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Técnicas de Liderança




     Danielly da Paz Oliveira




           Teresina – PI
SUMÁRIO




1. INTRODUÇÃO

2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

3. TIPOS DE LIDERANÇA

4. MOTIVAÇÃO NAS EQUIPES

5. ELOGIO E CRÍTICA

6. LÍDER OU LIDERADO

7. EFICÁCIA DA LIDERANÇA

8. BIBLIOGRAFIA
1. INTRODUÇÃO




          Liderança “é o processo de influenciar as atividades de um grupo
organizado na direção da realização de um objetivo” já dizia Rego (1998). Para
ele a liderança é uma das temáticas que mais tem merecido atenção por parte
de investigadores e profissionais dos diversos setores organizacionais.
Considera‐se a liderança um tópico fundamental nas relações de trabalho, uma
vez que os liderados identificam cada estilo como um fator desencadeador dos
conflitos organizacionais e laborais. Ao mesmo tempo, as incompatibilidades
pessoais e/ou profissionais entre líder e liderado(s), a coexistência de
lideranças formais e informais, bem como, a integração dos diferentes estilos
ao longo da cadeia hierárquica de uma organização, é apenas parte da
complexidade e subjetividade inerente ao tema.

          Durante muitos anos, a liderança foi estudada e entendida como um
traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de características
pessoais e inatas do sujeito. Atualmente, percebemos que uma atitude de
liderança depende da aprendizagem social do indivíduo e, por isso mesmo,
pode ser treinada/aperfeiçoada. Apesar disso, persistem inúmeras dúvidas
conceituais. São muitos os trabalhos realizados em torno deste tema, bem
como, focos e níveis de análise/intervenção; talvez por isso sejam inúmeras as
confusões conceituais relacionadas com a liderança, nomeadamente aquela
que equipara liderança a chefia. Na verdade, o conceito de liderança e o
exercício formal / informal da mesma nem sempre estão associados de forma
direta.

          As organizações, para alcançar os objetivos que se propõem e se
atribuem, organizam‐se a elas próprias. A ação de organizar pressupõe
trabalho conjunto ou ação concertada. Daqui emerge a necessidade de gerar
acordos e de gerir expectativas, criar linguagens comuns e de encontrar
soluções aceitáveis para problemas que enfrentam em conjunto. A definição e
alcance de objetivos é uma atividade ‘política’ ou ‘estratégica’, no sentido em
que implica escolhas e preferências, definição de prioridades, formação de
alianças e coligações. E, neste processo, o debate ou confronto, o diálogo ou a
conversação, o trabalho de persuasão ou de legitimação, desempenham um
papel nuclear (Gomes e Colabs, 2000). Neste contexto, agir é comunicar. E,
fazê‐lo de forma eficaz, implica atender a diferentes interesses em jogo e não
perder de vista os diferentes destinatários da comunicação.
2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS




      A liderança está intimamente relacionada com as competências de
comunicação e de transmissão de ideias. Assim, tem sido muito complicado
definir o que é ser líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições para
este elaborado conceito.

      Bass (1990, cit in Rego, 1998) afirma que “existem quase tantas
definições de liderança quantas as pessoas a tentar defini‐la”. Apresentam‐se,
em seguida, algumas definições encontradas, referentes ao conceito de
Liderança:



        É o papel que se define pela frequência com que uma pessoa
             influencia ou dirige o comportamento de outros membros do grupo
(McDavid e Herrara, s/d); É a capacidade para promover a ação
           coordenada, com vista ao alcance dos objetivos organizacionais
           (Gomes e Colabs, 2000);
         É um fenômeno de influência interpessoal exercida em determinada
           situação através do processo de comunicação humana, com vista à
           comunicação de determinados objetivos (Fachada, 1998);
         É um processo de influência e de desempenho de uma função
           grupal orientada para a consecução de resultados, aceites pelos
           membros dos grupos. Liderara é pilotar a equipe, o grupo, a reunião;
           é prever, decidir, organizar (Parreira, 2000);
         É a capacidade de influenciar pessoas para que se envolvam
           voluntariamente em tarefas para a concretização de objetivos
           comuns.

      Assim, enquanto a liderança pode ser vista como um fenômeno de
influência interpessoal, o líder pode ser percebido como aquele (a) que decide
o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Deste
modo, o líder será avaliado pelos resultados simbólicos, mais do que pelos
resultados substantivos – ‘ser responsável é aceitar ter que responder por algo
e perante alguém’.

      Em outros termos, liderar também é ter que prestar contas. E a
prestação de contas é uma prestação discursiva. Por isso, a prestação do líder
conta e o seu discurso produz efeitos que importa ter em conta. (Gomes e
Colas, 2000).

      Daqui se depreende quão importante é, atender ao modo como o líder é
visto pelos outros na sua função de liderar, bem como atender à percepção que
o próprio líder tem acerca do modo como utiliza a sua liderança. O líder deve
avaliar o seu próprio estilo, autoperceber‐se, ser autocrítico e questionar‐se.

      Com efeito, antes de se aprofundar mais os conceitos, será conveniente
distinguir entre liderança estatutária e emergente. A liderança estatutária ou
formal está associada a uma posição na estrutura de poder formal, à qual
correspondem comportamentos esperados de indivíduos, ocupando um
estatuto oficialmente reconhecido. Por contraste, a liderança emergente
corresponde àquela que é exercida por alguém, independentemente da
posição oficial que ocupa. Um membro que não detenha uma posição oficial de
liderança pode exercer uma influência decisiva no grupo, por exemplo, ao
expressar uma ideia proveitosa, ao colocar uma questão pertinente, ao ajudar o
grupo a formular um plano ou mesmo ao fazer sugestões úteis ao líder
estatutário. Muitos estudiosos parecem pensar a liderança como se ela fosse
somente, ou primariamente, fixada quer através de nomeação ou eleição quer
a partir de habilidades especiais e/ou preparação/formação. Nesta base,
aqueles que dividem as pessoas em dois grupos: líderes e seguidores, ou, se
preferirmos líderes e subordinados. Desta forma, assiste‐se à identificação
restritiva da liderança com a liderança formal. A liderança é, desejavelmente,
um processo que implica capacidade de influenciar os outros através de um
processo de comunicação, o objetivo final de realizar uma tarefa. A liderança
deve ser alvo de autoanálise e autocrítica, já que ela é um processo interativo,
que não acontece com uma pessoa isolada.

      O comportamento dos sujeitos implica que o líder adote um estilo de
liderança específico e adequado às características desse grupo. Pelo processo
de influência, o líder pode alterar o comportamento dos sujeitos, de modo
intencional, através das estratégias que utiliza para impor o seu domínio e
ascendência. É, pois, importante que o líder se relacione com todos os
elementos do grupo que lidera. Como apareceu numa definição de Liderança,
anteriormente citada, neste processo complexo de liderar, há uma influência
interpessoal que surge como resultado da comunicação entre os interlocutores
envolvidos no processo, acerca de um determinado objetivo (Fachada, 1998).

      O comportamento de liderança engloba diversas funções relacionadas
com o estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar,
elogiar, punir, reforçar, etc. Contudo, o fundamental da liderança baseia‐se no
direcionar o grupo para metas específicas.

      Durante muito tempo, a liderança foi estudada como estando
relacionada com características pessoais e inatas do sujeito. Considerava‐se
que as qualidades inerentes ao líder, tais como a inteligência, a amabilidade, a
força física, etc. eram determinadoras dos potenciais lideres. Surge, assim, a
teoria dos traços de personalidade que considerava que o líder possuía
características que o identificavam e que o tornavam o grande homem
(Fachada, 1998), e em que a liderança era percebida como intrinsecamente
individual (Parreira, 2000). O líder era, então, visto como possuindo
características em potência ou atualizadas, sendo que esta competência era
um traço estável da sua personalidade. A teoria do traço considerava que a
capacidade de liderança poderia ser diagnosticada através de testes e
questionários.

      No entanto, esta teoria deparou‐se com duas dificuldades, que não
conseguiu ultrapassar (Parreira, 2000): dificuldade em isolar um conjunto finito
de características e traços que defina todos os líderes e, que todos os líderes
possuam; dificuldade em assegurar que essas características estejam
ausentes em todos os não líderes. Abandonou‐se, em consequência, a teoria
em causa, por não ser possível encontrar traços de personalidade que
diferenciassem um líder de um não líder.

      Passou a ser foco de estudo, em vez do indivíduo líder, o processo de
liderança. A liderança é atualmente percebida como algo que pode ser treinado
e aprendido, através da adaptação do líder às funções de liderança. Mediante
esta postura, nos anos 50, investigadores da Universidade de Ohio
identificaram duas categorias de comportamento que, combinadas em índices
elevados, eram o cerne de uma boa liderança: iniciação de estrutura (definição
de objetivos e execução de tarefas) e consideração (confiança mútua ajuda
relações amistosas). A equipe da Universidade de Michingan traduziu estas
categorias comportamentais para: orientação para as tarefas e orientação para
as pessoas. Abordaremos, mais à frente, estas duas características, com mais
pormenor.

      Ainda dentro da definição de liderança, é também importante para a
compreensão geral do conceito, trabalhar as duas funções essenciais do líder,
que se podem resumir da seguinte forma:
2.1 Lideranças: A arte de ser humano



         John K. Clemens e Douglas F.. Mayer escreveram, em 1987, um livro
publicado em português sob o título: Liderança, o toque clássico, no qual
dizem:

                      “Não é surpreendente que livros como As Vidas dos Homens
                      Ilustres... ofereçam ricas perspectivas sobre liderança. Afinal, os
                      problemas centrais para uma liderança efetiva – motivação,
                      inspiração, sensibilidade e comunicação pouco mudaram nos últimos
                      3.000 anos. Esses problemas foram enfrentados pelos Egípcios
                      quando construíram as pirâmides, por Alexandre quando criou seu
                      império e pelos gregos quando lutaram contra os troianos. Liderança
                      é um conceito escorregadio e ilusório, que deixa perplexos mesmo os
                      cientistas sociais. Após estudar mais de 3.000 livros e artigos sobre
                      liderança, escritos ao longo dos últimos 40 anos, certo pesquisador
conclui que não se sabe muito mais a respeito desses assuntos hoje
                      em dia do que se sabia quando toda a confusão teve início”.




      Segundo Bergamini (1994):



                      “Isso quer dizer que a liderança tem sido investigada desde há muito
                      e como tal é justo que apresente inúmeras interpretações. É
                      desejável lembrar que a diferença entre as interpretações se traduziu
                      em pontos de vistas que não são necessariamente opostos, mas que,
                      de certa forma, propõem enfoques complementares uns aos outros. É
                      o conjunto de todos eles que oferece uma visão mais completa sobre
                      o assunto”.



      Portanto, liderar é a própria arte de ser humano. Acredita-se que a
palavra liderança tenha aparecido por volta do ano 1300 da era cristã, embora
o termo venha sendo mais empregado nos últimos 200 anos, sobretudo, na
língua inglesa. Se a preocupação com a liderança é tão antiga quanto à história
da escrita, é bom que se proponha, mesmo que de maneira sucinta, uma
revisão parcial daquilo que já foi estudado, não somente para que se tenha
ideia das principais teorias existentes, mas para que não se cometa o engano
de adotar como verdadeiras certas suposições que hoje, após anos de
pesquisas, já comprovaram ultrapassadas.

      Para tanto, trataremos de algumas das principais teorias da liderança
vistas através de dois enfoques distintos: Teorias da liderança com foco no
líder e teorias da liderança com enfoques situacionais.



2.1.1 Foco no Líder



      As primeiras abordagens da problemática da liderança centraram-se na
definição de líder e na procura das qualidades comuns a todos os líderes.
Nessa linha, podem ser consideradas duas teorias: a teoria dos Grandes
Homens e a teoria dos Traços.
    Teoria do Grande Homem - Aceita a ideia de líderes natos.
           Supunha-se que de tempos em tempos apareceriam homens geniais
           destinados a exercer profunda influência na sociedade.



      Warren Bennis (2001) comenta:



                      “Em um momento se pensou que as habilidades da liderança eram
                     inatas. Ninguém se torna um líder, e sim nasce com esta condição...
                     a esta concepção de liderança se poderia denominar de Teria do
                     Grande Homem”. Para ela, o poder se encarnava em uma reduzida
                     quantidade de pessoas cuja herança e destino as convertia em
                     líderes. Os indivíduos do tipo adequado poderiam liderar todos os
                     demais deveriam ser liderados. Ou se tinha essa característica ou
                     não se tinha. “Nem o aprendizado nem o desejo, por grandes que
                     fossem, poderiam alterar o destino de um indivíduo”.




      Todo nascimento traz um líder, depende dessa pessoa agarrar as
oportunidades. Ghandi não nasceu com grande eloquência e tampouco era um
reconhecido comunicador, mas mudou-se, cresceu, e se tornou um grande
líder, porque acreditava no que pensava. Portanto, líderes não nascem, a
menos que aceitemos que todos os que nascem podem ser líderes.



       Teoria dos Traços - Basicamente semelhante à do Grande Homem,
          defende que a posse de certos traços de caráter e de personalidade
          permitiria a certos homens acesso ao poder. Dessa forma, julgava-se
          ser possível encontrar traços de personalidade universais nos líderes
          que os distinguiam dos não líderes. Bryman (1992) retrata três
          grandes tipos de traços que a literatura trata fatores físicos,
          habilidades características e aspectos de personalidade. O que
          interessava aos pesquisadores da época era poder eleger dentre
          certos atributos quais os que melhor definiriam a personalidade do
          líder. Segundo Bergamini (1994):
“O enfoque dos traços predominou até a década de quarenta, tendo
                     como grandes contribuintes para o seu sucesso as pesquisas
                     desenvolvidas pelos testes psicológicos muito incrementados a partir
                     de 1920 ate 1950. Stogdill e Mann serviram-se dos resultados das
                     pesquisas disponíveis acerca de liderança que datavam de 1904 a
                     1948, encontrando aproximadamente 124 projetos voltados a esse
                     tipo de enfoque no estudo da liderança. Com revisão desses projetos
                     foi   possível   chegar   a   um   resultado   que   permitiu   listar
                     aproximadamente 34 traços de personalidade considerados como
                     características típicas da amostragem dos líderes eficazes... Alguns
                     exemplos dos traços encontrados são: sociabilidade e habilidades
                     interpessoais, autoconfiança, ascendência e domínio, participação
                     nas trocas sócias, fluência verbal, equilíbrio emocional e controle,
                     busca de responsabilidade e outros”.



      Em suma, as teorias apresentadas com foco no líder - a do Grande
Homem e a Teoria dos Traços - ocuparam durante bastante tempo os
estudiosos e investigadores dos fenômenos de liderança e, apesar das suas
pesquisas terem redundado em fracasso, essa posição encontra-se ainda
muito difundida no senso comum. De fato, seria bastante otimista pensar que
podiam existir apenas líderes natos, bem como traços de personalidade
consistentes e próprios de todos os líderes, fossem eles líderes como Hitler,
Madre Tereza de Calcutá, Bin Laden ou Ghandi. Os diversos estudos parecem
ter concluído apenas vagamente que certas características como inteligência,
extroversão são, auto-segurança e empatia, tendiam a estar relacionadas com
o desenvolvimento e manutenção de posições de liderança. Mas para além de
inconsistentes, os dados não estabelecem uma distinção clara entre caracteres
inatos e adquiridos. Por outro lado, essas teorias sustentam que o líder nato ou
o possuidor de determinados traços seria capaz de exercer espontaneamente e
imediatamente a liderança, o que vai de encontro à natureza dinâmica das
relações humanas. Essas teorias ignoram também os fatores situacionais e,
embora especificassem traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade
é que temos que reconhecer que esses mesmos traços são frequentemente
possuídos por um grande número de não líderes. Entretanto, e embora essas
teorias tendam hoje a serem rejeitadas, é de algum modo evidente que os
atributos pessoais particulares aumentam a probabilidade de que certas
pessoas assumam, com maior frequência, papéis de liderança nos vários
grupos em que participam.



2.2 Enfoques situacionais



      Segundo Fiedler (1967):



                    “Volumosa pesquisa feita especialmente sob condições reais de vida,
                    tem mostrado bem consistentemente, todavia, que a personalidade
                    do líder é somente um dos fatores que determina o desempenho do
                    grupo. O líder que se desempenha bem em um grupo ou sob um
                    conjunto de condições pode não sair-se bem em outros grupos, em
                    outras tarefas ou sob outras condições”.



      Então, as teorias de enfoques situacionais exploram as variáveis que
cercam o processo de liderança, sendo esses, portanto, enfoques mais
abrangentes do que os vistos anteriormente.



       Teoria das Trocas - A partir de 1964, Hollander busca na Teoria das
         Trocas encontrar o equilíbrio entre líder e liderado. Segundo esse
         enfoque, o surgimento de um líder não se dá unicamente pelo seu
         tipo de personalidade, mas tem relação com outros fatores, tais como
         as normas em uso pelos grupos. Esses valores grupais é que irão
         eleger como importantes certas características da personalidade do
         líder. Para Hollander, a aceitação do líder e sua permanência como tal
         dependem de quanto ele seja considerado como facilitador do
         atendimento dos objetivos almejados pelo grupo liderado. Segundo
         Bergamini (1994):
“Com a Teoria das Trocas de Hollander, o papel desempenhado
                      pelos subordinados no processo de liderança começa a despontar
                      como um elemento que pode favorecer a formação eficaz desse
                      vínculo. Até então, os estudos vigentes somente dirigiam sua atenção
                      às características que tipificavam os líderes” (Bergamini, C. W,1994).



      Portanto, a partir dessa teoria, mais uma variável é acrescida às
condições básicas: a eficácia do exercício da liderança, que é a percepção que
os liderados possuem da figura do líder.



       Abordagem situacional de Liderança - Na sua forma mais simples,
         a tese situacional defende a ideia de que a situação faz surgir o líder
         necessário e conveniente; ou seja, os grupos escolheriam o líder ou
         líderes adaptados às suas necessidades. Mas essa posição seria
         demasiado finalista e restritiva; pois, em vez de pretender que a
         liderança seja um ato passivo, a teoria situacional afirma que o líder
         hábil pode adaptar-se e antecipar-se às necessidades dos elementos
         do seu grupo. Segundo Tannenbaum, Weschler e Massarik (1961):



                      "Liderança é a influência interpessoal, exercida na situação e dirigida
                      através do processo de comunicação humana, com vista à obtenção
                      de um ou diversos objetivos específicos".




      Como se vê, a liderança é encarada como um fenômeno social que
ocorre exclusivamente em grupos sociais. É definida como função de três
elementos:



             Do indivíduo (personalidade, caráter, capacidade de realização,
             etc.).

             Do grupo (estrutura das inter-relações individuais no grupo,
             atitudes, necessidades, etc.).
Da situação (exigências das situações, objetivos, ambiente
              envolvente do líder e do grupo, etc.).



       Essa abordagem situacional da liderança procura, assim, integrar os
elementos válidos das várias abordagens de um problema que se revelou
demasiado complexos para que possa ser explicado por uma abordagem
restrita, qualquer que ela seja.



        Teoria Contingencial ou do Comportamento - foi elaborada a partir
         daquilo que Fiedler denomina de medida LPC (Least Prefered
         Coworker) da personalidade do líder. Muito da estrutura teórica
         adotada por ele tomou como base os estudos de campo
         desenvolvidos pela Universidade de Illinois a partir de 1951.
         Começando com um grande número de dimensões estudadas, esse
         número foi reduzido para duas dimensões independentes a serem
         consideradas. Embora a terminologia possa ser variada, foi possível
         distinguir a existência de dois tipos básicos de estilos de líder: aquele
         que pode ser considerado com orientado para a tarefa e aquele que é
         orientado para relacionamento.



        Em meados do século XX, e após amplos estudos realizados no âmbito
da pesquisa dos comportamentos de liderança, uma ideia alternativa começou
a ganhar forma. A liderança começou a ser vista como a maneira de proceder
derivada da relação existente entre o líder e outras pessoas do grupo. Assim,
passa-se a considerar que não é a posse de certos traços que contribui para o
sucesso dos líderes, mas, antes, a sua capacidade em adequar os
comportamentos às exigências das diversas situações. Mas na verdade
mostrava-se difícil demonstrar a existência de uma relação consistente entre
padrões de liderança e desempenho do grupo. Por outro lado, é um fato que a
maioria das pessoas desempenha na sua vida papéis de liderança em
situações diferentes. Ganha assim forma a Abordagem Contingencial de
liderança. Segundo Fiedler (1967):
“O ponto mais importante dessa teoria é que a eficácia da liderança
                    depende tanto da situação em que o grupo se encontra quanto do
                    líder. Se a teoria está certa, isso significa que um programa que
                    envolva somente os aspectos de personalidade do líder ou somente
                    os aspectos situacionais da organização está fadada ao fracasso. Um
                    estilo de liderança não é em si mesmo melhor ou pior do que outro,
                    nem tampouco existe um tipo de comportamento em liderança
                    apropriado para todas as condições. Dessa forma, quase todo mundo
                    poderia ser capaz de ter sucesso como líder em algumas situações e
                    quase todo mundo está apto a falhar em outras. Caso queiramos
                    melhorar o desempenho organizacional, devemos lidar não somente
                    com o estilo do líder, mas também com os fatores que promovem a
                    influência sobre ele”. (Fiedler, F. E. , 1967)



      Portanto, tornar-se um líder capaz e eficaz, a despeito de ser possível a
todos, não parece que será conseguido simplesmente com programas de
treinamento de poucas semanas, tampouco mudanças comportamentais reais
serão conquistadas em seminários de poucas horas. Como já dizia meu
professor James A. Tucker (Psicologia Educacional, University of Tennesse,
USA), o aprendizado leva tempo.



