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PATOLOGIA ANIMAL
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................2
2. PATOLOGIA ANATÔMICA..................................................................................3
3. PATOLOGIA CLÍNICA.........................................................................................4
3.1 Bases Patológicas................................................................................................................4
4. DOENÇA.............................................................................................................5
4.1Doenças Infecciosas.............................................................................................................5
4.2Doenças não Infecciosas ....................................................................................................7
5. VETOR E AGENTE ETIOLÓGICO ......................................................................9
5.1O que é Agente Etiológico?................................................................................................9
5.2O que é Vetor? .......................................................................................................................9
5.3 Diferença Entre Agente Etiológico e Vetor..................................................................10
6. CONCEITOS .....................................................................................................10
7. NECROPSIA .....................................................................................................12
8. ALTERAÇÕES REGRESSIVAS ........................................................................15
9. ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO..........................................................16
10. ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS ...........................................................................18
11. DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR ..................................................19
12. DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS......................................20
13. NECROSE.........................................................................................................25
14. APOPTOSE.......................................................................................................27
15. O QUE FAZ O PATOLOGISTA VETERINÁRIO.................................................28
REFERÊNCIAS .......................................................................................................29
2
 INTRODUÇÃO
A patologia veterinária, assim como na medicina (humana), é a ciência que
estuda a doença. O termo patologia tem como origem e significado do grego “logos”
estudo e “pathos” sofrimento. No entanto, na medicina veterinária, a patologia se
ocupa em estudar as doenças dos animais domésticos, silvestres e de produção,
assim, além de cuidar da saúde dos animais, ocupa-se da segurança
alimentar envolvendo carnes e outros alimentos derivados de animais.
Essa ciência investiga as causas das doenças e as alterações a elas
relacionadas, nos níveis celular, tecidual e orgânico. Assim, ela pode ser dividida
em: Patologia Geral, que contempla as reações básicas celulares e teciduais a
estímulos nocivos desencadeadores de doenças; e Patologia Especial ou Sistêmica,
a qual aborda as respostas específicas de órgãos e tecidos a estímulos definidos.
Além disso, essa ramo científico da veterinária pode ser classificado em
Patologia Anatômica e Patologia Clínica.
A patologia clínica veterinária é a especialidade que tem como objetivo a
execução e interpretação dos exames laboratoriais, auxiliando médicos veterinários
no diagnóstico, acompanhamento e direcionamento de diversas doenças.
Através da análise de sangue, urina, fezes e outros fluídos orgânicos, a
presença de qualquer achado laboratorial, agrega informação para o clínico em uma
nova hipótese diagnóstica, além de estabelecer o estágio de uma doença, indicar o
prognóstico e monitorar tratamento.
3
 PATOLOGIA ANATÔMICA
É o ramo da patologia veterinária que estuda o diagnóstico por meio de peças
cirúrgicas. Nelas podem ser feitos exames microscópicos e macroscópicos, os quais
consideram os níveis moleculares, citológicos e histológicos das alterações
provocadas por doenças.
A principal forma de se obter uma amostra para exames
chamados anatomopatológicos é a biopsia. Essa técnica consiste em retirar amostras
de células ou tecidos de um órgão a ser examinado para se obter um diagnóstico e o
prognóstico, quando a alteração trata-se de uma doença.
Outra forma também utilizada para esse tipo de análise é a excisão de órgãos
inteiros ou parte deles, as chamadas amostras cirúrgicas ou também peças vindas de
necropsia.
Os métodos mais utilizados para se analisar as amostras obtidas são
a histopatologia (amostras de tecidos) e citopatologia (amostras de células). Essas
técnicas baseiam-se em incluir as amostras em parafina e cortá-las, quando se trata
de tecidos, corar com hematoxilina e eosina (coloração padrão de lâminas) e observar
as possíveis alterações por meio do microscópio óptico.
No entanto, podem ainda ser utilizadas técnicas mais precisas nessas análises,
como a imuno histoquímica e a imuno citoquímica. Elas utilizam-se de marcadores
antigênicos para detectar proteínas conhecidas que são expressas na membrana,
no citoplasma e/ou no núcleo, em determinadas alterações patológicas, como nos
tumores.
4
 PATOLOGIA CLÍNICA
Essa divisão da patologia utiliza-se de fluidos corporais, como urina, sangue,
efusões de cavidades, tecidos ou aspirados para obter-se o diagnóstico. São
utilizados para isso exames microbiológicos, bioquímicos, hematológicos e
moleculares.
3.1 Bases Patológicas
As bases para se compreender a patologia são relacionadas às suas causas,
aos seus mecanismos de desenvolvimento, às alterações morfológicas e fisiológicas
e às suas conseqüências para o indivíduo, a carcaça e/ou derivados do animal.
Os termos relativos a essas bases são conceituados:
 Etiologia: Esse temo refere-se à origem da doença. Tal origem pode ser
intrínseca, ou seja, de origem genética, ou extrínseca, também denominada adquirida,
que são relacionados aos fatores ambientais.
 Patogenia: A patogenia descreve as etapas da doença, ou seja, como ela se
desenvolve no paciente desde sua origem até o final.
 Alterações morfológicas: São as alterações na estrutura dos órgãos, tecidos
e células característicos das doenças, as quais são utilizadas para se obter o
diagnóstico.
 Manifestações clínicas: São os sinais e sintomas que podem ser percebidos
em todo o corpo do animal ou em partes, relacionados às alterações morfológicas.
São também aquelas conseqüências que podem ser percebidas nos derivados
destinados ao consumo, como carne, ovos e leite, por exemplo.
5
 DOENÇA
Segundo o dicionário doença é uma alteração biológica do estado de saúde de
um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis
ou não; enfermidade, mal, moléstia.
Os animais, como os seres humanos, também ficam doentes. As doenças que
mais preocupam são aquelas que atingem os animais que servem de alimento para
os homens, as doenças que afetam bichos de estimação e aquelas que são
transmitidas de animais para seres humanos.
Figura 1: Veterinário cuidando de um cão.
Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos-
animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2
C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes.
Assim como as doenças humanas, os males que afligem os animais são
divididos em dois grupos: doenças infecciosas e não infecciosas. Os médicos dos
animais, chamados veterinários, tratam essas doenças.
4.1 Doenças Infecciosas
As doenças infecciosas são transmitidas de um animal para outro. Elas são
causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e vermes.
6
Figura 2: A doença de Newcastle é uma enfermidade infecciosa que afeta frangos, perus e
aves de estimação. Ela pode fazer com que a crista dessas aves perca a cor.
Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos-
animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2
C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes.
Uma das doenças mais temidas é a raiva, pois ela atinge o cérebro. O vírus
que causa a raiva é encontrado na saliva dos animais contaminados. Se uma pessoa
for atacada por um animal com raiva, o vírus será transmitido para essa pessoa,
podendo levar à morte. Há uma vacina contra a raiva, que pode ser dada às pessoas
que foram mordidas por animais contaminados. A vacina também é dada aos animais,
para protegê-los da doença.
Outro vírus causa a chamada doença de Newcastle, que
afeta frangos, perus e aves de estimação, sendo, na maioria dos casos, fatal para
esses animais. Os sintomas são parecidos com os da gripe. As pessoas podem
contrair a doença se tiverem contato com aves contaminadas.
A tuberculose bovina é uma doença causada por uma bactéria que afeta
o gado. A doença se instala nos pulmões e pode ser transmitida para as pessoas por
7
meio do leite da vaca. Por essa razão, o leite passa por um processo de aquecimento
chamado pasteurização, que elimina a bactéria. Com isso, fica afastado o risco de os
seres humanos serem contaminados através do leite.
A doença da vaca louca é causada por uma partícula (um pedaço minúsculo)
de uma proteína chamada príon. Essa doença afeta o cérebro do gado. Quando há
animais doentes, os criadores têm de matá-los para que a doença não se espalhe. As
pessoas podem contrair a doença da vaca louca ao ingerir carne de algum animal
contaminado.
A dirofilariose é uma doença grave que afeta cães e gatos. Um verme infecta o
coração e causa a doença no animal. Existem medicamentos que podem ser usados
tanto na prevenção quanto no tratamento da doença.
4.2 Doenças não Infecciosas
Doenças não infecciosas são as que não são transmitidas de um animal para
outro. Muitas delas são parecidas com as doenças não infecciosas dos humanos.
Figura 3: Duas veterinárias operam um cachorro. Algumas doenças animais não infecciosas
podem ser curadas através de cirurgia.
Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos-
animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2
C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes.
8
O câncer, por exemplo, afeta muitos cães, gatos e outros animais. Bichos de
estimação e animais selvagens podem sofrer de arteriosclerose, uma doença que
bloqueia vasos sanguíneos. Muitos animais também podem desenvolver a doença
dos olhos conhecida como catarata.
9
 VETOR E AGENTE ETIOLÓGICO
Vetor e agente etiológico são dois termos importantes quando o assunto é a
transmissão de doenças. Apesar de serem usados como sinônimos, possuem
significados totalmente distintos.
Quando estudamos uma doença, um dos principais fatores que avaliamos é
sua forma de transmissão. Conhecer essa característica é importante para criar
medidas preventivas e até mesmo evitar um surto ou epidemia. Nesse contexto, é
essencial entender a diferença entre dois termos básicos: vetor e agente etiológico.
5.1 O que é Agente Etiológico?
O agente etiológico é capaz de desencadear os sinais e os sintomas de uma
patologia. Isso quer dizer que ele é o organismo causador da doença. Na AIDS, por
exemplo, o agente etiológico é o vírus HIV. Já no caso da Doença de Chagas, o agente
etiológico é o Trypanossoma cruzi.
Os principais agentes etiológicos conhecidos estão normalmente agrupados no
grupo dos vírus, bactérias, protozoários, fungos, platelmintos e nematelmintos.
5.2 O que é Vetor?
Quando falamos que uma doença é transmitida por um vetor, estamos dizendo
que, para que a patologia seja passada de um ser para outro, é necessário um veículo
de transmissão. Os mosquitos são importantes vetores, como é o caso do Aedes
aegypti, que leva o vírus causador da dengue, Zika, febre amarela e chikungunya.
