Aula 4 da disciplina "Processos Psicológicos Básicos", ministrada à Turma 2019 do Curso de Psicologia da UNIFESSPA

1. Percepção e
codificação
Prof. Dr. Caio Maximino
IESB/Unifesspa
Processos Psicológicos Básicos – Aula IV

2. Uma questão
Qual a diferença entre sensação
e percepção?

3. Conteúdos
●
Sentidos, sensação, e percepção
●
Sensações: O processamento inicial dos perceptos
●
Os sentidos humanos
●
Da sensação à percepção
Texto: “Percepção e codificação”, cap. 5 do livro Neurociência
cognitiva: A biologia da mente, Gazzaniga et al. 2006

4. Sentidos, sensações,
e percepção
●
Os sentidos são nossas funções fisiológicas, operando a partir de
órgãos periféricos, que retiram informação do ambiente para o
nosso sistema nervoso
– P. ex., nosso sentido de visão representa a capacidade de capturar
estímulos luminosos na retina, convertê-los em sinais elétricos, e enviá-
los para o SNC para processamento posterior
– Quantos sentidos temos? http://tiny.cc/qlhi5y
●
O termo sensação se refere ao processamento inicial que se dá nos
órgãos dos sentidos e áreas primárias
●
A percepção se inicia com esse estímulo sensorial, e, quando
consciente, forma uma imagem mental que representa o estímulo
original (também chamada percepto)

5. Sentidos, sensações,
e percepção
●
Na vida cotidiana, todos os sentidos são
críticos!
●
Integração multimodal

6. A estrutura anatômica
dos sentidos
●
Cada sistema sensorial apresenta órgãos
especializados em coletar, filtrar, e amplificar
informações do ambiente
●
Cada órgão desses apresenta células receptoras
especializadas em tranduzir estímulos
ambientais em sinais neurais
●
Esses sinais são passados à frente por vias
nervosas específicas
●
Esses nervos fazem suas primeiras sinapses no
tálamo (exceção: somatossensorial, olfativo), e
de lá mandam projeções para uma área
sensorial primária.
https://afh.bio.br/sistemas/sensorial/1.php

7. Recordando a organização
anatômica
Que regiões estão destacadas? A que modalidades se referem?

8. Recordando a organização
anatômica
Que regiões estão destacadas? A que modalidades se referem?

9. Os receptores sensoriais
apresentam propriedades comuns
●
Alcance: Cada modalidade sensorial
responde a uma gama limitada de
estímulos
https://youtu.be/qNf9nzvnd1k

10. Os receptores sensoriais
apresentam propriedades comuns

11. Os receptores sensoriais
apresentam propriedades comuns
●
Adaptação: Os sistemas sensoriais ajustam sua
sensibilidade ao ambiente atual e a mudanças
importantes do ambiente
●
Acuidade: Nossa capacidade de detectar diferenças
entre estímulos em uma mesma modalidade
sensorial depende de vários fatores, inclusive da
geometria do órgão sensorial (p. ex., fóvea)

12. Os estímulos sensoriais têm um
destino incerto
●
Mesmo quando o estímulo físico é transduzido em
atividade neural, pode não produzir consciência
sensorial subjetiva – isso não se deve só a
propriedades do estímulo!
●
Cada nível de processamento – incluindo não só o
processamento em áreas secundárias, mas
também filtros atencionais, memória, e sistemas
emocionais – contribui para isso

13. Qu-qu-qu-quiiiiz

14. A audição
A audição
Andy Huntington & Drew Allan, Cylinder
http://extraversion.co.uk/2003/cylinder/

15. Vias auditivas periféricas

16. Vias auditivas centrais
● Do nervo coclear/nervo auditivo para
o n. coclear no bulbo
● Do n. coclear para a oliva superior,
e de lá para o colículo inferior
● Do colículo inferior para o núcleo
geniculado medial, e então para
o córtex auditivo primário

17. Mapas tonotópicos
●
Arranjos tonotópicos na cóclea

18. https://www.youtube.com/watch?v=qNf9nzvnd1k

19. Problemas computacionais
da audição
●
As variações de frequência produzem uma grande
quantidade de informação.
– Sons de frequências de base similares em instrumentos
diferentes são reconhecidos como a mesma nota, mesmo
quando as propriedades ressonantes diferem
– Movimentos dos lábios, língua, e maxilar mudam o
conteúdo de frequências produzidas durante a fala
●
Outras propriedades são importantes para a
identificação do som; por exemplo, precisamos
localizar um som no espaço

