Um dos problemas observados nas feiras e mercados é a subutilização e o desperdício de frutas. Isso ocorre devido à grande produção e pouca procura, ou produtos fora dos padrões estéticos para a comercialização. Uma das soluções encontradas por pequenos comerciantes do Mercado do Bolhão no Porto, é o reaproveitamento dos desperdícios para a produção de compotas caseiras. Tal segmentação de produtos, em tempos de crise, pode ser uma alternativa de negócio para estes pequenos comerciantes. A gestão do design surge como uma alternativa para a potenciar a aceitação e valorização de produtos com essência baseada na sustentabilidade. Uma das estratégias é o desenvolvimento de embalagens que valorizem os aspetos estéticos, informativos e conceptuais. O presente artigo aborda o projeto Conta Fruta, uma proposta dirigida a uma pequena empresa que ambiciona posicionar-se no mercado, através de serviços relacionados com o design que evidenciem a qualidade e o método sustentável de produção. A investigação foi realizada em duas etapas: a primeira exploratória por meio de revisão bibliográfica; e uma segunda etapa projetual, na qual foi utilizada a metodologia de Bruno Munari.
Exame De Suficiencia Para Obtencao Do Titulo De Especialista Em Medicina De F...
PROJETO CONTA FRUTA: REPOSICIONAMENTO DE PRODUTO DO MERCADO DO BOLHÃO NO PORTO, EM PORTUGAL
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PROJETO CONTA FRUTA: REPOSICIONAMENTO DE PRODUTO DO
MERCADO DO BOLHÃO NO PORTO, EM PORTUGAL
“CONTA FRUTAS”PROJECT: REPOSITIONING BOLHÃO MARKET ON PORTO,
PORTUGAL
Abrahão, André Luiz; Araújo, Bárbara; Frias, Diogo e Pinto, Syomara dos Santos Duarte
Resumo
Um dos problemas observados nas feiras e mercados é a subutilização e o desperdício de frutas.
Isso ocorre devido à grande produção e pouca procura, ou produtos fora dos padrões estéticos para a
comercialização. Uma das soluções encontradas por pequenos comerciantes do Mercado do Bolhão
no Porto, é o reaproveitamento dos desperdícios para a produção de compotas caseiras. Tal
segmentação de produtos, em tempos de crise, pode ser uma alternativa de negócio para estes
pequenos comerciantes. A gestão do design surge como uma alternativa para a potenciar a aceitação
e valorização de produtos com essência baseada na sustentabilidade. Uma das estratégias é o
desenvolvimento de embalagens que valorizem os aspetos estéticos, informativos e conceptuais. O
presente artigo aborda o projeto Conta Fruta, uma proposta dirigida a uma pequena empresa que
ambiciona posicionar-se no mercado, através de serviços relacionados com o design que
evidenciem a qualidade e o método sustentável de produção. A investigação foi realizada em duas
etapas: a primeira exploratória por meio de revisão bibliográfica; e uma segunda etapa projetual, na
qual foi utilizada a metodologia de Bruno Munari.
Abstract
One of the problems observed in fairs and markets is the under-utilization and waste fruit. This is
due to the large production and low demand, or products outside the aesthetic standards for
marketing. One of the solutions found by small traders at Bolhão Market in Porto, is the reuse of
waste for the production of home-made jams. Such segmentation of products, in times of crisis, may
be an alternative business for these small traders. The design management emerges as an
alternative to enhance the acceptance and appreciation of products with essence based on
sustainability. One of the strategies is to develop packaging that enhances the aesthetic, informative
and conceptual aspects. This article discusses the Conta Fruta project, a proposal aimed at a small
company that aims to position itself in the market. The idea is showing this through services related
to a design that demonstrate quality and sustainable method of production. The research was
conducted in two stages: the first exploration through literature review; and a project second step
in which was used Bruno Munari methodology.
Keywords: Design, Packaging, Sustainability
Palavras Chave: Design, Embalagem, Sustentabilidade
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INTRODUÇÃO
O presente artigo descreve o projeto de design realizado numa pequena empresa do Mercado do
Bolhão, localizado na cidade do Porto, em Portugal. A empresa comercializa frutas e depois de
algum tempo verificou que poderia aproveitar o excedente das frutas vendidas. Este excedente é
basicamente formado por frutas maduras, com mais rejeição pelo público consumidor. Deste modo,
Ermelinda, a proprietária do comércio, resolveu transformar as frutas maduras em compota. Para
este novo produto, a proprietária utiliza potes de vidro em dois tamanhos e necessita com
regularidade de rótulos em quantidade variada, pois as compotas dependem diretamente do
excedente, variável em quantidade e em tipologia de frutas.
