. Como, até onde se sabe, estas proteínas se acumulam no interior dos 
lisossomos, o rompimento destes, causando a morte de células, seria o mecanismo responsável pelo surgiment o 
dos sintomas. 
No caso dos príons não patogênicos, sabe-se que estes possuem funções importantes, como o auxílio a 
processos de amadurecimento e prolongamento de neurônios, modulação de respostas imunitárias e ativação de 
determinadas proteínas. 
PRÍONS: PROTEÍNAS ANORMAIS PROVOCAM DOENÇAS 
As proteínas são os componentes fundamentais dos seres vivos e são responsáveis pela maioria 
de suas funções vitais. O nome "proteína" deriva do grego protos, que significa "o primeiro" ou "o 
mais importante". Só para citar alguns exemplos, são proteínas as fibras que compõem nossos 
músculos, nossos fios de cabelo e as enzimas que digerem o alimento que comemos. As proteínas 
também catalisam as reações metabólicas e permitem a construção de outras moléculas 
essenciais para a vida. 
As proteínas são codificadas pelos genes presentes no DNA e são compostas por uma série de 
aminoácidos. Os aminoácidos se unem através de ligações chamadas de ligações peptídicas e 
formam uma longa cadeia denominada polipeptídio. 
Uma das proteínas produzidas normalmente pelos genes de todos os animais é aproteína príon 
celular (ou PrPc). Esta proteína atua nas células nervosas e, em condições normais, não provoca 
nenhum dano ao organismo. 
Porém, devido a algumas doenças, chamadas de doenças priônicas, a PrPc pode ter sua estrutura 
alterada, formando uma proteína modificada, chamada príon. Os príons são capazes de provocar a 
alteração da conformação de PrPcs normais, transformando-as em outros príons. Este processo
gera uma reação em cadeia que produz mais e mais príons. A forma como isso ocorre ainda não 
está clara para os cientistas. 
As primeiras menções aos príons surgiram na década de 1960, quando cientistas formularam a 
hipótese de que algumas doenças poderiam ser causadas por fragmentos de proteínas. Em 
meados dos anos 80, outro cientista conseguiu isolar essa proteína. Foi então que a forma alterada 
da proteína passou a ser chamada de príon, e a proteína a partir do qual o príon se forma de 
proteína príon celular (PrPc). 
As doenças priônicas podem atingir tanto humanos quanto animais. Elas atacam o sistema 
nervoso, prejudicando suas funções normais e matando as células nervosas. 
Doença da vaca louca 
Acredita-se que um mal que acomete bovinos, a doença da vaca louca, seja uma doença provocada 
por príons. A doença da vaca louca é também conhecida comoencefalopatia espongiforme 
bovina (ou EEB). 
A EEB ataca o gado provocando a morte de células de seu sistema nervoso central. Devido à 
degeneração celular, formam-se buracos no tecido cerebral e este fica com um aspecto esponjoso, 
vindo daí o nome encefalopatia espongiforme. O gado passa a apresentar comportamentos 
estranhos e acaba morrendo. 
Um dos primeiros casos de EEB ocorreu na década de 1980. Acredita-se que o gado tenha 
contraído a doença através da ingestão de ração contendo carne de ovelhas contaminadas, ou 
seja, contendo o príon. O Reino Unido foi a região mais afetada pela doença, que, na década de 
90, atingiu o status de epidemia, provocando a morte de milhares de animais. 
A doença provocou grande queda na importação e no consumo de carne bovina provenientes do 
Reino Unido. Como forma de conter a doença, em 1988, no Reino Unido e, alguns anos depois, na 
Europa toda, foi proibido o uso de ração bovina contendo carne de outros ruminantes. 
Atualmente, as criações de gado do Reino Unido são constantemente monitoradas para averiguar 
a presença de animais contaminados. Através desses programas, verificou-se que a incidência da 
doença vem caindo a cada ano. 
Acredita-se que a EEB esteja ligada a uma variação de uma doença degenerativa do sistema 
nervoso humano, chamada de doença de Creutzeldt-Jakob (ou vCDJ). Segundo a teoria mais 
aceita, o homem contrai a doença principalmente através da ingestão de carne de animais 
infectados pela vaca louca. Outra hipótese que já foi levantada é a de que a doença seja adquirida 
devido a uma infecção viral. Essa infecção provocaria a produção de proteínas anormais, ou seja, 
de príons. 
Os principais sintomas desta variação da doença de Creutzeldt-Jakob são alterações 
comportamentais, alucinações, perda de memória, convulsões, dificuldades locomotoras e outros 
distúrbios neurológicos. O diagnóstico, geralmente, é feito através de exames do líquido 
cefalorraquidiano, ressonâncias eletromagnéticas do cérebro e biópsias de tecidos do sistema 
nervoso central.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o primeiro caso foi registrado em 1996 e, até 2002, 
ocorreram cerca de 138 casos, sendo a maioria no Reino Unido. Embora rara, a doença é fatal e 
ainda não existem tratamentos com eficácia comprovada para seu tratamento. 
PRÍONS 
Príons são moléculas proteicas que possuem propriedades infectantes. O nome príon vem 
do inglês proteinaceous infectious particles, que quer dizer partículas proteicas infecciosas. Tais partículas se 
distinguem de vírus e bactérias comuns por serem desprovidos de carga genética. 
Existe um gene, denominado prinp, que é responsável pela síntese da proteína príon celular (PrPc). Na sua forma 
normal e saudável, essa proteína, além de participar do processo de diferenciação neural, ela defende 
os neurônios de condições que podem levar à sua destruição. Uma mutação do gene prinp provoca a formação 
defeituosa da PrPc, que se transforma em príon. Essa molécula proteica infectante é capaz, ainda, de alterar a 
forma de outras proteínas saudáveis, que, a partir daí, também adquirem um comportamento priônico. Os príons 
podem até mesmo produzir réplicas de si mesmos (por mecanismos ainda desconhecidos). 
Os príons possuem estruturas bastante estáveis e são resistentes a enzimas digestivas, calor, algumas substâncias 
químicas e até à radiação ultravioleta, condições que normalmente degradam proteínas e ácidos nucleicos. Também 
não existe nenhum mecanismo de defesa imunológica capaz de neutralizar essa partícula infectante, o que torna 
ainda mais rápida a sua disseminação. 
Por ser oriundo de uma proteína do sistema nervoso, os príons afetam exatamente os neurônios. A infecção por tais 
moléculas pode ocorrer por herança genética, consumo da carne de animais infectados, aplicação de hormônios, 
utilização de instrumentos cirúrgicos contaminados ou por uma mutação casual. E seja qual for o mecanismo de 
infecção, não há procedimento de rotina que possa identifica-los. 
As doenças provocadas por príons não têm cura e são frequentemente classificadas como encefalopatias 
espongiformes, devido ao aspecto esponjoso que o cérebro adquire com a infecção. A mais conhecida dessas 
doenças é a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como mal da vaca louca. Essa 
doença é evolutiva e provoca a degeneração dos neurônios de bovinos, que passam a apresentar comportamentos 
anormais e morrem dentro de pouco tempo. 
Outros exemplos de doenças causadas por príons: 
 Kuru – doença de evolução rápida, que, entre outros danos, provoca perda da coordenação muscular 
(ataxia) e tremores. Os indivíduios infectatados podem morrer em até 1 ano após o surgimento da doença. 
 Síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker – síndrome hereditária rara, de evolução lenta e 
progressiva, cujos sintomas são ataxia, perda da coordenação motora, degeneração do cerebelo e 
dificuldade de locomoção. Os portadores da doença começam a desenvolver os sintomas entre os 35 e 60 
anos de idade; estima-se que a sobrevida desses indivíduos seja de 5 anos, contados após o aparecimento 
dos sintomas. 
 Insônia Familiar Fatal – trata-se de um distúrbio do sono hereditário, caracterizado principalmente pela 
incapacidade de dormir. Os sintomas aparecem, em geral, a partir dos 40 anos de idade, sendo eles, falta 
de atenção, perda da coordenação motora, taquicardia, sudorese, entre outros. Tais sintomas evoluem 
rapidamente para turvação da consciência, demência e morte. 
 Síndrome de Alpers – doença congênita progressiva, cujos sintomas podem surgir ainda no primeiro dia 
de vida da criança. O desenvolvimento lento, ataques apopléticos frequentes , perda das capacidades 
muscular e intelectual e dureza dos membros são alguns dos sintomas da doença. 
Graças ao seu trabalho que levou à descoberta dos príons, o cientista estadunidense Stanley Prusiner recebeu o 
prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1997.
Príon normal (esquerda) e infeccioso (direita). 
Príons (em inglês: proteinaceous infections particles), são agentes infecciosos de tamanho menor 
que o dos vírus, e que também podem ser transmitidos de forma hereditária. Desprovidos de 
ácidos nucleicos, mas com capacidade de replicação, foram descobertos por Stanley Prusiner: 
bioquímico da Universidade da Califórnia. Por tal mérito, este recebeu, mais tarde, o Prêmio Nobel. 