           Teoria Caminho-Objetivo (Path-Goal) - Dentro do enfoque
        contingencial, surge mais uma teoria ressaltando a importância do
        liderado como um reduto motivacional dentro do processo da
        liderança. A teoria Caminho-Objetivo (Path-Goal) é pouco conhecida
        no Brasil, mas muito valorizada dentro dos contextos americano,
        canadense e europeu. Segundo Smith, P. B. & Peterson, M. F.(1989):



                    “A teoria do Caminho-Objetivo muito claramente deriva das teorias
                    que se baseiam na expectativa, que se tornaram populares no campo
                    do comportamento organizacional nos anos 60 (por exemplo, Vroom,
                    1964). Na sua essência, ela propõe que os subordinados farão aquilo
                    que desejarem os líderes, caso eles façam duas coisas. Primeiro,
                    devem assegurar que os subordinados compreendam como atingir os
objetivos do líder. Segundo, esses líderes devem prever que os
                   subordinados cheguem aos seus objetivos pessoais nesse processo
                   (House, 1971). A tarefa do líder é, então, diagnosticar a função do
                   ambiente e selecionar aqueles comportamentos que assegurarão que
                   os subordinados estejam motivados ao máximo no sentido dos
                   objetivos organizacionais”.



      Então, segundo essa teoria, os subordinados se sentirão motivados
cada vez mais motivados com o comportamento do líder, na medida em que
esse mesmo comportamento comprovar, de forma objetiva, que traz uma
contribuição decisiva em favor do atendimento das expectativas desses
liderados.
3. TIPOS DE LIDERANÇA



      Vários foram os autores que abordaram os tipos de liderança. No
entanto, sobressai-se uma teoria mais comummente referenciada, e bastante
utilizada, de White e Lippitt (1939). De acordo com estes autores existem
essencialmente três tipos de liderança: Autoritária, Liberal e Democrática.

      Assim, explorar-se-ão as características principais de cada tipo,
trabalhando vantagens e inconvenientes de cada um. Iniciaremos esta
abordagem pelo estudo do líder autoritário: fixa diretrizes sem a participação do
grupo, determina as técnicas para a execução das tarefas. É também ele que
designa qual a tarefa de cada um dos subordinados, e qual será o companheiro
de trabalho de cada sujeito. É dominador, provocando tensão e frustração no
grupo. Tem uma postura essencialmente diretiva, dando instruções concretas,
sem deixar espaço para a criatividade dos liderados. Este líder é pessoal, quer
nos elogios, quer nas críticas que faz. As consequências desta liderança estão
relacionadas com uma ausência de espontaneidade e de iniciativa por parte
dos liderados, bem como pela inexistência de qualquer amizade no grupo, visto
que os objetivos são o lucro e os resultados de produção. O trabalho só se
desenvolve na presença física do líder, visto que quando este se ausenta, o
grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se, expandindo sentimentos
recalcados. O líder autoritário provoca grande tensão, agressividade e
frustração no grupo. Relativamente ao estilo de líder liberal, também
denominado de laissez-faire, não há imposição de regras.

      O líder não se impõe ao grupo e consequentemente não é respeitado.
Os liderados têm liberdade total para tomar decisões, quase sem consultar o
líder. Não há grande investimento na função, no estilo liberal, havendo
participações mínimas e limitadas por parte do líder. Quem decide sobre a
divisão das tarefas e sobre quem trabalha com quem, é o próprio grupo. Os
elementos do grupo tendem a pensar que podem agir livremente, tendo
também desejo de abandonar o grupo, visto que não esperam nada daquele
líder. Como não há demarcação dos níveis hierárquicos, corre-se o risco do
contágio desta atitude de abandono entre os subordinados. Este é
frequentemente considerado o pior estilo de liderança, pois reina a
desorganização, a confusão, o desrespeito e a falta de uma voz que determine
funções e resolva conflitos.

      No que respeita ao terceiro estilo de liderança, o líder democrático
assiste e estimula o debate entre todos os elementos. É o grupo, em conjunto,
que esboça as providências e técnicas para atingir os objetivos. Todos
participam nas decisões. As diretrizes são decididas pelo grupo, havendo,
contudo, um predomínio (pouco demarcado) da voz do líder. O grupo solicita o
aconselhamento técnico do líder, sugerindo este, várias alternativas para o
grupo escolher. Cada membro do grupo decide com quem trabalhará e é o
próprio grupo que decide sobre a divisão das tarefas. O líder tenta ser um
membro igual aos outros elementos do grupo. O líder democrático, quando
critica ou elogia, limita-se aos fatos, é objetivo. Este tipo de liderança promove
o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência
um ritmo de trabalho progressivo e seguro. O comportamento deste líder é
essencialmente de orientação e de apoio. Surgem, em resumo, grandes
qualidades de relação a nível interpessoal, bem como bons resultados ao nível
da produção / resultados.

      Mediante estes três tipos de liderança, cabe a cada sujeito escolher
aquele que mais se adapta às suas próprias características, às funções,
competências e feitios dos liderados, bem como às tarefas e contextos de
realização dos objetivos. Perante o que foi exposto e, sabendo-se já que a
liderança é uma competência a ser trabalhada e exercida, devemos, talvez,
escolher o estilo que mais resultados positivos traga, quer para o líder, quer
para os liderados.

      É, no entanto, importante salientar que não há estilos puros, em termos
práticos: ninguém é um único estilo de liderança, mas o que acontece é que os
líderes têm mais ou menos características de um ou de outro tipo. Sucede,
também, que mediante situações específicas os líderes adotem um estilo mais
adaptado e mais eficaz às vicissitudes do projeto, da equipe, do contexto, dos
prazos, etc.

      Assim, se os tentássemos representar, os tipos de liderança ficariam
numa espécie de um contínuo, em que se tocam e até se podem sobrepor
alguns aspectos.
Os diferentes estilos tocam-se e não têm, portanto, uma delimitação
específica. Por exemplo, um líder laissez-faire que perceba que perdeu o
controlo da equipe, pode adotar um estilo mais autoritário. Um líder
democrático, no momento em que tem um trabalho para realizar e a entrega
têm de ser imediata, pode também optar por uma postura um pouco mais
autoritária. Da mesma forma, um líder democrático que sinta que a equipe está
a correr muito bem, pode desleixar-se um pouco e cair num estilo mais laissez-
faire. Os estilos vão variando conforme a motivação da equipe e o momento
em que esta se encontra. O estilo de liderança depende, também, das
características pessoais: uma pessoa insegura irá optar, defensivamente, por
um estilo que a proteja, por exemplo, o autoritário, que não permite que a
questionem.

      O estilo de liderança depende, similarmente, da equipe que temos em
mão, da competência dessa equipe. Uma equipe de pessoas mais jovens, com
pouca experiência precisará de mais alguma direção. Poderá, do mesmo
modo, depender do tamanho do grupo: um grupo grande terá uma liderança
mais autoritária e democrática quanto baste; enquanto que um grupo médio
deverá ter diretrizes mais democráticas e menos autoritárias; já um grupo
pequeno poderá ser liderado com mais democracia e laissez-faire. Também se
arriscaria a dizer, que, provavelmente, uma liderança diretiva, mais autoritária
estará mais apropriada a sujeitos com baixa competência, que necessitam de
instruções precisas para a realização eficaz das tarefas.

      Será, talvez, um estilo importante para principiantes inseguros. Com
pessoas com elevados níveis de competência, com vasta experiência, o estilo
de liderança mais eficaz será participativo (democrático) no sentido de fornecer
orientação e apoio. Este estilo motiva muito as pessoas visto que lhes atribui
bastante responsabilidade.
Sendo a motivação das pessoas variada e variável, a escolha do
                        estilo de liderança deve ser bastante flexível e dinâmica. Portanto,
                        não há normas rígidas ou regras. É importante atender a que quanto
                        mais congruente for o estilo adotado, com as motivações do grupo,
                        mais provável é que a liderança corresponda ao que os liderados
                        esperam dela. (Fachada, 2000)




      Contudo, a liderança não deriva unicamente das características
idiossincráticas do líder. Há uma série de outras variáveis que influenciam a
dinâmica deste processo. Assim, o exercício da liderança é, também,
dependente da situação e do contexto. De acordo com a teoria do traço de
personalidade, como já visto anteriormente, um líder seria sempre líder, em
todas as condições, sempre de modo eficaz e com todos os indivíduos. Isto
não se verifica: acontece sim, que um líder pode ter muito sucesso num
contexto e numa outra situação, verificar-se o insucesso. O comportamento do
líder é, então, influenciado pelo contexto e pelos liderados com quem se
relaciona.

      Não existe, pois, nenhum estilo de liderança único e válido para todas as
situações e para todos os sujeitos e, será, consequentemente, importante
atender      a   três fatores:   o líder     (valores,       convicções,    confiança    nos
subordinados, modo de liderar, etc.); o subordinado (gosto pelo trabalho,
receptividade ao líder, expectativa de participação nas decisões, experiência na
resolução de problemas, etc.); o contexto (a situação: tipo de empresa, valores,
diretrizes, objetivos, complexidade, organograma, etc.).



                        “A diferença entre o estilo eficaz e ineficaz não depende unicamente
                        do   comportamento     do   líder,    mas   da     adequação   desses
                        comportamentos ao ambiente onde ele desempenha as suas
                        funções” (Fachada, 1998).



      Não podemos, no entanto, esquecer que a liderança não se realiza em
isolamento. Para liderar é necessário que haja interação entre um elemento,
que será implícita ou explicitamente, o líder e outro(s) sujeito(s), o(s)
liderado(s). Mediante esta interação, a liderança pode ter dois tipos de
orientação, havendo a possibilidade de ser mais orientada para as pessoas ou
para as tarefas.

       Quando a essência do líder está direcionada para as pessoas, existe
nele uma maior sensibilidade ás problemáticas dos outros. Atende às pessoas
como seres humanos e não como máquinas de trabalho. Existe uma
preocupação autêntica pelos elementos da equipe, quer relativa ao modo como
estes realizam as tarefas, quer relativa ao seu bem-estar e motivação. Como
consequência, há uma maior satisfação por parte dos liderados, que se traduz
numa melhor coesão grupal. Contudo, este estilo de liderança não origina um
aumento direto da produtividade, visto o objetivo estar mais orientado para os
sujeitos.

       Quando a orientação do líder está mais direcionada para a tarefa, ou
para a produção, existe uma preocupação com a realização das atividades,
valorizando-se os resultados e os lucros, sempre com o objetivo de
desenvolver a organização. Há uma preocupação excessiva com as tarefas em
detrimento das pessoas que as executam. Isto pode provocar a diminuição da
coesão grupal e da satisfação dos liderados. Contudo, esta satisfação poderá
aumentar se o líder mostrar aos subordinados o que espera deles. Isto significa
que o efeito sobre a produtividade estará dependente do estilo de liderança
para a tarefa. Assim sendo, uma liderança autoritária terá consequências
negativas, ao passo que uma liderança diretiva e estruturada terá
consequências de produção mais positivas, no sentido que cada um sabe o
que se espera dele e isto não lhe é imposto de modo rígido e inflexível.

       Da combinação destes dois estilos de liderança, resultam cinco
posições:



       1. Gerência empobrecida: baixa orientação para a tarefa e baixa
            orientação para as pessoas - Este tipo de líder deseja apenas
            permanecer no sistema, reagindo o menos possível. Não contribui
            significativamente para a organização. Planifica pouco. Adota uma
postura passiva, não se envolvendo demasiado nas situações,
  reagindo com indiferença. Não contribui para a produtividade e
  considera que, se algo correr mal, nada pode fazer para alterar a
  situação. Evita o conflito para não defender pontos de vista,
  mantendo-se indiferente. Ignora o erro dos colaboradores e reenvia-
  lhes a totalidade da responsabilidade.


2. Clube Recreativo: alta orientação para as pessoas e baixa
  orientação para as tarefas – O líder valoriza muito as atitudes e os
  sentimentos dos seus subordinados, preocupando‐se com o que
  estes pensam e querendo a aprovação destes. Por isso, apresenta
  uma postura simpática e disponível, privilegiando, apenas, o convívio
  e a boa disposição Não impõe a vontade própria aos outros,
  acontecendo que cada um faz as tarefas que quer a um ritmo próprio.
  Esta postura cria sérias dificuldades na obtenção dos objetivos de
  produção, visto que este líder tem grande dificuldade em exigir algo
  aos liderados. Não tem coragem de chamar a atenção para as falhas
  cometidas. Como também não pretende um ambiente de conflito, as
  tarefas são dificilmente realizadas. Este tipo de liderança provoca
  também alguma insatisfação ou frustração nos liderados visto que
  não são propostos novos desafios, as pessoas não se sentem
  realizadas.


3. O homem organizacional: orientado de igual forma para as
  pessoas e para as tarefas – O líder procura ter um bom
  relacionamento com os seus subordinados, estando atento ao que
  eles pensam. É importante, para este líder, ser positivamente
  avaliado pelos colegas o que faz com que adapte como suas as
  opiniões que lhe parecem mais acertadas e que interessam à
  maioria. Em função desta apreciação positiva do grupo, o líder não
  se expõe muito, tendo relações superficiais com os subordinados.
  Procura envolver os liderados no trabalho, não exerce muita pressão
  neles e só lhes exige o que eles permitem. Evita extremos. Planeja o
  trabalho sem pormenor para promover a iniciativa, a autonomia e a
responsabilidade. Cedem alguns aspectos para obter vantagens em
         outros.


      4. Gerência: alta orientação para a tarefa e baixa orientação para as
         pessoas – O líder quer ser dominador e poderoso, sendo o seu
         objetivo vencer. É determinado e sente-se realizado quando atinge
         níveis altos de produção, olhando somente para os resultados. Não
         valoriza os esforços dos subordinados atribuindo‐ lhes culpas
         quando surgem falhas no sistema. O seu relacionamento com os
         subordinados rege-se pela autoridade. Este líder impõe a sua
         vontade, mesmo que vá contra a vontade dos outros nunca confiando
         nestes. Organiza condições de trabalho que reduzem os aspectos
         afetivos de modo a impedir que os fatores humanos possam
         prejudicar a eficácia.


      5. Equipe: alta orientação para a tarefa e alta orientação para as
         pessoas - O líder acredita na relação existente entre as
         necessidades de produção da organização e as necessidades dos
         indivíduos que trabalham essa organização, favorecendo o desejo de
         auto-realização.   Assim,   adota   uma   postura   de   motivar   os
         subordinados, no sentido destes ambicionarem elevados padrões de
         desempenho, promovendo também o trabalho em equipe e a
         responsabilidade dos sujeitos em que tudo é partilhado (sucessos e
         fracassos). Estabelece desafios às equipes com objetivos claros a
         cumprir. Faz as pessoas participarem nas exigências da produção.
         Reage às falhas e infrações, tirando daí ensinamentos procurando
         compreender o responsável antes de puni-lo.



      Em resumo, o estilo de liderança e a orientação adotada têm de estar
adaptadas a cada sujeito ou equipe e à tarefa em causa. Consoante as
diferentes tarefas, o mesmo indivíduo pode ter mais eficácia com estilos de
liderança também diferentes. Assim, “a liderança é mais arte do que ciência.
Nessa arte, o líder tem de aplicar a sua experiência e o seu bom senso para
decidir quando, como, e com quem deve usar cada um dos estilos”
(Estanqueiro, 1992). Percebe-se então, que uma liderança eficaz está atenta
às necessidades concretas das pessoas e à idiossincrasia do grupo.



3.1 Liderança Coaching



O que é Coaching?



      É um relacionamento no qual uma pessoa se compromete a apoiar outra
a atingir um determinado resultado: seja ele o de adquirir competências e/ou
produzir uma mudança específica. Mas não significa um compromisso apenas
com os resultados, mas sim com a             pessoa como um todo, seu
desenvolvimento e sua realização. Através do processo de Coaching, novas
competências surgem, tanto para o coach quanto para seu cliente.

      Não estou falando só de competências técnicas ou capacidades
específicas, das quais um bom programa de treinamento poderia dar conta
perfeitamente. Coaching é mais do que treinamento, o coach permanece com a
pessoa até o momento em que ela atingir o resultado. É dar poder para que a
pessoa produza, para que suas intenções se transformem em ações que, por
sua vez, se traduzam em resultados.



Os papéis de Coach e de cliente



      O termo inglês coach tem origem no mundo dos esportes e designa o
papel de treinador, preparador, "o técnico" como conhecemos. Devido às
distorções que os próprios técnicos fazem do real significado deste papel,
usarei o termo em inglês para evitar contaminações. E para enfatizar as
diferenças, chamarei de "cliente" a pessoa a quem o coach atende. É o coach
que dá suporte ao "cliente", serve ao cliente e não o contrário. Mesmo que seja
um líder apoiando pessoas do seu time, ele está a serviço do time e não o
inverso. Esta é uma das distorções a que me referi acima.
Coach também é confundido com conselheiro, mentor e guru. Apesar de
extremamente valiosos, nenhum destes papéis requer o compromisso de
apoiar pessoas a realizar metas. No papel de coach, este compromisso é
fundamental na medida em que o coach atua no campo do desempenho -
resultado e realização pessoal - e influencia no desenvolvimento de padrões
éticos, comportamentais e de excelência.



A Visão de Futuro



      Na relação com o cliente, o coach deve: 1. Estimulá-lo a identificar seus
valores essenciais e a expressá-los, desenvolvendo uma postura de
integridade pessoal; 2. Desafiá-lo a "sonhar acordado", a criar para si mesmo
uma visão de futuro que o entusiasme e que utilize ao máximo a sua energia
criadora.

      Isto é particularmente importante porque não é raro as pessoas
definirem suas metas para atender aos desejos e necessidades dos outros,
chefes ou familiares. Às vezes, a visão que o cliente tem do problema é a
própria fonte do problema. Por exemplo, um cliente muito viciado numa
determinada estratégia de negócio pode não perceber novas e melhores
estratégias. Coaching é uma relação dinâmica que permite romper antigos
paradigmas e estabelecer novas fronteiras.



Coaching é uma relação sólida, consciente.



      É necessário que a relação entre coach e cliente seja de muita
confiança. Para isto é imprescindível que haja feedback constante entre os
dois, facilitando a compreensão mútua dos valores e a troca de experiências.
Esta prática de abertura, central em Coaching, abre espaço para um alto
padrão de desempenho. O coach incentiva o cliente a compreender todo
feedback que a experiência proporciona e a analisar a situação sob novas
perspectivas. Com seu feedback, o cliente amplia sua consciência e fortalece
sua autoestima.

      Vivemos vitórias e realizações, mas também conhecemos a dor, os
fracassos e as frustrações. Tanto no sucesso como no fracasso, a autoilusão
atrapalha o aproveitamento da experiência, porque ela protege o ego. No
sucesso, a ilusão mais comum (porque doce) é a de que ele será eterno; no
fracasso, é o medo de que isto se torne um padrão e que a derrota seja
iminente. Os problemas de autoestima são fatais para o desempenho porque
favorecem a autoilusão. É mais confortável enganar-se do que enfrentar
críticas. Um cliente com baixa autoestima pode rejeitar o feedback do coach,
dificultando o avanço do processo.

      Por outro lado, se o coach tiver tido um fracasso recente, ele pode iludir-
se e deixar que seus sentimentos de inveja em relação ao sucesso do cliente
possam comprometer os resultados. Especialmente se o cliente for
inexperiente ou pouco observador. Por isso, o coach precisa estar muito atento
à sua visão da realidade e à consistência de sua própria autoestima. Coaching
é aprender e desaprender. Se não pudermos desaprender, é muito difícil
sermos bons coaches ou clientes. Coaching é desenvolver um novo nível de
consciência.



Análise da trajetória ou a bagagem de mão



      É extremamente importante que o coach e o cliente conheçam bem a
trajetória de realização um do outro. Conhecer as atitudes do outro, seus
valores, padrões de comportamento e principais sucessos e fracassos.
Conhecendo o cliente, o coach poderá ajudá-lo a identificar o gap entre a visão
de futuro dele e a sua situação e competências atuais. E, conhecendo o coach,
o cliente saberá usar melhor a sua experiência, sua bagagem.

      A análise da trajetória não deve transformar o passado numa plataforma
para a visão de futuro, isto limitaria o futuro a ser uma extensão do passado.
Esta análise serve para identificar pontos fortes e fracos (de ambos) que
possam influir no desempenho futuro e que devem ser considerados no plano
de ação. Assim, facilita o sucesso do plano de ação e evita problemas
decorrentes da falta de planejamento.



Coaching é ação comprometida



      Coaching é determinação, é a coragem necessária quando se tem
desafios a superar. As emoções são essenciais para construir uma ponte
vigorosa entre o coach e seu cliente, que sustente o percurso desde a intenção
até a realização. Sem emoção, não há envolvimento nem energia para a ação.
Alegria, determinação e, principalmente, confiança são as bases para um
relacionamento/projeto bem sucedido. Respeito, solidariedade e afeto tornam o
caminho mais suportável.

      Mas, é preciso construir uma trilha clara para que estas emoções surtam
o efeito desejado. É preciso construir um plano de ação previamente acordado
entre coach e cliente para garantir o sucesso do projeto. Sem ele, o coach não
tem onde apoiar o seu compromisso. Entretanto, este plano não deve ser uma
camisa de força à qual os dois estão amarrados, e sim deve funcionar como
uma bússola, um esquema norteador na jornada que ambos estão
empreendendo.