A necessidade dos rótulos configurada aqui como necessidade inicial, abriu frente para um projeto
maior de redesign da embalagem, incluindo-se no projeto variantes como rótulos e contentores, bem
como uma logomarca. O projeto baseou-se em três pilares principais: o design, a sustentabilidade e
a gestão do design estratégico.
DESENVOLVIMENTO
Problema
Todo o projeto científico, segundo Rúdio (2010) começa por uma formulação de problema tendo
como objetivo buscar a solução para o mesmo. Dentro deste contexto, o ponto de partida para a
realização deste estudo foi uma observação atenta dentro do pequeno negócio de venda de frutas da
Ermelinda, no mercado do Bolhão no Porto, Portugal.
Ao perceber que o excedente das frutas comercializadas, formado basicamente por frutas mais
maduras, poderia ser utilizado para a produção de compotas, Ermelinda resolveu segmentar o seu
negócio para a produção de compotas caseiras. Inicialmente, este "novo produto" começou a ser
vendido aos clientes habituais. Estes entregavam embalagens vazias, em vidro, para que a o produto
lhes fosse fornecido. As compotas tinham boa aceitação por parte dos clientes, que cresceu para
além dos habituais frequentadores do Bolhão, então Ermelinda procurou um padrão de embalagem
e um rótulo para o seu produto, passando a ter dois tamanhos de embalagens, um de 250ml e outro
de 90ml. A variedade dos seus produtos, o diferencial em relação às compotas industrializadas e o
caráter da sustentabilidade impulsionaram a venda dos produtos e tornaram viável este tipo de
segmentação dentro do seu pequeno comércio de frutas.
O problema inicial de Ermelinda encontrava-se na necessidade de rótulos para o vidro de compota.
Além da questão da fragilidade e higiene, os rótulos possuem uma variação em quantidade, pois os
sabores dependem diretamente do número de frutas excedentes e das misturas, outra característica
forte do seu produto. Com o problema inicial verificou-se uma oportunidade de projeto de
intervenção para além da componente gráfica. O projeto foi então ampliado para a
descontextualização da forma como o produto é apresentado, a redução do desperdício, alteração ou
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redesenho do packaging. Destas premissas, pretendeu-se proporcionar uma nova experiência ao
utilizador/consumidor e valorização do produto.
Imagem 1: Compotas atuais comercializadas por Ermelinda Fonte: Autores
local: Mercado do Bolhão Portugal, fevereiro de 2015
Materiais e Métodos
Esta pesquisa foi realizada em duas etapas, a primeira fase exploratória, e uma segunda
caracterizada pela prática do desenvolvimento e avaliação do produto.
A etapa exploratória por definição é caracterizada como a primeira etapa do processo de pesquisa.
Segundo Gil (1999), "As pesquisas exploratórias tem como principal finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos
". Esta etapa foi constituída por processos que envolveram: o levantamento bibliográfico, sobre a
temática de gestão do design, embalagens e sustentabilidade; Entrevistas com os proprietários do
negócio no Mercado do Bolhão; Além da análise de produtos similares.
O levantamento bibliográfico buscou bases para entender como a sustentabilidade pode interferir no
comportamento humano, sobretudo na criação de um novo estilo de produção e consumo. O
desenvolvimento destes denominados "produtos verdes" ou "limpos" requerem uma nova
capacidade projetual, sem grandes sofisticações tecnológicas. Dentro desta ótica o design, como
segundo pilar teórico desta pesquisa, pode ser o elemento que agrega o tecnicamente possível com o
ecologicamente necessário, promovendo novas propostas sociais e culturalmente apreciáveis
(Manzini,2002). A abordagem sobre os aspectos técnicos para o desenvolvimento de embalagens,
bem como a influência destas no reposicionamento de marca, completam os três pilares teóricos
deste estudo.