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De acordo com a Sociedade Brasileira de Parasitologia, existem dois tipos de
vetores:
 Vetor biológico: é aquele em que o agente etiológico multiplica-se.
 Vetor mecânico: é aquele que funciona apenas como transporte, não havendo
multiplicação do agente etiológico.
10
5.3 Diferença Entre Agente Etiológico e Vetor
O agente etiológico nada mais é do que o organismo causador da doença, e o
vetor é aquele que transporta o agente etiológico.
Citando novamente o exemplo da doença de Chagas, o Trypanossoma cruzi é
o responsável por causar a doença, ou seja, o agente etiológico. Já o vetor da doença
são os insetos conhecidos como barbeiros ou chupões, que liberam o agente
etiológico em suas fezes.
Figura 4: O Aedes aegypti é um vetor de doenças, ou seja, transporta os agentes etiológicos
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/saude/vetor-agente-etiologico.htm
 CONCEITOS
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O estudo da patologia requer alguns conceitos importantes que são
empregados durante a investigação de um a determinada enfermidade. É preciso
conhecer o significado de determinadas palavras: saúde, doença, lesões, etiologia,
patogenia, sinais clínicos, diagnostico, entre outros.
Saúde é o perfeito estado de funcionamentos dos órgãos em seus sistemas
e aparelhos , permitindo o pleno gozo da vida.
Doença é o desvio da saúde. Em um corpo doente as funções serão
regidas por órgãos lesados resultando em prejuízo para a vida. Doença aguda é a
manifestação de sinais clínicos imediatos liderados por processo de defesa, com
possibilidades de cura, podendo evoluir para cronicidade. Doença crônica é a
manifestação de sinais clínicos persistentes sem direito a cura, acompanha o
doente por toda sua vida.
Lesões são os sinais deixados pelos agentes patológicos, durante suas
incursões nas células, tecidos e órgãos.
Etiologia é o estudo das causas. Elas podem ser determinantes quando
por si só provocam lesões nos tecidos e órgãos, exemplo: bactérias piogênicas
provocam inflamação supurada; e são predisponentes quando atuam fatores que
contribuem para o aparecimento das lesões, exemplo: o frio favorece alguns
vírus, assim como o calor (o vírus da gripe do frango tem maior poder no
inverno, enquanto, o vírus da parvovirose é mais incisivo no verão).
Patogenia é o mecanismo de formação e desenvolvimento das lesões,
desde a penetração do agente etiológico, até o desfecho final. Sinais clínicos são
manifestações de uma determinada lesão no decurso de uma enfermidade. São
fenômenos observados por profissionais com ou sem auxilio de aparelhos
(pressímetro, estetoscópico, termômetro e outros).
Sintomas são manifestações corriqueiras de determinadas alterações no
decorrer de uma enfermidade (tosse, vômito, diarréia e outros).
Síndrome é um conjunto de sintomas que ocorrem durante o decurso de
uma enfermidade (a síndrome febril exibe uma série de sintomas como: dor de
cabeça, calafrios, indisposição, hipertermia, apatia e ouros).
Diagnostico é a reunião dos achados clínicos e de necropsia que permitem
nomear uma determinada doença.
Prognóstico é a avaliação que se faz de uma doença podendo ser:
favorável, reservado e desfavorável.
12
Exames complementares são todos aqueles disponíveis para auxiliar o
clinico, durante a suspeita de determinada doença (exame de urina, sangue e fezes).
Morte é a parada de todas as funções vitais de um individuo (morte geral ou
somática).
Morte celular é necrose (de coagulação, caseosa e liquefação).
Apoptose é um processo de morte celular programada, individual e ativo,
caracterizado por fragmentação nuclear e pela formação de corpos apopitóticos.
Este tipo de destruição celular pode ser induzido por estímulos fisiológicos ou
patológicos.
Laudo é o registro documental de um estado patológico.
 NECROPSIA
Necropsia (do grego necroopis: ver o morto) é o exame detalhado do
cadáver visando identificar as alterações provocadas durante a vida do individuo,
que possam ter contribuído para a morte, estando envolvidas diretamente com
o diagnóstico da enfermidade. Parte das lesões encontradas em um cadáver
13
podem não fazer parte do diagnostico principal, porque são secundarias ou
constituem outro diagnostico.
Ao iniciar uma necropsia é fundamental observar o estado geral do
individuo, se: ótimo, bom, regular e péssimo. Isto favorece o raciocínio na
elaboração de um diagnostico. Para que fazer necropsia? O objetivo central é
o diagnostico. E a causa mortis ? Não a considero importante, pois
obrigatoriamente todos morrem de parada cardíaca e respiratória, portanto é
indispensável que o necropsiador tenha sempre em mente a preocupação de
elaborar um diagnostico que seja com patível com as lesões observadas naquele
cadáver.
Um diagnóstico correto é rico em elementos de informações e permite o
raciocínio do profissional , se: incisivo, reflexivo, e conclusivo. Quando se elabora
um dia gnóstico há uma contribuição para que o proprietário daquele animal possa
corrigir o manejo ou adotar medidas profiláticas adequadas para evitar que a
enfermidade em questão se dissemine. Também contribui para que o profissional
avalie sua atuação frente aquela doença.
Algumas vezes é preciso comunicar com órgãos sanitários de controles
de doenças e zoonoses. É preciso estar atento para não perder a oportunidade
impar de dar um diagnóstico. O patologista veterinário não chega atrasado, como
na brincadeira que é feita com os profissionais médicos, ele tem muitas vezes um
rebanho esperando parar ser vacinados e evitar uma epidemia.
Não tenha medo de necropciar, basta ter os cuidados necessários, usando
luvas, avental, botas e tudo que for útil, evitando assim, contaminação e
disseminação de doenças.
A necropsia começa por uma boa inspeção da pele e mucosas,
observando se há ectoparasitas, alopsia, palidez na anenia, amarelão na icterícia,
retração do globo ocular e pele inelática com pelos secos na desidratação.
Observar se há escaras de decúbito ou alguma ferida na pele, se há alguma fratura
nos membros e o estado geral das articulações. Feito isto, procede -se a abertura
do cadáver fazendo um corte na linha alba desde a região mentoniana até a
cavidade anal. Para evitar que os pelos danifique o fio da faca, recomenda-se
retirar uma tira de pele de aproximadamente quatro centímetros de largura, no
mesmo sentido.
14
Rebate-se toda a pele que for possível, especialmente quando houve
suspeita de ofidismo. Neste caso haverá hemorragia na região subcutânea a
partir do ponto da mordida da cobra. É bom lembrar que para facilitar a retirada
das vísceras é importante colocar o animal na posição que favoreça, observando
que o melhor decúbito, é aquele em que o s órgãos mais pesados permaneçam
voltados para o piso.
Assim: bovinos o melhor decúbito é o esquerdo por causa do rume;
eqüinos o melhor é o direito por causo do intestino grosso; médio s e pequenos
animais devem ser feitos em decúbito dorsal. Inicia-se a retirada pela língua,
traquéia e órgãos torácicos, para isto é necessário extrair as costelas (nos
grandes animais pode quebrar as costelas uma por uma, com machado ou
com costótomo, e nos pequenos retira-se o osso externo, cortando as cartilagens
costocondrais).
Nos pequenos animais é possível retirar todas as vísceras de uma só vez,
basta seguir cortando o diafragma rente as costelas e seccionar o reto nas
proximidades da cavidade anal. Nos bovinos, retira-se o intestino pelas costas
do animal e o rume pela frente .
O exame das vísceras deve ser bastante criterioso. Toda e qualquer
alteração deve ser descrita e registrada em uma ficha com a identificação do
animal e os dados pertinentes a respeito do proprietário. As anotações devem
ser claras, precisas e concisas, atentar para volume, consistência, coloração,
odor e o formato da lesão.
No final é indispensável que o necropsiador emita sua opinião, com
diagnóstico preciso indicando as medidas a serem tomadas. Se necessário
coletar fragmentos de órgãos para exame histopatológico. Devem medir de cinco
a dez milímetros de espessura não importando o comprimento, colocá-lo em
foralina a 10% em um volume do liquido cerca de 30 vezes o do fragmento.
Para exame toxicológico, o fragmento deve ser maior, cerca de 30 gramas de fígado,
por exemplo. Para exame bacteriológico, a coleta deve ser imediata e em recipiente
apropriado. O termo necrópsia está sendo substituído por necropsia. São usados
ainda, mortópsia, autópsia (humanos) e diagnóstico post-mortem.
15
 ALTERAÇÕES REGRESSIVAS
Alterações regressivas são aquelas caracterizadas pela falta de
crescimento ou desenvolvimento incompleto de um órgão, ou ainda degeneração
e morte das células: Agenesia, aplasia, hipoplasia, ectopia, hipotrofia,
degeneração pelo distúrbio do metabolismo celular e necrose.
16
 ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO
Alterações do desenvolvimento são congênitas e, portanto, acontecem intra
uterinamente no caso dos mamíferos e dentro do ovo nos animais ovíparos.
Agenesia (do latim Genesis é formação e “a” é negação) é a ausência
de formação de um órgão ou parte dele. É incompatível com vida quando atinge
um órgão vital, como é o caso do coração. Quando atinge órgãos pares pode
ser unilateral ou bilateral, como nos rins, ovários, testículos, etc. As causas
estão relacionadas com agressões físicas, químicas e biológicas, interferindo
direta ou indiretamente (poluição ambiental, vícios e uso inadequado de
17
medicamentos). Quando ocorre agenesia em um órgão par (rim), o outro que
se formou normalmente sofre uma hipertrofia compensatória chamada de
vicariante: o órgão se apresenta aumentado de volume e intensamente
avermelhado.
Aplasia (do grego plasia é formação) é ausência de formação de um
órgão ou p arte d ele (órgão lobado como o fígado pode faltar um lobo). A
diferença entre aplasia e agenesia é que na aplasia ocorre um sinal (inicio de
formação) indicativo que aquele órgão era para ser naquele local, e na agenesia
nem sinal .
Há um tipo pouco comum denominada aplasia segmentar, onde um
segmento do canal alimentar ou outro sistema não se forma: pode ser parte do
esôfago, ou do intestino. Geralmente não se forma o lume do órgão, havendo
apenas um cordão fibroso. O animal morre de fome, mesmo alimentando
normalmente, porém regurgitando.