A Liderança na organização



      Coaching não é um processo novo, embora seja pouco disseminado nas
organizações. Uma das razões disto é o fato de ter sido transposto da casa
para a empresa sem os filtros ou adaptações necessários. Pior, com as
mesmas limitações com que é feito em casa. Gerentes podem confundir o
papel de coach com o de pai, tratando o outro profissional como o seu filho. O
contexto psicoemocional é diferente, agravado pela situação de poder
estabelecida, o que causa problemas para os dois lados. A outra razão é que
os benefícios do processo não ficam claros para todos. Por que as pessoas
deveriam dedicar-se ao desenvolvimento dos outros?
Porque Coaching é liderança refinada. Coach é líder, nem todo líder é
coach. Para ser coach, não precisa ser chefe do cliente, embora gerentes,
chefes e supervisores sejam os coaches mais prováveis, em função da
liderança que se espera que eles exerçam junto aos outros e não sobre os
outros.     Os   coaches    ganham      uma   escola     prática   de     liderança   e
autoconhecimento que nenhuma formação acadêmica dá, os clientes ganham
suporte ao seu desenvolvimento e a organização ganha uma extraordinária
rede de formação contínua e compromisso com resultados. Pode haver algo
mais útil e econômico?



Liderança     como    habilidade   de   influenciar    pessoas     para   trabalharem
entusiasticamente.



      Potencializando as pessoas a serem melhores;

          Facilitando a convivência no ambiente de trabalho;

      Estabelecendo objetivos de bem comum;

      Lideres verdadeiramente grandes, têm a capacidade de construir
      relacionamentos saudáveis;

      A liderança é uma qualidade que a pessoa pode apresentar em
      diferentes graus, e não como algo que tem ou deixa de ter.



Liderança envolve: Poder ou autoridade?



      Poder é a faculdade de forçar e coagir alguém a fazer sua vontade, por
      causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa não prefira fazer;

      Autoridade: Habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o
      que você deseja, porque você pediu por sua influência pessoal.



Autoridade diz respeito a quem você è como pessoa.
Honestidade;

Bom exemplo;

Cuidado;

Confiança das pessoas;

Encoraja;

Atitude positiva;

Entusiásticas;

Bons ouvintes.
4. MOTIVAÇÃO NAS EQUIPES



       A liderança deve também, a par das características anteriormente
referidas, preocupar-se com a motivação dos liderados. E a propósito da
motivação de uma equipe, vale a pena refletir sobre algumas técnicas e
princípios da motivação, que podem ajudar a impulsionar a produtividade e o
bom ambiente de uma equipe:



                  A aprendizagem cooperativa é percebida como mais
                   motivante   e   interessante      do   que   a   aprendizagem
                   individualista, que implica um maior nível de competição;
                  A organização flexível de um grupo aumenta a motivação
                   intrínseca do grupo;
                  As tarefas criativas aumentam o nível de motivação, por
                   oposição às repetitivas;
                  Conhecer as causas do êxito ou do fracasso de uma tarefa
                   aumenta a motivação;
                  O reconhecimento do sucesso, por parte do líder, é
                   bastante motivador;
                  O registro dos progressos aumenta a motivação intrínseca;
                  Começar a realizar uma tarefa pelas atividades mais fáceis
                   pode ser motivador porque faz com que êxito promova
                   êxito nas atividades seguintes;
                  Quando a tarefa é significativa para o sujeito, gera
                   motivação intrínseca. É, pois, importante que o sujeito se
                   identifique com a tarefa e que retire algum prazer dela;
                  O nível de estimulação dos sujeitos tem de ser doseado: se
                   a estimulação ou o desafio for reduzido, não há promoção
                   de mudança. Já se for um desafio excessivo pode levar a
                   sentimentos de frustração e de ansiedade. Há que dosear
                   o desafio com a competência do sujeito, para que o nível
                   motivacional seja adequado. Tarefas demasiado difíceis ou
                   demasiado fáceis geram desmotivação;
   As mudanças moderadas ao nível da dificuldade e da
                    complexidade favorecem a motivação intrínseca. Já as
                    mudanças bruscas e repentinas têm o efeito contrário e
                    diminuem o nível motivacional do sujeito;
                   O líder que dá autonomia no trabalho promove a
                    motivação, o sucesso e a autoestima;
                   O ambiente que se desenvolve no contexto laboral poderá
                    se mais motivador se houver bom ambiente, otimismo e
                    confiança.     A    atmosfera    interpessoal   influencia   o
                    desempenho;
                   É importante que a equipe conheça os objetivos que se
                    pretende alcançar;
                   Evitar a repreensão pública, o sarcasmo, as comparações
                    para ridicularizar, as tarefas em demasia, já que são
                    promotores de grande desmotivação;
                   Comunicar à equipe os resultados do seu trabalho já que
                    funcionam como um poderoso estímulo;
                   O líder deve mostrar interesse por cada elemento da
                    equipe, de um modo individual e de um modo mais global,
                    como elemento pertencente do grupo;
                   As estratégias operativas e participativas são mais
                    motivantes que as passivas;
                   A competição doseada pode ser um bom recurso à
                    motivação, quando usada como jogo de grupo, ou como
                    autodesafio consigo mesmo;
                   Há que atender às diferenças individuais na motivação,
                    sendo que uma estratégia pode ser muito eficaz com um
                    sujeito/grupo e muito pouco eficaz com outro. (adaptado do
                    site         http://paginasprofessor.no.sapo.pt/tecnicas1.htm,
                    acessado em 04/08/2010).


      É importante não esquecer que o trabalho em equipe tem a sua
especificidade e dificuldades muito próprias. É, por isso, fulcral, que se trabalhe
a motivação da equipe, para que assim se crie uma estrutura que permita
manter um nível de motivação que ajude a ultrapassar as dificuldades que
possam surgir.
5. ELOGIO E CRÍTICA: COMPETÊNCIAS DOS LÍDERES



      O bom líder muda o estilo consoante, entre outras coisas, a competência
individual do liderado. Contudo, as competências do líder vão, também, no
sentido de dar feedback aos liderados. É deste modo que se torna necessário
elogiar os subordinados pelas tarefas realizadas com sucesso, pelas ideias
inovadoras que apresentam, bem como criticá-los de um modo assertivo,
objetivo e direcionado para o erro, para que percebam a razão da repreensão.
Assim, faz sentido que paremos um pouco para pensar no que consiste,
realmente, uma crítica e um elogio, qual o seu potencial para promover
mudanças, e que características devem ter. Será, igualmente, importante que
cada um faça uma introspecção, no sentido de perceber como lida com a
situação de elogio e de crítica, quer na postura de líder, quer na de liderado.



             O elogio: Como disse Goethe, “Corrigir ajuda. Encorajar ajuda
             ainda mais”. Será, pois, necessário que o líder esteja atento aos
             seus subordinados para, deste modo, os poder incentivar
             eficazmente. Deste modo, para que os outros mudem o seu
             comportamento, é necessário atingi-los no ponto de motivação,
             tornando interessante o objetivo a alcançar. Para reforçar a
             motivação, pode também recorrer-se à pedagogia dos incentivos.
             Todos sabemos como são necessários os estímulos positivos (os
             elogios) e como eles são bem recebidos pelos destinatários. Será,
             então, preciso ensinar primeiramente, para que o sujeito saiba o
             que o líder pretende e qual o objetivo esperado de uma tarefa.
             Deve-se, pois, explicar os fins a alcançar, de modo claro, para
             que não restem dúvidas em relação ao pretendido. Será, também,
             necessário encorajar os indivíduos à medida que se vão
             aproximando da realização eficaz da tarefa. Sendo o elogio um
             modo compensador de provocar satisfação imediata, não
             podemos esquecer que todas as pessoas gostam de ser
             elogiadas, mesmo as que têm elevada autoestima e segurança.
             Quando o elogio vem de um superior hierárquico, obviamente, a
satisfação do sujeito aumenta, podendo aumentar também a sua
             motivação e predisposição para a tarefa e, por consequência, o
             seu nível de eficácia. Porém, o elogio não é somente positivo para
             quem o recebe. Também quem o dá experimenta satisfação.
             Como diz um provérbio chinês: “fica sempre um pouco de
             perfume, nas mãos de quem oferece rosas” (in Estanqueiro,
             1992). Elogiar será, então, um dever do líder.



Como elogiar?



      De acordo com as características de algumas sociedades, que
aparecem como sendo mais facilmente críticas, há que trabalhar, um pouco, o
modo como o elogio deve acontecer, para que seja explícito e para que o
interlocutor o perceba, indubitavelmente. Deste modo, o bom elogio não pode
referir-se ao abstrato: deve ser dirigido a aspectos concretos e específicos –
uma qualidade, uma tarefa realizada, um objetivo alcançado, um esforço
coroado de êxito. O elogio pode também ser não verbal: um sorriso, um gesto,
uma aprovação. Contudo, o elogio verbal tem melhores resultados e é mais
bem compreendido pelo receptor. Deve então ser referido em formas rápidas:
Fiquei satisfeito com...; Quero felicitá-lo por...; Estou a gostar muito de...
Continue assim...; Parabéns por...

      O elogio deve ser adequado à tarefa. Não deve ser desproporcionado,
ou exagerado, porque pode levar a uma interpretação errada, como por
exemplo, a ironia, a falsidade ou a hipocrisia.

      Para além de concreto, o elogio deve também ser oportuno, ocorrendo
no momento em que a pessoa mais precisa. Deve ser dado no momento certo,
e não constantemente, para não cair na vulgaridade. Deve ser sincero e
honesto. Não deve ser interesseiro ou manipulador. O bom elogio serve para
dar satisfação ao outro, é desinteressado.
A crítica: Pode ser desagradável criticar alguém que se esforçou
              por obter um resultado. Contudo, se não se criticar, corre-se o
              risco de que o erro se repita, porque o sujeito irá pensar que tem
              agido como é esperado.



       A crítica pode, então, dividir-se em dois tipos: destrutiva e construtiva. A
destrutiva tem o objetivo de menosprezar o outro, mostrando a pseudo-
superioridade de quem crítica. Está-lhe subjacente uma atitude de avaliação,
utilizando frases do tipo: “Vê-se mesmo que você não percebe nada do
assunto, porque se percebesse nunca faria uma coisa destas.”; “Isso é
desleixo! Comigo, nunca tal aconteceria...”. Este tipo de intervenção tem
resultados bastante negativos, como o aumento da tensão entre as pessoas, o
aumento da agressividade, a elaboração de defesas para rejeitar a critica e
para não aceitar a opinião do crítico. Faz também com que as pessoas percam
toda a admiração por quem emite a crítica. É realmente um modo eficaz de
arranjar inimigos e conflitos.

       No entanto, a crítica é dotada de uma outra faceta: construtiva.
Pretende-se que o receptor perceba que o resultado obtido não é o mais
desejado. Não deve, pois, colocar em causa a capacidade ou dedicação do
sujeito, apenas manifestar a discordância em relação à forma como foi
realizada a tarefa. A crítica construtiva inclui argumentação, questionamento
entre os dois elementos (crítico e criticado) para perceber porque surgiu o erro,
reflexão e até algum trabalho em conjunto para perceber o que está mal para
poder modificar.

       A   crítica   ou   repreensão   adequada     pode    ser   um    meio    de
desenvolvimento devido às características desafiadoras que traz consigo. As
repreensões têm função de travar o erro. O excesso de repreensão é bastante
ineficaz, sobretudo quando direcionado a pessoas pouco experientes ou pouco
confiantes.
Como criticar?



       O bom líder sabe que o “objetivo essencial da repreensão não é
castigar, mas ajudar as pessoas a proceder melhor e a desenvolver a sua
autonomia” (Estanqueiro, 1992). Para isto será necessário criticar moderada e
delicadamente. A repreensão não deve ter como objetivo a humilhação ou o
insulto.

       Um aspecto importante da crítica tem a ver com o fato de ela dever ser
feita em privado ou em público: enquanto que os elogios podem ser dados em
público, a repreensão deve ser sempre feita em particular, discretamente, de
modo que não seja presenciada por outros elementos do grupo. Não se deve
esquecer que mesmo que seja justa, a crítica deixa sempre um sabor amargo.

       Há, no entanto, alguns autores que consideram que, por vezes, a crítica
em público pode ser eficaz. Por exemplo, quando um elemento da equipe tem
características de manipulação perante o grupo, a crítica em público pode
desconstruir essa manipulação. Contudo, pode haver um complexo reverso da
medalha. Nem sempre as pessoas recebem bem as críticas e, se esta for feita
em particular, será mais acessível o controlo da situação. A crítica em público
pode fazer com que o criticado tente criar alianças com outros elementos da
equipe enquanto recebe a crítica, ou pode mesmo levar ao descontrolo do
sujeito, que em público sentirá mais humilhação e mais necessidade de se
defender. É, pois, importante que conheça a pessoa que critica, para que saiba
qual poderá ser a priori, a sua reação. Imagine o que aconteceria se esta
pessoa tivesse uma reação explosiva e tentasse envergonhar o líder, em frente
ao grupo. Isto poderia promover um conflito de tal ordem, cuja gestão seria
quase impossível. A literatura aponta a crítica em privado como sendo quase
uma lei da Liderança, já que permite as premissas anteriormente referidas, de
reflexão conjunta, de questionamento e de compreensão do que é o objetivo. A
propósito de tudo isto, vale a pena citar parte de uma entrevista da Revista
Única do jornal Expresso (9/04/04), a Fernando Pinto (gestor da TAP):
Jornalista – “Ao gerir as pessoas, houve algum acontecimento que tenha
      marcado a sua carreira”?



      F. Pinto – “Sim. Um dia repreendi o encarregado mais antigo dos mecânicos na
      frente deles. Embora o encarregado tivesse me dado razão, sentiu-se
      humilhado perante os seus subordinados. Dei conta disso, e antes que ele
      viesse falar comigo, no mesmo dia, reuni todos os que tinham estado presentes
      e pedi desculpa ao mecânico e ao encarregado”.



      Para criticar, o líder deve conhecer as características do subordinado,
bem como o estatuto que este goza face ao grupo. Deve avaliar-se sempre
muito bem a situação de crítica e não permitir que quem dirija a crítica seja os
impulsos espontâneos. A crítica deve ser refletida antes de comunicada.

      É de extrema importância que se equilibre, na crítica, a dureza com o
erro e a assertividade para com a pessoa que cometeu o erro, equilibrando-se
a forma da crítica, com o seu conteúdo. O objetivo é levar a pessoa a sentir-se
mal relativamente ao erro, mas não relativamente a si mesma.

      Alguns especialistas dizem que se deve começar a repreensão com um
elogio, por exemplo: “Gosto muito do seu trabalho, mas desta vez estou
desapontado por que...”. Contudo, mais importante será finalizar a repreensão
com uma manifestação de confiança na pessoa repreendida. Por exemplo:
“Estou aborrecido com a sua atitude na realização desta tarefa, penso que agiu
mal, por que... contudo confio em si e acredito que na próxima vez irá fazer
melhor”.

      Tal como o elogio, a boa repreensão (a crítica construtiva) deve ser
concreta, (não generalizada) referida a um erro específico, sem englobar todas
as ações do indivíduo e muito menos os erros do passado mais distante. Sem
ter generalizações, que quase sempre são abusivas.

      Também o comportamento não verbal pode ser bastante significativo na
repreensão: um olhar desaprovador ou o silêncio. Porém, a repreensão é mais
eficaz se for feita com palavras. Não será necessário “dar um sermão”, talvez
seja preferível falar pouco e durante pouco tempo, mas ser específico, claro e
objetivo: “Não gostei de...; Parece-me que errou em...; Da próxima vez deverá
estar mais atento a...; Você procedeu mal quando...”.

      A crítica deverá ser oportuna, surgindo prontamente no momento do
erro. Se usarmos repreensões contínuas e pouco específicas, podemos
provocar no sujeito respostas que visam estratégias defensivas. Deverá,
igualmente, estar envolta de justiça. É, deste modo, importante examinar os
motivos do erro e escutar as explicações de quem errou. O mesmo tipo de erro
pode ter repreensões diferentes de acordo com as circunstâncias atenuantes
ou agravantes e mediante a maior ou menor responsabilidade do indivíduo. A
repreensão justa é proporcional à gravidade do erro cometido e à pessoa que o
cometeu. Uma pessoa inexperiente e insegura precisará mais de orientação e
apoio, do que de repreensão.
6. LÍDER OU LIDERADO



      A liderança não é uma fase de desenvolvimento pessoal, nem uma
capacidade que todos tenhamos obrigatoriamente que atingir. O ser líder
depende muito dos objetivos de cada um e das condições que surgem. Nem
todos podemos ser líderes, visto que o líder depende também da existência de
um grupo que possa liderar. Se todos fossemos líderes, quem iríamos liderar?
Acontece muitas vezes, termos na nossa vida, o papel de subordinado, em que
estamos na posição mais baixa da relação vertical. Isto acontece,
normalmente, na relação com os pais, com os professores, com pessoas mais
velhas, etc. Será então, tão importante como o saber liderar, o saber ser
liderado.

      A liderança não é um processo unidirecional, que dependa unicamente
da postura do líder. Há uma influência recíproca entre líder e liderados, há uma
relação entre o estilo que o líder adota para trabalhar com os colaboradores,
que depende muito das características da personalidade de ambos, bem como
fatores ambientais, entre muitas outras variáveis.

      É importante perceber que o estilo de liderança está bastante
dependente da interação entre liderados e líder. O grupo pode utilizar
estratégias que levem à modificação do comportamento do líder. Através por
exemplo, de boicotes ao trabalho ou manipulação de comportamentos com os
colegas, ou da utilização de mau humor, pode provocar-se a alteração do estilo
de liderança. Há uma reciprocidade entre líder e subordinados, em que os
próprios liderados são influenciados pelo tipo de liderança, sendo que a
eficácia do seu trabalho, bem como as relações interpessoais na equipe,
dependem do estilo adaptado pelo líder. Assim, o líder influencia os liderados,
bem como os liderados influenciam o líder.

      Os liderados têm, também, uma postura específica, no modo como lidam
com os colegas de trabalho. A relação com os pares acontece numa linha
horizontal, de igual para igual, podendo promover o tipo de liderança a que o
grupo se submete: colegas de trabalho em que predomine o mau humor, as
críticas constantes aos colegas e até o boicote ao trabalho promoverão com
certeza uma chefia diferente da que lidera um bom ambiente laboral.

      Nesta fase é importante alguma concentração na postura e nas
competências de ser liderado, visto que nas relações profissionais e na entrada
no mercado de trabalho, raramente se começa por uma postura de chefia, mas
antes por ter de obedecer às diretrizes de um superior.

      Assim, ao ser liderado deverá ter em atenção alguns aspectos:

          Respeitar a posição hierárquica superior do líder, conforme o
            organograma.
          Cumprir as tarefas e funções, de modo responsável, sem se
            preocupar com as tarefas dos outros.
          Tentar resolver pequenos conflitos que possam surgir, sem recorrer
            de imediato ao líder. Não esquecer que a disponibilidade do líder
            pode ser pouca para ter ainda que se preocupar com pequenos
            assuntos pessoais.
          Ter uma ideia daquilo que os colegas e o líder pensam de si. Esta
            ideia deve ser o mais realista possível.
          Participar ativamente no trabalho de equipe, ser prestável e
            procurar ser criativo.
          Reformular uma intenção ou sugestão, se não tiver aceitação pela
            maioria das pessoas.
          Ser objetivo e claro no que quer dizer. O líder tem de dar atenção a
            si e aos outros. Não lhe roube muito tempo, não exija
            constantemente a atenção dele.
          Ser receptivo à mudança. Se o líder considerar que é importante
            modificar alguns aspectos para melhorar o ambiente, é importante
            que encontre flexibilidade.
          Questionar, sempre que tiver dúvidas que não consiga resolver por
            si próprio.
          Ser assertivo e nunca agressivo quer com os seus colegas, quer
            com o líder. Pode‐se sempre manifestar uma opinião sem ofender
            os outros.
 Estar disponível para novas aprendizagens. À medida que se vai
  subindo na carreira, é importante não perder a consciência de que
  ainda há muito para aprender. Como diria Newton, o que sabemos
  é uma gota de água no oceano: quanto mais se sabe, mais se
  sente que ainda há muito para aprender. É imprescindível a
  existência de motivação para fazer constantes aprendizagens ao
  longo da vida.
 Aprender com os outros e, com os sucessos e os erros dos outros.
  Deste modo, para saber o que eles sabem, não têm que se
  cometer os erros que eles cometeram. “Embora a experiência
  possa ser importante, ela pode ser o pior dos professores: dá
  primeiro o exame e só depois a lição. Primeiro comete‐se o erro e
  só depois se aprende com ele” (Almeida, 1996).
 Não desistir perante as adversidades: todos têm que ultrapassar
  obstáculos e os nossos surgem-nos quase sempre como sendo os
  maiores. Contudo, o efeito dos obstáculos nas pessoas depende
  da atitude com que se enfrentam. Há sempre algo novo a retirar da
  experiência   de   derrubar     uma   dificuldade.   Aumentam‐se   o
  autoconhecimento e muitas vezes até nos surpreendemos a nós
  mesmos. É importante retirar benefícios das adversidades, nem
  que sejam as aprendizagens realizadas.
 Ser pró‐ativo: é essencial que a pessoa não se acomode às
  situações, procurando o desenvolvimento profissional que permita
  melhorar competências. Não ficar à espera que os outros valorizem
  o trabalho e que o reconheçam. Faz muito sentido que cada
  pessoa trabalhe com o objetivo de sentir autorreconhecimento e
  valor profissional e pessoal.
7. EFICÁCIA DA LIDERANÇA




       A liderança, percebida como um processo dinâmico vem sofrendo
alterações e adaptações contextuais, sendo que será importante trabalhar
algumas das principais características que permitem a sua eficácia. Assim, um
líder pode ter inúmeras características: ser ativo ou passivo, ser assertivo ou
agressivo, interessado ou desinteressado, dominador ou negligente, etc.. Seja
ele como for, sabe-se com toda a certeza, que as suas características afetam
as relações com os liderados e, consequentemente, o desempenho destes nas
tarefas.