20. A localização do som no espaço
●
Aproveitamos o fato de que o som
chega em momentos diferentes em
cada uma das orelhas para localizar
os sons no espaço
● Processamento de diferenças de
tempo e na intensidade de som
interaural codificados em áreas
separadas do encéfalo

21. O olfato
Gonzales Coques, “O sentido
do olfato” (c. 1650)
Rembrandt, “Paciente inconsciente
(Alegoria do olfato)” (c. 1625)

22. Vias olfatórias

23. Problemas computacionais
da olfação
●
O percepto olfatório depende não somente da intensidade do odor,
mas também da eficiência de amostragem
●
As narinas apresentam tamanhos diferentes, e “trocam” de tamanho
com frequência
●
Esse processo produz diferentes eficiências de amostragem
– Quando um odor de alta concentração é absorvido por uma narina que
está maior (i.e., com alto fluxo de ar), julga-se mais intenso do que
quando o mesmo odor é absorvido por uma narina que está menor
– Odores de alta concentração absorvidos por narinas que estão menores
são julgados como mais intensos

24. Quiz time

25. A gustação
Jan Miense Molenaer, “Menino
fumando cachimbo” (c. 1636)
Gonzales Coques, “O sentido
do sabor” (c. 1661)

26. Vias gustatórias periféricas

27. Vias gustatórias centrais

28. Correlatos neurais da
gustação hedônica

29. Correlatos neurais da
gustação hedônica

30. Somatossensação
●
Conjunto de todos os estímulos
mecânicos que afetam o corpo
●
Inclui o tato, a interpretação dos sinais
que indicam a posição de nossos
membros e de nossa cabeça, bem
como nossos sentidos de
temperatura, pressão, e dor
http://www.biowiki.com.br/doku.php?id=receptor_cutaneo

31. Vias somatossensoriais centrais

32. Somatotopia

33. Plasticidade no córtex
somatossensorial

34. Plasticidade no córtex
somatossensorial
https://doi.org/10.1016/S1364-6613(98)01172-3

35. Visão

36. Um caso clínico
●
*Esse é um caso fictício!
●
Na ala de neurologia do Hospital Regional de Marabá*, encontra-se
um paciente, A. V., com curiosos sintomas após um acidente
vascular encefálico
●
Esse é o segundo AVE pelo qual A. V. passa em 6 anos; no
primeiro, teve um AVE no hemisfério esquerdo, do qual se
recuperou completamente.
●
No evento atual, A. V. apresentou dano no hemisfério direito. O
neurologista identificou fraqueza ao lado direito, que reduziu após
um mês.

37. Um caso clínico

38. Um caso clínico
●
O que chama a atenção são os sintomas apresentados 4 meses após o AVE: quando
tentou retornar às atividades na roça, A. V. apresentou dificuldade de reconhecer
lugares e objetos familiares.
●
Não reconhecia paisagens, não conseguia discriminar uma vaca de um boi, e não
reconhecia mais as pessoas à sua volta, incluindo sua esposa!
●
A.V. não tinha dificuldades em ver a esposa, e conseguia descrever as ações dela com
precisão, mas não conseguia identificá-la – ela era completamente irreconhecível para
ele!
●
Ele conseguia descrever as partes individuais – tronco, pernas, braços, e cabeça, mas
não conseguia juntar essas partes em um indivíduo específico.
●
Assim que sua esposa falava, entretanto, ele reconhecia sua voz, e afirmava que, quando
isso acontecia, um percepto visual dela finalmente ficava claro. O mesmo acontecia
quando ela andava.

39. Vamos a um kahoot para captar impressões
sobre esse caso

40. A retina e os fotoreceptores
https://www.atlasophthalmology.net/
https://www.infoescola.com/visao/retina/
http://tiny.cc/5oxl5y

41. Projeções da retina

42. Campos receptivos e áreas
visuais corticais

43. Percepção de movimento e cor

44. Quando os perceptos
são formados?
●
Estímulos apresentados com frequência baixa de
troca são detectados como em sucessão; quando
a frequência é alta (30 Hz), as cores se “fundem”
em um estímulo único
●
Quando o contraste é mais baixo, é mais difícil
detectar o estímulo (i.e., o limiar de fusão é mais
baixo)
●
Essa característica é perceptual – ou seja, não se
trata somente do processamento do estímulo,
mas da interpretação dele
●
Atividade cortical detectada nas áreas inicias do
processamento (V1-V4) para os estímulos sub-
limiares, mas em VO/V8 essa atividade
desaparece

45. O padrão Enigma é detectado
em V5, mas não V1

46. Voltando ao paciente
A. V. não consegue distinguir nada nessa pintura de Monet,
mas discerne as figuras na pintura de Picasso

47. Voltemos ao kahoot