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FUNEDI/UEMG
                              Curso de Psicologia


                Disciplina: Psicopatologia I (72 hs/aula)
                                   Período: 5o




                          TEMA: SEMIOLOGIA
                           PSICOPATOLÓGICA:
                            ALTERAÇÕES DA
                              CONSCIÊNCIA


                          Professor Alexandre Simões


O louco. Pablo Picasso,
        1904.                                           ALEXANDRE SIMÕES
                                                       ® Todos os direitos de
                                                          autor reservados.
aspecto global da consciência (consciência do mundo +
    consciência de si ao ter consciência do mundo)




   = > alterações de outras ordens que não
                só da consciência;



                                                 ALEXANDRE SIMÕES
                                                ® Todos os direitos de
                                                   autor reservados.
Devemos, portanto, considerar




a inexistência de funções psíquicas isoladas;



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CONSCIÊNCIA:
   • CUM    com;

   • SCIO    conhecimento;




                              ALEXANDRE SIMÕES
                             ® Todos os direitos de
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Campo da Consciência:



            margem (franja ou umbral);

                        +
                        foco;

# isto implica que as alterações da consciência podem
se apresentar tanto pelo lado QUANTITATIVO
    (intensidade do campo da consciência, isto é, a
       abrangência do mesmo), quanto pelo lado
      QUALITATIVO (qualidade do campo);


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O estado de consciência lúcida:


“No estado        de   consciência    lúcida     funcionam
 adequadamente a capacidade de atenção ou de
 concentração, as faculdades de fixar novos fatos e de
 rememorar o vivido e o aprendido, a capacidade de
 compreender ou de dar-se conta das coisas, a capacidade
 de refletir sobre as questões objetivas e subjetivas e os
 complexos dispositivos de orientação autopsíquica,
 alopsíquica e temporoespacial.” (ALONSO-FERNANDEZ, F. Fundamentos
 de la psiquiatria actual. Madri: Paz Montalvo, 1972, p. 401)




                                                                 ALEXANDRE SIMÕES
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Alterações cotidianas da consciência:




• sono;

• sonho;




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Alterações “ patológicas” da consciência:



• alterações quantitativas        implicam em um
  rebaixamento (mais comum) ou elevação (mais raro) do
  nível de consciência;



• alterações qualitativas         implicam em uma
  modificação da qualidade (propriedade) do conteúdo da
  consciência;




                                                      ALEXANDRE SIMÕES
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Alterações da Consciência


    QUANTITATIVAS                   QUALITATIVAS
Como veremos, temos diversas   Também temos aqui diversas
possibilidades que decorrem    possibilidades mas que podem
da diminuição da clareza ou    ser agrupadas em um só
abrangência da consciência     campo: o das síndromes
(gerando efeitos globais em    confusionais;
outras funções psíquicas);
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA CONSCIÊNCIA :


           A) OBNUBILAÇÃO (ou turvamento) :

• diminuição do grau de clareza do sensório (pode ser leve ou
  moderada);
• lentidão (ou comprometimento) da compreensão, dificuldade de
  elaboração e síntese das impressões sensoriais;
• alterações do curso do pensamento, perturbação da fixação e da
  evocação, relativo grau de desorientação, sonolência;
• indiferença, apatia e uma certa inibição dos atos volitivos;




                                                           ALEXANDRE SIMÕES
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O paciente obnubilado usualmente responde a
ordens verbais simples, porém tem dificuldades para
         executar ordens mais complexas.