       Já foi referido que existem diversas formas de liderança e, que cada
uma comporta diferentes vantagens e desvantagens, sendo que, em todos os
casos, a liderança é um processo de interação, onde existem vários
subsistemas envolvidos. Em consequência, como também já foi referido, o tipo
de liderança a utilizar varia, não só em função do líder, mas também dos
sujeitos liderados e do contexto.

       De acordo com Rego e Cunha (2003: 328), o trabalho de um autor desta
temática, Jim Collins, “sugere que os líderes que efetivamente ancoram-se as
suas organizações para patamares de superior desempenho são os que
combinam elevada determinação com a humildade – os denominados líderes
de nível 5. (…) Às características mencionadas podem acrescentar-se a
atuação exemplar, a consistência entre palavras e atos, a lealdade, a
confiança, a integridade, o desejo de aprendizagem contínua. (…).

       Essas qualidades (humildade + determinação) são postas à prova nas
situações difíceis. “É nestas que se testa o caráter dos homens e das mulheres
e é também nelas que nascem aqueles a quem chamamos líderes”.

       Citando mais uma vez a entrevista do jornal Expresso, a Fernando Pinto,
o gestor refere que “o chefe lá em cima e os subordinados para atender ao
chefe é uma coisa que já não existe. Quando converso com os trabalhadores
aproveito sempre a oportunidade para mostrar como está a empresa, o que
estamos a planear, as dificuldades que enfrentamos. E converso também sobre
assuntos pessoais, sobre tudo o que é possível, eles são pessoas iguais a nós,
com experiências extremamente interessantes”. Refere ainda que “os
empregados têm que acreditar em nós e temos que mostrar trabalho. Foi isso
que fizemos, um trabalho quase de padre, a ensinar o Evangelho. Entretanto,
chegamos a uma etapa mais sofisticada, todas as semanas fazíamos
seminários com os trabalhadores, falávamos do mercado e mostrávamos as
dificuldades. Em paralelo, tive sempre encontros com os empregados, o que
era uma novidade, o que era uma novidade, porque nunca um gestor se tinha
aproximado para conversar diretamente com eles. Isso passou a ser uma
cultura dentro da empresa. Assim, em breve está prevista também a
apresentação dos resultados por sectores, durante vários dias e onde qualquer
um tem o direito de fazer as perguntas que quiser”.

      Existem, então, alguns aspectos que devemos considerar no que diz
respeito ao comportamento de liderança eficaz. Estarão aqui algumas dicas
para refletir, ficando ao critério de cada um, utilizá-las e adaptá-las ao contexto
e às características idiossincráticas de cada grupo, em situações de liderança.
Estas são algumas das características comportamentais que deverão ser
tomadas em conta na interação com o grupo, enquanto coordenador:



Justiça: é fulcral que o líder seja justo. A falta de equidade dentro de um grupo
leva a sentimentos de descontentamento e desconfiança. Ser justo não
significa ser igual para todos, mas sim tratamento igual, em situações
semelhantes. O importante não é que o líder se considere justo visto que isso é
a sua própria perspectiva, mas antes que o grupo perceba o líder como tal.
Para alcançar este tipo de contexto (sempre que as suas ações forem no
sentido de premiar ou de punir) deve pensar-se, a priori, no melhor modo de
fazer com que os critérios selecionados sejam considerados equitativos ou
justos. Isto se torna bastante difícil de operacionalizar, visto que somos mais
benevolentes e compreensivos a analisar as nossas próprias falhas do que as
dos outros. A percepção de justiça é bastante enviesada e para que isto não
aconteça, será importante criar indicadores objetivos que justificam os critérios
de decisão.
Honestidade: é outra característica muito importante que consiste no líder ser
considerado uma pessoa de palavra, que ao prometer, cumpre. Sempre que se
criam expectativas no grupo, deve fazer-se tudo para que estas sejam
cumpridas. Para isto, será importante, antes de criar qualquer tipo de
expectativa, o líder certificar-se de que a possibilidade de satisfazê-las está em
suas mãos.



      Modo como lida com as emoções: o comportamento do líder não deve
ser exageradamente racional. Há necessidade de emoções para que o grupo
esteja ativo e determinado. É fundamental saber entusiasmar e incentivar os
subordinados. Assim, é importante a empolgação pessoal do líder, que deve
exteriorizar as suas emoções, sobretudo as positivas, sendo que a
demonstração de sentimentos negativos deve ser mais ponderada e
preparada. Há que expressar emoções de um modo doseado, sem permitir que
aconteçam excessos que possam prejudicar a eficácia e o bom ambiente da
equipe.



Assertividade: a resolução dos conflitos e problemas com os elementos que
lidera deve ser feita de modo assertivo. A assertividade consiste na
verbalização honesta daquilo que sente, sem ser agressivo e sem magoar os
sentimentos do receptor, tendo em conta os direitos do próprio e do outro. A
resolução de conflitos deve fazer uso da área racional do líder. Isto não entra
em contradição com o que já foi dito sobre a utilização das emoções. Na
resolução dos problemas internos, aparece como mais adequada à utilização
da racionalidade, ao passo que, para unir o grupo, em situação de conflito com
o meio exterior a utilização das emoções pelo líder será uma estratégia mais
eficaz. Ainda relativamente à assertividade é, então, fundamental demonstrar a
opinião de um modo não agressivo. Mesmo que aconteça a situação de um
colaborador ser agressivo com o líder, este deverá responder assertivamente,
centrado na premissa de que comunicação gera comunicação. Poderão
manter-se assim as fronteiras necessárias é importante não esquecer o poder
da comunicação, e que o modo como se comunica gera no receptor, uma
resposta consonante com a do emissor. Tanto que, se a mensagem for emitida
de um modo agressivo, aumenta-se a probabilidade de que o receptor reaja no
mesmo tom do emissor. Já se o tom da mensagem for assertivo, a resposta
terá poucas probabilidades de ser agressiva. O líder “deve estar preparado
para ser contestado e para lidar com isso de uma forma não emocional. Deve
encarar todas as situações de possível conflito interpessoal como um desafio
ou problema a resolver, nunca como ameaça ao seu poder ou prestígio.”
(Almeida, 1996).



      Quanto ao feedback, o líder tem funções de elogiar e de repreender. Há
algo importante a (re) salientar, que é dito pela literatura: “um líder nunca
repreende senão em privado e não perde uma oportunidade de elogiar
merecidamente, em publico” (Almeida, 1996). Na repreensão em público, corre-
se sempre o risco da crítica ser interpretada pelo receptor como uma
humilhação e isto muito dificilmente será esquecido. Contudo, esta é uma regra
que pode ter exceções e que cada líder deve adaptar às circunstâncias do
contexto.

      É também essencial para a liderança o autoconhecimento. É importante
saber quais as mais-valias, bem como as limitações. Para isto, podemos
recorrer a estratégias como:



               Autoreflexão: refletir acerca das próprias experiências, analisado
                sucessos e fracassos, bem como causas e consequências;
               Interação: interagir com familiares, amigos e colegas no sentido
                de perceber como estes nos percebem. É um complemento à
                autoreflexão, vista por perspectivas que são exteriores a si;
               Disponibilidade para a aprendizagem: estar receptivo a novas
                aprendizagens reavaliando convicções sem perder de vista os
                próprios objetivos e prioridades;
               Consistência: a liderança é o assumir o risco de um novo desafio.
                Perante uma experiência é positivo explorar a capacidade de
                realizar novas aprendizagens e analisar os próprios sentimentos.
Refletir acerca do que aconteceu e do papel assumido para a
             resolução do problema.


Motivação: o líder deve saber motivar os seus colaboradores. Deverá ter, para
isso, a capacidade de criar uma visão que possa transformar-se em realidade e
que incentive as pessoas a mudar. Será, então, importante definir aquilo que se
pretende fazer, interagir com os colaboradores no sentido de construir um
projeto com que o grupo se identifique, incentivando-os a trabalhar nessa
direção.

Confiança: a confiança é a base da empatia. Gerar empatia impõe um esforço
para ouvir os outros, mostrando um interesse genuíno. Para isso poderá
demonstrar-se empatia através da transmissão explícita de reações às
propostas dos colaboradores, da reformulação do discurso da equipe à medida
que os elementos vão falando (de modo a certificar-se do conteúdo da
mensagem emitida), completando as sugestões com ideias próprias e,
compreendendo profundamente o ponto de vista dos liderados.

Transformar os desejos em ações concretas e definidas: a ação é
precedida de uma intenção. O líder deverá definir claramente aquilo que
pretende fazer e analisar as capacidades para a concretização. Deverão
antecipar-se dificuldades e criar-se projetos realistas que possam ser
concretizados. Para isto poderá definir-se uma linha orientadora que clarifique
o rumo a seguir, partilhando um pouco o pensamento estratégico.

Partilhar os méritos: mesmo que a ideia inicial seja do líder, será sempre
importante repartir os méritos com aqueles que se esforçaram. As pessoas
precisam saber que são reconhecidas e isso levará ao aumento da coesão do
grupo e da motivação para projetos futuros. Se as coisas correm bem,
partilham-se os méritos. Contudo, se algo corre mal será importante que, como
líder chama a si mesmo as responsabilidades. Em crise não há liderança
partilhada. Mais uma vez, esta não é uma regra sem exceção e pode haver
situações em que se sinta a necessidade de flexibilizá-la.
Existem também alguns desempenhos que são ineficazes na liderança.
A estes, será feita apenas uma breve referência, para a sensibilização de que
liderar não é um processo fácil e instintivo. Deste modo, um líder ineficaz, para
além de não cumprir as premissas que tem vindo a ser trabalhadas, apresenta
também:



      Incapacidade para organizar detalhes: diz-se que o bom líder deve
       unicamente preocupar-se com as grandes linhas de atuação. Isto não é
       mais do que uma boa desculpa para não organizar meticulosamente as
       tarefas.
      Falta de disposição para fazer o que se pede aos outros para
       fazerem: por vezes delega-se nos outros as tarefas menos motivadoras.
       Colocando-se no lugar dos colaboradores, facilmente se percebe o
       sentimento que isto provocará. A liderança pelo exemplo é essencial
       para inspirar os colaboradores. Esta postura terá várias vantagens: é útil
       como método de formação, visto que o colaborador, ao ver o líder
       realizar algo que será posteriormente da sua responsabilidade, mais
       facilmente aprenderá; realça a importância das atividades, visto que o
       líder também as realiza; é um fator de motivação, pois se o líder realiza
       aquela tarefa, isso não significa que a chefia se quer descartar de
       realizá-la.
      Expectativas de reconhecimento (pagamento) pelo que se sabe em vez
       de pelo que se realiza: saber, por si só, não é condição suficiente para
       realizar. É necessário demonstrar a sabedoria través da prática da
       realização.
      Medo da competição: o mundo das organizações é competitivo e, por
       isso, há que entrar de modo correto nesta competição, sem tácticas
       desleais, sem medo de lutar e levar avante os objetivos.
      Ausência de criatividade: a criatividade pode surpreender os
       colaboradores com novas soluções para os problemas. Muitas vezes, a
       não criatividade do líder poderá estar ligada a não aceitação da
       criatividade dos colaboradores com receio de que isto abale o ego do
       líder que rejeitará as ideias que não sejam dele.
   Síndrome do eu: é muito desmotivante, para uma equipe, ter um líder
       que constantemente utiliza o “eu” em vez do “nós”. Por vezes o líder
       utiliza o “eu” para se referir aos sucessos e, o “nós” para os fracassos. O
       líder deve sempre atender ao fato de estar a trabalhar num coletivo de
       que faz parte e onde é mais um do “nós”.
      Excesso de confiança: o líder deve saber impor fronteiras. Não ser
       respeitado significa abdicar das fontes de poder e, consequentemente,
       deixar de ser líder. Há que conseguir criar um bom relacionamento com
       os devidos distanciamentos entre superior /subordinado.
      Deslealdade: um líder deve ser leal ao seu grupo e deve também
       esperar reciprocidade. Deve, pois, evitar arranjar bodes expiatórios,
       prometer e não cumprir, prejudicar os colaboradores, etc.


       Estes são apenas alguns aspectos que se podem salientar acerca da
liderança. Combinados com algum bom senso poderão ajudar a uma liderança
eficaz. Contudo, é importante não esquecer os três fatores que mais
influenciam o processo de liderança: líder, subordinado e contexto. É
importante relembrar de que estes três fatores não existem isolados, pois estão
imersos num dinamismo interativo.

       Resta, por fim, desejar boas lideranças e, que em situação de liderado,
saiba ser o subordinado que gostaria de ter, e que em situação de líder, saiba
ser o líder que gostava de ter quando foi liderado.
8. BIBLIOGRAFIA



Almeida, F. N: (1996). O Gestor: a arte de liderar. Lisboa: Edt. Presença.

Almeida, F. N. (1995). Psicologia para gestores – Comportamentos de sucesso
nas organizações. Lisboa. McGraw-Hill.

Dreyfus, Catherine (1980). Psicoterapia de grupo . Lisboa: Verbo.

Estanqueiro, António (1993). Saber lidar com as pessoas. Lisboa: Edt.
Presença.

Fachada, Odete (1998). Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Edições
Rumo, lda.

Fortuna, A. A. M.; Ferreira, V. C. P.; TACHIZAWA, Takeshy

Gomes, A.D., Cardoso, L. & Carvalho, C. (2000). Discurso de Liderança: o que
faz sentido faz-se. In Psychologica, 23, 7-36.

Lourenço, P.R. (2000). Liderança e eficácia: uma relação revisitada. In
Psychologica, 23, 119-130.

Masonneuve, Jean (1967). A dinâmica dos grupos. Lisboa: Livros do Brasil.

Pracana, Clara (2001).O líder sedutor . Lisboa: Climepsi Editores.

Rego, A. (1999) A comunicação nas organizações. Lisboa: Edições Sílabo.

Rego, A. (1998) Liderança nas organizações: teoria e prática. Universidade de
Aveiro

Saint-Exupèry, A (1940) O Principezinho. Lisboa: Edt. Aster.
ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS




         Danielly da Paz Oliveira




                TERESINA
                  2012
SUMÁRIO




1. Introdução

2. Necessidades interpessoais e processo grupal

3. A influência da personalidade nas relações interpessoais

4. Fatores estressantes no trabalho gerando conflitos

5. O papel da comunicação nas relações interpessoais

6. Ética: conceito e história

7. Ética Profissional e Deontologia

8. Bibliografia
Cada um que passa em nossa vida,
                                passa sozinho,
                      pois cada pessoa é única
                   e nenhuma substitui a outra.
             Cada um que passa em nossa vida,
                                Passa sozinho,
                               Mas não vai só,
                            Nem nos deixa sós;
               Leva um pouco de nós mesmos,
                 Deixa um pouco de si mesmo.

                         Há os que levam muito,
                 Mas há os que não levam nada;
                        Há os que deixam muito
           Mas não há os que não deixam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossas vidas,
          E a prova evidente de que duas almas
                   Não se encontram por acaso.

                     Antoine de Saint-Exupery




     Nós não existe, mas é composto do Eu e Tu.
                   É uma fronteira sempre móvel
              onde duas pessoas se encontram.
  E quando há encontro, então eu me transformo,
                   e você também se transforma.
                             Frederick S. PERLS
INTRODUÇÃO




      Conviver é “viver com”. Consiste em partilhar a vida, as atividades, com
os outros. Em todo grupo humano existe a necessidade de conviver, de estar
em relação com outros indivíduos. Além disso, a convivência é também
formativa, pois ajuda no processo de reflexão, interiorização pessoal e auto-
regulação do indivíduo.

      O homem começa a ser pessoa quando é capaz de relacionar-se com
os outros, quando se torna capaz de dar e receber e deixa o egocentrismo dar
lugar ao alterocentrismo. A capacidade de estabelecer numerosas pontes de
relacionamento interpessoal é considerada pelos estudiosos do comportamento
como um dos principais sinais de maturidade psíquica.

      Pelo fato de vivermos em sociedade, oferecemos aos outros uma
imagem de nós mesmos, assim como formamos conceito sobre cada uma das
pessoas que conhecemos, ou seja, cada um de nós tem um conceito das
pessoas que conhece e cada uma delas tem um conceito de nós. Assim como
depositamos em cada pessoa conhecida um capital de estima maior ou menor,
temos com ela também a nossa cota, de acordo com o nosso desempenho
pessoal e social.

      De acordo com Fritzen (1998), a sociabilidade e a socialidade são as
duas formas básicas de estabelecer relação com o meio. A sociabilidade faz
parte da natureza humana: é a necessidade de comunicação ativa e passiva
que se manifesta no indivíduo desde o seu nascimento. A socialidade vai
depender das circunstâncias, do ambiente, no nível de participação da pessoa
em nível social.

      Existem pessoas mais abertas e extrovertidas, que comunicam com
facilidade suas impressões e estão sempre dispostas a receber as mensagens
dos outros. São as pessoas que consideramos comunicativas e sociáveis.
Outras pessoas são mais tímidas e introvertidas, propensas a reações de
fechamento e de reserva, que sentem dificuldades na comunicação e podem
mostrar-se inseguros até mesmo diante de suas próprias possibilidades. Há
pessoas mais seletivas, que sentem dificuldade de extrapolar o círculo familiar,
restringindo suas relações a pessoas próximas e em número reduzido; assim
como existem pessoas que manifestam características de dominação, que
gostam de impor sua vontade aos demais.

      Enfim, pondera Fritzen, os estilos e formas de sociabilidade variam muito
e também dependem das situações, sendo necessário, para a boa relação
interpessoal, certa disposição de ânimo e interesse pelo outro: ver e ser visto,
escutar e ser escutado, compreender e ser compreendido.
2. NECESSIDADES INTERPESSOAIS E PROCESSO GRUPAL



       Um grupo é composto de pessoas, mas não equivale à soma dos
indivíduos, possuindo uma realidade distinta e características peculiares. Neste
são produzidos vários fenômenos psicossociais a partir de ações que os
favorecem. Participar de um grupo não significa ter as mesmas idéias, mas
participar   de   uma   construção   conjunta,   consensual,   pressupondo    a
necessidade de abertura às idéias alheias e capacidade de aceitação.

       Todo indivíduo chega a um grupo com necessidades interpessoais
específicas e identificadas, não consentindo em integrar-se até que certas
necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo. Schutz (...) identifica
três necessidades interpessoais básicas para esse processo de integração:
necessidade de inclusão, de controle e de afeição.

       A necessidade de inclusão define-se pela ansiedade experimentada
pelo membro novo de um grupo quanto a se sentir aceito, integrado, valorizado
por aqueles aos quais se junta. Esta é uma fase importante para estabelecer
confiança e sentimento de “pertencer”, resultando em aumento da estima e
confiança pessoal. Uma vez satisfeita esta necessidade de inclusão, a atenção
do indivíduo se dirige para a influência e o controle, consistindo na definição,
pelo próprio indivíduo, de suas responsabilidades no grupo e também as de
cada um dos que o formam, ou seja, sentir-se responsável por aquilo que
constitui o grupo, suas estruturas, suas atividades, seus objetivos, crescimento
e progresso. Satisfeitas as primeiras necessidades, de inclusão e controle, o
indivíduo confronta-se com as necessidades emocionais, de afeição, que
consiste em obter provas de ser valorizado, estimado e respeitado pelo grupo,
não apenas pelo que tem a oferecer, mas pelo que é, como ser humano.
2.1 A DINÂMICA DOS GRUPOS1




        O grupo se caracteriza pela reunião de um número variável de pessoas
com um determinado objetivo, compartilhado pelos seus membros, que podem
desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo. No campo
teórico pode-se definir o grupo como um todo dinâmico, o que significa que ele
é mais que a soma de seus membros, e que a mudança no estado de qualquer
sub-parte modifica o grupo como um todo.

        Em nossa sociedade as pessoas vivem em campos institucionalizados e,
em alguns casos, a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que
não escolhemos. Essa forma de convívio que independe de nossa escolha é
chamada de solidariedade mecânica, e o convívio escolhido é chamado de
solidariedade orgânica.

        Quando um grupo de estabelece, os fenômenos grupais passam a atuar
sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de
processo grupal. A fidelidade de seus membros, o grau de aderência às regras
de manutenção do grupo, é chamada de coesão grupal. Grupos com baixo
grau de coesão tendem a se dissolver.

        Os motivos individuais são importantes para a adesão ao grupo, mas as
diferenças individuais serão admitidas desde que não interfiram nos objetivos
centrais do grupo ou suas características básicas. Os objetivos do grupo irão
sempre prevalecer aos motivos individuais e, quanto mais o grupo precisar
garantir sua coesão, mais ele impedirá manifestações individuais que não
estejam de acordo com seus objetivos.