Príons são compostos por proteínas codificadas pelo gene 20p12.3, localizado no braço curto do 
cromossomo 20, sendo responsáveis pela ativação de determinadas proteínas, amadurecimento e 
prolongamento de neurônios, e modulação de respostas imunes. Entretanto, devido à capacidade 
inata de converterem suas estruturas, podem se tornar patogênicos, sendo agentes causadores de 
doenças crônicas e degenerativas do sistema nervoso central: as encefalopatias espongiformes – 
nome relacionado ao aspecto de esponja que os tecidos neurais se apresentam, ao serem 
analisados ao microscópio. No primeiro caso, são chamados de PRP celular, ou PrPc, e têm 
estrutura alfa. Já os PrP Scrapie, ou PrPSc, se enquadram na segunda situação, e são do tipo 
beta. 
Doenças causadas por príons geralmente se manifestam na fase adulta, e ocorrem de forma 
extremamente rara. Além disso, não estimulam resposta imune detectável, ou reação inflamatória 
no hospedeiro. Kuru, síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker (GSS), insônia familiar fatal 
(IFF), doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) e nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (NVDCJ) 
são algumas das que ocorrem em indivíduos da nossa espécie. 
Um príon ou prião é uma proteína com capacidade de modificar outras proteínas tornando-as cópias de si 
própria. Um príon não possui acido nucléico ( DNA ou RNA ). Existem 13 espécies de príons, das quais 3 
atacam fungos e 10 afetam mamíferos; dentre estes, 7 têm por alvo nossa espécie. 
A palavra "príon" vem do inglês e significa “Proteinaceous Infectious Only Particle” (Partícula Infecciosa 
Puramente Protéica). 
Surgimento das Doenças Priônicas 
Há um gene, chamado "PrPc", que sintetiza a "proteína príon celular” (também chamada "PrPc"), presente em 
todas as células do corpo. A PrPc, em condições normais, é capaz de proteger os neurônios da morte. Além 
disso, estudos recentes mostram que a PrPc está envolvida também no mecanismo de diferenciação neuronal. 
Entretanto, quando há alguma mutação no gene, o PrPc formado é defeituoso (príon). Esse príon leva às
chamadas doenças priônicas. O príon atua ainda como um “molde” que, a o entrar em contato com o PrPc 
presente nas células, faz com que a proteína normal se altere, tornando-a também um príon. Ainda não se sabe 
o mecanismo que articula esse tipo de ação. Nenhuma defesa imunológica consegue eliminar o príon do 
organismo. Ele causa aglomerados no cérebro, em estruturas denominadas “placas amilóides”. Esse acúmulo 
é tóxico e provoca a morte de muitos neurônios (quadro semelhante ao do “Mal de Alzheimer”). 
PRIONS - ORGANISMOS (?) SEM GENOMA 
Denominamos prions os prováveis agentes infecciosos causadores de doenças neurodegenerativas fatais 
que ocorrem em mamíferos, chamadas de encefalopatias espongiformes. Análise post-mortem revela que os 
cérebros dos indivíduos acometidos por essas doenças ficam repletos de grandes vacúolos, que resulta em um 
aspecto esponjoso principalmente no córtex e cerebelo. Os principais sintomas associados a essas doenças 
são a perda do controle motor, demência, paralisia crescente nos membros, resultando em morte, 
tipicamente precedida por pneumonia. 
Como exemplo de encefalopatias espongiformes em humanos temos a doença de Creutzfeld-Jacob (CJD), 
kuru, insônia familiar fatal e a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker. Entre as formas que atacam os 
animais, temos a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), também conhecida como "doença da vaca louca" 
e a "Scrapie" que ataca ovelhas. 
Na busca pelo agente causador das encefalopatias espongiformes, verificou-se que este possuía algumas 
características especiais, que o torna diferente das bactérias e vírus que são os principais agentes causadores 
de doenças infecciosas. A principal característica está associada ao fato do agente infeccioso dessa doença ser 
resistente à inativação por métodos que modificam os ácidos nucléicos. No entanto se ão sensíveis a 
tratamentos que desnaturam proteínas. Esses dados sugeriram que o agente causador das encefalopatias 
espongiformes não possuía um genoma de DNA ou RNA como os vírus e bactérias já conhecidos. Em virturde 
dessas caracterísitcas, em 1982 Stanley Prusiner (Universidade da Califórnia) propos uma teoria de que essa 
doença não era causada por um vírus ou bactéria convencional, mas por uma proteína que adota uma forma 
anormal. Chamou essa proteína de príon (do inglês: proteinaceous infectious particles). 
A hipótese dos príons como agente causal das encefalopatias espongiformes possui, atualmente, fortes 
evidências. A primeira delas é que a proteína dos prions é um componente celular normal de muitos tipos de 
células de todos os mamíferos, incluindo células musculares, linfócitos e em especial sistema nervoso. Essas 
proteínas celulares são denominadas de PrPc (Prion Protein cellular form). As moléculas protéicas dos prions 
(PrPSc de Prion Protein Scrapie), que se acumulam no tecido nervoso quando ocorre encefalopatias 
espongiformes, são similares em sequências de aminoácidos às PrPc, no entanto possuem uma forma 
tridimensional diferentes daquela. Assim, embora tenham a mesma composição, a forma final que essas 
proteínas assume é bem diferente. O que parece ocorrer durante a infecção e o avança da doença, é que a 
proteína anormal (PrPSc) é muito resistente ao calor e à digestão e consegue chegar intacta ao sistema 
nervoso. Ao encontrar as moléculas normais da proteína , PrPc, os prions (PrPSc) interagem com estas 
modificando-as para a dorma PrPSC. Com o passar do tempo cada vez mais moléculas PrPc são transformadas 
em PrPSc. As proteínas com forma alterada não cumprem sua função no tecido, provocam o surgimento de 
placas amilóides e o tecido nervoso vai se tornando espojoso. 
Essa teoria explica de que forma a prática de canibalismo está associada a uma forma epidêmica de 
encefalopatia espongiforme denominada kuru, verificada em tribos da Nova Guiné, por volta de 1950. Havia 
nessas tribos o costume religioso de ingerir os cérebros dos mortos e há relatos de que tempos após alguns 
funerais vários indivíduos começavam a apresentar paralisias e demência seguidas de morte. 
Uma epidemia mais recente e que vem trazendo muitos transtornos é a Encefalopatia Espongiforme 
Bovina, ou "Mal da vaca louca". As evidências sugerem fortemente que a Scapie, uma doença que atinge os
rebanhos de ovelhas há muito tempo e que nunca foi transmitida para humanos, passou para os bovinos, 
quando ração feita com restos de ovinos passou a ser empregada para alimentação de bovinos. O prion da 
Scrapie passou a causar o "mal da vaca louca". O que mais preocupa, nesse caso , é que o prion dos bovinos 
pode passar para os humanos e causar a doença de Creutzfeld-Jacob variante. A hipótese do prion da 
Scrapie não ser transmitido diretamente diretamente para humanos, mas o ser depois de infectar bovinos 
recebe apoio do fato de que prions humano não é transmissível diretamente ao hamster, no entanto infecta 
ratos e após passar pelos ratos pode infectar hamsters. 
Acredita-se que várias encefalopatias espongiformes como a doença de Creutzfeld-Jacob, a insônia familiar 
fatal e a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker possam ser distúrbios genéticos raros, mesmo 
ocorrendo com a Scrapie em ovelhas. Nesses casos, o que parece acontecer é que uma mutação altera a 
seqüência de alguns aminoácidos da proteína celular (PrPc) o que modifica sua forma para PrPSc. Nos casos 
em que a mutação ocorre em tecido somático não há transmissão por reprodução mas risco de contaminação 
de outros indivíduos através da doação de sangue e órgãos. 
O que são príons? 
Quando se fala em infecção, é comum pensarmos nos micro-organismos mais comumente 
comentados e presentes em nosso cotidiano, como as bactérias e os vírus. Há, porém, uma classe 
de agentes infecciosos ainda menores que, embora desprovidos de ácidos nucléicos ou vida, são 
capazes de causar grandes estragos nos sistemas nervosos humano e animal: os príons. 
Primeiramente, é preciso entender que existe uma proteína príon normal, naturalmente presente 
na membrana celular dos neurônios do SNC. Esta proteína normal, ou PrPc (de proteína príon 
celular), pode ser convertida em uma proteína anormal patogênica, ou PrPSc (de proteína príon 
Scrapie), pelo contato com uma outra proteína patogênica ou ainda por alterações genéticas. As 
duas proteínas, normal e patogênica, possuem sequências de aminoácidos semelhantes, porém há 
uma grande discrepância entre suas estruturas conformacionais, sendo a proteína normal 
apresentada na forma de alfa-hélice e a proteína patogênica apresentada na forma de folha-beta. 
Basicamente, o contato entre as duas muda a estrutura conformacional da PrPc, transformando-a 
em PrPSc. 
A PrPc não possui uma função conhecida atualmente, mas de qualquer modo, quando é 
convertida em PrPSc e desprende-se da membrana celular, é sintetizada novamente pelo 
neurônio para substituir a proteína que desprendeu-se. Este é um círculo vicioso, no qual há cada 
vez mais PrPSc para converter em patogênicas as proteínas normais, que são logo substituídas 
para novamente serem convertidas e assim por diante. 