Hipoplasia é o desenvolvimento incompleto de um órgão. Inicia-se seu
desenvolvimento e num determinado momento interrompe, ficando o órgão
reduzido de tamanho. Há vários graus de hipoplasia: leve, moderada e severa.
Assim, ela pode comprometer a função do órgão, dependendo da sua evolução.
Uma hipoplasia severa certamente comprometerá toda função do órgão afetado.
Os melhores exemplos são observados nos rins, o vários e testículos . A hipoplasia
ovariana e testicular tem caráter genético e constitui um elemento
desclassificante para o animal reprodutor. Macroscopicamente o órgão afetado
apresenta -se diminuído de volume, duro e liso. Microscopicamente o órgão
apresenta redução do número de células. A função vai estar comprometida de
acordo com o grau da alteração.
Ectopia é a formação de um órgão fora de seu local. Os rins podem
ser encontrado s próximos a cicatriz umbilical. O coração poder ser observado
fora da cavidade torácica. Constatamos certa vez uma novilha da raça holandesa
que nasceu com o c oração na região cervical, nas proximidades da tireóide. O
animal sobreviveu durante 16 meses e morreu devido uma infestação de
carrapatos culminando com um quadro de babesiose. Durante a necropsia pode-
se constatar que o coração ectópico apresentava dilatação de suas câmaras.
18
Órgão supranumerário é o aparecimento de órgãos acessórios : dois corações,
quatro rins, três testículos e assim por diante. Normalmente estes órgãos não
funcionam e na maioria das vezes aparecem com figura decorativa.
Cistos são estruturas vesiculares repletas de liquido citrino, envolvidas por
uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Aparecem nos rins e fígado com
maior freqüência (rim cístico quando tem um único cisto, e rim policístico quando
apresenta mais de um cisto).
 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS
Hipotrofia é uma alteração adquirida, que aparece no individuo após o
nascimento não importa a idade, caracterizada pela diminuição do tamanho do
órgão quando este já havia alcançado o tamanho normal. O órgão apresenta-
se diminuí do de volume enrugado e duro, e microscopicamente o número de
células está normal, mas de tamanho reduzido. As principais causa são
subnutrição que por sua vez pode ser observada por vários ângulos: o animal
não come porque não tem comida ou porque está sem apetite. A subnutrição
também pode ser localizada em um órgão que recebe pouca irrigação (hipotrofia
19
por interrupção da circulação). Há ainda os casos de senilidade em que os
órgãos estão velhos, desgastados e perdendo sua capacidade funcional (hipotofia
senil). A atividade física, os movimentos musculares contribuem para manutenção
de um corpo saudável, enquanto a inatividade proporciona o aparecimento da
hipotrofia (hipotrofia por desuso). Os estímulos hormonais são fundamentais para
a manutenção de órgãos sadios e funcionais. Alguns são hormonalmente
dependentes de outros: o útero é ovário dependente; o ovário depende dos
hormônios hipofisarios ( hipotrofia por falta de estímulos tróficos ). Nos casos de
compressão prolongada de órgãos e tecidos ocorre um bloqueio n a circulação,
constituindo uma hipotrofia por isquemia: imobilização de membros com gesso,
crescimento de neoplasias nas proximidades e abscessos podem ser fatores d
e compressão (hipotrofia por compressão). Nos indivíduos idosos surgem
manchas na pele de coloração parda, que se distribui pelo corpo, principalmente
nos membros, onde incidem os raios solares, são pigmentos de gasto e uso
que se acumulam nas células (hipotrofia parda). Quando o individuo fica sem
comer por algum tempo, o organismo começa a metabolizar as gorduras de
reserva: transformando lipídios em energia e água metabólica. A gordura
acumulada principalmente junto do saco pericárdio, próximas dos rins e
abdominal apresenta-se gelatinosa, deixando fluir liquido citrino ao corte
(hipotrofia gelatinosa das gorduras).
 DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR
As células são constituídas de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais,
pigmentos e água. Estes elementos são fundamentais para sua formação como
também para manutenção d e suas atividades. Ocorrem invariavelmente
distúrbios em cada um destes componentes, cujas causas são as mais diversas
possíveis. Estes distúrbios são alterações celulares que denominamos de
degeneração (doença das células), cada componente celular apresenta um grupo
d e degenerações: distúrbios do metabolismo das proteínas (degeneração turva,
hidrópica, mucosa, hialina, amiloidose e gota); distúrbios do metabolismo d os
lipídios (degeneração gordurosa e obesidade); distúrbios d o metabolismo dos
carboidratos (infiltração glicogênica); distúrbios do metabolismo dos minerais
20
(mineralização, ossificação patológica e concreções); distúrbios do metabolismo
dos pigmentos (pigmentos exógenos e endógenos).
 DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS
Degeneração é a doença da célula, como as doenças têm o sufixo
“ose” (tuberculose , babesiose, anaplasmose), as degenerações sendo doenças d
as células, também têm o mesmo sufixo: degeneração do fígado (hepatose),
degeneração do rim (nefrose). Os órgãos parenquimatosos são os que mais
apresentam degenerações (fígado e rim). As degenerações representam as piores
alterações que ocorrem nas células, acontecem os vários tipos de agressões e
o organismo não reage, o resultado na maioria das vezes, é morte celular (necrose).
Degenarção turva (parenquimatosa, granulosa, nebulosa e edema celular) é
na sua essência um edema celular, onde as células ficam inchadas, aumentadas
de volume, granulosas, perdendo o brilho e com aspecto nebuloso como se o
microscópio estivesse fora de foco. As causas são todas as agressões, de
preferências as tóxicas. A patogenia explica que as mitocôndrias foram lesadas,
21
deixando de produzir energia, impedindo o transporte de água das células, que
ao contrario da entrada que é passiva, a saída é ativa, necessitando de energia.
Assim, acumulam-se grandes quantidades de água nas células instalando-se a
degeneração turva. Ocorre principalmente em órgãos parenquimatosos: fígado e
rim, podendo afetar também o músculo cardíaco. Macroscopicamente o órgão
apresenta-se com aspecto de fervido ou cozido, traduzido por uma palidez geral.
Microscopicamente as células estão aumentadas de volume com aspecto
nebuloso (citoplasma granuloso e sem brilho).
Degeneração hidrópica (degeneração vacuolar) é o acumulo d e água nas
células dentro de vacúolos únicos ou múltiplos que se coalecem formando uma
vesícula na superfície epitelial. Este tipo de degeneração ocorre preferencialmente
nas mucosas e pele. As causas podem ser vírus (febre aftosa é um bom exemplo,
onde há a presença de vesículas na cavidade bucal, nos espaços interdigitais
e nas tetas). Outras doenças virais como exantema vesicular dos suínos, febre
catarral maligna, varíola, diarréia bovino a vírus, herpesvirus labial e genital. As
vesículas se contaminam com bactérias formam pústulas que se rompem,
aparecem as crostas e finalmente as cicatrizes. Macroscopicamente as vesículas
fazem saliência na superfície epitelial e podem medir de três a dez milímetros ou
até mais. Microscopicamente são observados os vacúolos no interior das células.
Degeneração mucosa (degeneração mucoide) é o acumulo de substância
mucóide ou muco produzido pelas células mucigênicas denominadas caliciformes,
encontradas nas mucosas do sistema digestório, respiratório e genital feminino.
Em condições extraordinárias pode haver produção d e muco pelas células
derivadas do mesenquima, no caso os fibroblastos neoplásicos: mixoma e
mixossarcoma, que são neoplasias que ocorrem no tecido conjuntivo
principalmente de cães. Muco é uma substância bioquimicamente constituída de
proteínas e polissacarídeos. Nas doenças o excesso de muco é tido como
catarro, assim uma enterite (inflamação do intestino) quando há grande produção
de muco é denominada: ente rite catarral; quando isto ocorre no pulmão:
pneumonia catarral; na vagina vaginite catarral. As principais causas de
degeneração mucosa ou catarral são bactérias: Escherichia coli (colibacilose);
Salmonella spp (salmonelose); distúrbios alimentares leves e outros.
Macroscopicamente há grande quantidade de muco nas vias digestivas, aéreas
e genital feminino. Muco é uma substância pegajosa, viscosa com a finalidade de
22
lubrificar e proteger o epitélio da mu cosa. Microscopicamente a substância
mucóide não se cora bem com os corantes: hematoxilina e eosina apresentam
apenas um sinal levemente azulado. Há uma hiperplasia das células caliciformes
que deslocam o núcleo p ara a periferia e toma uma forma de anel de sinete
(anel antigo usado para colocar timbre nos papaeis).
Degeneração hialina (hialinose) re fere-se à presença de uma substância
homogenia, lisa e branca, que microscopicamente cora -se em róseo pela
hematoxilina e eosina. Pode estar presente no tecido epitelial (degeneração
hialina epitelial ou hialinose epitelial); no tecido conjuntivo (degeneração hialina
conjuntiva ou hialinose conjuntiva); no tecido muscular (degeneração hialina
muscular ou hialinose muscular). O melhor exemplo de degeneração hialina
epitelial ocorre nos túbulos renais: os cilindros hialinos formados a partir da
descamação do epitélio dos túbulos principalmente nas nefrites (inflamação do
rim). São vistos microscopicamente como estruturas esféricas coradas em róseo
pela hematoxilina e eosina, localizadas no interior dos túbulos renais. No exame
de urina estas estruturas são conhecidas como cilindros granulosos. Os corpos
amilácios são exemplos de degeneração hialina epitelial (são massas
arredondadas, homogêneas, que apresentam laminações concêntricas coradas
em róseo ou levemente azuladas) observada nas células epiteliais dos alvéolos
pulmonares; na próstata de cães velhos; na glândula mamaria de bovinos e no
encéfalo de primatas.
Degeneração hialina conjuntiva ocorre sempre nos locais onde se deposita
grandes quantidades de tecido conjuntivo: nas cicatrizes velhas, nos trombos
organizados, na arteriosclerose e embolia. Macroscopicamente o depósito de
substância hialina conjuntiva apresenta-se de cor branca. Microscopicamente as
fibras colágenas se fundem, corando-se em róseo pela hematoxilina e eosina.