        Para Minicucci o aprendizado do trabalho social de grupo é a primeira
meta do trabalho grupal. O indivíduo tem de experimentar, errar, aprender, até
que se comporte adequadamente e, para atingir esse desenvolvimento, conta
com a colaboração dos outros.




1
 Compilado de MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de Grupo – teorias e sistemas e BOCK, Ana Maria et alii.
Psicologias.
2.1.1 Tipos de grupos



      Alguns tipos de grupos podem ser caracterizados, de acordo com os
objetivos de seus membros:



2.1.2 Grupo de Treinamento



      Tem como características:

                 Ênfase no aprimoramento das habilidades

                 Assunto de discussão não definido

                 É um processo de desenvolvimento

                 Visa à aprendizagem



      De maneira geral, um grupo de treinamento ou desenvolvimento visa
auxiliar seus participantes a imprimir mudanças construtivas em seu “eu” social,
através da análise das experiências presentes e imediatas.



2.1.3 Grupo de Terapia



      Tem como características:

                 Ênfase no trabalho interior

                 Membros com problemas de comportamento

                 Razões íntimas que analisam por que a pessoa age de certa
                 maneira

                 Análise do porquê os problemas íntimos tolhem a atuação do
                 indivíduo em grupo.
O grupo de terapia trabalha com indivíduos com problemas de
ajustamento, levando-os a descobrir seu “eu” íntimo e trabalhando com aqueles
problemas que inibem o comportamento normal do indivíduo em grupo.



2.1.4 Grupo de aprendizagem



      É motivado pela necessidade de aprender com os demais, de partilhar
com os outros nossas idéias, sentimentos, de conseguir melhor entrosamento
com as pessoas e com o mundo que nos rodeia. Objetivo = superação
individual. Ex: grupos de estudo, grupos de análise etc.



2.1.5 Grupo de ação



      Nasce da necessidade de colaboração com os outros nas decisões e no
planejamento de certos tipos de trabalho que não podem ser executados
individualmente. Objetivo = produtividade coletiva. Ex: grupos de mutirão,
campanhas humanitárias etc.

      De modo geral, os indivíduos entram em determinado grupo para
satisfazer a duas classes básicas de necessidade: de aprender e de atuar com
os outros. Embora haja predominância de uma ou outra necessidade, não é
possível falar em grupos puros, seja de aprendizagem, seja de ação.