O acúmulo de PrPSc no SNC constitui estruturas chamadas de placas amilóides, que são tóxicas e 
ocasionam a morte do tecido nervoso, com formação de grandes vacúolos. Devido a estes 
vacúolos, que deixam o encéfalo com uma aparência esponjosa, as doenças causadas pelos príons 
são conhecidas como “encefalopatias espongiformes transmissíveis” ou TSE. Algumas destas 
doenças incluem o kuru, a síndrome de Creutzfeldt-Jakob e a encefalopatia espongiforme bovina 
(BSE), mais conhecida como “mal da vaca louca”. A perda de tecido nervoso causa principalmente 
demência, convulsões, tremores e perda de capacidade motora. 
A transmissão de príons patogênicos se dá por contaminação proveniente de outros organismos 
infectados. O kuru, por exemplo,TSE que ocorria nos povos nativos da Nova Guiné, se dava pela 
ingestão de tecido nervoso humano. Acredita-se também que a BSE tenha surgido pela 
contaminação das vacas com príons provenientes de ovelhas que sofriam de Scrapie, uma
encefalopatia espongiforme em versão ovina. As vacas eram alimentadas com uma ração feita 
com os restos de cadáveres de ovelhas mortas pelo Scrapie. Mesmo após todo o processamento 
para preparação da ração, as proteínas patogênicas continuavam presentes e passaram a atingir 
os bovinos que ingeriam a ração. Do mesmo modo, quando o ser humano ingerisse carne bovina 
contaminada, adquiriria os príons. Esta é uma das características que tornam os príons partículas 
extremamente infecciosas: eles podem atravessar as barreiras de espécies e infectar organismos 
distintos. 
Outro exemplo de contaminação por príons é o consumo de hormônios de crescimento derivados 
de glândulas pituitárias humanas extraídas de cadáveres, além do transplante de córnea, sangue, 
enxerto de dura-máter e implantação de eletrodos no cérebro. A utilização de instrumentos 
cirúrgicos contaminados e outros equipamentos invasivos pode também proliferar os príons. 
As TSEs podem inclusive desenvolver-se através de mutações no gene responsável pela produção 
de PrPc, que não desempenha função conhecida no organismo e, se inativado, torna o organismo 
resistente a PrPSc devido a incapacidade de “reprodução” da proteína patogênica na ausência da 
proteína normal. Uma doença que se desenvolve desta maneira é a “insônia familiar fatal”, que, 
como no nome, é hereditária, transmitida de pai para filho através do gene mutante. 
Inicialmente, acreditava-se que as infecções por príons eram causadas pelos chamados “vírus 
lentos”, devido ao seu grande período de incubação, que pode ser de 3 a 35 anos em seres 
humanos. 
P R Í O N S E I N F E C Ç Õ E S 
O que são? 
São partículas compostas apenas por proteínas normais do organismo, que quando 
modificadas tornam-se patogênicas. Ao se acumular no organismo essa proteína mutada leva à 
morte de neurônios, deixando o cérebro com aspecto esponjoso e causando doenças 
degenerativas do sistema nervoso central.
Características: 
Os príons são capazes de produzir cópias de si próprios, apesar de não possuírem nenhum 
tipo de ácido nucléico (DNA ou RNA). 
Não provocam resposta imunológica. 
Resistentes ao congelamento, ao ressecamento, ao calor do cozimento normal dos alimentos, 
à pasteurização e à esterilização por procedimentos usuais. 
Infecção: 
Observaram-se que a diferença entre as proteínas PrPc e PrPSc é apenas de suas 
configurações moleculares, em que a PrPc apresenta a forma de uma hélice (estrutura alfa), e 
a PrPSc apresenta estrutura pregueada (estrutura beta). A seqüência de aminoácidos é a 
mesma na forma normal e patogênica, a diferença está apenas na conformação da proteína. 
Os príons tendem a se agregar e são capazes de se combinar com moléculas da proteína príon 
celular e induzir nestas a mudança de conformação, tornando-as patogênicas. Assim aos 
poucos um núcleo inicial de príons “rouba” moléculas normais e amplia o número e o 
tamanho de agregados que se depositam progressivamente no tecido cerebral, deixando um 
aspecto esponjoso acompanhado de uma extensa morte neuronal. 
Doenças relacionadas: 
Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) 
A Encefalopatia Espongiforme Transmissível nos bovinos é conhecida como Encefalopatia 
Espongiforme Bovina (EEB) ou BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy). Essa doença afeta em 
especial o sistema nervoso central e a alteração espongiforme ocorre por causa da formação 
de vacúolos intraneuronais. 
A EEB tem características semelhantes à vCDJ (Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob). Por isso
a EEB é análoga à vCDJ em humanos. 
Devido aos sintomas de tremedeira, denominados ataxia, a patologia ficou conhecida como 
doença da Vaca Louca. 
Sua transmissão ocorre por meio da ingestão de alimento contaminado por EEB. Mas outro 
fator de risco é uso de cosméticos derivados da placenta bovina. Além desse, produtos 
contendo ceramidas de bovinos infectados também podem causar a doença, pois a pele que 
expressa efetivamente a PRP. 
A doença neurodegenerativa também pode ser transmitida por tecidos animais de outras 
origens, como aviário e porcino. Essa infecção ocorre pelo uso de carcaças e tecidos não 
esterilizados para o enriquecimento de rações para o gado. 
O grande problema da BSE é econômico, pois havendo suspeita da doença, os países 
importadores deixam de comprar os produtos bovinos e isso gera uma crise na economia do 
país exportador. 
Kuru 
Essa é uma doença neurodegenerativa que tem suas origens nos rituais canibalísticos de 
algumas tribos indígenas, as quais acreditavam que, se comessem o cérebro do inimigo, 
ganhariam sua força e inteligência. Esse era o modo de transmissão da doença, que foi 
erradicada com o fim desses rituais. A doença estabelecia sintomas como dificuldades na fala 
e na deglutição, acompanhadas de instabilidade emocional, em um primeiro plano e mudez e 
delibitação, em um segundo plano. 
Kuru que na língua indígena, significa tremor, leva a lesões semelhantes as da doença de 
Cretzfeldt_Jacob, ou seja, a região cerebral, apresenta aspecto esponjoso e formação de 
placas amilóides.
Doença de Creutzfeldt-Jakob 
É uma doença similar à EEB, porém, em humanos. Como essa doença deteriora o tecido 
nervoso, seus principais sintomas são: apatia, demência e descontrole. É caracterizada 
também por contrações musculares e é de difícil diagnóstico. 
Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob 
Aparece mais cedo, entre 20 e 30 anos. Apresenta um sintoma pouco evidente na DCJ, que é 
a parestesia dos membros inferiores.
Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob 
PRIONS 
Tecido cerebral com aspecto espongiforme
Príons são partículas proteicas responsáveis por diversas atividades, como amadurecimento dos neurônios. 
Entretanto, podem se tornar patogênicas, causando doenças crônicas e degenerativas do sistema nervoso 
central, deixando tais regiões com aspecto de esponja, ao serem observadas ao microscópio. 
A transmissão pode se dar de forma infecciosa ou hereditária. Não provocando respostas imunitárias ou 
inflamatórias no indivíduo acometido. 
A encefalopatia espongiforme bovina, ou mal da vaca louca, é uma doença priônica que afeta bovinos. De 
evolução bastante rápida após o surgimento dos sintomas, estes animais geralmente não resistem mais do 
que seis meses. Dificuldade de locomoção e nervosismo são as principais manifestações observáveis. 
Uma doença causada por príons cujos sintomas são semelhantes ao mal da vaca louca e que acomete 
indivíduos da nossa espécie chama-se doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). Esta, transmitida por meio de 
transfusões de sangue, contato com instrumentos cirúrgicos contaminados, herança genética ou de 
surgimento esporádico; causa dificuldades de locomoção e demência progressiva, sendo muitas vezes 
confundida com a demência senil ou Alzheimer. 
Sua incidência anual é de um caso a cada dois milhões de pessoas e, geralmente, leva o indivíduo a óbito 
em menos de um ano após o surgimento dos sintomas. 
A nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, ou vDCJ, está relacionada ao consumo de carne bovina ou 
seus derivados contaminados pela encefalopatia espongiforme. 
Até o presente momento, nenhuma destas doenças é detectável em fase precoce e, após o surgimento dos 
sintomas, o que se pode verificar são as alterações na região do sistema nervoso central. por meio de 
ressonância magnética e tomografia computadorizada, mas que são semelhantes a outras doenças 
neurológicas degenerativas. 
Assim, somente analisando o material cerebral ao microscópio, após o óbito, é que pode ser feito o 
diagnóstico confirmatório. 
Como as doenças priônicas são incuráveis, o tratamento visa retardar e controlar os sintomas.
Sabem o que são Príons? Se não, esse é mais um tópico para aumentar seu conhecimento. 
Vírus, fungos, bactérias, protozoários e outros parasitas são agentes infecciosos bastante conhecidos, 
sendo comumente encontrados na maioria dos hospitais e serviços de saúde comunitários. Não é raro 
ouvir falar-se em viroses, micoses, pneumonias, verminoses, intoxicações alimentares e outras 
enfermidades. De fato, eles são bichanos bem conhecidos. 