 Notavelmente, encontra-se desorientado, em grau
variável, quanto ao tempo, ao espaço, a si próprio e
                     aos outros.
Exemplo de um quadro onde se observa a OBNUBILAÇÃO da
        consciência: 0 DELÍRIO ONIRÓIDE (ou estado onírico):

•   ocorre no curso de doenças febris-infecciosas,
    intoxicações crônicas (psicoses tóxicas) e
    enfermidades cerebrais orgânicas; síndromes de
    abstinência. Assemelha-se a um sonho vívido ->
    caráter cênico e alucinatório;

•   acompanha-se de intensas reações afetivas:
    angústia e pavor;

•   obnubilação da consciência, desorientação e
    alucinações (geralmente, cênicas, como nos
    sonhos). Presença de excitação psicomotora e
    reações afetivas vívidas;

•   duração: horas ou dias;

•   amnésia completa ou lembranças lacunares após
    o quadro;

•   este quadro pode também ser nomeado de
    “Onirismo”
                                                            ALEXANDRE SIMÕES
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B) SOPOR:




• estado marcante de turvação;

• despertar: apenas por estímulo enérgico. Evidente sonolência;

• visível incapacidade quanto à reação espontânea (inibição da
  psicomotricidade de forma mais severa do que no caso da
  obnubilação);



                                                             ALEXANDRE SIMÕES
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Aproveitemos este momento para fazer algumas
              observações sobre a “síncope”:

• Síncope é a suspensão temporária do estado de consciência. É
  seguida pela perda da postura. A síncope resulta de uma diminuição
  abrupta e transitória do fornecimento de sangue ao cérebro,
  geralmente é de curta duração e a pessoa recupera o estado
  neurológico normal quase de imediato, podendo no entanto passar
  por um breve período de confusão (obnubilação).

• A síncope pode ser precedida pelos seguintes sintomas: tonturas,
  náuseas, palpitações, visão turva e sensação de desequilíbrio na
  marcha. Sempre que surgem um ou vários sintomas premonitórios e
  não chega a ocorrer a perda da consciência estamos perante uma
  pré-síncope;



                                                               ALEXANDRE SIMÕES
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C) COMA:
trata-se de um severo estado de rebaixamento
            do nível de consciência;

 impossibilidade das atividades voluntárias;
ausência de qualquer indício de consciência;

  Mesmo diante de intensa estimulação, o
         paciente não desperta;




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Além das alterações quantitativas que
 comportam uma diminuição da intensidade
 do campo da consciência (ou hipovigilância),
   há ainda a possibilidade da amplificação
                deste campo:

HIPERVIGILÂNCIA: vemos aqui a elevação e exaltação do nível
da consciência. Acompanha-se de agitação psicomotora,
taquipsiquismo, expressões afetivas intensas, baixo rendimento
em tarefas e enorme dificuldade de síntese. É um forte indício de
quadros orgânicos ou uso de drogas (anfetaminas, cocaína,
álcool, LSD).

Mas também pode ser observada em estados maníacos, aura
epilética e em algumas formas iniciais de esquizofrenia.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA:


                • Obs.: uma parte do campo da
                   consciência é preservada;

                • Todavia, temos a presença de
                     uma ampla forma de
                   confusão (daí, a Síndrome
                         Confusional);


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A) ESTADOS CREPUSCULARES:

• trata-se de um estreitamento transitório da consciência (afunilamento da
  consciência), com a conservação de uma atividade relativamente
  coordenada (atividade psicomotora global coordenada: atos automáticos);
• podem surgir de modo súbito e, da mesma forma, desaparecer;
• ex.: a pessoa consegue dirigir, locomover-se, etc., mas ainda assim ela
  pode realizar atos incompreensíveis ou agressões (atos explosivos e
  descontrole emocional);

•   ocorrência destes estados:
•   # decorrentes de enfermidades tóxicas e infecciosas (ex.: encefalite);
•   # esquizofrenia;
•   # quadros de embriaguez, síndrome de Korsakov;
•   # epilepsia;
•   # histeria;


