Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
A poesia de Emily Dickinson
1. Literatura Inglesa e Norte-
Americana
Teleaula 9 – Emily
Dickinson
Profa Ma Glauce S. Casimiro
2. Teleaula 9 – Emily
Dickinson
• Conteúdo :
O Fim do Século XIX
Emily Dickinson
3. Teleaula 9 – Emily
Dickinson
Objetivos :
Conhecer e
compreender uma
introdução à literatura
do fim do século XIX, as
características gerais
do período e um dos
seus mais instigantes
autores: Emily
4. O Fim do Século XIX
Após a Guerra Civil, surgiram muitos
escritores novos, entre eles Bret
Harte, o pai dos relatos do Oeste.
Na segunda metade do século XIX, a
literatura romântica entrou em
declínio, juntos com seus ideais. Os
escritores e poetas realistas começam
a falar da realidade social e dos
principais problemas e conflitos do ser
humano.
5. Características da fase
• objetivismo
• linguagem popular
• trama psicológica
• valorização de personagens
inspirados na realidade
• uso de cenas cotidianas
• crítica social
• visão irônica da realidade.
6. O século XIX (1800-1900)
foi marcadamente
voltado para os valores
estéticos da arte
romântica, em uma
república agrária, mas
que caminhou,
também, em direção
da arte realista, em um
industrialismo urbano.
A América queria se
reafirmar, mostrar sua
identidade, seu “eu”
próprio como nação
que surgia cheia de
força e talento.
7. Movimentos do Período
Romântico na América
• O ambiente americano
• a profissão das letras
• o renascimento da Nova
Inglaterra: a herança puritana
• o velho Sul: a aristocracia de
fazendeiros e o interior
• a arte realista
• a ficção do regionalismo
13. Emily Dickinson nasceu em 10 de
dezembro de 1830, na pequena cidade de
Amherst, perto de Boston, no estado de
Massachusetts, uma das regiões de raízes
mais puritanas e conservadoras dos
Estados Unidos, e morreu no mesmo local
em 15 de maio de 1886.
14. Nascida em Amherst, Massachusetts, onde
viveu toda a vida, Emily é vista como uma
excêntrica. Quando tinha cerca de 30 anos,
encerrou-se na casa dos pais, de onde
nunca saía. Retirava-se quando chegavam
visitas e só era vista em trajes brancos.
Embora avessa ao contato social, escrevia
muitas cartas.
15. Tendo vivido e produzido à
margem dos círculos
literários de seu tempo,
solteira por convicção e
auto-exilada dentro de casa
por mais de vinte anos,
Emily Dickinson não
chegou a publicar os seus
versos, por não se submeter
aos rígidos padrões de
discrição e singeleza que se
esperava então de uma
mulher.
16. Sua voz era uma voz estranha em meio
às tímidas dicções poéticas da época,
e por essa razão ela teve de encarar
em vida a rejeição de seu labor
poético.
17. Ao arrumar o quarto de Emily depois
que ela morreu, a sua irmã Lavinia
encontrou uma gaveta cheia de papéis
em desordem. Eram cadernos e folhas
soltas com uma grande quantidade de
poemas inéditos.
18. Disposta a divulgar a obra
da irmã, Lavinia entrou
em contato com um
medíocre crítico literário,
Thomas Higginson, que
durante trinta anos
renegou todos os versos
que Emily lhe submetera,
e uma obscura escritora,
Mabel Todd, que por
cinco anos havia
freqüentado a casa da
poeta sem nunca chegar
sequer a vê-la.
19. Dessa improvável união de forças surgiu
a publicação póstuma de alguns de
seus poemas, seguida em pouco
tempo de diversas outras edições, em
vista da excepcional acolhida que
tiveram.
20. Em 1955, o crítico e biógrafo Thomas H.
Johnson reuniu numa edição definitiva
todos os seus 1.775 poemas. Daí em
diante a obra de Emily Dickinson
passou a ser reverenciada por uma
crescente legião de críticos e leitores
exigentes.
21. Sua escrita poética,
ambígua, irônica,
fragmentada, aberta a
várias possibilidades
de interpretação,
antecipa, sob muitos
aspectos, os
movimentos
modernistas que se
sucederiam depois de
sua morte.
22. Essa instigante poesia,
nascida na solidão e no
anonimato mas
impregnada dos mais
profundos valores
humanos, dá hoje a
Emily Dickinson um
merecido e
imorredouro lugar no
cânon literário
universal.
23. De seus poemas, escritos em
verdadeira clausura, somente sete
foram publicados durante sua vida.
No total, são cerca de 1800 poemas.
24. Inovadora na linguagem, ela desenvolveu
formas originais de expressão. Até sua
pontuação, marcada por travessões, é
diferente de qualquer outro poeta de sua
época.
Para alguns analistas, a poeta usava os
travessões como uma forma de marcar o
ritmo.
25. Os temas de Emily são perenes.
Os editores costumam
agrupar seus poemas sob
títulos como Vida, Amor,
Natureza, Morte, Tempo e
Eternidade. Os poemas da
Bela de Amherst, como Emily
ficou conhecida, foram
publicados depois de sua
morte, em 1890, 1891 e 1896.
Somente em 1955 é que
apareceu, pela primeira vez,
uma edição de sua poesia
completa.
26. Seus versos constam da
coletânea "The Complete
Poems of Emily Dickinson",
editada por Thomas H.
Johnson, Cambridge, Mass
(EUA), 1955.
27. Não há melhor fragata que um livro
para nos levar a terras distantes.
28. Tudo o que sabemos do amor, é que o
amor é tudo que existe.
31. A beleza não tem causa. É. Quando a
perseguimos apaga-se. Quando
paramos - permanece.