Acontece que recentemente -lê-se de 40 anos para cá, o que é muito pouco para a ciência-, o aparecimento de uma 
série de doenças chamadas Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (o nome não é importante - é a 
mesma "doença da vaca louca") levou os pesquisadores à loucura. Testes de imunoensaio, radioativos, 
moleculares e outros tantos jamais foram capazes de demonstrar a presença de um agente infectante (bactéria, fungo, 
vírus, etc.) nos animais e humanos portadores da doença, apesar de tudo indicar que era uma infecção e, ainda por 
cima, transmissível; bastava uma relação direta com fluídos ou órgãos de um doente para contraí-la. 
Foi algo assustador, porque as tais doenças são fatais, independente de qualquer fator. Não existe, 
ainda hoje, uma cura efetiva, e a morte não é nada agradável. O nome encefalopatia espongiforme não 
é em vão; realmente o encéfalo de quem é contaminado vira um queijo-suíço, com um aspecto de 
esponja. Consequentemente, os sinais e sintomas variam desde perda da consciência até o maior grau 
de demência já imaginado, tudo lenta e progressivamente, com destino final programado para a morte. 
Pior, impossível! 
Pois bem, mas o que diabos era o responsável por tudo isso? A resposta é simples: Príons! Príons são seres -se é que 
da pra se chamar isso de ser- que não possuem um único material genético (DNA ou RNA). Para quem não sabe, um 
material genético é a forma mais imbecil representante de vida; até mesmo os vírus mais idiotas o possuem. Acontece 
que os Príons são, nada mais, nada menos, que apenas uma proteína que possui "vida própria"; é como se um dente 
seu começasse a ter atitudes próprias, mesmo não passando de um "pedaço" inicialmente inanimado. Não se sabe ao 
certo sua origem, mas acredita-se que tenham surgido por uma mutação de uma molécula proteica natural do corpo 
humano. 
Os Príons se "reproduzem" simplesmente por conversão de outras proteínas do cérebro em moléculas 
com forma e função semelhante a eles, como se elas fossem massas de modelar. Assim, ao passar de 
um espaço de tempo, um monte dessas merdinhas se espalham pela cabeça dos acometidos e começam 
a transformar tudo em torno delas em gêmeos, também patogênicos.
Doença de Creutzfeldt-Jakob 
Está é uma doença que gera um quadro demencial, normalmente, de rápida evolução causada por prions 
A Doença de Creutzfeldt-Jakob já foi considerada uma variante da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também 
conhecida como "doença da vaca louca", devido a causa comum entre elas, o prions. 
A Doença de Creutzfeldt-Jakob foi descrita pela primeira vez em 1920 e interessa à psiquiatria na medida em que 
resulta em Demência. Embora seja uma forma bastante rara de Demência, pelo menos até agora, com uma incidência 
de 0,5 a 1,5 casos por milhão a cada ano, seu prognóstico é extremamente grave. 
Em 1957, o Kuru foi 
considerada a primeira doença 
por príons constatada em 
humanos. O Kuru acometeu 
nativos de Papua, Nova Guiné, 
devido ao canibalismo ritual 
praticado na tribo Fore. Além 
dos sintomas de coordenação, 
há disfunções do cerebelo, 
associados a incontroláveis e 
inadequado episódios de riso, 
daí Kuru foi nomeado "rir até 
morrer" pelo povo Fore. 
Ela faz parte das encefalopatias espongiformes subagudas causadas por prions, que é uma proteína infectante, e não 
um “vírus lento”, como se pensava anteriormente. O termo príon vem de proteinaceuos infectious particle. Prusiner 
ganhou o Nobel em 1997 por este trabalho. 
A característica essencial de Demência Devido à Doença de Creutzfeldt-Jakob é a clássica tríade clínica de 
outras Demências; prejuízo da memória, movimentos involuntários e atividade EEG sugestiva. Existem quatro formas 
de doença de Creutzfelt-Jakob: esporádica, iatrogênica, familiar e a nova variante (atípica ou da ‘vaca louca’). 
A forma esporádica da doença, que corresponde a 85% dos casos, parece não ter variação sazonal e nem fatores de 
risco associados. A forma familiar é responsável por10 a 15% dos casos, que apresenta um padrão de transmissão do 
tipo autossômico dominante. Outra forma, a iatrogênica, é igualmente de natureza transmissível, principalmente em 
ambientes hospitalares e cirúrgicos, principalmente em neurocirurgia. 
Finalmente, até 25% dos portadores podem ter a apresentação atípica, confirmando-se a doença apenas por biópsia 
ou autópsia, com a demonstração de alterações neuropatológicas espongiformes ocasionadas por prions. 
Atualmente existem algumas classificações para a Doença de Creutzfeldt-Jakob, a qual pode ser definitiva, provável ou 
possível, de acordo com os critérios adotados (máster, europeu ou francês). Todos os tipos de Doença de Creutzfeldt- 
Jakob só podem ser classificadas como definitiva após o exame histopatologico.
Sintomas 
A Doença de Creutzfeldt-Jakob pode desenvolver-se em qualquer idade nos adultos, porém é mais típica entre 50 e 70 
anos de idade (80% dos casos). Os sintomas pré-clínicos (prodrômicos) da Doença de Creutzfeldt-Jakob podem incluir 
fadiga, ansiedade ou problemas com apetite, sono e de concentração. Após algumas semanas pode aparecer falta de 
coordenação motora, afasia, confusão mental, visão alterada, marcha e outros movimentos anormais, juntamente 
com uma Demência de rápida progressão. Nos estados finais da doença o paciente acaba ficando imóvel (acinético). O 
tempo médio de sobrevida é de 5 meses e 80% dos pacientes falecem em um ano. 
Prognóstico 
A doença tipicamente progride com muita rapidez ao longo de alguns meses, embora em alguns casos possa progredir 
ao longo de anos, assemelhando-se a outrasDemências. Não existem achados distintivos na análise do líqüor, e uma 
atrofia inespecífica pode aparecer na neuroimagem. 
Na maioria dos indivíduos, o eletroencefalograma no início do quadro este pode ser normal mas, com a evolução do 
quadro, em mais de 80% dos pacientes o traçado é típico e revela descargas agudas periódicas, frequentemente 
trifásicas e sincrônicas em uma taxa de 0,5-2 Hz em algum ponto durante o curso do transtorno. 
Assim como acontece com o eletrencefalograma, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética podem 
ser normais, entretanto, com a progressão da doença esses dois exames mostrarão uma atrofia cerebral generalizada 
e hiperdensidade nos gânglios da base. 
O diagnóstico laboratorial pode ser com a pesquisa de uma proteína chamada 14-3-3 no líqüor de pacientes com 
quadro de Demência progressiva. Essa proteína tem sensibilidade de 96% e especificidade de 99% para Doença de 
Creutzfeldt-Jakob. 
O exame anátomo-patológico do tecido cerebral dá o diagnóstico de certeza. Nesse exame podem ser vistas as 
alterações espongiformes, compostas de vacúolos redondos, pequenos, que podem se tornar confluentes, astrocitose 
e significativa perda neuronal. 
É sempre bom lembrar da Doença de Creutzfeldt-Jakob diante de um quadro demencial claramente progressivo e 
acompanhado de mioclonias.Segundo Marco Antonio Lima, os diagnósticos diferenciais importantes são sífilis 
terciária, panencefalite esclerosante subaguda, intoxicação por bismuto, lítio ou brometos, e casos de doença de 
Alzheimer que apresentam mioclonias. 
Doença da Vaca Louca e Kuru 
É uma forma de encefalopatia espongiforme no gado bovino observada em 1986, na Inglaterra. Sempre é bom afirmar 
que a Doença da Vaca Louca não é uma variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob. São duas patologias distintas e 
a Doença da Vaca Louca está relacionada com o consumo de carne de gado contaminado com príons. 
Gajdusek ganhou o premio Nobel sobre o estudo de uma doença demencial que teve uma epidemia nos anos 50 e 60 
em Papua, Nova Guiné e o nome dado pelos nativos era Kuru. O Kuru não seria uma forma atípica de CJD. Possui 
características sintomatológicas a parte. 
Os animais apresentavam sinais de ansiedade e comportamento agressivo, evoluindo então com ataxia (dificuldades 
da marcha) e emagrecimento. Depois, entre duas semanas e seis meses o animal morria. 
Entre 1994 e 1997, também na Inglaterra, surgiram 22 casos de uma nova forma de encefalopatia espongiforme em 
humanos. Os indivíduos acometidos eram em média mais jovens do que aqueles com a Doença típica de Creutzfeldt- 
Jakob (29 anos em média) e, diferentemente desta, a nova encefalopatia começava com alterações psiquiátricas e 
neuro-sensitivas (parestesias e disestesias), evoluindo com dificuldades para a marcha (ataxia cerebelar) 
e Demência progressiva em todos os casos. A evolução dessa nova doença até a morte foi, em média, de 14 meses. 
As alterações anátomo-patológicas na Doença da Vaca Louca mostravam extensas placas amilóides no tecido cerebral, 
semelhantes à um tipo de encefalopatia da Nova Guiné, associada ao canibalismo. Mas mesmo esse tipo de 
encefalopatia não poderia ser considerada Doença da Vaca Louca nem Doença de Creutzfeldt-Jakob. Tratava-se do 
Kuru, descrita por Gajdusek, premio Nobel com estudo de uma doença demencial responsável por uma epidemia nos 
anos 50 e 60 em Papua, Nova Guiné. Sabe-se hoje que o Kuru não seria uma forma atípica dessas duas encefalopatias 
espongiformes.