Ainda dentro da etapa exploratória do estudo; A observação assistemática, por meio de entrevista
não estruturada, serviu para compreender a dinâmica de funcionamento do negócio de Ermelinda e
identificar o modelo de reaproveitamento das frutas para a produção de compotas. Rúdio (2010)
caracteriza a observação assistemática como um meio para obter o conhecimento através de uma
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experiência casual, sem que tenha determinado de antemão quais os aspetos relevantes a serem
observados e que meios utilizar para observá-los. Essa técnica foi relevante para identificar os
problemas relacionados à identidade visual e embalagem sem nenhum apelo à sustentabilidade.
Imagem 2: Observação assistemática para verificar necessidades
Fonte: Autores local: Mercado do Bolhão Portugal, fevereiro de 2015
A análise de produtos similares dentro do contexto de Portugal, foi imprescindível para
compreender como a inovação pelo design interfere num posicionamento ou valorização de uma
marca. A partir do segmento alimentar, identificou-se três casos de empresas que investiram na
diferenciação como estratégia de mercado; As empresas Fruta Feia, José Gourmet e Meia Dúzia.
Para a etapa de desenvolvimento da embalagem foi aplicada a Metodologia de Munari (2002),
justificada pela necessidade de se começar pela definição do problema e servir também para definir
os passos dentro dos quais o designer deverá trabalhar. Esta metodologia consiste em estabelecer e
ordenar uma série de operações indispensáveis, dispostas em número de 12, definidas e adaptadas
na seguinte ordem contextualizada para o projeto Conta Fruta.
A definição do problema como um produto diferenciado por transformação de excedente de frutas
em compotas, porém, sem atrativos na sua embalagem que sugerisse a qualidade dessa compota.
Com o problema definido, criou-se um esquema de nome RECOMPOR, definido pela figura
abaixo:
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Imagem 3: Triade de conceiro RECOMPOR
Fonte: Autores local: Mercado do Bolhão Portugal, fevereiro de 2015.
A ideia escolhida foi definida após serem elencadas várias formas de contentores para o produto
compota. A escolha deu-se a partir do contentor que reuniu mais características de uma experiência
nova e positiva com o utilizador. Deste modo, utilizou-se frascos com doseadores para minimizar o
desperdício, ser ideal para o transporte e apresentar higiene por não proporcionar o contato do
produto com algum objeto antes do seu uso. Com o problema e ideia definidos, os componentes do
problema foram estabelecidos também a partir da questão de criar uma nova embalagem que
harmonizasse identidade e qualidade de produto, com o consequente reposicionamento deste
produto no mercado. Feita uma recolha de dados com marcas de produtos similares (citados
anteriormente neste artigo) e posterior análise de dados, estabeleceu-se um estado da arte para o
projeto. Percebeu-se, assim, uma necessidade de inovação por descontextualizar o produto a partir
da embalagem. Tal percepção apontou para as componentes intrínsecas à resolução do problema, a
saber: nova estética, funcionalidade, logo e slogan. Todas estas componentes uniram-se para ser
estabelecida a inovação necessária ao projeto. A criatividade tomou a forma de uma embalagem
doseadora para as compotas, normalmente utilizada na indústria cosmética e estendeu-se ainda para
os outros componentes do projeto. A impressão em preto sobre papel Kraft, o uso da embalagem em
PET e etiquetas em preto e branco foram os materiais escolhidos para o projeto, materializado em
prototipagem com os mesmos materiais e tecnologias. A solução resulta numa caixa modular
triangular, que ao ser composta com outras 5 forma um mosaico hexagonal inspirado nos azulejos
(vista de topo).
Como o tempo foi exíguo para aplicar inquéritos a cada um dos potenciais consumidores do
produto, optou-se pelo Focus Groups como técnica de avaliação. Esta, segundo Cybis (2007) refere-
se à uma reunião informal de consumidores/utilizadores que manifestam as suas opiniões sobre
determinado assunto, que pode ser tanto uma oportunidade para um novo produto quanto para um
problema sobre um produto ou um sistema existente.