Degeneração hialina muscular (necrose de Zenker) é o tipo onde há destruição
ou perda das estrias musculares dos músculos estriados esquelético e cardíaco.
Neste caso ocorre coagulação do sarcoplasma das fibras. Há outra denominação
além de necrose de Zenker que é degeneração cérea devido à semelhança com
cera de abelha. Os melhores exemplos de degeneração hialina muscular estão
na doença do músculo branco dos bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos: e
da azotúria dos cavalos.
23
A doença do músculo branco é provocada pela deficiência de vitamina
E, e selênio. As grandes massas musculares, especialmente as da região glútea,
são afetadas, tornando-se duras e d e cor branca, assemelhando com carne de
peixe.
Na azotúria dos cavalos também conhecida como “doença da segunda
feira” as causas são induzidas pelo excesso de movimentação muscular,
utilização repentina e exagerada do glicogênio muscular, promovendo o acúmulo
de acido lático que lesa as fibras constituindo a degeneração hialina em questão.
A azotúria acomete animais que estão, há muito tempo em repouso e são
colocados no serviço forçado. Os principais sinais clínicos são endurecimento
da garupa, dor muscular e hemoglobinúria. Macroscopicamente os músculos
estão duros e brancos e microscopicamente há degeneração hialina dos músculos
afetados.
Amiloidose (infiltração amilóide) é resultante da deposição do complexo
antígeno e anticorpo. Toda vez que se produz grande quantidade de anticorpo
tentando anular algum antígeno se produz um complexo chamado amilóide: uma
substancia homogenia, vítrea, amorfa, depositada entre as células e os capilares,
provocando hipotrofias e destruição dos mesmos. Não se trata de uma
degeneração e sim uma infiltração que provoca degeneração, destruição e morte
celular de forma indireta, pela sua compressão. Virchow (1855) demonstrou pela
primeira vez corando-a em azul pelo iodo e acido sulfúrico, diluídos.
Hoje se cora em róseo pela hematoxilina e eosina. A amiloidose está
associada a fatores imunológicos com o na produção de soro antiofídico,
antitetânico e outros, utilizando animais de grande porte como: cavalos
portadores de uma volemia considerável, podendo extrair grandes quantidades
de soro de um a só vez. Depois de um determinado período de extração de
soro, estes animais apresentam alterações em suas vísceras: fígado, baço e rim
principalmente, devido à precipitação do complexo antígeno anticorpo o que
denominamos de amiloidose. Vários fatores devem agir para produzir a
substância amilóide, incluindo alterações das proteínas, associadas a proteólises
defeituosas, ou deficiência de enzimas lisossômicas. Macroscopicamente a
amiloidose só é observada em grandes quantidades, aumentando o volume do
órgão e o aparecimento de pontos ou manchas brancas ou ama reladas.
Microscopicamente a substância cora-se em róseo, localizando-se em pontos
24
estratégicos em cada órgão. No fígado, ela está presente entre os cordões de
hepatócitos e os capilares sinusoides, comprimindo as células hepáticas.
Nos rins, ela está presente nos glomérulos destruindo-os . No baço, ela
está presente nos centros germinativos dos folículos linfóides. Quando em grande
quantidade é conhecida como “baço de sagu” o que acontece na anemia
infecciosa dos eqüinos. Doenças crônicas como tuberculose e hanseníase
constituem em importantes causas predisponentes da amiloidose.
Gota é a deposição de cristais de uratos de sódio e cálcio nas
articulações e serosas. Assim teremos dois tipos: articular e visceral. A gota
articular é mais comum em mamíferos e tem como causa principal uma dieta
rica em proteínas com a liberação de grande quantidade de acido úrico, que é
produto nitrogenado não protéico eliminado na urina.
As articulações apresentam-s e aumentadas de volume e extremamente
sensíveis à palpação. Ocorre uma reação inflamatória intensa por causa d a
agressão dos cristais pontiagudos. A gota visceral aparece nas membranas
serosas: pleura, pericárdio e peritônio. É comum nas aves e raramente apresenta
sinais clínicos. Os ureteres podem estar repletos de uratos e todas as vísceras
cobertas pelos cristais de uratos. Uma dieta rica em proteínas é a causa ma
is comum. Aves de rapina (co ruja) em cativeiro têm apresentado casos de gota
visceral (alimentação inadequada e pouco esforço fisico).
Fatores predisponentes mais importantes são: hereditariedade, ração com
níveis de proteínas acima de 40% provoca gota articular e m perus; variação
de temperatura ambiental interfere no consumo d e ração; insuficiência renal;
deficiência d e vitamina A; restrição de água. Macroscopicamente a gota
apresenta-se um pó branco chamado tofo, que recobre as articulações e serosas.
Microscopicamente são cristais de uratos no formato de ponta de agulha,
infiltrando nas articulações e serosas, provocando uma reação inflamatória severa
com a presença de histiócitos e células gigantes tipo corpo estranho. O fígado
de mamíferos produz uma enzima denominada uricase que transforma grande
parte do acido ú rico em alantoina: uma substância inócua, que é eliminada
sem maiores conseqüências. Cães da raça dálmata apresentam uma deficiência
hereditária no processo de eliminação do acido úrico, devido a pouca capacidade
do fígado transformá-lo em alantoina. Em conseqüência estes animais estão
sujeitos a apresentarem cálculos renais, ou contrario do que devia pensar, não
25
apresentam gota. Em humanos o acido úrico é oxidado em uréia e eliminado pela
urina.
 NECROSE
Necrose (nekrosis do Grego) é morte de um grupo de células em um
corpo vivo. Uma área de necrose pode ser classificada de acordo com o aspecto
e intensidade das causas, em três tipos principais: necrose coagulativa, caseosa
e liquefativa. As causas podem ser as mesmas, o que difere é a intensidade. Assim,
as causas mais leves não destrói em o parênquima, preservando sua identidade.
Uma causa mais severa provoca destruição e até mesmo liquefação da área
necrótica.
Necrose coagulativa (necrose de coagulação) é o tipo de necrose onde
os detalhes estruturais do tecido e órgãos são preservados, uma vez que os
agressores teciduais são leves (toxinas de diferentes origens e isquemia por vários
motivos) . O primeiro sinal que aparece em uma área de necrose é a mudança da
cor: torna-se esbranquiçada, as vezes amarelada e pálida; há perda de
elasticidade e resistência. Microscopicamente ocorre no citoplasma aumento de
volume, perda do contorno e a cidofilia; no núcleo ocorre picnse, cariorrexe e
cariólis e. Picnose é a concentração da cromatina nuclear promovendo retração
do núcleo que se cora intensamente, tornando-se mais escuro. Cariorrexe é a
fragmentação do núcleo e cariólise é a lise do núcleo.
Necrose caseosa (necrose de caseificação) é um tipo especial
caracterizada por destruição total do tecido afetado, transformando a área lesada
em uma massa caseosa: do Latim caseus quer dizer massa de queijo. Este
26
tipo de necrose é observado em mui tas doenças crônicas como tuberculose,
linfadenite caseosa dos ovinos e principalmente nos abscessos. Na tuberculose
estas áreas de necrose podem ser mineralizadas, na tentativa de neutralizar os
radicais ácidos liberados no decurso da doença, constitui -se assim a
mineralização distrófica. Macroscopicamente são áreas de consistência mole,
ressecadas ou úmidas, de coloração branca ou amarelada, podendo s er fétida
ou não. Microscopicamente são observados restos celulares, corados
intensamente pela eosina em róseo e azulado pela hematoxilina, quando houver
mineralização.
Necrose liquefativa (necrose de liquefação) é um tipo especial
caracterizada por fluidificação enzimática das células lesadas. As causas podem
ser as mesmas de outros tipos de necrose, o que difere é a capacidade e
resistência de cada tecido envolvido. O encéfalo apresenta pouca resistência às
injúrias devido sua constituição derivados lipídicos (fosfolideos, lecitinas,
cerebrosideos, etc) em grande p arte, o que confere uma baixa resistência
quanto às agressões físicas, químicas e biológicas. O cérebro responde a
toxemias e hipoxemias, com liberação de enzimas proteolíticas rapidamente
formando focos de fluidificação ou liquefação, o que denominamos de malácia,
tradução macroscópica de necrose d e liquefação (a encefalomalácia inicia-se
com edema e termina em necrose liquefativa). A fluidificação dos abscessos
representa macroscopicamente a necrose de liquefação.
27
 APOPTOSE
Apoptose é um processo de autodestruição celular compreendido por
morte celular programada. Este processo requer gasto de energia e síntese
protéica p ara sua execução. Faz parte da homeostase na regulação do
crescimento de tecidos, cuja função é oposta a da mi tose celular. O processo
apoptótico dura aproximadamente três horas sendo observado no
desenvolvimento embrionário, organogênese, renovação de células epiteliais,
hematopoiese, involução de alguns órgãos e regressão de neoplasias. A
eliminação de células defeituosas que poderiam causar prejuízos genéticos
irreparáveis e por em risco o organismo. Tem papel importante no sistema
imunológico durante a seleção de clones não reativos e auto reativos do s
linfócitos T e B e sua maturação no timo e medula óssea. Microscopicamente
verificam-se fragmentos d e núcleo e citoplasma em vesículas apoptóticas. Não há
liberação do conteúdo celular para o meio intersticial.
28
 O QUE FAZ O PATOLOGISTA VETERINÁRIO
O médico veterinário patologista atua em diversas áreas, sendo tanto no
diagnóstico das doenças baseados em exames clínicos, citológicos, histológicos e
macroscópicos, como em necropsias e patologia cirúrgica. Há ainda um vasto campo
para esse profissional no desenvolvimento de pesquisas na área de patologia
experimental e estudo da história natural das doenças.
29
1. REFERÊNCIAS
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Vetor e agente etiológico"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/saude/vetor-agente-etiologico.htm.
SILVA, D. C. B; OLIVEIRA, S. O. Colheita de material encefálico para o
diagnostico de enfermidades do sistema nervoso central. Cad. Tec. Vet. Zoot,
v.61, p 1- 16, 2009.