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  • 1. PRÍONS Príon infeccioso e não infeccioso, respectivamente. Príons não são fungos, vírus, bactérias nem protozoários, mas tem tamanho diminuto e são capazes de causar infecções. Além disso, não possuem ácidos nucleicos, mas têm capacidade de replicação; e podem ser infecciosos ou transmitidos hereditariamente. Foram descobertos por Stanley Prusiner, bioquímico da Universidade da Califórnia em San Francisco, ao estudar o processo infeccioso da “doença da vaca louca”. Além da vaca louca, os príons são responsáveis por outras doenças degenerativas do sistema nervoso central, como a Kuru, responsável por quadro de perda de coordenação motora, demência e morte – descrita em habitantes de um grupo étnico da nova Guiné que tinha a prática do canibalismo: fator que propiciava sua transmissão. Outra doença causada por príons, cuja porcentagem de incidência hereditária é significativa, chama-se Creutzfeld-Jakob, esta que também pode ser transmitida via transplante de córnea, injeção de hormônio do crescimento extraído de hipófise humana, dentre outros. Compostos por proteínas, os príons são fabricados pelas próprias células de mamíferos; e podem se apresentar patogênicos ou não. No primeiro caso, o que provavelmente acontece é uma mutação no gene que os produz, propiciando o aparecimento de doenças. Como, até onde se sabe, estas proteínas se acumulam no interior dos lisossomos, o rompimento destes, causando a morte de células, seria o mecanismo responsável pelo surgiment o dos sintomas. No caso dos príons não patogênicos, sabe-se que estes possuem funções importantes, como o auxílio a processos de amadurecimento e prolongamento de neurônios, modulação de respostas imunitárias e ativação de determinadas proteínas. PRÍONS: PROTEÍNAS ANORMAIS PROVOCAM DOENÇAS As proteínas são os componentes fundamentais dos seres vivos e são responsáveis pela maioria de suas funções vitais. O nome "proteína" deriva do grego protos, que significa "o primeiro" ou "o mais importante". Só para citar alguns exemplos, são proteínas as fibras que compõem nossos músculos, nossos fios de cabelo e as enzimas que digerem o alimento que comemos. As proteínas também catalisam as reações metabólicas e permitem a construção de outras moléculas essenciais para a vida. As proteínas são codificadas pelos genes presentes no DNA e são compostas por uma série de aminoácidos. Os aminoácidos se unem através de ligações chamadas de ligações peptídicas e formam uma longa cadeia denominada polipeptídio. Uma das proteínas produzidas normalmente pelos genes de todos os animais é aproteína príon celular (ou PrPc). Esta proteína atua nas células nervosas e, em condições normais, não provoca nenhum dano ao organismo. Porém, devido a algumas doenças, chamadas de doenças priônicas, a PrPc pode ter sua estrutura alterada, formando uma proteína modificada, chamada príon. Os príons são capazes de provocar a alteração da conformação de PrPcs normais, transformando-as em outros príons. Este processo
  • 2. gera uma reação em cadeia que produz mais e mais príons. A forma como isso ocorre ainda não está clara para os cientistas. As primeiras menções aos príons surgiram na década de 1960, quando cientistas formularam a hipótese de que algumas doenças poderiam ser causadas por fragmentos de proteínas. Em meados dos anos 80, outro cientista conseguiu isolar essa proteína. Foi então que a forma alterada da proteína passou a ser chamada de príon, e a proteína a partir do qual o príon se forma de proteína príon celular (PrPc). As doenças priônicas podem atingir tanto humanos quanto animais. Elas atacam o sistema nervoso, prejudicando suas funções normais e matando as células nervosas. Doença da vaca louca Acredita-se que um mal que acomete bovinos, a doença da vaca louca, seja uma doença provocada por príons. A doença da vaca louca é também conhecida comoencefalopatia espongiforme bovina (ou EEB). A EEB ataca o gado provocando a morte de células de seu sistema nervoso central. Devido à degeneração celular, formam-se buracos no tecido cerebral e este fica com um aspecto esponjoso, vindo daí o nome encefalopatia espongiforme. O gado passa a apresentar comportamentos estranhos e acaba morrendo. Um dos primeiros casos de EEB ocorreu na década de 1980. Acredita-se que o gado tenha contraído a doença através da ingestão de ração contendo carne de ovelhas contaminadas, ou seja, contendo o príon. O Reino Unido foi a região mais afetada pela doença, que, na década de 90, atingiu o status de epidemia, provocando a morte de milhares de animais. A doença provocou grande queda na importação e no consumo de carne bovina provenientes do Reino Unido. Como forma de conter a doença, em 1988, no Reino Unido e, alguns anos depois, na Europa toda, foi proibido o uso de ração bovina contendo carne de outros ruminantes. Atualmente, as criações de gado do Reino Unido são constantemente monitoradas para averiguar a presença de animais contaminados. Através desses programas, verificou-se que a incidência da doença vem caindo a cada ano. Acredita-se que a EEB esteja ligada a uma variação de uma doença degenerativa do sistema nervoso humano, chamada de doença de Creutzeldt-Jakob (ou vCDJ). Segundo a teoria mais aceita, o homem contrai a doença principalmente através da ingestão de carne de animais infectados pela vaca louca. Outra hipótese que já foi levantada é a de que a doença seja adquirida devido a uma infecção viral. Essa infecção provocaria a produção de proteínas anormais, ou seja, de príons. Os principais sintomas desta variação da doença de Creutzeldt-Jakob são alterações comportamentais, alucinações, perda de memória, convulsões, dificuldades locomotoras e outros distúrbios neurológicos. O diagnóstico, geralmente, é feito através de exames do líquido cefalorraquidiano, ressonâncias eletromagnéticas do cérebro e biópsias de tecidos do sistema nervoso central.
  • 3. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o primeiro caso foi registrado em 1996 e, até 2002, ocorreram cerca de 138 casos, sendo a maioria no Reino Unido. Embora rara, a doença é fatal e ainda não existem tratamentos com eficácia comprovada para seu tratamento. PRÍONS Príons são moléculas proteicas que possuem propriedades infectantes. O nome príon vem do inglês proteinaceous infectious particles, que quer dizer partículas proteicas infecciosas. Tais partículas se distinguem de vírus e bactérias comuns por serem desprovidos de carga genética. Existe um gene, denominado prinp, que é responsável pela síntese da proteína príon celular (PrPc). Na sua forma normal e saudável, essa proteína, além de participar do processo de diferenciação neural, ela defende os neurônios de condições que podem levar à sua destruição. Uma mutação do gene prinp provoca a formação defeituosa da PrPc, que se transforma em príon. Essa molécula proteica infectante é capaz, ainda, de alterar a forma de outras proteínas saudáveis, que, a partir daí, também adquirem um comportamento priônico. Os príons podem até mesmo produzir réplicas de si mesmos (por mecanismos ainda desconhecidos). Os príons possuem estruturas bastante estáveis e são resistentes a enzimas digestivas, calor, algumas substâncias químicas e até à radiação ultravioleta, condições que normalmente degradam proteínas e ácidos nucleicos. Também não existe nenhum mecanismo de defesa imunológica capaz de neutralizar essa partícula infectante, o que torna ainda mais rápida a sua disseminação. Por ser oriundo de uma proteína do sistema nervoso, os príons afetam exatamente os neurônios. A infecção por tais moléculas pode ocorrer por herança genética, consumo da carne de animais infectados, aplicação de hormônios, utilização de instrumentos cirúrgicos contaminados ou por uma mutação casual. E seja qual for o mecanismo de infecção, não há procedimento de rotina que possa identifica-los. As doenças provocadas por príons não têm cura e são frequentemente classificadas como encefalopatias espongiformes, devido ao aspecto esponjoso que o cérebro adquire com a infecção. A mais conhecida dessas doenças é a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como mal da vaca louca. Essa doença é evolutiva e provoca a degeneração dos neurônios de bovinos, que passam a apresentar comportamentos anormais e morrem dentro de pouco tempo. Outros exemplos de doenças causadas por príons:  Kuru – doença de evolução rápida, que, entre outros danos, provoca perda da coordenação muscular (ataxia) e tremores. Os indivíduios infectatados podem morrer em até 1 ano após o surgimento da doença.  Síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker – síndrome hereditária rara, de evolução lenta e progressiva, cujos sintomas são ataxia, perda da coordenação motora, degeneração do cerebelo e dificuldade de locomoção. Os portadores da doença começam a desenvolver os sintomas entre os 35 e 60 anos de idade; estima-se que a sobrevida desses indivíduos seja de 5 anos, contados após o aparecimento dos sintomas.  Insônia Familiar Fatal – trata-se de um distúrbio do sono hereditário, caracterizado principalmente pela incapacidade de dormir. Os sintomas aparecem, em geral, a partir dos 40 anos de idade, sendo eles, falta de atenção, perda da coordenação motora, taquicardia, sudorese, entre outros. Tais sintomas evoluem rapidamente para turvação da consciência, demência e morte.  Síndrome de Alpers – doença congênita progressiva, cujos sintomas podem surgir ainda no primeiro dia de vida da criança. O desenvolvimento lento, ataques apopléticos frequentes , perda das capacidades muscular e intelectual e dureza dos membros são alguns dos sintomas da doença. Graças ao seu trabalho que levou à descoberta dos príons, o cientista estadunidense Stanley Prusiner recebeu o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1997.