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Como uma das intenções de Ermelinda é focar-se na diversidade de públicos, esta técnica foi
aplicada em um contexto improvável; Um grupo de 18 estudantes voluntários do Curso de Design
de moda da Escola Artística e Profissional Árvore no Porto no Portugal. Como suporte do Focus
Groups, no final da sessão foi aplicado um inquérito de satisfação, com questões objetivas em
formato de escala Likert. Estas duas técnicas foram relevantes para identificar as percepções sobre
as embalagens, os problemas de uso e principalmente sugestões de melhorias destas.
C. Design de Embalagem, Sustentabilidade e Gestão do Design: Considerações teóricas
Numa sociedade baseada no consumismo, o problema de desperdício de alimentos é algo que
preocupa. A temática não é simples e requer investigações mais aprofundadas sobre como reverter
esse problema em uma oportunidade de mercado.
Os dados são alarmantes, Kantor et al (1997) estabelece que cerca de 26% dos alimentos são
perdidos em etapas de distribuição e consumo final em lares americanos; Frutas frescas e hortaliças,
leite fluido, produtos de grãos, e adoçantes (principalmente de açúcar e xarope de milho) foram
responsáveis por dois terços dessas perdas. Baptista et al (2012), de forma mais detalhada,
considera que nos países industrializados a maioria dos alimentos são desperdiçados a nível da
distribuição e de consumo final, enquanto nos países em desenvolvimento o desperdício acontece
sobretudo no início da cadeia, nas fases da colheita, pós-colheita, processamento e armazenamento.
Em Portugal, por exemplo, a perda de frutas ocorre principalmente nas etapas de distribuição e
consumo. O facto de perecer fácil e a sazonalidade dificultam a gestão de stock, desta forma, o
mercado é inundado pelo mesmo produto num período muito concentrado de tempo (Baptista et al,
2012).
Como proposta de combate ao desperdício surgem empresas que apostam nessa tendência de
aproveitamento dos excedentes de alimentos como diferencial de mercado. O Projeto Fruta Feia,
uma cooperativa criada em Portugal em meados de 2013, tem como objetivo, por exemplo,
incentivar o consumo de frutas, legumes e verduras fora do padrão estético aceite nas grandes
superfícies e criar uma alternativa rentável para agricultores e consumidores no combate ao gasto
desnecessário dos recursos utilizados na produção. Outro projeto semelhante, surgido na Alemanha,
o foodsharing promove a troca de alimentos desperdiçados através de um Portal Web. Esta
proposta, idealizada pelo documentarista Valentin Thurn, objetiva criar uma grande rede interna
para doação ou troca de cestas de alimentos não aproveitados, isso compensaria o desperdício e
reduziria a quantidade de alimentos enviados para o lixo. Este tipo de pensamento é resultante dos
impactos da globalização. Isso faz com que as exigências não sejam apenas estéticas e funcionais,
mas também preservativas, já que para se reservar o futuro deve-se adotar medidas e estratégias
sustentáveis desde já. (Rodrigues et al, 2013)
Apesar dos exemplos existentes, mercados baseados na economia verde ainda precisam superar
desafios para garantir bases mais sólidas e inovadoras com o intuito de concorrer com as grandes
multinacionais. A gestão por meio do design pode ser uma via para promover a competividade
destas pequenas empresas locais. É pressuposto que as especializações do design defendidas por
Franzato (2010) nas áreas de produto, gráfico e serviços sejam imprescindíveis para promover a
melhoria destas através de estratégias criativas. Acredita-se que o design, é um elemento diferencial
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e indispensável dentro de uma empresa. Nitzsche (2012) comenta que o design se torna cada vez
mais estratégico e passa a tomar a frente em vários dos processos de desenvolvimento e
estruturação das organizações, entretanto, o mesmo autor cita que (...) "a maior parte das
organizações e dos seus executivos ainda subestima a contribuição que o design estratégico pode
trazer para a criação de vantagens sustentáveis para os seus negócios.
Uma das possibilidades para pequenas empresas em relação ao uso do design como fator de
diferenciação é o investimento na melhoria das embalagens. Mestriner (2004) ressalta que por
serem fracas economicamente e disporem de menores recursos para investir em seus produtos, são
justamente as pequenas empresas que mais podem beneficiar de uma boa embalagem, uma
embalagem forte e expressiva pode gerar bons resultados. Hoje, mais que um simples invólucro, a
embalagem é responsável pela primeira percepção do produto. Peltier e Saporta (2009), ressaltam
que "a embalagem tem por finalidade proteger, acondicionar, transportar, garantir, comunicar,
dosear, identificar, vender, entregar, prestar serviço, além de relacionar-se com o consumidor". Os
autores afirmam que a embalagem é uma das maneiras mais eficientes para a venda do produto.”