2.1.6 Grupo Operativo



      Pichon-Rivière desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo
denominada “grupos operativos”. Esse tipo de grupo caracteriza-se por estar
centrado de forma explícita em uma tarefa específica. O grupo operativo
configura-se como um modo de intervenção, organização e resolução de
problemas grupais.
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  • 1. Técnicas de Liderança Danielly da Paz Oliveira Teresina – PI
  • 2. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS 3. TIPOS DE LIDERANÇA 4. MOTIVAÇÃO NAS EQUIPES 5. ELOGIO E CRÍTICA 6. LÍDER OU LIDERADO 7. EFICÁCIA DA LIDERANÇA 8. BIBLIOGRAFIA
  • 3. 1. INTRODUÇÃO Liderança “é o processo de influenciar as atividades de um grupo organizado na direção da realização de um objetivo” já dizia Rego (1998). Para ele a liderança é uma das temáticas que mais tem merecido atenção por parte de investigadores e profissionais dos diversos setores organizacionais. Considera‐se a liderança um tópico fundamental nas relações de trabalho, uma vez que os liderados identificam cada estilo como um fator desencadeador dos conflitos organizacionais e laborais. Ao mesmo tempo, as incompatibilidades pessoais e/ou profissionais entre líder e liderado(s), a coexistência de lideranças formais e informais, bem como, a integração dos diferentes estilos ao longo da cadeia hierárquica de uma organização, é apenas parte da complexidade e subjetividade inerente ao tema. Durante muitos anos, a liderança foi estudada e entendida como um traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de características pessoais e inatas do sujeito. Atualmente, percebemos que uma atitude de liderança depende da aprendizagem social do indivíduo e, por isso mesmo, pode ser treinada/aperfeiçoada. Apesar disso, persistem inúmeras dúvidas conceituais. São muitos os trabalhos realizados em torno deste tema, bem como, focos e níveis de análise/intervenção; talvez por isso sejam inúmeras as confusões conceituais relacionadas com a liderança, nomeadamente aquela que equipara liderança a chefia. Na verdade, o conceito de liderança e o exercício formal / informal da mesma nem sempre estão associados de forma direta. As organizações, para alcançar os objetivos que se propõem e se atribuem, organizam‐se a elas próprias. A ação de organizar pressupõe trabalho conjunto ou ação concertada. Daqui emerge a necessidade de gerar acordos e de gerir expectativas, criar linguagens comuns e de encontrar soluções aceitáveis para problemas que enfrentam em conjunto. A definição e alcance de objetivos é uma atividade ‘política’ ou ‘estratégica’, no sentido em que implica escolhas e preferências, definição de prioridades, formação de
  • 4. alianças e coligações. E, neste processo, o debate ou confronto, o diálogo ou a conversação, o trabalho de persuasão ou de legitimação, desempenham um papel nuclear (Gomes e Colabs, 2000). Neste contexto, agir é comunicar. E, fazê‐lo de forma eficaz, implica atender a diferentes interesses em jogo e não perder de vista os diferentes destinatários da comunicação.
  • 5. 2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS A liderança está intimamente relacionada com as competências de comunicação e de transmissão de ideias. Assim, tem sido muito complicado definir o que é ser líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições para este elaborado conceito. Bass (1990, cit in Rego, 1998) afirma que “existem quase tantas definições de liderança quantas as pessoas a tentar defini‐la”. Apresentam‐se, em seguida, algumas definições encontradas, referentes ao conceito de Liderança:  É o papel que se define pela frequência com que uma pessoa influencia ou dirige o comportamento de outros membros do grupo
  • 6. (McDavid e Herrara, s/d); É a capacidade para promover a ação coordenada, com vista ao alcance dos objetivos organizacionais (Gomes e Colabs, 2000);  É um fenômeno de influência interpessoal exercida em determinada situação através do processo de comunicação humana, com vista à comunicação de determinados objetivos (Fachada, 1998);  É um processo de influência e de desempenho de uma função grupal orientada para a consecução de resultados, aceites pelos membros dos grupos. Liderara é pilotar a equipe, o grupo, a reunião; é prever, decidir, organizar (Parreira, 2000);  É a capacidade de influenciar pessoas para que se envolvam voluntariamente em tarefas para a concretização de objetivos comuns. Assim, enquanto a liderança pode ser vista como um fenômeno de influência interpessoal, o líder pode ser percebido como aquele (a) que decide o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Deste modo, o líder será avaliado pelos resultados simbólicos, mais do que pelos resultados substantivos – ‘ser responsável é aceitar ter que responder por algo e perante alguém’. Em outros termos, liderar também é ter que prestar contas. E a prestação de contas é uma prestação discursiva. Por isso, a prestação do líder conta e o seu discurso produz efeitos que importa ter em conta. (Gomes e Colas, 2000). Daqui se depreende quão importante é, atender ao modo como o líder é visto pelos outros na sua função de liderar, bem como atender à percepção que o próprio líder tem acerca do modo como utiliza a sua liderança. O líder deve avaliar o seu próprio estilo, autoperceber‐se, ser autocrítico e questionar‐se. Com efeito, antes de se aprofundar mais os conceitos, será conveniente distinguir entre liderança estatutária e emergente. A liderança estatutária ou formal está associada a uma posição na estrutura de poder formal, à qual correspondem comportamentos esperados de indivíduos, ocupando um estatuto oficialmente reconhecido. Por contraste, a liderança emergente
  • 7. corresponde àquela que é exercida por alguém, independentemente da posição oficial que ocupa. Um membro que não detenha uma posição oficial de liderança pode exercer uma influência decisiva no grupo, por exemplo, ao expressar uma ideia proveitosa, ao colocar uma questão pertinente, ao ajudar o grupo a formular um plano ou mesmo ao fazer sugestões úteis ao líder estatutário. Muitos estudiosos parecem pensar a liderança como se ela fosse somente, ou primariamente, fixada quer através de nomeação ou eleição quer a partir de habilidades especiais e/ou preparação/formação. Nesta base, aqueles que dividem as pessoas em dois grupos: líderes e seguidores, ou, se preferirmos líderes e subordinados. Desta forma, assiste‐se à identificação restritiva da liderança com a liderança formal. A liderança é, desejavelmente, um processo que implica capacidade de influenciar os outros através de um processo de comunicação, o objetivo final de realizar uma tarefa. A liderança deve ser alvo de autoanálise e autocrítica, já que ela é um processo interativo, que não acontece com uma pessoa isolada. O comportamento dos sujeitos implica que o líder adote um estilo de liderança específico e adequado às características desse grupo. Pelo processo de influência, o líder pode alterar o comportamento dos sujeitos, de modo intencional, através das estratégias que utiliza para impor o seu domínio e ascendência. É, pois, importante que o líder se relacione com todos os elementos do grupo que lidera. Como apareceu numa definição de Liderança, anteriormente citada, neste processo complexo de liderar, há uma influência interpessoal que surge como resultado da comunicação entre os interlocutores envolvidos no processo, acerca de um determinado objetivo (Fachada, 1998). O comportamento de liderança engloba diversas funções relacionadas com o estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir, reforçar, etc. Contudo, o fundamental da liderança baseia‐se no direcionar o grupo para metas específicas. Durante muito tempo, a liderança foi estudada como estando relacionada com características pessoais e inatas do sujeito. Considerava‐se que as qualidades inerentes ao líder, tais como a inteligência, a amabilidade, a força física, etc. eram determinadoras dos potenciais lideres. Surge, assim, a teoria dos traços de personalidade que considerava que o líder possuía
  • 8. características que o identificavam e que o tornavam o grande homem (Fachada, 1998), e em que a liderança era percebida como intrinsecamente individual (Parreira, 2000). O líder era, então, visto como possuindo características em potência ou atualizadas, sendo que esta competência era um traço estável da sua personalidade. A teoria do traço considerava que a capacidade de liderança poderia ser diagnosticada através de testes e questionários. No entanto, esta teoria deparou‐se com duas dificuldades, que não conseguiu ultrapassar (Parreira, 2000): dificuldade em isolar um conjunto finito de características e traços que defina todos os líderes e, que todos os líderes possuam; dificuldade em assegurar que essas características estejam ausentes em todos os não líderes. Abandonou‐se, em consequência, a teoria em causa, por não ser possível encontrar traços de personalidade que diferenciassem um líder de um não líder. Passou a ser foco de estudo, em vez do indivíduo líder, o processo de liderança. A liderança é atualmente percebida como algo que pode ser treinado e aprendido, através da adaptação do líder às funções de liderança. Mediante esta postura, nos anos 50, investigadores da Universidade de Ohio identificaram duas categorias de comportamento que, combinadas em índices elevados, eram o cerne de uma boa liderança: iniciação de estrutura (definição de objetivos e execução de tarefas) e consideração (confiança mútua ajuda relações amistosas). A equipe da Universidade de Michingan traduziu estas categorias comportamentais para: orientação para as tarefas e orientação para as pessoas. Abordaremos, mais à frente, estas duas características, com mais pormenor. Ainda dentro da definição de liderança, é também importante para a compreensão geral do conceito, trabalhar as duas funções essenciais do líder, que se podem resumir da seguinte forma:
  • 9. 2.1 Lideranças: A arte de ser humano John K. Clemens e Douglas F.. Mayer escreveram, em 1987, um livro publicado em português sob o título: Liderança, o toque clássico, no qual dizem: “Não é surpreendente que livros como As Vidas dos Homens Ilustres... ofereçam ricas perspectivas sobre liderança. Afinal, os problemas centrais para uma liderança efetiva – motivação, inspiração, sensibilidade e comunicação pouco mudaram nos últimos 3.000 anos. Esses problemas foram enfrentados pelos Egípcios quando construíram as pirâmides, por Alexandre quando criou seu império e pelos gregos quando lutaram contra os troianos. Liderança é um conceito escorregadio e ilusório, que deixa perplexos mesmo os cientistas sociais. Após estudar mais de 3.000 livros e artigos sobre liderança, escritos ao longo dos últimos 40 anos, certo pesquisador
  • 10. conclui que não se sabe muito mais a respeito desses assuntos hoje em dia do que se sabia quando toda a confusão teve início”. Segundo Bergamini (1994): “Isso quer dizer que a liderança tem sido investigada desde há muito e como tal é justo que apresente inúmeras interpretações. É desejável lembrar que a diferença entre as interpretações se traduziu em pontos de vistas que não são necessariamente opostos, mas que, de certa forma, propõem enfoques complementares uns aos outros. É o conjunto de todos eles que oferece uma visão mais completa sobre o assunto”. Portanto, liderar é a própria arte de ser humano. Acredita-se que a palavra liderança tenha aparecido por volta do ano 1300 da era cristã, embora o termo venha sendo mais empregado nos últimos 200 anos, sobretudo, na língua inglesa. Se a preocupação com a liderança é tão antiga quanto à história da escrita, é bom que se proponha, mesmo que de maneira sucinta, uma revisão parcial daquilo que já foi estudado, não somente para que se tenha ideia das principais teorias existentes, mas para que não se cometa o engano de adotar como verdadeiras certas suposições que hoje, após anos de pesquisas, já comprovaram ultrapassadas. Para tanto, trataremos de algumas das principais teorias da liderança vistas através de dois enfoques distintos: Teorias da liderança com foco no líder e teorias da liderança com enfoques situacionais. 2.1.1 Foco no Líder As primeiras abordagens da problemática da liderança centraram-se na definição de líder e na procura das qualidades comuns a todos os líderes. Nessa linha, podem ser consideradas duas teorias: a teoria dos Grandes Homens e a teoria dos Traços.
  • 11. Teoria do Grande Homem - Aceita a ideia de líderes natos. Supunha-se que de tempos em tempos apareceriam homens geniais destinados a exercer profunda influência na sociedade. Warren Bennis (2001) comenta: “Em um momento se pensou que as habilidades da liderança eram inatas. Ninguém se torna um líder, e sim nasce com esta condição... a esta concepção de liderança se poderia denominar de Teria do Grande Homem”. Para ela, o poder se encarnava em uma reduzida quantidade de pessoas cuja herança e destino as convertia em líderes. Os indivíduos do tipo adequado poderiam liderar todos os demais deveriam ser liderados. Ou se tinha essa característica ou não se tinha. “Nem o aprendizado nem o desejo, por grandes que fossem, poderiam alterar o destino de um indivíduo”. Todo nascimento traz um líder, depende dessa pessoa agarrar as oportunidades. Ghandi não nasceu com grande eloquência e tampouco era um reconhecido comunicador, mas mudou-se, cresceu, e se tornou um grande líder, porque acreditava no que pensava. Portanto, líderes não nascem, a menos que aceitemos que todos os que nascem podem ser líderes.  Teoria dos Traços - Basicamente semelhante à do Grande Homem, defende que a posse de certos traços de caráter e de personalidade permitiria a certos homens acesso ao poder. Dessa forma, julgava-se ser possível encontrar traços de personalidade universais nos líderes que os distinguiam dos não líderes. Bryman (1992) retrata três grandes tipos de traços que a literatura trata fatores físicos, habilidades características e aspectos de personalidade. O que interessava aos pesquisadores da época era poder eleger dentre certos atributos quais os que melhor definiriam a personalidade do líder. Segundo Bergamini (1994):
  • 12. “O enfoque dos traços predominou até a década de quarenta, tendo como grandes contribuintes para o seu sucesso as pesquisas desenvolvidas pelos testes psicológicos muito incrementados a partir de 1920 ate 1950. Stogdill e Mann serviram-se dos resultados das pesquisas disponíveis acerca de liderança que datavam de 1904 a 1948, encontrando aproximadamente 124 projetos voltados a esse tipo de enfoque no estudo da liderança. Com revisão desses projetos foi possível chegar a um resultado que permitiu listar aproximadamente 34 traços de personalidade considerados como características típicas da amostragem dos líderes eficazes... Alguns exemplos dos traços encontrados são: sociabilidade e habilidades interpessoais, autoconfiança, ascendência e domínio, participação nas trocas sócias, fluência verbal, equilíbrio emocional e controle, busca de responsabilidade e outros”. Em suma, as teorias apresentadas com foco no líder - a do Grande Homem e a Teoria dos Traços - ocuparam durante bastante tempo os estudiosos e investigadores dos fenômenos de liderança e, apesar das suas pesquisas terem redundado em fracasso, essa posição encontra-se ainda muito difundida no senso comum. De fato, seria bastante otimista pensar que podiam existir apenas líderes natos, bem como traços de personalidade consistentes e próprios de todos os líderes, fossem eles líderes como Hitler, Madre Tereza de Calcutá, Bin Laden ou Ghandi. Os diversos estudos parecem ter concluído apenas vagamente que certas características como inteligência, extroversão são, auto-segurança e empatia, tendiam a estar relacionadas com o desenvolvimento e manutenção de posições de liderança. Mas para além de inconsistentes, os dados não estabelecem uma distinção clara entre caracteres inatos e adquiridos. Por outro lado, essas teorias sustentam que o líder nato ou o possuidor de determinados traços seria capaz de exercer espontaneamente e imediatamente a liderança, o que vai de encontro à natureza dinâmica das relações humanas. Essas teorias ignoram também os fatores situacionais e, embora especificassem traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade é que temos que reconhecer que esses mesmos traços são frequentemente possuídos por um grande número de não líderes. Entretanto, e embora essas
  • 13. teorias tendam hoje a serem rejeitadas, é de algum modo evidente que os atributos pessoais particulares aumentam a probabilidade de que certas pessoas assumam, com maior frequência, papéis de liderança nos vários grupos em que participam. 2.2 Enfoques situacionais Segundo Fiedler (1967): “Volumosa pesquisa feita especialmente sob condições reais de vida, tem mostrado bem consistentemente, todavia, que a personalidade do líder é somente um dos fatores que determina o desempenho do grupo. O líder que se desempenha bem em um grupo ou sob um conjunto de condições pode não sair-se bem em outros grupos, em outras tarefas ou sob outras condições”. Então, as teorias de enfoques situacionais exploram as variáveis que cercam o processo de liderança, sendo esses, portanto, enfoques mais abrangentes do que os vistos anteriormente.  Teoria das Trocas - A partir de 1964, Hollander busca na Teoria das Trocas encontrar o equilíbrio entre líder e liderado. Segundo esse enfoque, o surgimento de um líder não se dá unicamente pelo seu tipo de personalidade, mas tem relação com outros fatores, tais como as normas em uso pelos grupos. Esses valores grupais é que irão eleger como importantes certas características da personalidade do líder. Para Hollander, a aceitação do líder e sua permanência como tal dependem de quanto ele seja considerado como facilitador do atendimento dos objetivos almejados pelo grupo liderado. Segundo Bergamini (1994):
  • 14. “Com a Teoria das Trocas de Hollander, o papel desempenhado pelos subordinados no processo de liderança começa a despontar como um elemento que pode favorecer a formação eficaz desse vínculo. Até então, os estudos vigentes somente dirigiam sua atenção às características que tipificavam os líderes” (Bergamini, C. W,1994). Portanto, a partir dessa teoria, mais uma variável é acrescida às condições básicas: a eficácia do exercício da liderança, que é a percepção que os liderados possuem da figura do líder.  Abordagem situacional de Liderança - Na sua forma mais simples, a tese situacional defende a ideia de que a situação faz surgir o líder necessário e conveniente; ou seja, os grupos escolheriam o líder ou líderes adaptados às suas necessidades. Mas essa posição seria demasiado finalista e restritiva; pois, em vez de pretender que a liderança seja um ato passivo, a teoria situacional afirma que o líder hábil pode adaptar-se e antecipar-se às necessidades dos elementos do seu grupo. Segundo Tannenbaum, Weschler e Massarik (1961): "Liderança é a influência interpessoal, exercida na situação e dirigida através do processo de comunicação humana, com vista à obtenção de um ou diversos objetivos específicos". Como se vê, a liderança é encarada como um fenômeno social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. É definida como função de três elementos: Do indivíduo (personalidade, caráter, capacidade de realização, etc.). Do grupo (estrutura das inter-relações individuais no grupo, atitudes, necessidades, etc.).
  • 15. Da situação (exigências das situações, objetivos, ambiente envolvente do líder e do grupo, etc.). Essa abordagem situacional da liderança procura, assim, integrar os elementos válidos das várias abordagens de um problema que se revelou demasiado complexos para que possa ser explicado por uma abordagem restrita, qualquer que ela seja.  Teoria Contingencial ou do Comportamento - foi elaborada a partir daquilo que Fiedler denomina de medida LPC (Least Prefered Coworker) da personalidade do líder. Muito da estrutura teórica adotada por ele tomou como base os estudos de campo desenvolvidos pela Universidade de Illinois a partir de 1951. Começando com um grande número de dimensões estudadas, esse número foi reduzido para duas dimensões independentes a serem consideradas. Embora a terminologia possa ser variada, foi possível distinguir a existência de dois tipos básicos de estilos de líder: aquele que pode ser considerado com orientado para a tarefa e aquele que é orientado para relacionamento. Em meados do século XX, e após amplos estudos realizados no âmbito da pesquisa dos comportamentos de liderança, uma ideia alternativa começou a ganhar forma. A liderança começou a ser vista como a maneira de proceder derivada da relação existente entre o líder e outras pessoas do grupo. Assim, passa-se a considerar que não é a posse de certos traços que contribui para o sucesso dos líderes, mas, antes, a sua capacidade em adequar os comportamentos às exigências das diversas situações. Mas na verdade mostrava-se difícil demonstrar a existência de uma relação consistente entre padrões de liderança e desempenho do grupo. Por outro lado, é um fato que a maioria das pessoas desempenha na sua vida papéis de liderança em situações diferentes. Ganha assim forma a Abordagem Contingencial de liderança. Segundo Fiedler (1967):
  • 16. “O ponto mais importante dessa teoria é que a eficácia da liderança depende tanto da situação em que o grupo se encontra quanto do líder. Se a teoria está certa, isso significa que um programa que envolva somente os aspectos de personalidade do líder ou somente os aspectos situacionais da organização está fadada ao fracasso. Um estilo de liderança não é em si mesmo melhor ou pior do que outro, nem tampouco existe um tipo de comportamento em liderança apropriado para todas as condições. Dessa forma, quase todo mundo poderia ser capaz de ter sucesso como líder em algumas situações e quase todo mundo está apto a falhar em outras. Caso queiramos melhorar o desempenho organizacional, devemos lidar não somente com o estilo do líder, mas também com os fatores que promovem a influência sobre ele”. (Fiedler, F. E. , 1967) Portanto, tornar-se um líder capaz e eficaz, a despeito de ser possível a todos, não parece que será conseguido simplesmente com programas de treinamento de poucas semanas, tampouco mudanças comportamentais reais serão conquistadas em seminários de poucas horas. Como já dizia meu professor James A. Tucker (Psicologia Educacional, University of Tennesse, USA), o aprendizado leva tempo.  Teoria Caminho-Objetivo (Path-Goal) - Dentro do enfoque contingencial, surge mais uma teoria ressaltando a importância do liderado como um reduto motivacional dentro do processo da liderança. A teoria Caminho-Objetivo (Path-Goal) é pouco conhecida no Brasil, mas muito valorizada dentro dos contextos americano, canadense e europeu. Segundo Smith, P. B. & Peterson, M. F.(1989): “A teoria do Caminho-Objetivo muito claramente deriva das teorias que se baseiam na expectativa, que se tornaram populares no campo do comportamento organizacional nos anos 60 (por exemplo, Vroom, 1964). Na sua essência, ela propõe que os subordinados farão aquilo que desejarem os líderes, caso eles façam duas coisas. Primeiro, devem assegurar que os subordinados compreendam como atingir os
  • 17. objetivos do líder. Segundo, esses líderes devem prever que os subordinados cheguem aos seus objetivos pessoais nesse processo (House, 1971). A tarefa do líder é, então, diagnosticar a função do ambiente e selecionar aqueles comportamentos que assegurarão que os subordinados estejam motivados ao máximo no sentido dos objetivos organizacionais”. Então, segundo essa teoria, os subordinados se sentirão motivados cada vez mais motivados com o comportamento do líder, na medida em que esse mesmo comportamento comprovar, de forma objetiva, que traz uma contribuição decisiva em favor do atendimento das expectativas desses liderados.
  • 18. 3. TIPOS DE LIDERANÇA Vários foram os autores que abordaram os tipos de liderança. No entanto, sobressai-se uma teoria mais comummente referenciada, e bastante utilizada, de White e Lippitt (1939). De acordo com estes autores existem essencialmente três tipos de liderança: Autoritária, Liberal e Democrática. Assim, explorar-se-ão as características principais de cada tipo, trabalhando vantagens e inconvenientes de cada um. Iniciaremos esta abordagem pelo estudo do líder autoritário: fixa diretrizes sem a participação do grupo, determina as técnicas para a execução das tarefas. É também ele que designa qual a tarefa de cada um dos subordinados, e qual será o companheiro de trabalho de cada sujeito. É dominador, provocando tensão e frustração no grupo. Tem uma postura essencialmente diretiva, dando instruções concretas, sem deixar espaço para a criatividade dos liderados. Este líder é pessoal, quer nos elogios, quer nas críticas que faz. As consequências desta liderança estão relacionadas com uma ausência de espontaneidade e de iniciativa por parte dos liderados, bem como pela inexistência de qualquer amizade no grupo, visto que os objetivos são o lucro e os resultados de produção. O trabalho só se desenvolve na presença física do líder, visto que quando este se ausenta, o grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se, expandindo sentimentos recalcados. O líder autoritário provoca grande tensão, agressividade e frustração no grupo. Relativamente ao estilo de líder liberal, também denominado de laissez-faire, não há imposição de regras. O líder não se impõe ao grupo e consequentemente não é respeitado. Os liderados têm liberdade total para tomar decisões, quase sem consultar o líder. Não há grande investimento na função, no estilo liberal, havendo participações mínimas e limitadas por parte do líder. Quem decide sobre a divisão das tarefas e sobre quem trabalha com quem, é o próprio grupo. Os elementos do grupo tendem a pensar que podem agir livremente, tendo também desejo de abandonar o grupo, visto que não esperam nada daquele líder. Como não há demarcação dos níveis hierárquicos, corre-se o risco do contágio desta atitude de abandono entre os subordinados. Este é frequentemente considerado o pior estilo de liderança, pois reina a
  • 19. desorganização, a confusão, o desrespeito e a falta de uma voz que determine funções e resolva conflitos. No que respeita ao terceiro estilo de liderança, o líder democrático assiste e estimula o debate entre todos os elementos. É o grupo, em conjunto, que esboça as providências e técnicas para atingir os objetivos. Todos participam nas decisões. As diretrizes são decididas pelo grupo, havendo, contudo, um predomínio (pouco demarcado) da voz do líder. O grupo solicita o aconselhamento técnico do líder, sugerindo este, várias alternativas para o grupo escolher. Cada membro do grupo decide com quem trabalhará e é o próprio grupo que decide sobre a divisão das tarefas. O líder tenta ser um membro igual aos outros elementos do grupo. O líder democrático, quando critica ou elogia, limita-se aos fatos, é objetivo. Este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência um ritmo de trabalho progressivo e seguro. O comportamento deste líder é essencialmente de orientação e de apoio. Surgem, em resumo, grandes qualidades de relação a nível interpessoal, bem como bons resultados ao nível da produção / resultados. Mediante estes três tipos de liderança, cabe a cada sujeito escolher aquele que mais se adapta às suas próprias características, às funções, competências e feitios dos liderados, bem como às tarefas e contextos de realização dos objetivos. Perante o que foi exposto e, sabendo-se já que a liderança é uma competência a ser trabalhada e exercida, devemos, talvez, escolher o estilo que mais resultados positivos traga, quer para o líder, quer para os liderados. É, no entanto, importante salientar que não há estilos puros, em termos práticos: ninguém é um único estilo de liderança, mas o que acontece é que os líderes têm mais ou menos características de um ou de outro tipo. Sucede, também, que mediante situações específicas os líderes adotem um estilo mais adaptado e mais eficaz às vicissitudes do projeto, da equipe, do contexto, dos prazos, etc. Assim, se os tentássemos representar, os tipos de liderança ficariam numa espécie de um contínuo, em que se tocam e até se podem sobrepor alguns aspectos.
  • 20. Os diferentes estilos tocam-se e não têm, portanto, uma delimitação específica. Por exemplo, um líder laissez-faire que perceba que perdeu o controlo da equipe, pode adotar um estilo mais autoritário. Um líder democrático, no momento em que tem um trabalho para realizar e a entrega têm de ser imediata, pode também optar por uma postura um pouco mais autoritária. Da mesma forma, um líder democrático que sinta que a equipe está a correr muito bem, pode desleixar-se um pouco e cair num estilo mais laissez- faire. Os estilos vão variando conforme a motivação da equipe e o momento em que esta se encontra. O estilo de liderança depende, também, das características pessoais: uma pessoa insegura irá optar, defensivamente, por um estilo que a proteja, por exemplo, o autoritário, que não permite que a questionem. O estilo de liderança depende, similarmente, da equipe que temos em mão, da competência dessa equipe. Uma equipe de pessoas mais jovens, com pouca experiência precisará de mais alguma direção. Poderá, do mesmo modo, depender do tamanho do grupo: um grupo grande terá uma liderança mais autoritária e democrática quanto baste; enquanto que um grupo médio deverá ter diretrizes mais democráticas e menos autoritárias; já um grupo pequeno poderá ser liderado com mais democracia e laissez-faire. Também se arriscaria a dizer, que, provavelmente, uma liderança diretiva, mais autoritária estará mais apropriada a sujeitos com baixa competência, que necessitam de instruções precisas para a realização eficaz das tarefas. Será, talvez, um estilo importante para principiantes inseguros. Com pessoas com elevados níveis de competência, com vasta experiência, o estilo de liderança mais eficaz será participativo (democrático) no sentido de fornecer orientação e apoio. Este estilo motiva muito as pessoas visto que lhes atribui bastante responsabilidade.