  • 4. Príon normal (esquerda) e infeccioso (direita). Príons (em inglês: proteinaceous infections particles), são agentes infecciosos de tamanho menor que o dos vírus, e que também podem ser transmitidos de forma hereditária. Desprovidos de ácidos nucleicos, mas com capacidade de replicação, foram descobertos por Stanley Prusiner: bioquímico da Universidade da Califórnia. Por tal mérito, este recebeu, mais tarde, o Prêmio Nobel. Príons são compostos por proteínas codificadas pelo gene 20p12.3, localizado no braço curto do cromossomo 20, sendo responsáveis pela ativação de determinadas proteínas, amadurecimento e prolongamento de neurônios, e modulação de respostas imunes. Entretanto, devido à capacidade inata de converterem suas estruturas, podem se tornar patogênicos, sendo agentes causadores de doenças crônicas e degenerativas do sistema nervoso central: as encefalopatias espongiformes – nome relacionado ao aspecto de esponja que os tecidos neurais se apresentam, ao serem analisados ao microscópio. No primeiro caso, são chamados de PRP celular, ou PrPc, e têm estrutura alfa. Já os PrP Scrapie, ou PrPSc, se enquadram na segunda situação, e são do tipo beta. Doenças causadas por príons geralmente se manifestam na fase adulta, e ocorrem de forma extremamente rara. Além disso, não estimulam resposta imune detectável, ou reação inflamatória no hospedeiro. Kuru, síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker (GSS), insônia familiar fatal (IFF), doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) e nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (NVDCJ) são algumas das que ocorrem em indivíduos da nossa espécie. Um príon ou prião é uma proteína com capacidade de modificar outras proteínas tornando-as cópias de si própria. Um príon não possui acido nucléico ( DNA ou RNA ). Existem 13 espécies de príons, das quais 3 atacam fungos e 10 afetam mamíferos; dentre estes, 7 têm por alvo nossa espécie. A palavra "príon" vem do inglês e significa “Proteinaceous Infectious Only Particle” (Partícula Infecciosa Puramente Protéica). Surgimento das Doenças Priônicas Há um gene, chamado "PrPc", que sintetiza a "proteína príon celular” (também chamada "PrPc"), presente em todas as células do corpo. A PrPc, em condições normais, é capaz de proteger os neurônios da morte. Além disso, estudos recentes mostram que a PrPc está envolvida também no mecanismo de diferenciação neuronal. Entretanto, quando há alguma mutação no gene, o PrPc formado é defeituoso (príon). Esse príon leva às
  • 5. chamadas doenças priônicas. O príon atua ainda como um “molde” que, a o entrar em contato com o PrPc presente nas células, faz com que a proteína normal se altere, tornando-a também um príon. Ainda não se sabe o mecanismo que articula esse tipo de ação. Nenhuma defesa imunológica consegue eliminar o príon do organismo. Ele causa aglomerados no cérebro, em estruturas denominadas “placas amilóides”. Esse acúmulo é tóxico e provoca a morte de muitos neurônios (quadro semelhante ao do “Mal de Alzheimer”). PRIONS - ORGANISMOS (?) SEM GENOMA Denominamos prions os prováveis agentes infecciosos causadores de doenças neurodegenerativas fatais que ocorrem em mamíferos, chamadas de encefalopatias espongiformes. Análise post-mortem revela que os cérebros dos indivíduos acometidos por essas doenças ficam repletos de grandes vacúolos, que resulta em um aspecto esponjoso principalmente no córtex e cerebelo. Os principais sintomas associados a essas doenças são a perda do controle motor, demência, paralisia crescente nos membros, resultando em morte, tipicamente precedida por pneumonia. Como exemplo de encefalopatias espongiformes em humanos temos a doença de Creutzfeld-Jacob (CJD), kuru, insônia familiar fatal e a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker. Entre as formas que atacam os animais, temos a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), também conhecida como "doença da vaca louca" e a "Scrapie" que ataca ovelhas. Na busca pelo agente causador das encefalopatias espongiformes, verificou-se que este possuía algumas características especiais, que o torna diferente das bactérias e vírus que são os principais agentes causadores de doenças infecciosas. A principal característica está associada ao fato do agente infeccioso dessa doença ser resistente à inativação por métodos que modificam os ácidos nucléicos. No entanto se ão sensíveis a tratamentos que desnaturam proteínas. Esses dados sugeriram que o agente causador das encefalopatias espongiformes não possuía um genoma de DNA ou RNA como os vírus e bactérias já conhecidos. Em virturde dessas caracterísitcas, em 1982 Stanley Prusiner (Universidade da Califórnia) propos uma teoria de que essa doença não era causada por um vírus ou bactéria convencional, mas por uma proteína que adota uma forma anormal. Chamou essa proteína de príon (do inglês: proteinaceous infectious particles). A hipótese dos príons como agente causal das encefalopatias espongiformes possui, atualmente, fortes evidências. A primeira delas é que a proteína dos prions é um componente celular normal de muitos tipos de células de todos os mamíferos, incluindo células musculares, linfócitos e em especial sistema nervoso. Essas proteínas celulares são denominadas de PrPc (Prion Protein cellular form). As moléculas protéicas dos prions (PrPSc de Prion Protein Scrapie), que se acumulam no tecido nervoso quando ocorre encefalopatias espongiformes, são similares em sequências de aminoácidos às PrPc, no entanto possuem uma forma tridimensional diferentes daquela. Assim, embora tenham a mesma composição, a forma final que essas proteínas assume é bem diferente. O que parece ocorrer durante a infecção e o avança da doença, é que a proteína anormal (PrPSc) é muito resistente ao calor e à digestão e consegue chegar intacta ao sistema nervoso. Ao encontrar as moléculas normais da proteína , PrPc, os prions (PrPSc) interagem com estas modificando-as para a dorma PrPSC. Com o passar do tempo cada vez mais moléculas PrPc são transformadas em PrPSc. As proteínas com forma alterada não cumprem sua função no tecido, provocam o surgimento de placas amilóides e o tecido nervoso vai se tornando espojoso. Essa teoria explica de que forma a prática de canibalismo está associada a uma forma epidêmica de encefalopatia espongiforme denominada kuru, verificada em tribos da Nova Guiné, por volta de 1950. Havia nessas tribos o costume religioso de ingerir os cérebros dos mortos e há relatos de que tempos após alguns funerais vários indivíduos começavam a apresentar paralisias e demência seguidas de morte. Uma epidemia mais recente e que vem trazendo muitos transtornos é a Encefalopatia Espongiforme Bovina, ou "Mal da vaca louca". As evidências sugerem fortemente que a Scapie, uma doença que atinge os
  • 6. rebanhos de ovelhas há muito tempo e que nunca foi transmitida para humanos, passou para os bovinos, quando ração feita com restos de ovinos passou a ser empregada para alimentação de bovinos. O prion da Scrapie passou a causar o "mal da vaca louca". O que mais preocupa, nesse caso , é que o prion dos bovinos pode passar para os humanos e causar a doença de Creutzfeld-Jacob variante. A hipótese do prion da Scrapie não ser transmitido diretamente diretamente para humanos, mas o ser depois de infectar bovinos recebe apoio do fato de que prions humano não é transmissível diretamente ao hamster, no entanto infecta ratos e após passar pelos ratos pode infectar hamsters. Acredita-se que várias encefalopatias espongiformes como a doença de Creutzfeld-Jacob, a insônia familiar fatal e a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker possam ser distúrbios genéticos raros, mesmo ocorrendo com a Scrapie em ovelhas. Nesses casos, o que parece acontecer é que uma mutação altera a seqüência de alguns aminoácidos da proteína celular (PrPc) o que modifica sua forma para PrPSc. Nos casos em que a mutação ocorre em tecido somático não há transmissão por reprodução mas risco de contaminação de outros indivíduos através da doação de sangue e órgãos. O que são príons? Quando se fala em infecção, é comum pensarmos nos micro-organismos mais comumente comentados e presentes em nosso cotidiano, como as bactérias e os vírus. Há, porém, uma classe de agentes infecciosos ainda menores que, embora desprovidos de ácidos nucléicos ou vida, são capazes de causar grandes estragos nos sistemas nervosos humano e animal: os príons. Primeiramente, é preciso entender que existe uma proteína príon normal, naturalmente presente na membrana celular dos neurônios do SNC. Esta proteína normal, ou PrPc (de proteína príon celular), pode ser convertida em uma proteína anormal patogênica, ou PrPSc (de proteína príon Scrapie), pelo contato com uma outra proteína patogênica ou ainda por alterações genéticas. As duas proteínas, normal e patogênica, possuem sequências de aminoácidos semelhantes, porém há uma grande discrepância entre suas estruturas conformacionais, sendo a proteína normal apresentada na forma de alfa-hélice e a proteína patogênica apresentada na forma de folha-beta. Basicamente, o contato entre