SILVEIRA, D. SOBE STIANSKY, Técnica de necropsia e m suínos. Coleta e
remessa de material para laboratório . Copyright, Goiânia, Goiás. 19 77, 112p.
VASCONCELOS, A.C. Necropsia e remessa de material para labora tório e
m medicina veterinária. 2 ª Ed . Teresina, Universidade Federal do Piauí. 81p
Sites:
https://www.badilab.com.br/patologia-clinica-veterinaria/
https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/patologia-veterinaria/
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  • 2. 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................2 2. PATOLOGIA ANATÔMICA..................................................................................3 3. PATOLOGIA CLÍNICA.........................................................................................4 3.1 Bases Patológicas................................................................................................................4 4. DOENÇA.............................................................................................................5 4.1Doenças Infecciosas.............................................................................................................5 4.2Doenças não Infecciosas ....................................................................................................7 5. VETOR E AGENTE ETIOLÓGICO ......................................................................9 5.1O que é Agente Etiológico?................................................................................................9 5.2O que é Vetor? .......................................................................................................................9 5.3 Diferença Entre Agente Etiológico e Vetor..................................................................10 6. CONCEITOS .....................................................................................................10 7. NECROPSIA .....................................................................................................12 8. ALTERAÇÕES REGRESSIVAS ........................................................................15 9. ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO..........................................................16 10. ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS ...........................................................................18 11. DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR ..................................................19 12. DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS......................................20 13. NECROSE.........................................................................................................25 14. APOPTOSE.......................................................................................................27 15. O QUE FAZ O PATOLOGISTA VETERINÁRIO.................................................28 REFERÊNCIAS .......................................................................................................29
  • 3. 2  INTRODUÇÃO A patologia veterinária, assim como na medicina (humana), é a ciência que estuda a doença. O termo patologia tem como origem e significado do grego “logos” estudo e “pathos” sofrimento. No entanto, na medicina veterinária, a patologia se ocupa em estudar as doenças dos animais domésticos, silvestres e de produção, assim, além de cuidar da saúde dos animais, ocupa-se da segurança alimentar envolvendo carnes e outros alimentos derivados de animais. Essa ciência investiga as causas das doenças e as alterações a elas relacionadas, nos níveis celular, tecidual e orgânico. Assim, ela pode ser dividida em: Patologia Geral, que contempla as reações básicas celulares e teciduais a estímulos nocivos desencadeadores de doenças; e Patologia Especial ou Sistêmica, a qual aborda as respostas específicas de órgãos e tecidos a estímulos definidos. Além disso, essa ramo científico da veterinária pode ser classificado em Patologia Anatômica e Patologia Clínica. A patologia clínica veterinária é a especialidade que tem como objetivo a execução e interpretação dos exames laboratoriais, auxiliando médicos veterinários no diagnóstico, acompanhamento e direcionamento de diversas doenças. Através da análise de sangue, urina, fezes e outros fluídos orgânicos, a presença de qualquer achado laboratorial, agrega informação para o clínico em uma nova hipótese diagnóstica, além de estabelecer o estágio de uma doença, indicar o prognóstico e monitorar tratamento.
  • 4. 3  PATOLOGIA ANATÔMICA É o ramo da patologia veterinária que estuda o diagnóstico por meio de peças cirúrgicas. Nelas podem ser feitos exames microscópicos e macroscópicos, os quais consideram os níveis moleculares, citológicos e histológicos das alterações provocadas por doenças. A principal forma de se obter uma amostra para exames chamados anatomopatológicos é a biopsia. Essa técnica consiste em retirar amostras de células ou tecidos de um órgão a ser examinado para se obter um diagnóstico e o prognóstico, quando a alteração trata-se de uma doença. Outra forma também utilizada para esse tipo de análise é a excisão de órgãos inteiros ou parte deles, as chamadas amostras cirúrgicas ou também peças vindas de necropsia. Os métodos mais utilizados para se analisar as amostras obtidas são a histopatologia (amostras de tecidos) e citopatologia (amostras de células). Essas técnicas baseiam-se em incluir as amostras em parafina e cortá-las, quando se trata de tecidos, corar com hematoxilina e eosina (coloração padrão de lâminas) e observar as possíveis alterações por meio do microscópio óptico. No entanto, podem ainda ser utilizadas técnicas mais precisas nessas análises, como a imuno histoquímica e a imuno citoquímica. Elas utilizam-se de marcadores antigênicos para detectar proteínas conhecidas que são expressas na membrana, no citoplasma e/ou no núcleo, em determinadas alterações patológicas, como nos tumores.
  • 5. 4  PATOLOGIA CLÍNICA Essa divisão da patologia utiliza-se de fluidos corporais, como urina, sangue, efusões de cavidades, tecidos ou aspirados para obter-se o diagnóstico. São utilizados para isso exames microbiológicos, bioquímicos, hematológicos e moleculares. 3.1 Bases Patológicas As bases para se compreender a patologia são relacionadas às suas causas, aos seus mecanismos de desenvolvimento, às alterações morfológicas e fisiológicas e às suas conseqüências para o indivíduo, a carcaça e/ou derivados do animal. Os termos relativos a essas bases são conceituados:  Etiologia: Esse temo refere-se à origem da doença. Tal origem pode ser intrínseca, ou seja, de origem genética, ou extrínseca, também denominada adquirida, que são relacionados aos fatores ambientais.  Patogenia: A patogenia descreve as etapas da doença, ou seja, como ela se desenvolve no paciente desde sua origem até o final.  Alterações morfológicas: São as alterações na estrutura dos órgãos, tecidos e células característicos das doenças, as quais são utilizadas para se obter o diagnóstico.  Manifestações clínicas: São os sinais e sintomas que podem ser percebidos em todo o corpo do animal ou em partes, relacionados às alterações morfológicas. São também aquelas conseqüências que podem ser percebidas nos derivados destinados ao consumo, como carne, ovos e leite, por exemplo.
  • 6. 5  DOENÇA Segundo o dicionário doença é uma alteração biológica do estado de saúde de um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não; enfermidade, mal, moléstia. Os animais, como os seres humanos, também ficam doentes. As doenças que mais preocupam são aquelas que atingem os animais que servem de alimento para os homens, as doenças que afetam bichos de estimação e aquelas que são transmitidas de animais para seres humanos. Figura 1: Veterinário cuidando de um cão. Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos- animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2 C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes. Assim como as doenças humanas, os males que afligem os animais são divididos em dois grupos: doenças infecciosas e não infecciosas. Os médicos dos animais, chamados veterinários, tratam essas doenças. 4.1 Doenças Infecciosas As doenças infecciosas são transmitidas de um animal para outro. Elas são causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e vermes.
  • 7. 6 Figura 2: A doença de Newcastle é uma enfermidade infecciosa que afeta frangos, perus e aves de estimação. Ela pode fazer com que a crista dessas aves perca a cor. Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos- animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2 C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes. Uma das doenças mais temidas é a raiva, pois ela atinge o cérebro. O vírus que causa a raiva é encontrado na saliva dos animais contaminados. Se uma pessoa for atacada por um animal com raiva, o vírus será transmitido para essa pessoa, podendo levar à morte. Há uma vacina contra a raiva, que pode ser dada às pessoas que foram mordidas por animais contaminados. A vacina também é dada aos animais, para protegê-los da doença. Outro vírus causa a chamada doença de Newcastle, que afeta frangos, perus e aves de estimação, sendo, na maioria dos casos, fatal para esses animais. Os sintomas são parecidos com os da gripe. As pessoas podem contrair a doença se tiverem contato com aves contaminadas. A tuberculose bovina é uma doença causada por uma bactéria que afeta o gado. A doença se instala nos pulmões e pode ser transmitida para as pessoas por
  • 8. 7 meio do leite da vaca. Por essa razão, o leite passa por um processo de aquecimento chamado pasteurização, que elimina a bactéria. Com isso, fica afastado o risco de os seres humanos serem contaminados através do leite. A doença da vaca louca é causada por uma partícula (um pedaço minúsculo) de uma proteína chamada príon. Essa doença afeta o cérebro do gado. Quando há animais doentes, os criadores têm de matá-los para que a doença não se espalhe. As pessoas podem contrair a doença da vaca louca ao ingerir carne de algum animal contaminado. A dirofilariose é uma doença grave que afeta cães e gatos. Um verme infecta o coração e causa a doença no animal. Existem medicamentos que podem ser usados tanto na prevenção quanto no tratamento da doença. 4.2 Doenças não Infecciosas Doenças não infecciosas são as que não são transmitidas de um animal para outro. Muitas delas são parecidas com as doenças não infecciosas dos humanos. Figura 3: Duas veterinárias operam um cachorro. Algumas doenças animais não infecciosas podem ser curadas através de cirurgia. Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/doen%C3%A7as-dos- animais/481153#:~:text=As%20doen%C3%A7as%20infecciosas%20s%C3%A3o%20transmitidas,%2 C%20protozo%C3%A1rios%2C%20fungos%20e%20vermes.
  • 9. 8 O câncer, por exemplo, afeta muitos cães, gatos e outros animais. Bichos de estimação e animais selvagens podem sofrer de arteriosclerose, uma doença que bloqueia vasos sanguíneos. Muitos animais também podem desenvolver a doença dos olhos conhecida como catarata.
  • 10. 9  VETOR E AGENTE ETIOLÓGICO Vetor e agente etiológico são dois termos importantes quando o assunto é a transmissão de doenças. Apesar de serem usados como sinônimos, possuem significados totalmente distintos. Quando estudamos uma doença, um dos principais fatores que avaliamos é sua forma de transmissão. Conhecer essa característica é importante para criar medidas preventivas e até mesmo evitar um surto ou epidemia. Nesse contexto, é essencial entender a diferença entre dois termos básicos: vetor e agente etiológico. 5.1 O que é Agente Etiológico? O agente etiológico é capaz de desencadear os sinais e os sintomas de uma patologia. Isso quer dizer que ele é o organismo causador da doença. Na AIDS, por exemplo, o agente etiológico é o vírus HIV. Já no caso da Doença de Chagas, o agente etiológico é o Trypanossoma cruzi. Os principais agentes etiológicos conhecidos estão normalmente agrupados no grupo dos vírus, bactérias, protozoários, fungos, platelmintos e nematelmintos. 5.2 O que é Vetor? Quando falamos que uma doença é transmitida por um vetor, estamos dizendo que, para que a patologia seja passada de um ser para outro, é necessário um veículo de transmissão. Os mosquitos são importantes vetores, como é o caso do Aedes aegypti, que leva o vírus causador da dengue, Zika, febre amarela e chikungunya. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) De acordo com a Sociedade Brasileira de Parasitologia, existem dois tipos de vetores:  Vetor biológico: é aquele em que o agente etiológico multiplica-se.  Vetor mecânico: é aquele que funciona apenas como transporte, não havendo multiplicação do agente etiológico.