32. Dentre todas as Almas já
criadas
Emily Dickinson
Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -
Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -
Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!
(Tradução:
33. O poema anterior foi
extraído do livro
"Emily Dickinson:
Alguns Poemas",
Editora Iluminuras —
São Paulo, 2006.
34. I´m nobody
I'm nobody! Who are you?
Are you nobody, too?
Then there 's a pair of us—don't tell!
They 'd banish us, you know.
How dreary to be somebody!
How public, like a frog
To tell your name the livelong day
To an admiring bog!
35. Tradução de Ana Luísa Amaral
– Não sou Ninguém! Quem és?
– És tu - Ninguém - também?
– Há, pois, um par de nós?
– Não fales! Não vão eles - contar!
– Que horror - o ser - Alguém!
– Que vulgar - como Rã -
– Passar o Junho todo - a anunciar o nome
– A charco de pasmar!
36. As duas estrofes deste
poema são típicas de
Dickinson.
Elas seguem um padrão de
rima ABCB.
Emily frequentemente usa
travessões rítmicos
para interromper o fluxo
de palavras.
37. Comentário
Ironicamente, um dos mais famosos
detalhes da obra de Dickinson é que
ela foi totalmente não-famosa durante
toda sua vida.
Ela viveu inteiramente reclusa em
Amherst, Massachusetts, e embora
ela tenha escrito quase 1.800 poemas,
ela publicou menos de 10 deles em
vida.
38. Este é um de seus mais famosos poemas e
a mais brincalhona defesa do tipo de
privacidade espiritual que ela defendia,
implicando que ser “Nobody” é um luxo
incompreensível para os temíveis
“Somebodies” – uma vez que eles estão
extremamente ocupados mantendo seus
nomes em circulação, coaxando como
sapos em um pântano no verão.
39. • Este poema é um extraordinário
exemplo da abordagem sempre
elegante de Dickinson da métrica.
• Ela usa os travessões que são sua
marca registrada de forma quase
forçada para interromper os versos e
interferir no fluxo do poema, como em
"How dreary-- to be--Somebody!".
40. O poema ilustra de forma viva seu
surpreendente uso da linguagem.
• A justaposição no verso "How public--like a
Frog--" choca o leitor de primeira viagem,
combinando elementos que não são
tipicamente considerados juntos, e
portanto, de forma mais poderosa impondo
o seu significado.
• Sapos são “públicos” como figuras
públicas – ou “Alguéns”- Somebodies —
porque eles estão constantemente a
anunciar o nome "tell your name"–
coaxando– para o pântano, lembrando
todos os outros sapos de suas identidades.
41.
42. A "Esperança" é a coisa com penas -
Que na alma se empoleira -
E canta uma cantiga sem palavras -
E nunca pára - a vida inteira –
E mais doce - na Tormenta - a ouvimos
-
E precisava o vento ser sandeu -
Para afligir a Avezinha
Que a tantos aqueceu –
Ouvi-a na mais fria terra -
E no mais estranho mar -
Mas nem no Cabo mais Extreme
Me veio uma côdea esmolar –
43. • A poeta descreve esperança como um
pássaro(“a coisa com penas”) que na alma
se empoleira. Lá, ele canta sem palavras e
sem pausa. A canção da esperança soa
mais doce “na tormenta”, e seria preciso
uma terrível tempestade para “afligir a
avezinha que a tantos aqueceu”.
• A poeta diz que ouviu o pássaro da
esperança “na mais fria terra -- / e no mais
estranho mar –”, mas nunca, não
importando as condições,ele jamais pediu
44. • Como a maioria de seus
poemas, existe modificação e
quebra do fluxo rítmico com
travessões indicando intervalos
e pausas ("And never stops--at
all--").
• As estrofes, como na maioria
da poesia de Dickinson, rimam
fracamente em um esquema
ABCB, embora neste poema
existam algumas rimas
acidentais: "words" no verso 3
da primeira estrofe rima com
"heard" e "Bird" da segunda;
"Extremity" rima com "Sea" e
"Me" na terceira, portanto,
tecnicamente, de acordo com
um esquema de rima ABBB.
45. A descrição simples e metafórica da esperança como
um pássaro cantando na alma é exemplo do estilo
de homilia de Dickinson, derivado de salmos e hinos
religiosos.
46. Dickinson apresenta sua metáfora nos dois
primeiros versos ("'Hope is the thing with
feathers-- / That perches in the soul--"),
então a desenvolve por todo o poema
contando o que o pássaro faz (sing), como
ele reage às dificuldades (não se aflige com
a tempestade), onde ele pode ser
encontrado (em todos os lugares, desde
"chillest land" ao "strangest Sea"), e o que
ele pede para si próprio (nada, nem mesmo
uma simples migalha).
47. • Este poema é mais simples do que o trabalho mais
maduro de Dickinson cujos temas complicados e
explosivos surgiriam em torno de 1865.
• Mesmo assim, encontramos aqui o choque verbal que
tanto caracteriza o estilo maduro de Dickinson: o uso
de "abash," por exemplo, para descrever o potencial
efeito da tormenta no pássaro, leva o leitor de volta à
realidade por trás da bela metáfora; enquanto um
pássaro não pode ser “abashed”, a palavra descreve
o efeito da tempestade – ou uma dificuldade maior –
sobre as esperanças da poeta.
48. She rose to his
requirements, dropped
The playthings of her life
To take the honorable
work
Of woman and of wife.
49. To make a prairie it
takes a clover and a
bee.
One clove , and a bee,
And revery.
The revery alone will
do,
if bees are few
50. Para fazer uma campina
basta um só trevo e uma
abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Ou apenas fantasia
Faltando a abelha.
tradução de Idelma Ribeiro de Faria