1) Jane Austen foi introduzida no Japão no início do século XX e seu livro Orgulho e Preconceito foi traduzido em 1926, tornando-se popular entre as elites intelectuais.
2) Orgulho e Preconceito foi adaptado para mangás e outras mídias populares japonesas, como o teatro Takarazuka, garantindo sua ampla difusão.
3) O mangá Hana Yori Dango, de 1992, é a releitura mais conhecida de Orgulho e Preconceito no Japão e se
Releituras de Jane Austen nos Mangás Femininos Japoneses
1. Releituras de Jane Austen no Mangás
Femininos Japoneses
Prof.ª Dr.ª Valéria Fernandes da Silva
2. Jane Austen no Japão
O Japão começou sua abertura para o
Ocidente com a chamada Restauração Meiji
(1868).
A nova era trouxe um impulso à modernização
tecnológica e cultural nos moldes ocidentais.
Autores europeus e norte americanos foram
traduzidos para o japonês ainda no século XIX
com grande sucesso.
Jane Austen, no entanto, esperou até 1926
para ser traduzida e a obra escolhida foi
Orgulho & Preconceito.
3. Jane Austen no Japão
Orgulho & Preconceito já gozava de prestígio
entre as elites intelectuais japonesas antes da
sua tradução, graças ao trabalho do escritor e
especialista em literatura inglesa Natsume
Sōseki.
Sōseki associou Jane Austen ao ideal de “boa
esposa, mãe sábia” que servia de diretriz para
a educação feminina durante a Era Meiji e
Taishō.
Nogami Toyoichirou, o tradutor, e sua esposa,
a escritora Nogami Yaeko, foram discípulos
4. Jane Austen no Japão
Nogami Yaeko (1885-1985) foi a primeira a
trazer Austen para o grande público japonês.
Seu romance Machiko é considerado uma
releitura politizada de Orgulho & Preconceito.
Em Machiko, uma jovem moderna questiona o
sistema de casamentos arranjados e deseja
uma carreira.
Como Elizabeth Bennet, Machiko precisa lidar
com três pretendentes: um rico e orgulhoso;
outro revolucionário e libertino; e o último
formal e frio.
5. Jane Austen na Cultura Pop
Japonesa
Após a II Guerra (1939-45), multiplicaram-se
as traduções de obras de Jane Austen, assim
como suas adaptações serializadas em
revistas populares e outras mídias.
No entanto, de todas as obras da autora, é
Orgulho & Preconceito a mais conhecida no
Japão.
Suas adaptações e releituras para a TV,
cinema e teatro, garantiram ampla difusão
tanto da história original, quanto das suas
protagonistas, Darcy e Elizabeth.
6. Jane Austen na Cultura Pop
Japonesa
Sucesso com o público feminino, Orgulho &
Preconceito foi transportado para dois
formatos muito populares no Japão: o shoujo
mangá (quadrinhos femininos) e o Teatro
Takarazuka.
O Japão é o único mercado de quadrinhos no
mundo no qual uma fatia considerável é
voltada para o público feminino de todas as
idades.
Outra singularidade é que boa parte dos
mangás produzidos para este público é feito
7. Jane Austen na Cultura Pop
Japonesa
Houve dois tipos de apropriação de Orgulho &
Preconceito pelas autoras de quadrinhos
japoneses.
A mais comum é a que utiliza as linhas gerais
da história, especialmente o relacionamento
entre Darcy e Elizabeth, e algumas
personagens.
A outra forma é a transposição da obra
original para o formato mangá.
Neste caso, percebe-se, também, o diálogo
com as adaptações de Orgulho & Preconceito
8. Referências, Releituras e
Homenagens
Orgulho & Preconceito
(Kouman to Henken) foi
adaptado para mangá
por Reiko Mochizuki em
2009.
Em dois volumes, a obra
tenta transpor o original,
para mangá, utilizando
como referência visual a
série da BBC de 1995 e o
filme de 2005.
9. Referências, Releituras e
Homenagens
A releitura em formato
mangá mais conhecida e
bem sucedida de Orgulho &
Preconceito é Hana Yori
Dango (1992-2003).
A série foi adaptada para
animação, novela televisiva
e cinema.
Hna Yori Dango, de Yoko
Kamio, é o shoujo mangá
mais vendido de todos os
10. Em forma de romance escolar, temos uma
heroína pobre e corajosa, que se torna alvo da
atenção e, depois do afeto, de um rapaz rico e
arrogante.
11. Referências, Releituras e
Homenagens
Hana Yori Dango permite
identificação imediata com
Orgulho & Preconceito: a
heroína, Tsukushi Makino, é
Elizabeth Bennet; Tsukasa
Doumyouji é um Mr. Darcy; a
mãe de moça é a Sr.ª Bennet,
interessada em um
casamento vantajoso, já a
mãe de Tsukasa é Lady
Catherine De Burgh capaz de
tudo para separar o casal.
12. Referências, Releituras e
Homenagens
Outras referências são menos
explícitas, em Glass Mask, de
Suzue Miuchi, série iniciada
em 1976, a relação entre a
protagonista, Maya Kitajima, e
Masumi Hayami é em Orgulho
& Preconceito.
Glass Mask já vendeu milhões
de cópias e foi adaptado para
animação e novela mais de
uma vez.
13. Referências, Releituras e
Homenagens
A relação entre as obras foi
percebida de imediato quando
a primeira animação foi
exibida na França, e o nome
de Masumi foi mudado para
Maxime Darcy.
Maya e Masumi se
desentendem em público, ela
o considera arrogante e cruel,
ele a trata com desdém, mas,
em segredo, a protege e
14. Referências, Releituras e
Homenagens
Em 2012, o teatro Takarazuka,
encenou uma adaptação de
Orgulho & Preconceitocom o
nome de Angel’s Ladder
(Tenshi no Hashigo).
O Takarazuka Revue foi
fundado em 1913. Em suas
peças todos os papéis são
interpretados por mulheres.
Orgulho & Preconceito foi a
primeira obra de Jane Austen
15. Considerações Finais
Orgulho & Preconceito fascina os japoneses
desde o início do século XX sendo identificado,
ora, com a propaganda estatal da mulher ideal,
ora, às mulheres modernas que buscavam
novos horizontes.
Dos círculos intelectuais a obra migrou para a
cultura pop, conseguindo grande êxito entre as
produções feitas para o público feminino.
Mesmo 200 anos depois de seu lançamento,
Orgulho & Preconceito se mantém capaz de
romper barreiras culturais permitindo múltiplas