  • 11. 10 5.3 Diferença Entre Agente Etiológico e Vetor O agente etiológico nada mais é do que o organismo causador da doença, e o vetor é aquele que transporta o agente etiológico. Citando novamente o exemplo da doença de Chagas, o Trypanossoma cruzi é o responsável por causar a doença, ou seja, o agente etiológico. Já o vetor da doença são os insetos conhecidos como barbeiros ou chupões, que liberam o agente etiológico em suas fezes. Figura 4: O Aedes aegypti é um vetor de doenças, ou seja, transporta os agentes etiológicos Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/saude/vetor-agente-etiologico.htm  CONCEITOS
  • 12. 11 O estudo da patologia requer alguns conceitos importantes que são empregados durante a investigação de um a determinada enfermidade. É preciso conhecer o significado de determinadas palavras: saúde, doença, lesões, etiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnostico, entre outros. Saúde é o perfeito estado de funcionamentos dos órgãos em seus sistemas e aparelhos , permitindo o pleno gozo da vida. Doença é o desvio da saúde. Em um corpo doente as funções serão regidas por órgãos lesados resultando em prejuízo para a vida. Doença aguda é a manifestação de sinais clínicos imediatos liderados por processo de defesa, com possibilidades de cura, podendo evoluir para cronicidade. Doença crônica é a manifestação de sinais clínicos persistentes sem direito a cura, acompanha o doente por toda sua vida. Lesões são os sinais deixados pelos agentes patológicos, durante suas incursões nas células, tecidos e órgãos. Etiologia é o estudo das causas. Elas podem ser determinantes quando por si só provocam lesões nos tecidos e órgãos, exemplo: bactérias piogênicas provocam inflamação supurada; e são predisponentes quando atuam fatores que contribuem para o aparecimento das lesões, exemplo: o frio favorece alguns vírus, assim como o calor (o vírus da gripe do frango tem maior poder no inverno, enquanto, o vírus da parvovirose é mais incisivo no verão). Patogenia é o mecanismo de formação e desenvolvimento das lesões, desde a penetração do agente etiológico, até o desfecho final. Sinais clínicos são manifestações de uma determinada lesão no decurso de uma enfermidade. São fenômenos observados por profissionais com ou sem auxilio de aparelhos (pressímetro, estetoscópico, termômetro e outros). Sintomas são manifestações corriqueiras de determinadas alterações no decorrer de uma enfermidade (tosse, vômito, diarréia e outros). Síndrome é um conjunto de sintomas que ocorrem durante o decurso de uma enfermidade (a síndrome febril exibe uma série de sintomas como: dor de cabeça, calafrios, indisposição, hipertermia, apatia e ouros). Diagnostico é a reunião dos achados clínicos e de necropsia que permitem nomear uma determinada doença. Prognóstico é a avaliação que se faz de uma doença podendo ser: favorável, reservado e desfavorável.
  • 13. 12 Exames complementares são todos aqueles disponíveis para auxiliar o clinico, durante a suspeita de determinada doença (exame de urina, sangue e fezes). Morte é a parada de todas as funções vitais de um individuo (morte geral ou somática). Morte celular é necrose (de coagulação, caseosa e liquefação). Apoptose é um processo de morte celular programada, individual e ativo, caracterizado por fragmentação nuclear e pela formação de corpos apopitóticos. Este tipo de destruição celular pode ser induzido por estímulos fisiológicos ou patológicos. Laudo é o registro documental de um estado patológico.  NECROPSIA Necropsia (do grego necroopis: ver o morto) é o exame detalhado do cadáver visando identificar as alterações provocadas durante a vida do individuo, que possam ter contribuído para a morte, estando envolvidas diretamente com o diagnóstico da enfermidade. Parte das lesões encontradas em um cadáver
  • 14. 13 podem não fazer parte do diagnostico principal, porque são secundarias ou constituem outro diagnostico. Ao iniciar uma necropsia é fundamental observar o estado geral do individuo, se: ótimo, bom, regular e péssimo. Isto favorece o raciocínio na elaboração de um diagnostico. Para que fazer necropsia? O objetivo central é o diagnostico. E a causa mortis ? Não a considero importante, pois obrigatoriamente todos morrem de parada cardíaca e respiratória, portanto é indispensável que o necropsiador tenha sempre em mente a preocupação de elaborar um diagnostico que seja com patível com as lesões observadas naquele cadáver. Um diagnóstico correto é rico em elementos de informações e permite o raciocínio do profissional , se: incisivo, reflexivo, e conclusivo. Quando se elabora um dia gnóstico há uma contribuição para que o proprietário daquele animal possa corrigir o manejo ou adotar medidas profiláticas adequadas para evitar que a enfermidade em questão se dissemine. Também contribui para que o profissional avalie sua atuação frente aquela doença. Algumas vezes é preciso comunicar com órgãos sanitários de controles de doenças e zoonoses. É preciso estar atento para não perder a oportunidade impar de dar um diagnóstico. O patologista veterinário não chega atrasado, como na brincadeira que é feita com os profissionais médicos, ele tem muitas vezes um rebanho esperando parar ser vacinados e evitar uma epidemia. Não tenha medo de necropciar, basta ter os cuidados necessários, usando luvas, avental, botas e tudo que for útil, evitando assim, contaminação e disseminação de doenças. A necropsia começa por uma boa inspeção da pele e mucosas, observando se há ectoparasitas, alopsia, palidez na anenia, amarelão na icterícia, retração do globo ocular e pele inelática com pelos secos na desidratação. Observar se há escaras de decúbito ou alguma ferida na pele, se há alguma fratura nos membros e o estado geral das articulações. Feito isto, procede -se a abertura do cadáver fazendo um corte na linha alba desde a região mentoniana até a cavidade anal. Para evitar que os pelos danifique o fio da faca, recomenda-se retirar uma tira de pele de aproximadamente quatro centímetros de largura, no mesmo sentido.
  • 15. 14 Rebate-se toda a pele que for possível, especialmente quando houve suspeita de ofidismo. Neste caso haverá hemorragia na região subcutânea a partir do ponto da mordida da cobra. É bom lembrar que para facilitar a retirada das vísceras é importante colocar o animal na posição que favoreça, observando que o melhor decúbito, é aquele em que o s órgãos mais pesados permaneçam voltados para o piso. Assim: bovinos o melhor decúbito é o esquerdo por causa do rume; eqüinos o melhor é o direito por causo do intestino grosso; médio s e pequenos animais devem ser feitos em decúbito dorsal. Inicia-se a retirada pela língua, traquéia e órgãos torácicos, para isto é necessário extrair as costelas (nos grandes animais pode quebrar as costelas uma por uma, com machado ou com costótomo, e nos pequenos retira-se o osso externo, cortando as cartilagens costocondrais). Nos pequenos animais é possível retirar todas as vísceras de uma só vez, basta seguir cortando o diafragma rente as costelas e seccionar o reto nas proximidades da cavidade anal. Nos bovinos, retira-se o intestino pelas costas do animal e o rume pela frente . O exame das vísceras deve ser bastante criterioso. Toda e qualquer alteração deve ser descrita e registrada em uma ficha com a identificação do animal e os dados pertinentes a respeito do proprietário. As anotações devem ser claras, precisas e concisas, atentar para volume, consistência, coloração, odor e o formato da lesão. No final é indispensável que o necropsiador emita sua opinião, com diagnóstico preciso indicando as medidas a serem tomadas. Se necessário coletar fragmentos de órgãos para exame histopatológico. Devem medir de cinco a dez milímetros de espessura não importando o comprimento, colocá-lo em foralina a 10% em um volume do liquido cerca de 30 vezes o do fragmento. Para exame toxicológico, o fragmento deve ser maior, cerca de 30 gramas de fígado, por exemplo. Para exame bacteriológico, a coleta deve ser imediata e em recipiente apropriado. O termo necrópsia está sendo substituído por necropsia. São usados ainda, mortópsia, autópsia (humanos) e diagnóstico post-mortem.
  • 16. 15  ALTERAÇÕES REGRESSIVAS Alterações regressivas são aquelas caracterizadas pela falta de crescimento ou desenvolvimento incompleto de um órgão, ou ainda degeneração e morte das células: Agenesia, aplasia, hipoplasia, ectopia, hipotrofia, degeneração pelo distúrbio do metabolismo celular e necrose.