Dentro desta realidade de pequenas empresas com produtos nacionais portugueses, investimentos
em projetos de packging e dos seus pontos de venda. Estas empresas foram escolhidas para estudo
prévio ao projeto, como estado da arte do setor de compotas e doces. Exemplos que se destacam
pela apresentação dos seus produtos. São as marcas José Gourmet e Meia Dúzia.
José Gourmet introduziu embalagens esteticamente agradáveis nos seus produtos, enquanto o Meia
Dúzia além de embalagem inovadora (bisnagas para compotas, como as bisnagas de tintas), investiu
na apresentação de seu ponto de venda com sofisticação em cores e iluminação de destaque aos
produtos. Para além das embalagens, ampliou-se o olhar para os seus modelos de negócio.
Ao projetar para Ermelinda, une-se o melhor do seu negócio, a sustentabilidade, com a inovação de
uma embalagem existente. No entanto, pretendeu-se descontextualizar o seu uso, o que
proporcionou diferenciais estéticos, econômicos (uso da quantidade desejada) e higiénico (a
ausência de contato direto do produto com o consumidor ou com outro objeto posterior ao seu
consumo). Com estas características inovadoras, de estética sofisticada somadas à característica
inicial de sustentabilidade do produto compota, chegou-se, assim, à solução mais adequada,
exatamente como preconiza Nitszche sobre a gestão do design estratégico em negócios: A essência
dessa prática é oferecer aos profissionais, de qualquer formação/ocupação, uma nova forma de
conduzir seus desenvolvimentos de pensamentos e tomada de decisão, promovendo a colaboração, a
convergência e estimulando - na forma de experimentações concretas - o nascimento de novas
ideias e estruturas - é o formato mais adequado para se trabalhar a inovação hoje (Nitszche, 2012).
Assim, com a escolha de uma nova embalagem, levanta-se a possibilidade de diferenciação do
produto e, como ainda cita o autor, o design torna-se cada vez mais estratégico e passa a tomar a
frente em vários dos processos de desenvolvimento e estruturação das organizações.
D. Projecto Conta Fruta em Detalhes
Desenvolvimento da marca
O desenvolvimento da marca, privilegiou os aspetos relacionados aos números, essa foi a inspiração
para o nome, após efetuarmos um jogo de palavras que abrangia, de expressões em inglês a ditados
populares, encontramos no nome Conta Fruta, todos os aspetos resultantes do objetivos do projeto.
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Conta Fruta - Deriva-se de contar as frutas, contar o número de frutas remanescentes da safra, da
quantidade vendida, da estação e ainda reaproveitá-las. Tal reaproveitamento visa evitar o
desperdício das frutas mais maduras, impróprias para o consumo, porém adequadas à manufatura de
compotas.
Desenvolvimento do logo
Frascara (2004) reforça a relevância da linguagem entendível, usável, interessante, agradável para
atingir os objetivos de comunicação e gerar a reação esperada do público. Considerando o processo
mediático, o papel da comunicação visual tem alta relevância, na qual o conteúdo e estética
contribuem para a sofisticação e o valor cultural, de modo que nos centramos nestes aspetos para o
encontro do nome que pudesse refletir
O processo criativo do logo, partiu de um pensamento literal sobre o nome, contar, fazer contas.
Contabilidade leva-nos a pensar em números, os números ganharam lugar de destaque, e por
consequência neste jogo, optou-se por inserir no logo influências de um estilo tipográfico que
substituem letras por números nas palavras sem alterar o seu sentido. Para este projeto foi utilizada
a font Bifur e Gill Sans.
Imagem 4: Logo e slogan do produto
fonte: Autores, Estúdio de Design, Portugal
Slogan
No decorrer da aplicação do logo, percebeu-se a necessidade de inserção de um Slogan, visto que o
nome Conta Fruta por si, não oferecia informações suficientes sobre o produto desenvolvido. Desta
forma, optou-se pela inserção de uma expressão que transmitisse significados simbólicos sobre
atitude e posicionamento do projeto face ao problema do desperdício de alimentos.
