O que é Mangá? Uma introdução aos quadrinhos japoneses
1.
2. O que é Mangá?
Mangá é o nome dado às histórias em
quadrinhos de origem japonesa. A palavra
surgiu da junção de dois vocábulos: “man”
(involuntário) e “gá” (desenho, imagem). Ou
seja, mangá significa literalmente “desenhos
involuntários”.
Curiosidade: foram necessários 600 anos para que o termo
“mangá” efetivamente surgisse.
3. Foi em 1814 que o pintor Katsuhika Hokusai
lançou o primeiro encadernado contendo
uma coleção de histórias com desenhos
sequências. A série, que teve 15 volumes,
foi batizada de “Hokusai Mangá”. A partir daí
os quadrinhos japoneses passaram a ser
chamados de “mangás”, no entanto, essa
denominação seria consolidada somente no
Japão pós- Segunda Guerra, já nos anos
1950, com as obras de Osamu Tezuka.
4. Características
Os mangás possuem características
distintas que os difere dos estilos de
quadrinhos de outras partes do mundo,
sobretudo dos comics americanos, a
começar pela representação gráfica. O
alfabeto japonês é composto de ideogramas
que não representam somente sons, mas
também ideias. Assim, em um mangá as
onomatopéias, além de fazerem parte da
arte, são uma importante ferramenta na
narrativa da história.
5. A ordem de leitura dos quadrinhos
japoneses é diferente daquela que estamos
acostumados. Uma HQ japonesa começa
onde seria o fim de uma publicação
ocidental. Além disso, o texto é disposto da
direita para a esquerda.
O estilo de traço também difere dos gibis de
outros país. Os personagens dos quadrinhos
japoneses sempre tem olhos grandes e
corpos esguios.
6. Outra característica peculiar dos mangás
é que primeiramente eles são publicados
em capítulos em revistas que parecem
verdadeiros almanaques que reúnem
várias histórias de diversos autores.
A disposição dos quadrinhos em uma
página de mangá também é
consideravelmente diferente daquela que
se costuma a se ver em um “comic”
americano.
7. Outra característica das HQs nipônicas
sempre presente é o fato de serem
produzidas em preto-e-branco e
publicadas em papel jornal. Isso torna o
produto mais barato e acessível à todos
os tipos de leitores – desde crianças à
executivos, de estudantes à donas de
casa.
8. Mangá e o Mito
Assim como em todas as outras formas
de manifestação artística, os mangás
frequentemente recorrem aos mitos
para codificar sua mensagem,
recriando-os, quando necessário, para
atingir o homem moderno.
9. O que é o mito?
Mitos, são narrativas utilizadas pelos
povos antigos para explicar fatos da
realidade e fenômenos da natureza que
não eram compreendidos por eles. Os
mitos se utilizam de muita simbologia,
personagens sobrenaturais, deuses e
heróis. Todos estes componentes são
misturados a fatos reais, características
humanas e pessoas que realmente
existiram. Um dos objetivos do mito é
transmitir conhecimento e explicar fatos
que a ciência ainda não havia explicado.
10. Características do mito
Tem caráter explicativo ou simbólico.
Relaciona-se com uma data ou com uma
religião.
Procura explicar as origens do mundo e do
homem por meio de personagens
sobrenaturais como deuses ou semi-
deuses.
Ao contrário da explicação filosófica, que
se utiliza da argumentação lógica para
explicar a realidade, o mito explica a
realidade através de suas histórias
sagradas, que não possuem nenhum tipo
de embasamento para serem aceitas como
verdades.
11. Alguns acontecimentos históricos
podem se tornar mitos, desde que as
pessoas de determinada cultura
agreguem uma simbologia que tornem o
fato relevante para as suas vidas.
Todas as culturas possuem seus mitos.
Alguns assuntos, como a criação do
mundo, são bases para vários mitos
diferentes.
Mito não é o mesmo que fábula, conto
de fadas ou lenda.
12. Mas como o mito acontece em
mangás?
Apresento a seguir exemplos da
presença de um tipo de mito em
mangás: o mito que podemos
denominar de “teológicos” (que relatam
os feitos de deuses e heróis)
13. No Japão antigo, a religião original
xintoísta era politeísta e animista, ou
seja, havia vários deuses superiores e
espíritos para as forças da natureza,
bem como demônios e outros seres
maléficos. Com relação à vida após a
morte, havia a crença na imortalidade
da alma e no seu julgamento, que
levava ao inferno ou a um lugar
paradisíaco até o momento da
reencarnação. Todo esse substrato de
lendas e mitos permanece no imaginário
japonês e é largamente utilizado em
mangás.
14. Podemos aqui traçar um paralelo com a
cultura indígena brasileira, sendo que a
revista em quadrinhos Turma do Pererê
apresentava personagens da mitologia dos
índios brasileiros, como a Iara e a Caipora.
Do mesmo modo, figuras do imaginário
japonês são utilizadas como personagens
de mangtás, como nas histórias sobre
youkai, (é uma classe de criaturas
sobrenaturais do folclore japonês) seres
sobrenaturais nem sempre benignos, as
quais constituem um gênero em si. Esse
tipo de mangá geralmente enfoca menos
os feitos dos youkai em si, mas sim as
suas relações, amistosas ou não, com os
seres humanos.
15. Como ler um mangá?
Ao contrário dos “comics”, os gibis americanos,
os mangás são originalmente publicados com a
leitura oriental, feita da direita para a esquerda.
Ou seja, o que no Ocidente seria o fim da
revista, no Japão é o início.
Regra: comece sempre de cima para baixo e da
direita para a esquerda.
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17. Os Estilos de Mangás
Kodomo: São os mangás voltados para o
público infantil (kodomo significa,
literalmente, criança). Geralmente trazem
histórias cômicas recheadas de lições de
moral e ensinamentos. Além de tramas
simples, a arte não é exagerada e é bem
infantilizada para manter a atenção de
seus leitores. Anpanman, o doce de feijão
herói, é um dos maiores expoentes do
kodomo mangá.
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19. Shounen
Eis o estilo de mangá que rompeu fronteiras e levou os
quadrinhos japoneses mundo afora. O shounen é o gênero
de mangá voltado para o público infanto-juvenil masculino.
Revistas famosas como a Shounen Jump, Shounen
Sunday, Shounen Magazine e a Shounen Champion
proveram o surgimento de alguns dos maiores sucessos
da História dos quadrinhos japoneses. Dragon Ball, Os
Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X, Yu Yu Hakusho, Inu-
Yasha, Fullmetal Alchemist, Yu-Gi-Oh, Naruto, One Piece,
Death Note, Kuroko no Basket, Slam Dunk, Bakuman,
Negima, Another, To Love-Ru entre tantos outros são
exemplos de sucesso dos shounens. Entre as principais
características desse estilo estão as histórias sempre
voltadas para aventura, comédia e esportes. O traço usado
pelos autores, embora seja cartunesco, é detalhado,
preciso, forte e atrativo.
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21. Shoujo
Este é o estilo de mangá direcionado para o
público infanto-juvenil feminino. Diferente do
shounen, seu traço é leve. As histórias
apresentadas nas páginas de um mangá shoujo
podem ter aventura e comédia, mas os romances
– que podem ou não conter elementos fantásticos
– sobressaem no gosto de suas leitoras. Sakura
Card Captors, Sailor Moon, Nana, Merupuri, Fruits
Basket, Candy Candy, Rosa de Versalhes, Glass
Mask, Aoharaido e Orange estão entre os
destaques do gênero.