  • 17. 16  ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO Alterações do desenvolvimento são congênitas e, portanto, acontecem intra uterinamente no caso dos mamíferos e dentro do ovo nos animais ovíparos. Agenesia (do latim Genesis é formação e “a” é negação) é a ausência de formação de um órgão ou parte dele. É incompatível com vida quando atinge um órgão vital, como é o caso do coração. Quando atinge órgãos pares pode ser unilateral ou bilateral, como nos rins, ovários, testículos, etc. As causas estão relacionadas com agressões físicas, químicas e biológicas, interferindo direta ou indiretamente (poluição ambiental, vícios e uso inadequado de
  • 18. 17 medicamentos). Quando ocorre agenesia em um órgão par (rim), o outro que se formou normalmente sofre uma hipertrofia compensatória chamada de vicariante: o órgão se apresenta aumentado de volume e intensamente avermelhado. Aplasia (do grego plasia é formação) é ausência de formação de um órgão ou p arte d ele (órgão lobado como o fígado pode faltar um lobo). A diferença entre aplasia e agenesia é que na aplasia ocorre um sinal (inicio de formação) indicativo que aquele órgão era para ser naquele local, e na agenesia nem sinal . Há um tipo pouco comum denominada aplasia segmentar, onde um segmento do canal alimentar ou outro sistema não se forma: pode ser parte do esôfago, ou do intestino. Geralmente não se forma o lume do órgão, havendo apenas um cordão fibroso. O animal morre de fome, mesmo alimentando normalmente, porém regurgitando. Hipoplasia é o desenvolvimento incompleto de um órgão. Inicia-se seu desenvolvimento e num determinado momento interrompe, ficando o órgão reduzido de tamanho. Há vários graus de hipoplasia: leve, moderada e severa. Assim, ela pode comprometer a função do órgão, dependendo da sua evolução. Uma hipoplasia severa certamente comprometerá toda função do órgão afetado. Os melhores exemplos são observados nos rins, o vários e testículos . A hipoplasia ovariana e testicular tem caráter genético e constitui um elemento desclassificante para o animal reprodutor. Macroscopicamente o órgão afetado apresenta -se diminuído de volume, duro e liso. Microscopicamente o órgão apresenta redução do número de células. A função vai estar comprometida de acordo com o grau da alteração. Ectopia é a formação de um órgão fora de seu local. Os rins podem ser encontrado s próximos a cicatriz umbilical. O coração poder ser observado fora da cavidade torácica. Constatamos certa vez uma novilha da raça holandesa que nasceu com o c oração na região cervical, nas proximidades da tireóide. O animal sobreviveu durante 16 meses e morreu devido uma infestação de carrapatos culminando com um quadro de babesiose. Durante a necropsia pode- se constatar que o coração ectópico apresentava dilatação de suas câmaras.
  • 19. 18 Órgão supranumerário é o aparecimento de órgãos acessórios : dois corações, quatro rins, três testículos e assim por diante. Normalmente estes órgãos não funcionam e na maioria das vezes aparecem com figura decorativa. Cistos são estruturas vesiculares repletas de liquido citrino, envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Aparecem nos rins e fígado com maior freqüência (rim cístico quando tem um único cisto, e rim policístico quando apresenta mais de um cisto).  ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS Hipotrofia é uma alteração adquirida, que aparece no individuo após o nascimento não importa a idade, caracterizada pela diminuição do tamanho do órgão quando este já havia alcançado o tamanho normal. O órgão apresenta- se diminuí do de volume enrugado e duro, e microscopicamente o número de células está normal, mas de tamanho reduzido. As principais causa são subnutrição que por sua vez pode ser observada por vários ângulos: o animal não come porque não tem comida ou porque está sem apetite. A subnutrição também pode ser localizada em um órgão que recebe pouca irrigação (hipotrofia
  • 20. 19 por interrupção da circulação). Há ainda os casos de senilidade em que os órgãos estão velhos, desgastados e perdendo sua capacidade funcional (hipotofia senil). A atividade física, os movimentos musculares contribuem para manutenção de um corpo saudável, enquanto a inatividade proporciona o aparecimento da hipotrofia (hipotrofia por desuso). Os estímulos hormonais são fundamentais para a manutenção de órgãos sadios e funcionais. Alguns são hormonalmente dependentes de outros: o útero é ovário dependente; o ovário depende dos hormônios hipofisarios ( hipotrofia por falta de estímulos tróficos ). Nos casos de compressão prolongada de órgãos e tecidos ocorre um bloqueio n a circulação, constituindo uma hipotrofia por isquemia: imobilização de membros com gesso, crescimento de neoplasias nas proximidades e abscessos podem ser fatores d e compressão (hipotrofia por compressão). Nos indivíduos idosos surgem manchas na pele de coloração parda, que se distribui pelo corpo, principalmente nos membros, onde incidem os raios solares, são pigmentos de gasto e uso que se acumulam nas células (hipotrofia parda). Quando o individuo fica sem comer por algum tempo, o organismo começa a metabolizar as gorduras de reserva: transformando lipídios em energia e água metabólica. A gordura acumulada principalmente junto do saco pericárdio, próximas dos rins e abdominal apresenta-se gelatinosa, deixando fluir liquido citrino ao corte (hipotrofia gelatinosa das gorduras).  DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR As células são constituídas de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais, pigmentos e água. Estes elementos são fundamentais para sua formação como também para manutenção d e suas atividades. Ocorrem invariavelmente distúrbios em cada um destes componentes, cujas causas são as mais diversas possíveis. Estes distúrbios são alterações celulares que denominamos de degeneração (doença das células), cada componente celular apresenta um grupo d e degenerações: distúrbios do metabolismo das proteínas (degeneração turva, hidrópica, mucosa, hialina, amiloidose e gota); distúrbios do metabolismo d os lipídios (degeneração gordurosa e obesidade); distúrbios d o metabolismo dos carboidratos (infiltração glicogênica); distúrbios do metabolismo dos minerais
  • 21. 20 (mineralização, ossificação patológica e concreções); distúrbios do metabolismo dos pigmentos (pigmentos exógenos e endógenos).  DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS Degeneração é a doença da célula, como as doenças têm o sufixo “ose” (tuberculose , babesiose, anaplasmose), as degenerações sendo doenças d as células, também têm o mesmo sufixo: degeneração do fígado (hepatose), degeneração do rim (nefrose). Os órgãos parenquimatosos são os que mais apresentam degenerações (fígado e rim). As degenerações representam as piores alterações que ocorrem nas células, acontecem os vários tipos de agressões e o organismo não reage, o resultado na maioria das vezes, é morte celular (necrose). Degenarção turva (parenquimatosa, granulosa, nebulosa e edema celular) é na sua essência um edema celular, onde as células ficam inchadas, aumentadas de volume, granulosas, perdendo o brilho e com aspecto nebuloso como se o microscópio estivesse fora de foco. As causas são todas as agressões, de preferências as tóxicas. A patogenia explica que as mitocôndrias foram lesadas,
  • 22. 21 deixando de produzir energia, impedindo o transporte de água das células, que ao contrario da entrada que é passiva, a saída é ativa, necessitando de energia. Assim, acumulam-se grandes quantidades de água nas células instalando-se a degeneração turva. Ocorre principalmente em órgãos parenquimatosos: fígado e rim, podendo afetar também o músculo cardíaco. Macroscopicamente o órgão apresenta-se com aspecto de fervido ou cozido, traduzido por uma palidez geral. Microscopicamente as células estão aumentadas de volume com aspecto nebuloso (citoplasma granuloso e sem brilho). Degeneração hidrópica (degeneração vacuolar) é o acumulo d e água nas células dentro de vacúolos únicos ou múltiplos que se coalecem formando uma vesícula na superfície epitelial. Este tipo de degeneração ocorre preferencialmente nas mucosas e pele. As causas podem ser vírus (febre aftosa é um bom exemplo, onde há a presença de vesículas na cavidade bucal, nos espaços interdigitais e nas tetas). Outras doenças virais como exantema vesicular dos suínos, febre catarral maligna, varíola, diarréia bovino a vírus, herpesvirus labial e genital. As vesículas se contaminam com bactérias formam pústulas que se rompem, aparecem as crostas e finalmente as cicatrizes. Macroscopicamente as vesículas fazem saliência na superfície epitelial e podem medir de três a dez milímetros ou até mais. Microscopicamente são observados os vacúolos no interior das células. Degeneração mucosa (degeneração mucoide) é o acumulo de substância mucóide ou muco produzido pelas células mucigênicas denominadas caliciformes, encontradas nas mucosas do sistema digestório, respiratório e genital feminino. Em condições extraordinárias pode haver produção d e muco pelas células derivadas do mesenquima, no caso os fibroblastos neoplásicos: mixoma e mixossarcoma, que são neoplasias que ocorrem no tecido conjuntivo principalmente de cães. Muco é uma substância bioquimicamente constituída de proteínas e polissacarídeos. Nas doenças o excesso de muco é tido como catarro, assim uma enterite (inflamação do intestino) quando há grande produção de muco é denominada: ente rite catarral; quando isto ocorre no pulmão: pneumonia catarral; na vagina vaginite catarral. As principais causas de degeneração mucosa ou catarral são bactérias: Escherichia coli (colibacilose); Salmonella spp (salmonelose); distúrbios alimentares leves e outros. Macroscopicamente há grande quantidade de muco nas vias digestivas, aéreas e genital feminino. Muco é uma substância pegajosa, viscosa com a finalidade de
  • 23. 22 lubrificar e proteger o epitélio da mu cosa. Microscopicamente a substância mucóide não se cora bem com os corantes: hematoxilina e eosina apresentam apenas um sinal levemente azulado. Há uma hiperplasia das células caliciformes que deslocam o núcleo p ara a periferia e toma uma forma de anel de sinete (anel antigo usado para colocar timbre nos papaeis). Degeneração hialina (hialinose) re fere-se à presença de uma substância homogenia, lisa e branca, que microscopicamente cora -se em róseo pela hematoxilina e eosina. Pode estar presente no tecido epitelial (degeneração hialina epitelial ou hialinose epitelial); no tecido conjuntivo (degeneração hialina conjuntiva ou hialinose conjuntiva); no tecido muscular (degeneração hialina muscular ou hialinose muscular). O melhor exemplo de degeneração hialina epitelial ocorre nos túbulos renais: os cilindros hialinos formados a partir da descamação do epitélio dos túbulos principalmente nas nefrites (inflamação do rim). São vistos microscopicamente como estruturas esféricas coradas em róseo pela hematoxilina e eosina, localizadas no interior dos túbulos renais. No exame de urina estas estruturas são conhecidas como cilindros granulosos. Os corpos amilácios são exemplos de degeneração hialina epitelial (são massas arredondadas, homogêneas, que apresentam laminações concêntricas coradas em róseo ou levemente azuladas) observada nas células epiteliais dos alvéolos pulmonares; na próstata de cães velhos; na glândula mamaria de bovinos e no encéfalo de primatas. Degeneração hialina conjuntiva ocorre sempre nos locais onde se deposita grandes quantidades de tecido conjuntivo: nas cicatrizes velhas, nos trombos organizados, na arteriosclerose e embolia. Macroscopicamente o depósito de substância hialina conjuntiva apresenta-se de cor branca. Microscopicamente as fibras colágenas se fundem, corando-se em róseo pela hematoxilina e eosina. Degeneração hialina muscular (necrose de Zenker) é o tipo onde há destruição ou perda das estrias musculares dos músculos estriados esquelético e cardíaco. Neste caso ocorre coagulação do sarcoplasma das fibras. Há outra denominação além de necrose de Zenker que é degeneração cérea devido à semelhança com cera de abelha. Os melhores exemplos de degeneração hialina muscular estão na doença do músculo branco dos bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos: e da azotúria dos cavalos.