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“FRUTA SOB PRESSÃO” - Apela à pressão das grandes cadeias de distribuição de alimentos para
a comercialização apenas das frutas padronizadas como o ideal (em tamanho, cor e textura no seu
exterior), a pressão do consumismo e a pressão a aplicar na fruta para a transformação desta em
compotas.
Embalagem
De acordo com as bases do design estratégico, refletimos que o projeto deveria expor além da
beleza e sua função protetora do produto, deveria refletir a sustentabilidade. Para demonstrar estes
aspetos optou-se por uma embalagem em cartão Kraft, de modo a representar o seu caráter natural.
O objetivo foi alcançado visto este aspeto ser mencionado e reconhecido por voluntários do focus
groups como pertencente a categoria de um produto natural.
Rodrigues et al (2013) ressalta que "a estética também contribui para as interações dos dispositivos,
no caso, as embalagens através da comunicação visual, buscando a atração ou a rejeição, a
comunicação, a relação com o tempo, a memorização da mensagem e a qualidade no ambiente para
um novo significado de valores culturais.”
Como parte desta estética, fez-se a ligação, da embalagem com o território do produto, de modo que
as embalagens comercializadas em conjunto, se transformem num hexágono, que por si só alude ao
formato dos azulejos portuenses, vistos de topo.
Imagem 5: Embalagem observada de cima
fonte: Autores Estúdio de Design, Portugal
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Imagem 6: Embalagem observada lateralmente
fonte: Autores Estúdio de Design, Portugal
Recipiente da compota
O recipiente da compota, de 125ml, apresenta resistência, característica do material PET, com
doseador que evita o desperdício do produto. Este conjunto proporciona uma maior higiene e
praticidade na sua utilização.
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Imagem 7: Emabalagem e produtocom dosador
fonte: Autores Estúdio de Design, Portugal
E. Resultados das avaliações
Os resultados apresentados são decorrentes do Focus Groups e do inquérito aplicado com os alunos
do curso de design de moda da Escola Artística e Profissional Árvore no Porto em Portugal. Neste
caso, a aplicação de testes com um público não usual tencionou dar alguma criticidade à avaliação
estética e funcional da nova embalagem, sem reservas.
Esta avaliação realizada dentro de um ambiente controlado de aula, mediada e registada por uma
pesquisadora, procurou não obter um consenso em torno de ideias, mais sim uma gama de opiniões
sobre o assunto a ser tratado.
Este Focus groups foi dividido em três momentos: Primeiro, onde os alunos teriam que identificar
apenas por contacto visual com a embalagem o conteúdo e finalidade do produto; Outra etapa mais
sensorial, onde poderiam manipular a embalagem e inclusive provar a compota de Ermelinda e uma
última reservada para a aplicação de inquérito de satisfação, com questões objetivas em formato de
escala Likert.
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Imagem 8: Focus Groups realizado com alunos
fonte: Autores local: Escola Árvore no Porto, Portugal
Em relação à primeira etapa, onde tinham apenas contacto visual, com a embalagem, nenhum dos
alunos identificou o produto como sendo uma compota, os pressupostos eram muitos e variavam
entre vidros de perfume, toblerones (marca de chocolates com embalagem em formato triangular),
produtos cosméticos, algum tipo de bebida ou lápis de cor reciclado, talvez pela natureza da
embalagem. Esse tipo de percepção é relevante, e pode ser usada como diferencial de mercado.
Frases do tipo " É algum aroma, ou um perfume, alguma coisa que dê cheirinho. Eu comprava
mesmo sem saber o que é " ou " A embalagem é bastante atrativa, só de olhar dá vontade de
comprar, chama a atenção !" estão relacionadas com um dos três níveis do design emocional
proposto por Norman (2008), o design visceral, normalmente descrito como sendo aquele
superficial, que tem relação com as aparências do produto, pode provocar o impacto inicial e
incentivar a compra imediata do consumidor.
Após o primeiro contacto, a mediadora permitiu que os alunos pudessem abrir a embalagem tendo
uma contacto mais sensorial com o produto, nesta etapa a intenção era identificar as percepções
quanto ao recipiente, sobretudo em questões relacionadas à usabilidade, resistência e higiene.