  • 21. Sendo a motivação das pessoas variada e variável, a escolha do estilo de liderança deve ser bastante flexível e dinâmica. Portanto, não há normas rígidas ou regras. É importante atender a que quanto mais congruente for o estilo adotado, com as motivações do grupo, mais provável é que a liderança corresponda ao que os liderados esperam dela. (Fachada, 2000) Contudo, a liderança não deriva unicamente das características idiossincráticas do líder. Há uma série de outras variáveis que influenciam a dinâmica deste processo. Assim, o exercício da liderança é, também, dependente da situação e do contexto. De acordo com a teoria do traço de personalidade, como já visto anteriormente, um líder seria sempre líder, em todas as condições, sempre de modo eficaz e com todos os indivíduos. Isto não se verifica: acontece sim, que um líder pode ter muito sucesso num contexto e numa outra situação, verificar-se o insucesso. O comportamento do líder é, então, influenciado pelo contexto e pelos liderados com quem se relaciona. Não existe, pois, nenhum estilo de liderança único e válido para todas as situações e para todos os sujeitos e, será, consequentemente, importante atender a três fatores: o líder (valores, convicções, confiança nos subordinados, modo de liderar, etc.); o subordinado (gosto pelo trabalho, receptividade ao líder, expectativa de participação nas decisões, experiência na resolução de problemas, etc.); o contexto (a situação: tipo de empresa, valores, diretrizes, objetivos, complexidade, organograma, etc.). “A diferença entre o estilo eficaz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder, mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele desempenha as suas funções” (Fachada, 1998). Não podemos, no entanto, esquecer que a liderança não se realiza em isolamento. Para liderar é necessário que haja interação entre um elemento,
  • 22. que será implícita ou explicitamente, o líder e outro(s) sujeito(s), o(s) liderado(s). Mediante esta interação, a liderança pode ter dois tipos de orientação, havendo a possibilidade de ser mais orientada para as pessoas ou para as tarefas. Quando a essência do líder está direcionada para as pessoas, existe nele uma maior sensibilidade ás problemáticas dos outros. Atende às pessoas como seres humanos e não como máquinas de trabalho. Existe uma preocupação autêntica pelos elementos da equipe, quer relativa ao modo como estes realizam as tarefas, quer relativa ao seu bem-estar e motivação. Como consequência, há uma maior satisfação por parte dos liderados, que se traduz numa melhor coesão grupal. Contudo, este estilo de liderança não origina um aumento direto da produtividade, visto o objetivo estar mais orientado para os sujeitos. Quando a orientação do líder está mais direcionada para a tarefa, ou para a produção, existe uma preocupação com a realização das atividades, valorizando-se os resultados e os lucros, sempre com o objetivo de desenvolver a organização. Há uma preocupação excessiva com as tarefas em detrimento das pessoas que as executam. Isto pode provocar a diminuição da coesão grupal e da satisfação dos liderados. Contudo, esta satisfação poderá aumentar se o líder mostrar aos subordinados o que espera deles. Isto significa que o efeito sobre a produtividade estará dependente do estilo de liderança para a tarefa. Assim sendo, uma liderança autoritária terá consequências negativas, ao passo que uma liderança diretiva e estruturada terá consequências de produção mais positivas, no sentido que cada um sabe o que se espera dele e isto não lhe é imposto de modo rígido e inflexível. Da combinação destes dois estilos de liderança, resultam cinco posições: 1. Gerência empobrecida: baixa orientação para a tarefa e baixa orientação para as pessoas - Este tipo de líder deseja apenas permanecer no sistema, reagindo o menos possível. Não contribui significativamente para a organização. Planifica pouco. Adota uma
  • 23. postura passiva, não se envolvendo demasiado nas situações, reagindo com indiferença. Não contribui para a produtividade e considera que, se algo correr mal, nada pode fazer para alterar a situação. Evita o conflito para não defender pontos de vista, mantendo-se indiferente. Ignora o erro dos colaboradores e reenvia- lhes a totalidade da responsabilidade. 2. Clube Recreativo: alta orientação para as pessoas e baixa orientação para as tarefas – O líder valoriza muito as atitudes e os sentimentos dos seus subordinados, preocupando‐se com o que estes pensam e querendo a aprovação destes. Por isso, apresenta uma postura simpática e disponível, privilegiando, apenas, o convívio e a boa disposição Não impõe a vontade própria aos outros, acontecendo que cada um faz as tarefas que quer a um ritmo próprio. Esta postura cria sérias dificuldades na obtenção dos objetivos de produção, visto que este líder tem grande dificuldade em exigir algo aos liderados. Não tem coragem de chamar a atenção para as falhas cometidas. Como também não pretende um ambiente de conflito, as tarefas são dificilmente realizadas. Este tipo de liderança provoca também alguma insatisfação ou frustração nos liderados visto que não são propostos novos desafios, as pessoas não se sentem realizadas. 3. O homem organizacional: orientado de igual forma para as pessoas e para as tarefas – O líder procura ter um bom relacionamento com os seus subordinados, estando atento ao que eles pensam. É importante, para este líder, ser positivamente avaliado pelos colegas o que faz com que adapte como suas as opiniões que lhe parecem mais acertadas e que interessam à maioria. Em função desta apreciação positiva do grupo, o líder não se expõe muito, tendo relações superficiais com os subordinados. Procura envolver os liderados no trabalho, não exerce muita pressão neles e só lhes exige o que eles permitem. Evita extremos. Planeja o trabalho sem pormenor para promover a iniciativa, a autonomia e a
  • 24. responsabilidade. Cedem alguns aspectos para obter vantagens em outros. 4. Gerência: alta orientação para a tarefa e baixa orientação para as pessoas – O líder quer ser dominador e poderoso, sendo o seu objetivo vencer. É determinado e sente-se realizado quando atinge níveis altos de produção, olhando somente para os resultados. Não valoriza os esforços dos subordinados atribuindo‐ lhes culpas quando surgem falhas no sistema. O seu relacionamento com os subordinados rege-se pela autoridade. Este líder impõe a sua vontade, mesmo que vá contra a vontade dos outros nunca confiando nestes. Organiza condições de trabalho que reduzem os aspectos afetivos de modo a impedir que os fatores humanos possam prejudicar a eficácia. 5. Equipe: alta orientação para a tarefa e alta orientação para as pessoas - O líder acredita na relação existente entre as necessidades de produção da organização e as necessidades dos indivíduos que trabalham essa organização, favorecendo o desejo de auto-realização. Assim, adota uma postura de motivar os subordinados, no sentido destes ambicionarem elevados padrões de desempenho, promovendo também o trabalho em equipe e a responsabilidade dos sujeitos em que tudo é partilhado (sucessos e fracassos). Estabelece desafios às equipes com objetivos claros a cumprir. Faz as pessoas participarem nas exigências da produção. Reage às falhas e infrações, tirando daí ensinamentos procurando compreender o responsável antes de puni-lo. Em resumo, o estilo de liderança e a orientação adotada têm de estar adaptadas a cada sujeito ou equipe e à tarefa em causa. Consoante as diferentes tarefas, o mesmo indivíduo pode ter mais eficácia com estilos de liderança também diferentes. Assim, “a liderança é mais arte do que ciência. Nessa arte, o líder tem de aplicar a sua experiência e o seu bom senso para
  • 25. decidir quando, como, e com quem deve usar cada um dos estilos” (Estanqueiro, 1992). Percebe-se então, que uma liderança eficaz está atenta às necessidades concretas das pessoas e à idiossincrasia do grupo. 3.1 Liderança Coaching O que é Coaching? É um relacionamento no qual uma pessoa se compromete a apoiar outra a atingir um determinado resultado: seja ele o de adquirir competências e/ou produzir uma mudança específica. Mas não significa um compromisso apenas com os resultados, mas sim com a pessoa como um todo, seu desenvolvimento e sua realização. Através do processo de Coaching, novas competências surgem, tanto para o coach quanto para seu cliente. Não estou falando só de competências técnicas ou capacidades específicas, das quais um bom programa de treinamento poderia dar conta perfeitamente. Coaching é mais do que treinamento, o coach permanece com a pessoa até o momento em que ela atingir o resultado. É dar poder para que a pessoa produza, para que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzam em resultados. Os papéis de Coach e de cliente O termo inglês coach tem origem no mundo dos esportes e designa o papel de treinador, preparador, "o técnico" como conhecemos. Devido às distorções que os próprios técnicos fazem do real significado deste papel, usarei o termo em inglês para evitar contaminações. E para enfatizar as diferenças, chamarei de "cliente" a pessoa a quem o coach atende. É o coach que dá suporte ao "cliente", serve ao cliente e não o contrário. Mesmo que seja um líder apoiando pessoas do seu time, ele está a serviço do time e não o inverso. Esta é uma das distorções a que me referi acima.
  • 26. Coach também é confundido com conselheiro, mentor e guru. Apesar de extremamente valiosos, nenhum destes papéis requer o compromisso de apoiar pessoas a realizar metas. No papel de coach, este compromisso é fundamental na medida em que o coach atua no campo do desempenho - resultado e realização pessoal - e influencia no desenvolvimento de padrões éticos, comportamentais e de excelência. A Visão de Futuro Na relação com o cliente, o coach deve: 1. Estimulá-lo a identificar seus valores essenciais e a expressá-los, desenvolvendo uma postura de integridade pessoal; 2. Desafiá-lo a "sonhar acordado", a criar para si mesmo uma visão de futuro que o entusiasme e que utilize ao máximo a sua energia criadora. Isto é particularmente importante porque não é raro as pessoas definirem suas metas para atender aos desejos e necessidades dos outros, chefes ou familiares. Às vezes, a visão que o cliente tem do problema é a própria fonte do problema. Por exemplo, um cliente muito viciado numa determinada estratégia de negócio pode não perceber novas e melhores estratégias. Coaching é uma relação dinâmica que permite romper antigos paradigmas e estabelecer novas fronteiras. Coaching é uma relação sólida, consciente. É necessário que a relação entre coach e cliente seja de muita confiança. Para isto é imprescindível que haja feedback constante entre os dois, facilitando a compreensão mútua dos valores e a troca de experiências. Esta prática de abertura, central em Coaching, abre espaço para um alto padrão de desempenho. O coach incentiva o cliente a compreender todo feedback que a experiência proporciona e a analisar a situação sob novas
  • 27. perspectivas. Com seu feedback, o cliente amplia sua consciência e fortalece sua autoestima. Vivemos vitórias e realizações, mas também conhecemos a dor, os fracassos e as frustrações. Tanto no sucesso como no fracasso, a autoilusão atrapalha o aproveitamento da experiência, porque ela protege o ego. No sucesso, a ilusão mais comum (porque doce) é a de que ele será eterno; no fracasso, é o medo de que isto se torne um padrão e que a derrota seja iminente. Os problemas de autoestima são fatais para o desempenho porque favorecem a autoilusão. É mais confortável enganar-se do que enfrentar críticas. Um cliente com baixa autoestima pode rejeitar o feedback do coach, dificultando o avanço do processo. Por outro lado, se o coach tiver tido um fracasso recente, ele pode iludir- se e deixar que seus sentimentos de inveja em relação ao sucesso do cliente possam comprometer os resultados. Especialmente se o cliente for inexperiente ou pouco observador. Por isso, o coach precisa estar muito atento à sua visão da realidade e à consistência de sua própria autoestima. Coaching é aprender e desaprender. Se não pudermos desaprender, é muito difícil sermos bons coaches ou clientes. Coaching é desenvolver um novo nível de consciência. Análise da trajetória ou a bagagem de mão É extremamente importante que o coach e o cliente conheçam bem a trajetória de realização um do outro. Conhecer as atitudes do outro, seus valores, padrões de comportamento e principais sucessos e fracassos. Conhecendo o cliente, o coach poderá ajudá-lo a identificar o gap entre a visão de futuro dele e a sua situação e competências atuais. E, conhecendo o coach, o cliente saberá usar melhor a sua experiência, sua bagagem. A análise da trajetória não deve transformar o passado numa plataforma para a visão de futuro, isto limitaria o futuro a ser uma extensão do passado. Esta análise serve para identificar pontos fortes e fracos (de ambos) que possam influir no desempenho futuro e que devem ser considerados no plano
  • 28. de ação. Assim, facilita o sucesso do plano de ação e evita problemas decorrentes da falta de planejamento. Coaching é ação comprometida Coaching é determinação, é a coragem necessária quando se tem desafios a superar. As emoções são essenciais para construir uma ponte vigorosa entre o coach e seu cliente, que sustente o percurso desde a intenção até a realização. Sem emoção, não há envolvimento nem energia para a ação. Alegria, determinação e, principalmente, confiança são as bases para um relacionamento/projeto bem sucedido. Respeito, solidariedade e afeto tornam o caminho mais suportável. Mas, é preciso construir uma trilha clara para que estas emoções surtam o efeito desejado. É preciso construir um plano de ação previamente acordado entre coach e cliente para garantir o sucesso do projeto. Sem ele, o coach não tem onde apoiar o seu compromisso. Entretanto, este plano não deve ser uma camisa de força à qual os dois estão amarrados, e sim deve funcionar como uma bússola, um esquema norteador na jornada que ambos estão empreendendo. A Liderança na organização Coaching não é um processo novo, embora seja pouco disseminado nas organizações. Uma das razões disto é o fato de ter sido transposto da casa para a empresa sem os filtros ou adaptações necessários. Pior, com as mesmas limitações com que é feito em casa. Gerentes podem confundir o papel de coach com o de pai, tratando o outro profissional como o seu filho. O contexto psicoemocional é diferente, agravado pela situação de poder estabelecida, o que causa problemas para os dois lados. A outra razão é que os benefícios do processo não ficam claros para todos. Por que as pessoas deveriam dedicar-se ao desenvolvimento dos outros?
  • 29. Porque Coaching é liderança refinada. Coach é líder, nem todo líder é coach. Para ser coach, não precisa ser chefe do cliente, embora gerentes, chefes e supervisores sejam os coaches mais prováveis, em função da liderança que se espera que eles exerçam junto aos outros e não sobre os outros. Os coaches ganham uma escola prática de liderança e autoconhecimento que nenhuma formação acadêmica dá, os clientes ganham suporte ao seu desenvolvimento e a organização ganha uma extraordinária rede de formação contínua e compromisso com resultados. Pode haver algo mais útil e econômico? Liderança como habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente. Potencializando as pessoas a serem melhores; Facilitando a convivência no ambiente de trabalho; Estabelecendo objetivos de bem comum; Lideres verdadeiramente grandes, têm a capacidade de construir relacionamentos saudáveis; A liderança é uma qualidade que a pessoa pode apresentar em diferentes graus, e não como algo que tem ou deixa de ter. Liderança envolve: Poder ou autoridade? Poder é a faculdade de forçar e coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa não prefira fazer; Autoridade: Habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você deseja, porque você pediu por sua influência pessoal. Autoridade diz respeito a quem você è como pessoa.
  • 30. Honestidade; Bom exemplo; Cuidado; Confiança das pessoas; Encoraja; Atitude positiva; Entusiásticas; Bons ouvintes.
  • 31. 4. MOTIVAÇÃO NAS EQUIPES A liderança deve também, a par das características anteriormente referidas, preocupar-se com a motivação dos liderados. E a propósito da motivação de uma equipe, vale a pena refletir sobre algumas técnicas e princípios da motivação, que podem ajudar a impulsionar a produtividade e o bom ambiente de uma equipe:  A aprendizagem cooperativa é percebida como mais motivante e interessante do que a aprendizagem individualista, que implica um maior nível de competição;  A organização flexível de um grupo aumenta a motivação intrínseca do grupo;  As tarefas criativas aumentam o nível de motivação, por oposição às repetitivas;  Conhecer as causas do êxito ou do fracasso de uma tarefa aumenta a motivação;  O reconhecimento do sucesso, por parte do líder, é bastante motivador;  O registro dos progressos aumenta a motivação intrínseca;  Começar a realizar uma tarefa pelas atividades mais fáceis pode ser motivador porque faz com que êxito promova êxito nas atividades seguintes;  Quando a tarefa é significativa para o sujeito, gera motivação intrínseca. É, pois, importante que o sujeito se identifique com a tarefa e que retire algum prazer dela;  O nível de estimulação dos sujeitos tem de ser doseado: se a estimulação ou o desafio for reduzido, não há promoção de mudança. Já se for um desafio excessivo pode levar a sentimentos de frustração e de ansiedade. Há que dosear o desafio com a competência do sujeito, para que o nível motivacional seja adequado. Tarefas demasiado difíceis ou demasiado fáceis geram desmotivação;
  • 32. As mudanças moderadas ao nível da dificuldade e da complexidade favorecem a motivação intrínseca. Já as mudanças bruscas e repentinas têm o efeito contrário e diminuem o nível motivacional do sujeito;  O líder que dá autonomia no trabalho promove a motivação, o sucesso e a autoestima;  O ambiente que se desenvolve no contexto laboral poderá se mais motivador se houver bom ambiente, otimismo e confiança. A atmosfera interpessoal influencia o desempenho;  É importante que a equipe conheça os objetivos que se pretende alcançar;  Evitar a repreensão pública, o sarcasmo, as comparações para ridicularizar, as tarefas em demasia, já que são promotores de grande desmotivação;  Comunicar à equipe os resultados do seu trabalho já que funcionam como um poderoso estímulo;  O líder deve mostrar interesse por cada elemento da equipe, de um modo individual e de um modo mais global, como elemento pertencente do grupo;  As estratégias operativas e participativas são mais motivantes que as passivas;  A competição doseada pode ser um bom recurso à motivação, quando usada como jogo de grupo, ou como autodesafio consigo mesmo;  Há que atender às diferenças individuais na motivação, sendo que uma estratégia pode ser muito eficaz com um sujeito/grupo e muito pouco eficaz com outro. (adaptado do site http://paginasprofessor.no.sapo.pt/tecnicas1.htm, acessado em 04/08/2010). É importante não esquecer que o trabalho em equipe tem a sua especificidade e dificuldades muito próprias. É, por isso, fulcral, que se trabalhe
  • 33. a motivação da equipe, para que assim se crie uma estrutura que permita manter um nível de motivação que ajude a ultrapassar as dificuldades que possam surgir.
  • 34. 5. ELOGIO E CRÍTICA: COMPETÊNCIAS DOS LÍDERES O bom líder muda o estilo consoante, entre outras coisas, a competência individual do liderado. Contudo, as competências do líder vão, também, no sentido de dar feedback aos liderados. É deste modo que se torna necessário elogiar os subordinados pelas tarefas realizadas com sucesso, pelas ideias inovadoras que apresentam, bem como criticá-los de um modo assertivo, objetivo e direcionado para o erro, para que percebam a razão da repreensão. Assim, faz sentido que paremos um pouco para pensar no que consiste, realmente, uma crítica e um elogio, qual o seu potencial para promover mudanças, e que características devem ter. Será, igualmente, importante que cada um faça uma introspecção, no sentido de perceber como lida com a situação de elogio e de crítica, quer na postura de líder, quer na de liderado. O elogio: Como disse Goethe, “Corrigir ajuda. Encorajar ajuda ainda mais”. Será, pois, necessário que o líder esteja atento aos seus subordinados para, deste modo, os poder incentivar eficazmente. Deste modo, para que os outros mudem o seu comportamento, é necessário atingi-los no ponto de motivação, tornando interessante o objetivo a alcançar. Para reforçar a motivação, pode também recorrer-se à pedagogia dos incentivos. Todos sabemos como são necessários os estímulos positivos (os elogios) e como eles são bem recebidos pelos destinatários. Será, então, preciso ensinar primeiramente, para que o sujeito saiba o que o líder pretende e qual o objetivo esperado de uma tarefa. Deve-se, pois, explicar os fins a alcançar, de modo claro, para que não restem dúvidas em relação ao pretendido. Será, também, necessário encorajar os indivíduos à medida que se vão aproximando da realização eficaz da tarefa. Sendo o elogio um modo compensador de provocar satisfação imediata, não podemos esquecer que todas as pessoas gostam de ser elogiadas, mesmo as que têm elevada autoestima e segurança. Quando o elogio vem de um superior hierárquico, obviamente, a
  • 35. satisfação do sujeito aumenta, podendo aumentar também a sua motivação e predisposição para a tarefa e, por consequência, o seu nível de eficácia. Porém, o elogio não é somente positivo para quem o recebe. Também quem o dá experimenta satisfação. Como diz um provérbio chinês: “fica sempre um pouco de perfume, nas mãos de quem oferece rosas” (in Estanqueiro, 1992). Elogiar será, então, um dever do líder. Como elogiar? De acordo com as características de algumas sociedades, que aparecem como sendo mais facilmente críticas, há que trabalhar, um pouco, o modo como o elogio deve acontecer, para que seja explícito e para que o interlocutor o perceba, indubitavelmente. Deste modo, o bom elogio não pode referir-se ao abstrato: deve ser dirigido a aspectos concretos e específicos – uma qualidade, uma tarefa realizada, um objetivo alcançado, um esforço coroado de êxito. O elogio pode também ser não verbal: um sorriso, um gesto, uma aprovação. Contudo, o elogio verbal tem melhores resultados e é mais bem compreendido pelo receptor. Deve então ser referido em formas rápidas: Fiquei satisfeito com...; Quero felicitá-lo por...; Estou a gostar muito de... Continue assim...; Parabéns por... O elogio deve ser adequado à tarefa. Não deve ser desproporcionado, ou exagerado, porque pode levar a uma interpretação errada, como por exemplo, a ironia, a falsidade ou a hipocrisia. Para além de concreto, o elogio deve também ser oportuno, ocorrendo no momento em que a pessoa mais precisa. Deve ser dado no momento certo, e não constantemente, para não cair na vulgaridade. Deve ser sincero e honesto. Não deve ser interesseiro ou manipulador. O bom elogio serve para dar satisfação ao outro, é desinteressado.
  • 36. A crítica: Pode ser desagradável criticar alguém que se esforçou por obter um resultado. Contudo, se não se criticar, corre-se o risco de que o erro se repita, porque o sujeito irá pensar que tem agido como é esperado. A crítica pode, então, dividir-se em dois tipos: destrutiva e construtiva. A destrutiva tem o objetivo de menosprezar o outro, mostrando a pseudo- superioridade de quem crítica. Está-lhe subjacente uma atitude de avaliação, utilizando frases do tipo: “Vê-se mesmo que você não percebe nada do assunto, porque se percebesse nunca faria uma coisa destas.”; “Isso é desleixo! Comigo, nunca tal aconteceria...”. Este tipo de intervenção tem resultados bastante negativos, como o aumento da tensão entre as pessoas, o aumento da agressividade, a elaboração de defesas para rejeitar a critica e para não aceitar a opinião do crítico. Faz também com que as pessoas percam toda a admiração por quem emite a crítica. É realmente um modo eficaz de arranjar inimigos e conflitos. No entanto, a crítica é dotada de uma outra faceta: construtiva. Pretende-se que o receptor perceba que o resultado obtido não é o mais desejado. Não deve, pois, colocar em causa a capacidade ou dedicação do sujeito, apenas manifestar a discordância em relação à forma como foi realizada a tarefa. A crítica construtiva inclui argumentação, questionamento entre os dois elementos (crítico e criticado) para perceber porque surgiu o erro, reflexão e até algum trabalho em conjunto para perceber o que está mal para poder modificar. A crítica ou repreensão adequada pode ser um meio de desenvolvimento devido às características desafiadoras que traz consigo. As repreensões têm função de travar o erro. O excesso de repreensão é bastante ineficaz, sobretudo quando direcionado a pessoas pouco experientes ou pouco confiantes.
  • 37. Como criticar? O bom líder sabe que o “objetivo essencial da repreensão não é castigar, mas ajudar as pessoas a proceder melhor e a desenvolver a sua autonomia” (Estanqueiro, 1992). Para isto será necessário criticar moderada e delicadamente. A repreensão não deve ter como objetivo a humilhação ou o insulto. Um aspecto importante da crítica tem a ver com o fato de ela dever ser feita em privado ou em público: enquanto que os elogios podem ser dados em público, a repreensão deve ser sempre feita em particular, discretamente, de modo que não seja presenciada por outros elementos do grupo. Não se deve esquecer que mesmo que seja justa, a crítica deixa sempre um sabor amargo. Há, no entanto, alguns autores que consideram que, por vezes, a crítica em público pode ser eficaz. Por exemplo, quando um elemento da equipe tem características de manipulação perante o grupo, a crítica em público pode desconstruir essa manipulação. Contudo, pode haver um complexo reverso da medalha. Nem sempre as pessoas recebem bem as críticas e, se esta for feita em particular, será mais acessível o controlo da situação. A crítica em público pode fazer com que o criticado tente criar alianças com outros elementos da equipe enquanto recebe a crítica, ou pode mesmo levar ao descontrolo do sujeito, que em público sentirá mais humilhação e mais necessidade de se defender. É, pois, importante que conheça a pessoa que critica, para que saiba qual poderá ser a priori, a sua reação. Imagine o que aconteceria se esta pessoa tivesse uma reação explosiva e tentasse envergonhar o líder, em frente ao grupo. Isto poderia promover um conflito de tal ordem, cuja gestão seria quase impossível. A literatura aponta a crítica em privado como sendo quase uma lei da Liderança, já que permite as premissas anteriormente referidas, de reflexão conjunta, de questionamento e de compreensão do que é o objetivo. A propósito de tudo isto, vale a pena citar parte de uma entrevista da Revista Única do jornal Expresso (9/04/04), a Fernando Pinto (gestor da TAP):
  • 38. Jornalista – “Ao gerir as pessoas, houve algum acontecimento que tenha marcado a sua carreira”? F. Pinto – “Sim. Um dia repreendi o encarregado mais antigo dos mecânicos na frente deles. Embora o encarregado tivesse me dado razão, sentiu-se humilhado perante os seus subordinados. Dei conta disso, e antes que ele viesse falar comigo, no mesmo dia, reuni todos os que tinham estado presentes e pedi desculpa ao mecânico e ao encarregado”. Para criticar, o líder deve conhecer as características do subordinado, bem como o estatuto que este goza face ao grupo. Deve avaliar-se sempre muito bem a situação de crítica e não permitir que quem dirija a crítica seja os impulsos espontâneos. A crítica deve ser refletida antes de comunicada. É de extrema importância que se equilibre, na crítica, a dureza com o erro e a assertividade para com a pessoa que cometeu o erro, equilibrando-se a forma da crítica, com o seu conteúdo. O objetivo é levar a pessoa a sentir-se mal relativamente ao erro, mas não relativamente a si mesma. Alguns especialistas dizem que se deve começar a repreensão com um elogio, por exemplo: “Gosto muito do seu trabalho, mas desta vez estou desapontado por que...”. Contudo, mais importante será finalizar a repreensão com uma manifestação de confiança na pessoa repreendida. Por exemplo: “Estou aborrecido com a sua atitude na realização desta tarefa, penso que agiu mal, por que... contudo confio em si e acredito que na próxima vez irá fazer melhor”. Tal como o elogio, a boa repreensão (a crítica construtiva) deve ser concreta, (não generalizada) referida a um erro específico, sem englobar todas as ações do indivíduo e muito menos os erros do passado mais distante. Sem ter generalizações, que quase sempre são abusivas. Também o comportamento não verbal pode ser bastante significativo na repreensão: um olhar desaprovador ou o silêncio. Porém, a repreensão é mais eficaz se for feita com palavras. Não será necessário “dar um sermão”, talvez seja preferível falar pouco e durante pouco tempo, mas ser específico, claro e