  • 24. 23 A doença do músculo branco é provocada pela deficiência de vitamina E, e selênio. As grandes massas musculares, especialmente as da região glútea, são afetadas, tornando-se duras e d e cor branca, assemelhando com carne de peixe. Na azotúria dos cavalos também conhecida como “doença da segunda feira” as causas são induzidas pelo excesso de movimentação muscular, utilização repentina e exagerada do glicogênio muscular, promovendo o acúmulo de acido lático que lesa as fibras constituindo a degeneração hialina em questão. A azotúria acomete animais que estão, há muito tempo em repouso e são colocados no serviço forçado. Os principais sinais clínicos são endurecimento da garupa, dor muscular e hemoglobinúria. Macroscopicamente os músculos estão duros e brancos e microscopicamente há degeneração hialina dos músculos afetados. Amiloidose (infiltração amilóide) é resultante da deposição do complexo antígeno e anticorpo. Toda vez que se produz grande quantidade de anticorpo tentando anular algum antígeno se produz um complexo chamado amilóide: uma substancia homogenia, vítrea, amorfa, depositada entre as células e os capilares, provocando hipotrofias e destruição dos mesmos. Não se trata de uma degeneração e sim uma infiltração que provoca degeneração, destruição e morte celular de forma indireta, pela sua compressão. Virchow (1855) demonstrou pela primeira vez corando-a em azul pelo iodo e acido sulfúrico, diluídos. Hoje se cora em róseo pela hematoxilina e eosina. A amiloidose está associada a fatores imunológicos com o na produção de soro antiofídico, antitetânico e outros, utilizando animais de grande porte como: cavalos portadores de uma volemia considerável, podendo extrair grandes quantidades de soro de um a só vez. Depois de um determinado período de extração de soro, estes animais apresentam alterações em suas vísceras: fígado, baço e rim principalmente, devido à precipitação do complexo antígeno anticorpo o que denominamos de amiloidose. Vários fatores devem agir para produzir a substância amilóide, incluindo alterações das proteínas, associadas a proteólises defeituosas, ou deficiência de enzimas lisossômicas. Macroscopicamente a amiloidose só é observada em grandes quantidades, aumentando o volume do órgão e o aparecimento de pontos ou manchas brancas ou ama reladas. Microscopicamente a substância cora-se em róseo, localizando-se em pontos
  • 25. 24 estratégicos em cada órgão. No fígado, ela está presente entre os cordões de hepatócitos e os capilares sinusoides, comprimindo as células hepáticas. Nos rins, ela está presente nos glomérulos destruindo-os . No baço, ela está presente nos centros germinativos dos folículos linfóides. Quando em grande quantidade é conhecida como “baço de sagu” o que acontece na anemia infecciosa dos eqüinos. Doenças crônicas como tuberculose e hanseníase constituem em importantes causas predisponentes da amiloidose. Gota é a deposição de cristais de uratos de sódio e cálcio nas articulações e serosas. Assim teremos dois tipos: articular e visceral. A gota articular é mais comum em mamíferos e tem como causa principal uma dieta rica em proteínas com a liberação de grande quantidade de acido úrico, que é produto nitrogenado não protéico eliminado na urina. As articulações apresentam-s e aumentadas de volume e extremamente sensíveis à palpação. Ocorre uma reação inflamatória intensa por causa d a agressão dos cristais pontiagudos. A gota visceral aparece nas membranas serosas: pleura, pericárdio e peritônio. É comum nas aves e raramente apresenta sinais clínicos. Os ureteres podem estar repletos de uratos e todas as vísceras cobertas pelos cristais de uratos. Uma dieta rica em proteínas é a causa ma is comum. Aves de rapina (co ruja) em cativeiro têm apresentado casos de gota visceral (alimentação inadequada e pouco esforço fisico). Fatores predisponentes mais importantes são: hereditariedade, ração com níveis de proteínas acima de 40% provoca gota articular e m perus; variação de temperatura ambiental interfere no consumo d e ração; insuficiência renal; deficiência d e vitamina A; restrição de água. Macroscopicamente a gota apresenta-se um pó branco chamado tofo, que recobre as articulações e serosas. Microscopicamente são cristais de uratos no formato de ponta de agulha, infiltrando nas articulações e serosas, provocando uma reação inflamatória severa com a presença de histiócitos e células gigantes tipo corpo estranho. O fígado de mamíferos produz uma enzima denominada uricase que transforma grande parte do acido ú rico em alantoina: uma substância inócua, que é eliminada sem maiores conseqüências. Cães da raça dálmata apresentam uma deficiência hereditária no processo de eliminação do acido úrico, devido a pouca capacidade do fígado transformá-lo em alantoina. Em conseqüência estes animais estão sujeitos a apresentarem cálculos renais, ou contrario do que devia pensar, não
  • 26. 25 apresentam gota. Em humanos o acido úrico é oxidado em uréia e eliminado pela urina.  NECROSE Necrose (nekrosis do Grego) é morte de um grupo de células em um corpo vivo. Uma área de necrose pode ser classificada de acordo com o aspecto e intensidade das causas, em três tipos principais: necrose coagulativa, caseosa e liquefativa. As causas podem ser as mesmas, o que difere é a intensidade. Assim, as causas mais leves não destrói em o parênquima, preservando sua identidade. Uma causa mais severa provoca destruição e até mesmo liquefação da área necrótica. Necrose coagulativa (necrose de coagulação) é o tipo de necrose onde os detalhes estruturais do tecido e órgãos são preservados, uma vez que os agressores teciduais são leves (toxinas de diferentes origens e isquemia por vários motivos) . O primeiro sinal que aparece em uma área de necrose é a mudança da cor: torna-se esbranquiçada, as vezes amarelada e pálida; há perda de elasticidade e resistência. Microscopicamente ocorre no citoplasma aumento de volume, perda do contorno e a cidofilia; no núcleo ocorre picnse, cariorrexe e cariólis e. Picnose é a concentração da cromatina nuclear promovendo retração do núcleo que se cora intensamente, tornando-se mais escuro. Cariorrexe é a fragmentação do núcleo e cariólise é a lise do núcleo. Necrose caseosa (necrose de caseificação) é um tipo especial caracterizada por destruição total do tecido afetado, transformando a área lesada em uma massa caseosa: do Latim caseus quer dizer massa de queijo. Este
  • 27. 26 tipo de necrose é observado em mui tas doenças crônicas como tuberculose, linfadenite caseosa dos ovinos e principalmente nos abscessos. Na tuberculose estas áreas de necrose podem ser mineralizadas, na tentativa de neutralizar os radicais ácidos liberados no decurso da doença, constitui -se assim a mineralização distrófica. Macroscopicamente são áreas de consistência mole, ressecadas ou úmidas, de coloração branca ou amarelada, podendo s er fétida ou não. Microscopicamente são observados restos celulares, corados intensamente pela eosina em róseo e azulado pela hematoxilina, quando houver mineralização. Necrose liquefativa (necrose de liquefação) é um tipo especial caracterizada por fluidificação enzimática das células lesadas. As causas podem ser as mesmas de outros tipos de necrose, o que difere é a capacidade e resistência de cada tecido envolvido. O encéfalo apresenta pouca resistência às injúrias devido sua constituição derivados lipídicos (fosfolideos, lecitinas, cerebrosideos, etc) em grande p arte, o que confere uma baixa resistência quanto às agressões físicas, químicas e biológicas. O cérebro responde a toxemias e hipoxemias, com liberação de enzimas proteolíticas rapidamente formando focos de fluidificação ou liquefação, o que denominamos de malácia, tradução macroscópica de necrose d e liquefação (a encefalomalácia inicia-se com edema e termina em necrose liquefativa). A fluidificação dos abscessos representa macroscopicamente a necrose de liquefação.
  • 28. 27  APOPTOSE Apoptose é um processo de autodestruição celular compreendido por morte celular programada. Este processo requer gasto de energia e síntese protéica p ara sua execução. Faz parte da homeostase na regulação do crescimento de tecidos, cuja função é oposta a da mi tose celular. O processo apoptótico dura aproximadamente três horas sendo observado no desenvolvimento embrionário, organogênese, renovação de células epiteliais, hematopoiese, involução de alguns órgãos e regressão de neoplasias. A eliminação de células defeituosas que poderiam causar prejuízos genéticos irreparáveis e por em risco o organismo. Tem papel importante no sistema imunológico durante a seleção de clones não reativos e auto reativos do s linfócitos T e B e sua maturação no timo e medula óssea. Microscopicamente verificam-se fragmentos d e núcleo e citoplasma em vesículas apoptóticas. Não há liberação do conteúdo celular para o meio intersticial.
  • 29. 28  O QUE FAZ O PATOLOGISTA VETERINÁRIO O médico veterinário patologista atua em diversas áreas, sendo tanto no diagnóstico das doenças baseados em exames clínicos, citológicos, histológicos e macroscópicos, como em necropsias e patologia cirúrgica. Há ainda um vasto campo para esse profissional no desenvolvimento de pesquisas na área de patologia experimental e estudo da história natural das doenças.
  • 30. 29 1. REFERÊNCIAS KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Vetor e agente etiológico"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/saude/vetor-agente-etiologico.htm. SILVA, D. C. B; OLIVEIRA, S. O. Colheita de material encefálico para o diagnostico de enfermidades do sistema nervoso central. Cad. Tec. Vet. Zoot, v.61, p 1- 16, 2009. SILVEIRA, D. SOBE STIANSKY, Técnica de necropsia e m suínos. Coleta e remessa de material para laboratório . Copyright, Goiânia, Goiás. 19 77, 112p. VASCONCELOS, A.C. Necropsia e remessa de material para labora tório e m medicina veterinária. 2 ª Ed . Teresina, Universidade Federal do Piauí. 81p Sites: https://www.badilab.com.br/patologia-clinica-veterinaria/ https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/patologia-veterinaria/
  • 31. 30