Foram recorrentes os termos "criatividade" "praticidade", "leveza", "embalagem segura",
"portabilidade", " não suja". Algumas frases revelam a possibilidade de dois novos nicho de
Mercado: Um para lanches rápidos "Bastante prático, se eu quiser levar para um piquenique ou
consumir diretamente no doseador" e outro como produto nobre que pode ser oferecido como
prenda " Adorei! quero já! muito prático, giro para oferecer, comprava para dar à alguém".
Propositadamente o inquérito foi distribuído no final da sessão do Focus Groups. Somente neste
momento os avaliadores tiveram uma noção do objetivo do projeto Conta Fruta. Este instrumento
de coleta era composto por um pequeno texto explicativo, além de oito questões que poderiam ser
avaliadas numa escala desde (0= a menos, 5 = a mais), no final, os alunos poderiam escrever no
verso da folha outras sugestões. As questões relacionavam-se com: estética da embalagem,
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funcionalidade, tamanho, higiene, quantidade do produto, embalagem externa, nome da marca e
valor de produto.
A partir deste inquérito uma das observações relacionava-se com o tamanho dos recipientes. Uma
parte dos alunos (oito) identificou que seria mais interessante a produção de tamanhos variados.
Outro ponto observado é o valor agregado que a nova identidade visual do produto proporcionou,
grande maioria dos avaliados (12) concordaram que o valor justo para venda da compota seria de
4,80 euros, bem superiores ao valor de 3,50 euros cobrados por Dona Ermelinda.
CONCLUSÕES
Na prática do design importamos dos termos jurídicos a palavra processo, e esta indica o ato de
avançar, ir em frente com algo, e tem sinónimos muito íntimos do design, como inventar,
transformar, produzir e principalmente controlar, os processos servem para dominar etapas,
rentabilizar tempo, pois pressupõe-se um grande nível de organização para executar algo, por falar
em processos, no projeto que propomos, mais de um métodos foram combinados, em primeiro lugar
a intuição, pois parte de um sentimento de reconhecimento de um produto com potencial. No design
cada vez mais os sentimentos e emoções são entendidos como parte principal no processo criativo, e
foi este sentimento que motivou a evolução de um projeto que inicialmente se reduzia ao redesign
de uma marca, para o reposicionamento de um produto tradicional no mercado. Para Damásio
(1994) a emoção é parte intrínseca e fundamental na tomada de decisão humana. Ou seja de acordo
com a participação individual é, portanto subjetiva, passa a ter relevância estratégica para tomada de
decisão nas empresas. Saber tratar e interagir com estas questões de nuances intangíveis e ainda de
forma alinhada com as perspetivas estratégicas organizacionais, torna-se um diferencial a mais.
Este primeiro método intuitivo levou-nos a descontextualizar totalmente o produto (problema),
ultrapassando os paradigmas das embalagens tradicionais para uma embalagem com doseador,
normalmente utilizado para produtos de perfumaria. Deste modo viabilizou-se novos caminhos para
produtos com restritas possibilidades de projeção e fadados à banalidade.
Em segundo lugar perceber os pilares do Design estratégico, foram eficazes para perceber as
potencialidades do negócio que estávamos a investigar e o seu devido posicionamento sustentável.
Sem notar, Ermelinda apercebeu-se de um problema mesmo antes que estes problemas estivessem
estabelecidos, e mais que isso, vislumbrou uma possibilidade de negócio.
Aliado a esses dois métodos, surge a necessidade de por em prática um método que possibilitasse
materializar o projeto, o Método de Munari foi explorado com o propósito neste projeto em
específico, reduzir o tempo de desenvolvimento do projeto, e pelo seu método valorizar ainda o
conhecimento de cada fase antes de partir para a prática.
Após a resolução do problema, teste de viabilidade do recipiente, desenvolvimento da marca e toda
sua componente gráfica, e de embalagem, evoluiu-se para um teste em focus groups com o objetivo
de obter uma apreciação de aceitação do produto no mercado. Resultado registado convergem para
um produto com capacidade de somar sensações nos usuários, despertar grande entusiamo no
potencial usuário. Mediante estudo realizado, as compotas Conta Fruta em embalagens com
doseadores, apresentam potencial de colocação no mercado, principalmente por promover uma
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mudança de paradigmas relativos ao uso e ao aspeto, que ultrapassam a descontextualização
proposta pelo produto.