  • 39. objetivo: “Não gostei de...; Parece-me que errou em...; Da próxima vez deverá estar mais atento a...; Você procedeu mal quando...”. A crítica deverá ser oportuna, surgindo prontamente no momento do erro. Se usarmos repreensões contínuas e pouco específicas, podemos provocar no sujeito respostas que visam estratégias defensivas. Deverá, igualmente, estar envolta de justiça. É, deste modo, importante examinar os motivos do erro e escutar as explicações de quem errou. O mesmo tipo de erro pode ter repreensões diferentes de acordo com as circunstâncias atenuantes ou agravantes e mediante a maior ou menor responsabilidade do indivíduo. A repreensão justa é proporcional à gravidade do erro cometido e à pessoa que o cometeu. Uma pessoa inexperiente e insegura precisará mais de orientação e apoio, do que de repreensão.
  • 40. 6. LÍDER OU LIDERADO A liderança não é uma fase de desenvolvimento pessoal, nem uma capacidade que todos tenhamos obrigatoriamente que atingir. O ser líder depende muito dos objetivos de cada um e das condições que surgem. Nem todos podemos ser líderes, visto que o líder depende também da existência de um grupo que possa liderar. Se todos fossemos líderes, quem iríamos liderar? Acontece muitas vezes, termos na nossa vida, o papel de subordinado, em que estamos na posição mais baixa da relação vertical. Isto acontece, normalmente, na relação com os pais, com os professores, com pessoas mais velhas, etc. Será então, tão importante como o saber liderar, o saber ser liderado. A liderança não é um processo unidirecional, que dependa unicamente da postura do líder. Há uma influência recíproca entre líder e liderados, há uma relação entre o estilo que o líder adota para trabalhar com os colaboradores, que depende muito das características da personalidade de ambos, bem como fatores ambientais, entre muitas outras variáveis. É importante perceber que o estilo de liderança está bastante dependente da interação entre liderados e líder. O grupo pode utilizar estratégias que levem à modificação do comportamento do líder. Através por exemplo, de boicotes ao trabalho ou manipulação de comportamentos com os colegas, ou da utilização de mau humor, pode provocar-se a alteração do estilo de liderança. Há uma reciprocidade entre líder e subordinados, em que os próprios liderados são influenciados pelo tipo de liderança, sendo que a eficácia do seu trabalho, bem como as relações interpessoais na equipe, dependem do estilo adaptado pelo líder. Assim, o líder influencia os liderados, bem como os liderados influenciam o líder. Os liderados têm, também, uma postura específica, no modo como lidam com os colegas de trabalho. A relação com os pares acontece numa linha horizontal, de igual para igual, podendo promover o tipo de liderança a que o grupo se submete: colegas de trabalho em que predomine o mau humor, as
  • 41. críticas constantes aos colegas e até o boicote ao trabalho promoverão com certeza uma chefia diferente da que lidera um bom ambiente laboral. Nesta fase é importante alguma concentração na postura e nas competências de ser liderado, visto que nas relações profissionais e na entrada no mercado de trabalho, raramente se começa por uma postura de chefia, mas antes por ter de obedecer às diretrizes de um superior. Assim, ao ser liderado deverá ter em atenção alguns aspectos:  Respeitar a posição hierárquica superior do líder, conforme o organograma.  Cumprir as tarefas e funções, de modo responsável, sem se preocupar com as tarefas dos outros.  Tentar resolver pequenos conflitos que possam surgir, sem recorrer de imediato ao líder. Não esquecer que a disponibilidade do líder pode ser pouca para ter ainda que se preocupar com pequenos assuntos pessoais.  Ter uma ideia daquilo que os colegas e o líder pensam de si. Esta ideia deve ser o mais realista possível.  Participar ativamente no trabalho de equipe, ser prestável e procurar ser criativo.  Reformular uma intenção ou sugestão, se não tiver aceitação pela maioria das pessoas.  Ser objetivo e claro no que quer dizer. O líder tem de dar atenção a si e aos outros. Não lhe roube muito tempo, não exija constantemente a atenção dele.  Ser receptivo à mudança. Se o líder considerar que é importante modificar alguns aspectos para melhorar o ambiente, é importante que encontre flexibilidade.  Questionar, sempre que tiver dúvidas que não consiga resolver por si próprio.  Ser assertivo e nunca agressivo quer com os seus colegas, quer com o líder. Pode‐se sempre manifestar uma opinião sem ofender os outros.
  • 42.  Estar disponível para novas aprendizagens. À medida que se vai subindo na carreira, é importante não perder a consciência de que ainda há muito para aprender. Como diria Newton, o que sabemos é uma gota de água no oceano: quanto mais se sabe, mais se sente que ainda há muito para aprender. É imprescindível a existência de motivação para fazer constantes aprendizagens ao longo da vida.  Aprender com os outros e, com os sucessos e os erros dos outros. Deste modo, para saber o que eles sabem, não têm que se cometer os erros que eles cometeram. “Embora a experiência possa ser importante, ela pode ser o pior dos professores: dá primeiro o exame e só depois a lição. Primeiro comete‐se o erro e só depois se aprende com ele” (Almeida, 1996).  Não desistir perante as adversidades: todos têm que ultrapassar obstáculos e os nossos surgem-nos quase sempre como sendo os maiores. Contudo, o efeito dos obstáculos nas pessoas depende da atitude com que se enfrentam. Há sempre algo novo a retirar da experiência de derrubar uma dificuldade. Aumentam‐se o autoconhecimento e muitas vezes até nos surpreendemos a nós mesmos. É importante retirar benefícios das adversidades, nem que sejam as aprendizagens realizadas.  Ser pró‐ativo: é essencial que a pessoa não se acomode às situações, procurando o desenvolvimento profissional que permita melhorar competências. Não ficar à espera que os outros valorizem o trabalho e que o reconheçam. Faz muito sentido que cada pessoa trabalhe com o objetivo de sentir autorreconhecimento e valor profissional e pessoal.
  • 43. 7. EFICÁCIA DA LIDERANÇA A liderança, percebida como um processo dinâmico vem sofrendo alterações e adaptações contextuais, sendo que será importante trabalhar algumas das principais características que permitem a sua eficácia. Assim, um líder pode ter inúmeras características: ser ativo ou passivo, ser assertivo ou agressivo, interessado ou desinteressado, dominador ou negligente, etc.. Seja ele como for, sabe-se com toda a certeza, que as suas características afetam as relações com os liderados e, consequentemente, o desempenho destes nas tarefas. Já foi referido que existem diversas formas de liderança e, que cada uma comporta diferentes vantagens e desvantagens, sendo que, em todos os casos, a liderança é um processo de interação, onde existem vários subsistemas envolvidos. Em consequência, como também já foi referido, o tipo de liderança a utilizar varia, não só em função do líder, mas também dos sujeitos liderados e do contexto. De acordo com Rego e Cunha (2003: 328), o trabalho de um autor desta temática, Jim Collins, “sugere que os líderes que efetivamente ancoram-se as suas organizações para patamares de superior desempenho são os que combinam elevada determinação com a humildade – os denominados líderes de nível 5. (…) Às características mencionadas podem acrescentar-se a atuação exemplar, a consistência entre palavras e atos, a lealdade, a confiança, a integridade, o desejo de aprendizagem contínua. (…). Essas qualidades (humildade + determinação) são postas à prova nas situações difíceis. “É nestas que se testa o caráter dos homens e das mulheres e é também nelas que nascem aqueles a quem chamamos líderes”. Citando mais uma vez a entrevista do jornal Expresso, a Fernando Pinto, o gestor refere que “o chefe lá em cima e os subordinados para atender ao chefe é uma coisa que já não existe. Quando converso com os trabalhadores aproveito sempre a oportunidade para mostrar como está a empresa, o que estamos a planear, as dificuldades que enfrentamos. E converso também sobre
  • 44. assuntos pessoais, sobre tudo o que é possível, eles são pessoas iguais a nós, com experiências extremamente interessantes”. Refere ainda que “os empregados têm que acreditar em nós e temos que mostrar trabalho. Foi isso que fizemos, um trabalho quase de padre, a ensinar o Evangelho. Entretanto, chegamos a uma etapa mais sofisticada, todas as semanas fazíamos seminários com os trabalhadores, falávamos do mercado e mostrávamos as dificuldades. Em paralelo, tive sempre encontros com os empregados, o que era uma novidade, o que era uma novidade, porque nunca um gestor se tinha aproximado para conversar diretamente com eles. Isso passou a ser uma cultura dentro da empresa. Assim, em breve está prevista também a apresentação dos resultados por sectores, durante vários dias e onde qualquer um tem o direito de fazer as perguntas que quiser”. Existem, então, alguns aspectos que devemos considerar no que diz respeito ao comportamento de liderança eficaz. Estarão aqui algumas dicas para refletir, ficando ao critério de cada um, utilizá-las e adaptá-las ao contexto e às características idiossincráticas de cada grupo, em situações de liderança. Estas são algumas das características comportamentais que deverão ser tomadas em conta na interação com o grupo, enquanto coordenador: Justiça: é fulcral que o líder seja justo. A falta de equidade dentro de um grupo leva a sentimentos de descontentamento e desconfiança. Ser justo não significa ser igual para todos, mas sim tratamento igual, em situações semelhantes. O importante não é que o líder se considere justo visto que isso é a sua própria perspectiva, mas antes que o grupo perceba o líder como tal. Para alcançar este tipo de contexto (sempre que as suas ações forem no sentido de premiar ou de punir) deve pensar-se, a priori, no melhor modo de fazer com que os critérios selecionados sejam considerados equitativos ou justos. Isto se torna bastante difícil de operacionalizar, visto que somos mais benevolentes e compreensivos a analisar as nossas próprias falhas do que as dos outros. A percepção de justiça é bastante enviesada e para que isto não aconteça, será importante criar indicadores objetivos que justificam os critérios de decisão.
  • 45. Honestidade: é outra característica muito importante que consiste no líder ser considerado uma pessoa de palavra, que ao prometer, cumpre. Sempre que se criam expectativas no grupo, deve fazer-se tudo para que estas sejam cumpridas. Para isto, será importante, antes de criar qualquer tipo de expectativa, o líder certificar-se de que a possibilidade de satisfazê-las está em suas mãos. Modo como lida com as emoções: o comportamento do líder não deve ser exageradamente racional. Há necessidade de emoções para que o grupo esteja ativo e determinado. É fundamental saber entusiasmar e incentivar os subordinados. Assim, é importante a empolgação pessoal do líder, que deve exteriorizar as suas emoções, sobretudo as positivas, sendo que a demonstração de sentimentos negativos deve ser mais ponderada e preparada. Há que expressar emoções de um modo doseado, sem permitir que aconteçam excessos que possam prejudicar a eficácia e o bom ambiente da equipe. Assertividade: a resolução dos conflitos e problemas com os elementos que lidera deve ser feita de modo assertivo. A assertividade consiste na verbalização honesta daquilo que sente, sem ser agressivo e sem magoar os sentimentos do receptor, tendo em conta os direitos do próprio e do outro. A resolução de conflitos deve fazer uso da área racional do líder. Isto não entra em contradição com o que já foi dito sobre a utilização das emoções. Na resolução dos problemas internos, aparece como mais adequada à utilização da racionalidade, ao passo que, para unir o grupo, em situação de conflito com o meio exterior a utilização das emoções pelo líder será uma estratégia mais eficaz. Ainda relativamente à assertividade é, então, fundamental demonstrar a opinião de um modo não agressivo. Mesmo que aconteça a situação de um colaborador ser agressivo com o líder, este deverá responder assertivamente, centrado na premissa de que comunicação gera comunicação. Poderão manter-se assim as fronteiras necessárias é importante não esquecer o poder da comunicação, e que o modo como se comunica gera no receptor, uma resposta consonante com a do emissor. Tanto que, se a mensagem for emitida
  • 46. de um modo agressivo, aumenta-se a probabilidade de que o receptor reaja no mesmo tom do emissor. Já se o tom da mensagem for assertivo, a resposta terá poucas probabilidades de ser agressiva. O líder “deve estar preparado para ser contestado e para lidar com isso de uma forma não emocional. Deve encarar todas as situações de possível conflito interpessoal como um desafio ou problema a resolver, nunca como ameaça ao seu poder ou prestígio.” (Almeida, 1996). Quanto ao feedback, o líder tem funções de elogiar e de repreender. Há algo importante a (re) salientar, que é dito pela literatura: “um líder nunca repreende senão em privado e não perde uma oportunidade de elogiar merecidamente, em publico” (Almeida, 1996). Na repreensão em público, corre- se sempre o risco da crítica ser interpretada pelo receptor como uma humilhação e isto muito dificilmente será esquecido. Contudo, esta é uma regra que pode ter exceções e que cada líder deve adaptar às circunstâncias do contexto. É também essencial para a liderança o autoconhecimento. É importante saber quais as mais-valias, bem como as limitações. Para isto, podemos recorrer a estratégias como:  Autoreflexão: refletir acerca das próprias experiências, analisado sucessos e fracassos, bem como causas e consequências;  Interação: interagir com familiares, amigos e colegas no sentido de perceber como estes nos percebem. É um complemento à autoreflexão, vista por perspectivas que são exteriores a si;  Disponibilidade para a aprendizagem: estar receptivo a novas aprendizagens reavaliando convicções sem perder de vista os próprios objetivos e prioridades;  Consistência: a liderança é o assumir o risco de um novo desafio. Perante uma experiência é positivo explorar a capacidade de realizar novas aprendizagens e analisar os próprios sentimentos.
  • 47. Refletir acerca do que aconteceu e do papel assumido para a resolução do problema. Motivação: o líder deve saber motivar os seus colaboradores. Deverá ter, para isso, a capacidade de criar uma visão que possa transformar-se em realidade e que incentive as pessoas a mudar. Será, então, importante definir aquilo que se pretende fazer, interagir com os colaboradores no sentido de construir um projeto com que o grupo se identifique, incentivando-os a trabalhar nessa direção. Confiança: a confiança é a base da empatia. Gerar empatia impõe um esforço para ouvir os outros, mostrando um interesse genuíno. Para isso poderá demonstrar-se empatia através da transmissão explícita de reações às propostas dos colaboradores, da reformulação do discurso da equipe à medida que os elementos vão falando (de modo a certificar-se do conteúdo da mensagem emitida), completando as sugestões com ideias próprias e, compreendendo profundamente o ponto de vista dos liderados. Transformar os desejos em ações concretas e definidas: a ação é precedida de uma intenção. O líder deverá definir claramente aquilo que pretende fazer e analisar as capacidades para a concretização. Deverão antecipar-se dificuldades e criar-se projetos realistas que possam ser concretizados. Para isto poderá definir-se uma linha orientadora que clarifique o rumo a seguir, partilhando um pouco o pensamento estratégico. Partilhar os méritos: mesmo que a ideia inicial seja do líder, será sempre importante repartir os méritos com aqueles que se esforçaram. As pessoas precisam saber que são reconhecidas e isso levará ao aumento da coesão do grupo e da motivação para projetos futuros. Se as coisas correm bem, partilham-se os méritos. Contudo, se algo corre mal será importante que, como líder chama a si mesmo as responsabilidades. Em crise não há liderança partilhada. Mais uma vez, esta não é uma regra sem exceção e pode haver situações em que se sinta a necessidade de flexibilizá-la.
  • 48. Existem também alguns desempenhos que são ineficazes na liderança. A estes, será feita apenas uma breve referência, para a sensibilização de que liderar não é um processo fácil e instintivo. Deste modo, um líder ineficaz, para além de não cumprir as premissas que tem vindo a ser trabalhadas, apresenta também:  Incapacidade para organizar detalhes: diz-se que o bom líder deve unicamente preocupar-se com as grandes linhas de atuação. Isto não é mais do que uma boa desculpa para não organizar meticulosamente as tarefas.  Falta de disposição para fazer o que se pede aos outros para fazerem: por vezes delega-se nos outros as tarefas menos motivadoras. Colocando-se no lugar dos colaboradores, facilmente se percebe o sentimento que isto provocará. A liderança pelo exemplo é essencial para inspirar os colaboradores. Esta postura terá várias vantagens: é útil como método de formação, visto que o colaborador, ao ver o líder realizar algo que será posteriormente da sua responsabilidade, mais facilmente aprenderá; realça a importância das atividades, visto que o líder também as realiza; é um fator de motivação, pois se o líder realiza aquela tarefa, isso não significa que a chefia se quer descartar de realizá-la.  Expectativas de reconhecimento (pagamento) pelo que se sabe em vez de pelo que se realiza: saber, por si só, não é condição suficiente para realizar. É necessário demonstrar a sabedoria través da prática da realização.  Medo da competição: o mundo das organizações é competitivo e, por isso, há que entrar de modo correto nesta competição, sem tácticas desleais, sem medo de lutar e levar avante os objetivos.  Ausência de criatividade: a criatividade pode surpreender os colaboradores com novas soluções para os problemas. Muitas vezes, a não criatividade do líder poderá estar ligada a não aceitação da criatividade dos colaboradores com receio de que isto abale o ego do líder que rejeitará as ideias que não sejam dele.
  • 49. Síndrome do eu: é muito desmotivante, para uma equipe, ter um líder que constantemente utiliza o “eu” em vez do “nós”. Por vezes o líder utiliza o “eu” para se referir aos sucessos e, o “nós” para os fracassos. O líder deve sempre atender ao fato de estar a trabalhar num coletivo de que faz parte e onde é mais um do “nós”.  Excesso de confiança: o líder deve saber impor fronteiras. Não ser respeitado significa abdicar das fontes de poder e, consequentemente, deixar de ser líder. Há que conseguir criar um bom relacionamento com os devidos distanciamentos entre superior /subordinado.  Deslealdade: um líder deve ser leal ao seu grupo e deve também esperar reciprocidade. Deve, pois, evitar arranjar bodes expiatórios, prometer e não cumprir, prejudicar os colaboradores, etc. Estes são apenas alguns aspectos que se podem salientar acerca da liderança. Combinados com algum bom senso poderão ajudar a uma liderança eficaz. Contudo, é importante não esquecer os três fatores que mais influenciam o processo de liderança: líder, subordinado e contexto. É importante relembrar de que estes três fatores não existem isolados, pois estão imersos num dinamismo interativo. Resta, por fim, desejar boas lideranças e, que em situação de liderado, saiba ser o subordinado que gostaria de ter, e que em situação de líder, saiba ser o líder que gostava de ter quando foi liderado.
  • 50. 8. BIBLIOGRAFIA Almeida, F. N: (1996). O Gestor: a arte de liderar. Lisboa: Edt. Presença. Almeida, F. N. (1995). Psicologia para gestores – Comportamentos de sucesso nas organizações. Lisboa. McGraw-Hill. Dreyfus, Catherine (1980). Psicoterapia de grupo . Lisboa: Verbo. Estanqueiro, António (1993). Saber lidar com as pessoas. Lisboa: Edt. Presença. Fachada, Odete (1998). Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Edições Rumo, lda. Fortuna, A. A. M.; Ferreira, V. C. P.; TACHIZAWA, Takeshy Gomes, A.D., Cardoso, L. & Carvalho, C. (2000). Discurso de Liderança: o que faz sentido faz-se. In Psychologica, 23, 7-36. Lourenço, P.R. (2000). Liderança e eficácia: uma relação revisitada. In Psychologica, 23, 119-130. Masonneuve, Jean (1967). A dinâmica dos grupos. Lisboa: Livros do Brasil. Pracana, Clara (2001).O líder sedutor . Lisboa: Climepsi Editores. Rego, A. (1999) A comunicação nas organizações. Lisboa: Edições Sílabo. Rego, A. (1998) Liderança nas organizações: teoria e prática. Universidade de Aveiro Saint-Exupèry, A (1940) O Principezinho. Lisboa: Edt. Aster.
  • 51. ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS Danielly da Paz Oliveira TERESINA 2012
  • 52. SUMÁRIO 1. Introdução 2. Necessidades interpessoais e processo grupal 3. A influência da personalidade nas relações interpessoais 4. Fatores estressantes no trabalho gerando conflitos 5. O papel da comunicação nas relações interpessoais 6. Ética: conceito e história 7. Ética Profissional e Deontologia 8. Bibliografia
  • 53. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, Passa sozinho, Mas não vai só, Nem nos deixa sós; Leva um pouco de nós mesmos, Deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, Mas há os que não levam nada; Há os que deixam muito Mas não há os que não deixam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossas vidas, E a prova evidente de que duas almas Não se encontram por acaso. Antoine de Saint-Exupery Nós não existe, mas é composto do Eu e Tu. É uma fronteira sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E quando há encontro, então eu me transformo, e você também se transforma. Frederick S. PERLS
  • 54. INTRODUÇÃO Conviver é “viver com”. Consiste em partilhar a vida, as atividades, com os outros. Em todo grupo humano existe a necessidade de conviver, de estar em relação com outros indivíduos. Além disso, a convivência é também formativa, pois ajuda no processo de reflexão, interiorização pessoal e auto- regulação do indivíduo. O homem começa a ser pessoa quando é capaz de relacionar-se com os outros, quando se torna capaz de dar e receber e deixa o egocentrismo dar lugar ao alterocentrismo. A capacidade de estabelecer numerosas pontes de relacionamento interpessoal é considerada pelos estudiosos do comportamento como um dos principais sinais de maturidade psíquica. Pelo fato de vivermos em sociedade, oferecemos aos outros uma imagem de nós mesmos, assim como formamos conceito sobre cada uma das pessoas que conhecemos, ou seja, cada um de nós tem um conceito das pessoas que conhece e cada uma delas tem um conceito de nós. Assim como depositamos em cada pessoa conhecida um capital de estima maior ou menor, temos com ela também a nossa cota, de acordo com o nosso desempenho pessoal e social. De acordo com Fritzen (1998), a sociabilidade e a socialidade são as duas formas básicas de estabelecer relação com o meio. A sociabilidade faz parte da natureza humana: é a necessidade de comunicação ativa e passiva que se manifesta no indivíduo desde o seu nascimento. A socialidade vai depender das circunstâncias, do ambiente, no nível de participação da pessoa em nível social. Existem pessoas mais abertas e extrovertidas, que comunicam com facilidade suas impressões e estão sempre dispostas a receber as mensagens dos outros. São as pessoas que consideramos comunicativas e sociáveis. Outras pessoas são mais tímidas e introvertidas, propensas a reações de fechamento e de reserva, que sentem dificuldades na comunicação e podem mostrar-se inseguros até mesmo diante de suas próprias possibilidades. Há pessoas mais seletivas, que sentem dificuldade de extrapolar o círculo familiar,
  • 55. restringindo suas relações a pessoas próximas e em número reduzido; assim como existem pessoas que manifestam características de dominação, que gostam de impor sua vontade aos demais. Enfim, pondera Fritzen, os estilos e formas de sociabilidade variam muito e também dependem das situações, sendo necessário, para a boa relação interpessoal, certa disposição de ânimo e interesse pelo outro: ver e ser visto, escutar e ser escutado, compreender e ser compreendido.
  • 56. 2. NECESSIDADES INTERPESSOAIS E PROCESSO GRUPAL Um grupo é composto de pessoas, mas não equivale à soma dos indivíduos, possuindo uma realidade distinta e características peculiares. Neste são produzidos vários fenômenos psicossociais a partir de ações que os favorecem. Participar de um grupo não significa ter as mesmas idéias, mas participar de uma construção conjunta, consensual, pressupondo a necessidade de abertura às idéias alheias e capacidade de aceitação. Todo indivíduo chega a um grupo com necessidades interpessoais específicas e identificadas, não consentindo em integrar-se até que certas necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo. Schutz (...) identifica três necessidades interpessoais básicas para esse processo de integração: necessidade de inclusão, de controle e de afeição. A necessidade de inclusão define-se pela ansiedade experimentada pelo membro novo de um grupo quanto a se sentir aceito, integrado, valorizado por aqueles aos quais se junta. Esta é uma fase importante para estabelecer confiança e sentimento de “pertencer”, resultando em aumento da estima e confiança pessoal. Uma vez satisfeita esta necessidade de inclusão, a atenção do indivíduo se dirige para a influência e o controle, consistindo na definição, pelo próprio indivíduo, de suas responsabilidades no grupo e também as de cada um dos que o formam, ou seja, sentir-se responsável por aquilo que constitui o grupo, suas estruturas, suas atividades, seus objetivos, crescimento e progresso. Satisfeitas as primeiras necessidades, de inclusão e controle, o indivíduo confronta-se com as necessidades emocionais, de afeição, que consiste em obter provas de ser valorizado, estimado e respeitado pelo grupo, não apenas pelo que tem a oferecer, mas pelo que é, como ser humano.
  • 57. 2.1 A DINÂMICA DOS GRUPOS1 O grupo se caracteriza pela reunião de um número variável de pessoas com um determinado objetivo, compartilhado pelos seus membros, que podem desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo. No campo teórico pode-se definir o grupo como um todo dinâmico, o que significa que ele é mais que a soma de seus membros, e que a mudança no estado de qualquer sub-parte modifica o grupo como um todo. Em nossa sociedade as pessoas vivem em campos institucionalizados e, em alguns casos, a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que não escolhemos. Essa forma de convívio que independe de nossa escolha é chamada de solidariedade mecânica, e o convívio escolhido é chamado de solidariedade orgânica. Quando um grupo de estabelece, os fenômenos grupais passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de processo grupal. A fidelidade de seus membros, o grau de aderência às regras de manutenção do grupo, é chamada de coesão grupal. Grupos com baixo grau de coesão tendem a se dissolver. Os motivos individuais são importantes para a adesão ao grupo, mas as diferenças individuais serão admitidas desde que não interfiram nos objetivos centrais do grupo ou suas características básicas. Os objetivos do grupo irão sempre prevalecer aos motivos individuais e, quanto mais o grupo precisar garantir sua coesão, mais ele impedirá manifestações individuais que não estejam de acordo com seus objetivos. Para Minicucci o aprendizado do trabalho social de grupo é a primeira meta do trabalho grupal. O indivíduo tem de experimentar, errar, aprender, até que se comporte adequadamente e, para atingir esse desenvolvimento, conta com a colaboração dos outros. 1 Compilado de MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de Grupo – teorias e sistemas e BOCK, Ana Maria et alii. Psicologias.
  • 58. 2.1.1 Tipos de grupos Alguns tipos de grupos podem ser caracterizados, de acordo com os objetivos de seus membros: 2.1.2 Grupo de Treinamento Tem como características: Ênfase no aprimoramento das habilidades Assunto de discussão não definido É um processo de desenvolvimento Visa à aprendizagem De maneira geral, um grupo de treinamento ou desenvolvimento visa auxiliar seus participantes a imprimir mudanças construtivas em seu “eu” social, através da análise das experiências presentes e imediatas. 2.1.3 Grupo de Terapia Tem como características: Ênfase no trabalho interior Membros com problemas de comportamento Razões íntimas que analisam por que a pessoa age de certa maneira Análise do porquê os problemas íntimos tolhem a atuação do indivíduo em grupo.
  • 59. O grupo de terapia trabalha com indivíduos com problemas de ajustamento, levando-os a descobrir seu “eu” íntimo e trabalhando com aqueles problemas que inibem o comportamento normal do indivíduo em grupo. 2.1.4 Grupo de aprendizagem É motivado pela necessidade de aprender com os demais, de partilhar com os outros nossas idéias, sentimentos, de conseguir melhor entrosamento com as pessoas e com o mundo que nos rodeia. Objetivo = superação individual. Ex: grupos de estudo, grupos de análise etc. 2.1.5 Grupo de ação Nasce da necessidade de colaboração com os outros nas decisões e no planejamento de certos tipos de trabalho que não podem ser executados individualmente. Objetivo = produtividade coletiva. Ex: grupos de mutirão, campanhas humanitárias etc. De modo geral, os indivíduos entram em determinado grupo para satisfazer a duas classes básicas de necessidade: de aprender e de atuar com os outros. Embora haja predominância de uma ou outra necessidade, não é possível falar em grupos puros, seja de aprendizagem, seja de ação. 2.1.6 Grupo Operativo Pichon-Rivière desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo denominada “grupos operativos”. Esse tipo de grupo caracteriza-se por estar centrado de forma explícita em uma tarefa específica. O grupo operativo configura-se como um modo de intervenção, organização e resolução de problemas grupais.