as duas muda a estrutura conformacional da PrPc, transformando-a em PrPSc. A PrPc não possui uma função conhecida atualmente, mas de qualquer modo, quando é convertida em PrPSc e desprende-se da membrana celular, é sintetizada novamente pelo neurônio para substituir a proteína que desprendeu-se. Este é um círculo vicioso, no qual há cada vez mais PrPSc para converter em patogênicas as proteínas normais, que são logo substituídas para novamente serem convertidas e assim por diante. O acúmulo de PrPSc no SNC constitui estruturas chamadas de placas amilóides, que são tóxicas e ocasionam a morte do tecido nervoso, com formação de grandes vacúolos. Devido a estes vacúolos, que deixam o encéfalo com uma aparência esponjosa, as doenças causadas pelos príons são conhecidas como “encefalopatias espongiformes transmissíveis” ou TSE. Algumas destas doenças incluem o kuru, a síndrome de Creutzfeldt-Jakob e a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), mais conhecida como “mal da vaca louca”. A perda de tecido nervoso causa principalmente demência, convulsões, tremores e perda de capacidade motora. A transmissão de príons patogênicos se dá por contaminação proveniente de outros organismos infectados. O kuru, por exemplo,TSE que ocorria nos povos nativos da Nova Guiné, se dava pela ingestão de tecido nervoso humano. Acredita-se também que a BSE tenha surgido pela contaminação das vacas com príons provenientes de ovelhas que sofriam de Scrapie, uma
  • 7. encefalopatia espongiforme em versão ovina. As vacas eram alimentadas com uma ração feita com os restos de cadáveres de ovelhas mortas pelo Scrapie. Mesmo após todo o processamento para preparação da ração, as proteínas patogênicas continuavam presentes e passaram a atingir os bovinos que ingeriam a ração. Do mesmo modo, quando o ser humano ingerisse carne bovina contaminada, adquiriria os príons. Esta é uma das características que tornam os príons partículas extremamente infecciosas: eles podem atravessar as barreiras de espécies e infectar organismos distintos. Outro exemplo de contaminação por príons é o consumo de hormônios de crescimento derivados de glândulas pituitárias humanas extraídas de cadáveres, além do transplante de córnea, sangue, enxerto de dura-máter e implantação de eletrodos no cérebro. A utilização de instrumentos cirúrgicos contaminados e outros equipamentos invasivos pode também proliferar os príons. As TSEs podem inclusive desenvolver-se através de mutações no gene responsável pela produção de PrPc, que não desempenha função conhecida no organismo e, se inativado, torna o organismo resistente a PrPSc devido a incapacidade de “reprodução” da proteína patogênica na ausência da proteína normal. Uma doença que se desenvolve desta maneira é a “insônia familiar fatal”, que, como no nome, é hereditária, transmitida de pai para filho através do gene mutante. Inicialmente, acreditava-se que as infecções por príons eram causadas pelos chamados “vírus lentos”, devido ao seu grande período de incubação, que pode ser de 3 a 35 anos em seres humanos. P R Í O N S E I N F E C Ç Õ E S O que são? São partículas compostas apenas por proteínas normais do organismo, que quando modificadas tornam-se patogênicas. Ao se acumular no organismo essa proteína mutada leva à morte de neurônios, deixando o cérebro com aspecto esponjoso e causando doenças degenerativas do sistema nervoso central.
  • 8. Características: Os príons são capazes de produzir cópias de si próprios, apesar de não possuírem nenhum tipo de ácido nucléico (DNA ou RNA). Não provocam resposta imunológica. Resistentes ao congelamento, ao ressecamento, ao calor do cozimento normal dos alimentos, à pasteurização e à esterilização por procedimentos usuais. Infecção: Observaram-se que a diferença entre as proteínas PrPc e PrPSc é apenas de suas configurações moleculares, em que a PrPc apresenta a forma de uma hélice (estrutura alfa), e a PrPSc apresenta estrutura pregueada (estrutura beta). A seqüência de aminoácidos é a mesma na forma normal e patogênica, a diferença está apenas na conformação da proteína. Os príons tendem a se agregar e são capazes de se combinar com moléculas da proteína príon celular e induzir nestas a mudança de conformação, tornando-as patogênicas. Assim aos poucos um núcleo inicial de príons “rouba” moléculas normais e amplia o número e o tamanho de agregados que se depositam progressivamente no tecido cerebral, deixando um aspecto esponjoso acompanhado de uma extensa morte neuronal. Doenças relacionadas: Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) A Encefalopatia Espongiforme Transmissível nos bovinos é conhecida como Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy). Essa doença afeta em especial o sistema nervoso central e a alteração espongiforme ocorre por causa da formação de vacúolos intraneuronais. A EEB tem características semelhantes à vCDJ (Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob). Por isso
  • 9. a EEB é análoga à vCDJ em humanos. Devido aos sintomas de tremedeira, denominados ataxia, a patologia ficou conhecida como doença da Vaca Louca. Sua transmissão ocorre por meio da ingestão de alimento contaminado por EEB. Mas outro fator de risco é uso de cosméticos derivados da placenta bovina. Além desse, produtos contendo ceramidas de bovinos infectados também podem causar a doença, pois a pele que expressa efetivamente a PRP. A doença neurodegenerativa também pode ser transmitida por tecidos animais de outras origens, como aviário e porcino. Essa infecção ocorre pelo uso de carcaças e tecidos não esterilizados para o enriquecimento de rações para o gado. O grande problema da BSE é econômico, pois havendo suspeita da doença, os países importadores deixam de comprar os produtos bovinos e isso gera uma crise na economia do país exportador. Kuru Essa é uma doença neurodegenerativa que tem suas origens nos rituais canibalísticos de algumas tribos indígenas, as quais acreditavam que, se comessem o cérebro do inimigo, ganhariam sua força e inteligência. Esse era o modo de transmissão da doença, que foi erradicada com o fim desses rituais. A doença estabelecia sintomas como dificuldades na fala e na deglutição, acompanhadas de instabilidade emocional, em um primeiro plano e mudez e delibitação, em um segundo plano. Kuru que na língua indígena, significa tremor, leva a lesões semelhantes as da doença de Cretzfeldt_Jacob, ou seja, a região cerebral, apresenta aspecto esponjoso e formação de placas amilóides.
  • 10. Doença de Creutzfeldt-Jakob É uma doença similar à EEB, porém, em humanos. Como essa doença deteriora o tecido nervoso, seus principais sintomas são: apatia, demência e descontrole. É caracterizada também por contrações musculares e é de difícil diagnóstico. Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob Aparece mais cedo, entre 20 e 30 anos. Apresenta um sintoma pouco evidente na DCJ, que é a parestesia dos membros inferiores.
  • 11. Nova Variante de Creutzfeldt-Jakob PRIONS Tecido cerebral com aspecto espongiforme
  • 12. Príons são partículas proteicas responsáveis por diversas atividades, como amadurecimento dos neurônios. Entretanto, podem se tornar patogênicas, causando doenças crônicas e degenerativas do sistema nervoso central, deixando tais regiões com aspecto de esponja, ao serem observadas ao microscópio. A transmissão pode se dar de forma infecciosa ou hereditária. Não provocando respostas imunitárias ou inflamatórias no indivíduo acometido. A encefalopatia espongiforme bovina, ou mal da vaca louca, é uma doença priônica que afeta bovinos. De evolução bastante rápida após o surgimento dos sintomas, estes animais geralmente não resistem mais do que seis meses. Dificuldade de locomoção e nervosismo são as principais manifestações observáveis. Uma doença causada por príons cujos sintomas são semelhantes ao mal da vaca louca e que acomete indivíduos da nossa espécie chama-se doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). Esta, transmitida por meio de transfusões de sangue, contato com instrumentos cirúrgicos contaminados, herança genética ou de surgimento esporádico; causa dificuldades de locomoção e demência progressiva, sendo muitas vezes confundida com a demência senil ou Alzheimer. Sua incidência anual é de um caso a cada dois milhões de pessoas e, geralmente, leva o indivíduo a óbito em menos de um ano após o surgimento dos sintomas. A nova variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, ou vDCJ, está relacionada ao consumo de carne bovina ou seus derivados contaminados pela encefalopatia espongiforme. Até o presente momento, nenhuma destas doenças é detectável em fase precoce e, após o surgimento dos sintomas, o que se pode verificar são as alterações na região do sistema nervoso central. por meio de ressonância magnética e tomografia computadorizada, mas que são semelhantes a outras doenças neurológicas degenerativas. Assim, somente analisando o material cerebral ao microscópio, após o óbito, é que pode ser feito o diagnóstico confirmatório. Como as doenças priônicas são incuráveis, o tratamento visa retardar e controlar os sintomas.
  • 13.