Como conclusão do trabalho desenvolvido, percebemos e colocamos em prática diferentes métodos,
todos combinados a um mesmo fim. Essa atitude promoveu no grupo um pensamento altamente
estratégico e de partilha, capaz de oferecer ao projeto uma redução de eventuais fraquezas.
O grande potencial do projeto Conta Fruta pode ser percebido pelo seu caráter inovador no qual se
introduz um produto conhecido, no entanto com uma abordagem diferenciada, o aspeto visceral do
produto apresentou grande efeito e foi capaz de desenvolver o desejo pela compra.
Concluiu-se ainda que os métodos utilizados são eficazes no desenvolvimento de produtos e que o
uso dos mesmos atenderam ao fim que se destinaram no projeto. Entretanto, o autor Rique Nitzsche
(2012) defende que por vezes é necessário potenciar a interação entre o designer e o consumidor a
fim de descobrir novos modelos de negócio.
O mesmo autor declara que no mundo instável da pesquisa e design, nem o fluxo do processo de
desenvolvimento, nem o seu estágio final podem ser definidos com precisão. Entende que o cliente
final, o consumidor, não sabe o que quer ou precisa neste mundo em transformação acelerada. Seria
mais eficiente criar uma interação prática entre consumidor e designer para que ambos possam
descobrir juntos quais são as necessidades da vida real. Nesse sentido projeta-se um produto ou
serviço. Nada seria fixo desde o início: nem as necessidades do cliente, nem as características do
produto ou serviço. Nem mesmo os elementos do sistema de fabricação ou comercialização. Enfim,
um novo modelo de fazer negócios. (Nitzsche, 2012)
E por fim, podemos refletir nas práticas do Design e sua vertente altamente colaborativa, como cita
Nitzsche (2012), o Design faz-se com humildade, despojamento, simplicidade uma enorme
cumplicidade trabalho de equipa, e se nos permite acrescentar uma observação, uma boa dose de
sensibilidade.
REFERÊNCIAS
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Rudio, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 2010.Vozes, São Saulo
André Luiz Abrahão
André Luiz Abrahão é doutorando em Design pela Universidade de Aveiro em Portugal, Mestre em
Design e Multimédia pela Universidade de Coimbra. Possui graduação em Design de Interface
Digital pelo Fundação Centro de Análise e Pesquisa e Inovação FUCAPI em Manaus e
Especialização Lato Sensu em Design, Comunicação e Multimídia pelo CPGE/FUCAPI-AM. Tem
experiência acadêmica em disciplinas correlatas a àrea de Ergonomia, Interação Humano
Computador e Desenvolvimento de Projetos Multimídia, além de participação ativa na linha de
pesquisa Design e Novas tecnologias pertencentes ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Design no
Amazonas (GEPDAM).
Bárbara Araújo
Bárbara Araújo é doutoranda em Design pela Universidade de Aveiro, Portugal, Mestre em Design
de Comunicação de Moda Pela Universidade do Minho - Portugal, Pós- graduada em Design de
Produto pela faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto - em Portugal, é, Graduada em
Design de Moda pelo Uni- BH - Minas Gerais. Coordenadora dos cursos profissionais em Técnico
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Congresso Internacional de Negócios da Moda
Porto - Portugal / 28 de setembro a 1 de outubro de 2015
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de Design de Moda e Coordenação e Produção de Moda, na Escola Artística Árvore na cidade do
Porto – Portugal.
Diogo Frias
Diogo Frias é licenciado em Design de Produto pela Esad – Matosinhos, aluno do Programa
Doutoral em Design da Universidade de Aveiro, Portugal. Atua na área de Design de Mobiliário,
criou e dirige a empresa MILF Skateboard Tailors, sediada na cidade do Porto, em Portugal.
Syomara dos Santos Duarte Pinto
Syomara dos Santos Duarte Pinto é doutoranda em Design pela Universidade de Aveiro, em
Portugal, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brasil.
Professora do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará – UFC, Brasil, possui
Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFC), Mestrado em Arquitetura e Urbanismo
(Universidade de São Paulo - USP). Ministra disciplinas das Unidades de Pesquisa e História em
Moda e de Negócios de Moda no Bacharelado em Design – Moda da UFC.