  • 14. Sabem o que são Príons? Se não, esse é mais um tópico para aumentar seu conhecimento. Vírus, fungos, bactérias, protozoários e outros parasitas são agentes infecciosos bastante conhecidos, sendo comumente encontrados na maioria dos hospitais e serviços de saúde comunitários. Não é raro ouvir falar-se em viroses, micoses, pneumonias, verminoses, intoxicações alimentares e outras enfermidades. De fato, eles são bichanos bem conhecidos. Acontece que recentemente -lê-se de 40 anos para cá, o que é muito pouco para a ciência-, o aparecimento de uma série de doenças chamadas Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (o nome não é importante - é a mesma "doença da vaca louca") levou os pesquisadores à loucura. Testes de imunoensaio, radioativos, moleculares e outros tantos jamais foram capazes de demonstrar a presença de um agente infectante (bactéria, fungo, vírus, etc.) nos animais e humanos portadores da doença, apesar de tudo indicar que era uma infecção e, ainda por cima, transmissível; bastava uma relação direta com fluídos ou órgãos de um doente para contraí-la. Foi algo assustador, porque as tais doenças são fatais, independente de qualquer fator. Não existe, ainda hoje, uma cura efetiva, e a morte não é nada agradável. O nome encefalopatia espongiforme não é em vão; realmente o encéfalo de quem é contaminado vira um queijo-suíço, com um aspecto de esponja. Consequentemente, os sinais e sintomas variam desde perda da consciência até o maior grau de demência já imaginado, tudo lenta e progressivamente, com destino final programado para a morte. Pior, impossível! Pois bem, mas o que diabos era o responsável por tudo isso? A resposta é simples: Príons! Príons são seres -se é que da pra se chamar isso de ser- que não possuem um único material genético (DNA ou RNA). Para quem não sabe, um material genético é a forma mais imbecil representante de vida; até mesmo os vírus mais idiotas o possuem. Acontece que os Príons são, nada mais, nada menos, que apenas uma proteína que possui "vida própria"; é como se um dente seu começasse a ter atitudes próprias, mesmo não passando de um "pedaço" inicialmente inanimado. Não se sabe ao certo sua origem, mas acredita-se que tenham surgido por uma mutação de uma molécula proteica natural do corpo humano. Os Príons se "reproduzem" simplesmente por conversão de outras proteínas do cérebro em moléculas com forma e função semelhante a eles, como se elas fossem massas de modelar. Assim, ao passar de um espaço de tempo, um monte dessas merdinhas se espalham pela cabeça dos acometidos e começam a transformar tudo em torno delas em gêmeos, também patogênicos.
  • 15. Doença de Creutzfeldt-Jakob Está é uma doença que gera um quadro demencial, normalmente, de rápida evolução causada por prions A Doença de Creutzfeldt-Jakob já foi considerada uma variante da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também conhecida como "doença da vaca louca", devido a causa comum entre elas, o prions. A Doença de Creutzfeldt-Jakob foi descrita pela primeira vez em 1920 e interessa à psiquiatria na medida em que resulta em Demência. Embora seja uma forma bastante rara de Demência, pelo menos até agora, com uma incidência de 0,5 a 1,5 casos por milhão a cada ano, seu prognóstico é extremamente grave. Em 1957, o Kuru foi considerada a primeira doença por príons constatada em humanos. O Kuru acometeu nativos de Papua, Nova Guiné, devido ao canibalismo ritual praticado na tribo Fore. Além dos sintomas de coordenação, há disfunções do cerebelo, associados a incontroláveis e inadequado episódios de riso, daí Kuru foi nomeado "rir até morrer" pelo povo Fore. Ela faz parte das encefalopatias espongiformes subagudas causadas por prions, que é uma proteína infectante, e não um “vírus lento”, como se pensava anteriormente. O termo príon vem de proteinaceuos infectious particle. Prusiner ganhou o Nobel em 1997 por este trabalho. A característica essencial de Demência Devido à Doença de Creutzfeldt-Jakob é a clássica tríade clínica de outras Demências; prejuízo da memória, movimentos involuntários e atividade EEG sugestiva. Existem quatro formas de doença de Creutzfelt-Jakob: esporádica, iatrogênica, familiar e a nova variante (atípica ou da ‘vaca louca’). A forma esporádica da doença, que corresponde a 85% dos casos, parece não ter variação sazonal e nem fatores de risco associados. A forma familiar é responsável por10 a 15% dos casos, que apresenta um padrão de transmissão do tipo autossômico dominante. Outra forma, a iatrogênica, é igualmente de natureza transmissível, principalmente em ambientes hospitalares e cirúrgicos, principalmente em neurocirurgia. Finalmente, até 25% dos portadores podem ter a apresentação atípica, confirmando-se a doença apenas por biópsia ou autópsia, com a demonstração de alterações neuropatológicas espongiformes ocasionadas por prions. Atualmente existem algumas classificações para a Doença de Creutzfeldt-Jakob, a qual pode ser definitiva, provável ou possível, de acordo com os critérios adotados (máster, europeu ou francês). Todos os tipos de Doença de Creutzfeldt- Jakob só podem ser classificadas como definitiva após o exame histopatologico.
  • 16. Sintomas A Doença de Creutzfeldt-Jakob pode desenvolver-se em qualquer idade nos adultos, porém é mais típica entre 50 e 70 anos de idade (80% dos casos). Os sintomas pré-clínicos (prodrômicos) da Doença de Creutzfeldt-Jakob podem incluir fadiga, ansiedade ou problemas com apetite, sono e de concentração. Após algumas semanas pode aparecer falta de coordenação motora, afasia, confusão mental, visão alterada, marcha e outros movimentos anormais, juntamente com uma Demência de rápida progressão. Nos estados finais da doença o paciente acaba ficando imóvel (acinético). O tempo médio de sobrevida é de 5 meses e 80% dos pacientes falecem em um ano. Prognóstico A doença tipicamente progride com muita rapidez ao longo de alguns meses, embora em alguns casos possa progredir ao longo de anos, assemelhando-se a outrasDemências. Não existem achados distintivos na análise do líqüor, e uma atrofia inespecífica pode aparecer na neuroimagem. Na maioria dos indivíduos, o eletroencefalograma no início do quadro este pode ser normal mas, com a evolução do quadro, em mais de 80% dos pacientes o traçado é típico e revela descargas agudas periódicas, frequentemente trifásicas e sincrônicas em uma taxa de 0,5-2 Hz em algum ponto durante o curso do transtorno. Assim como acontece com o eletrencefalograma, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética podem ser normais, entretanto, com a progressão da doença esses dois exames mostrarão uma atrofia cerebral generalizada e hiperdensidade nos gânglios da base. O diagnóstico laboratorial pode ser com a pesquisa de uma proteína chamada 14-3-3 no líqüor de pacientes com quadro de Demência progressiva. Essa proteína tem sensibilidade de 96% e especificidade de 99% para Doença de Creutzfeldt-Jakob. O exame anátomo-patológico do tecido cerebral dá o diagnóstico de certeza. Nesse exame podem ser vistas as alterações espongiformes, compostas de vacúolos redondos, pequenos, que podem se tornar confluentes, astrocitose e significativa perda neuronal. É sempre bom lembrar da Doença de Creutzfeldt-Jakob diante de um quadro demencial claramente progressivo e acompanhado de mioclonias.Segundo Marco Antonio Lima, os diagnósticos diferenciais importantes são sífilis terciária, panencefalite esclerosante subaguda, intoxicação por bismuto, lítio ou brometos, e casos de doença de Alzheimer que apresentam mioclonias. Doença da Vaca Louca e Kuru É uma forma de encefalopatia espongiforme no gado bovino observada em 1986, na Inglaterra. Sempre é bom afirmar que a Doença da Vaca Louca não é uma variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob. São duas patologias distintas e a Doença da Vaca Louca está relacionada com o consumo de carne de gado contaminado com príons. Gajdusek ganhou o premio Nobel sobre o estudo de uma doença demencial que teve uma epidemia nos anos 50 e 60 em Papua, Nova Guiné e o nome dado pelos nativos era Kuru. O Kuru não seria uma forma atípica de CJD. Possui características sintomatológicas a parte. Os animais apresentavam sinais de ansiedade e comportamento agressivo, evoluindo então com ataxia (dificuldades da marcha) e emagrecimento. Depois, entre duas semanas e seis meses o animal morria. Entre 1994 e 1997, também na Inglaterra, surgiram 22 casos de uma nova forma de encefalopatia espongiforme em humanos. Os indivíduos acometidos eram em média mais jovens do que aqueles com a Doença típica de Creutzfeldt- Jakob (29 anos em média) e, diferentemente desta, a nova encefalopatia começava com alterações psiquiátricas e neuro-sensitivas (parestesias e disestesias), evoluindo com dificuldades para a marcha (ataxia cerebelar) e Demência progressiva em todos os casos. A evolução dessa nova doença até a morte foi, em média, de 14 meses. As alterações anátomo-patológicas na Doença da Vaca Louca mostravam extensas placas amilóides no tecido cerebral, semelhantes à um tipo de encefalopatia da Nova Guiné, associada ao canibalismo. Mas mesmo esse tipo de encefalopatia não poderia ser considerada Doença da Vaca Louca nem Doença de Creutzfeldt-Jakob. Tratava-se do Kuru, descrita por Gajdusek, premio Nobel com estudo de uma doença demencial responsável por uma epidemia nos anos 50 e 60 em Papua, Nova Guiné. Sabe-se hoje que o Kuru não seria uma forma atípica dessas duas encefalopatias espongiformes.