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Observações sobre a Síndrome              de Korsakov:
• Trata-se de uma neuropatologia estreitamente ligada à carência de
  vitamina B1 (tiamina);
• Vincula-se indiretamente ao estado de alcoolismo crônico, pois o
  álcool prejudica a capacidade do organismo de absorver a vitamina
  B1 (afetando drasticamente as células nervosas);
• Sintomas: amnésia, desorientação temporoespacial e confabulação;
  Esses sintomas são acompanhados de uma severa apatia e
  desinteresse por parte do paciente, que muitas vezes não é capaz de
  ter consciência de seu estado;
• Há o risco de um estado grave de confusão, com a degradação da
  identidade, pois o paciente perde a capacidade de formar novas
  memórias e também se degrada grande parte da memória que havia
  se formado antes da doença. A linha biográfica do sujeito, se
  esgarça;
• Como conseqüência desse severo quadro, surgem as confabulações,
  que seriam tentativas do paciente de preencher suas lacunas
  mnemônicas com imaginações e ficções aparentemente verossímeis,
  nas quais ele próprio poderia acreditar.
                                                                ALEXANDRE SIMÕES
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B) DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA :


• é a perda momentânea da unidade psíquica (fragmentação da
  consciência);
• pode durar minutos ou horas, na sua fase mais intensa;
• pode provocar grande ansiedade no paciente;
• é uma espécie de desligamento frente a uma acontecimento aflitivo
  (independentemente do paciente apresentar ou não um traço
  histérico);




                                                              ALEXANDRE SIMÕES
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C) TRANSE:

• Espécie de sono acordado, mas com a presença de atividade motora
  automática e estereotipada (diferenciando-se, assim, da dissociação
  da consciência), com a suspensão parcial dos movimentos
  voluntários;




                                                                ALEXANDRE SIMÕES
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ESTADO HIPNÓTICO :


• alta sugestionabilidade, com atenção concentrada;
• podem ser induzidas ações ou alterações fisiológicas (ex.: paralisias,
  rigidez muscular, alterações vasomotoras, etc.)




                                                                   ALEXANDRE SIMÕES
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Nota adicional: as alterações da consciência (e as próximas alterações
      que ainda veremos: atenção, orientação, tempo e espaço,
sensopercepção e memória) costumam ser bem evidentes nos quadros
                             demenciais:




DEMÊNCIA: é caracterizada quando uma pessoa, que teve o
desenvolvimento intelectual dentro do que se espera, apresenta perda
ou deterioração da capacidade cognitiva (seja esta de forma parcial ou
completa, permanente ou momentânea e esporádica). Dentre algumas
causas potencialmente reversíveis estão as disfunções metabólicas,
endócrinas, quadros infecciosos, déficits nutricionais e depressão
(chamada de pseudodemência depressiva). Mas há circunstâncias
irreversíveis.



                                                                 ALEXANDRE SIMÕES
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A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas
que afetam principalmente as pessoas mais idosas (mas não
exclusivamente). Essa patologia pode ser descrita como um quadro
clínico de declínio geral na cognição acompanhado de um prejuízo
progressivo funcional, social e profissional. As demências podem
incluir: o Mal de Alzheimer, Demência Vascular, Demência Fronto-
temporal e a Demência de Korsakov, dentre outras;



Com o envelhecimento da população, a demência passou a ser um
problema sério de saúde pública. A prevalência dessa patologia é
estimada em 5% para as pessoas acima de 65 anos e mais de 20% para
as acima de 80 anos de idade. No Brasil, a prevalência dessa doença
tende a aumentar após 65 anos e a dobrar a cada cinco anos
posteriores;
Prevalência: é uma dimensão bastante utilizada na
   epidemiologia e na área da saúde em geral. A
prevalência pode referir-se ao número total de casos
  existentes numa determinada população e num
   determinado momento temporal, bem como à
 proporção de casos existentes numa determinada
população e num determinado momento temporal.

A prevalência permite compreender, por um lado, o
quanto é comum ou típica e, por outro lado, o tanto
    é rara uma determinação afecção. Com este
     objectivo é preferível o uso dos valores em
 proporção, mas caso se opte pelo uso do número
    total de casos convém referir a dimensão da
              população a que se refere.

O conceito é usualmente utilizado na elaboração de
 políticas públicas e nas ações de planejamento e
        financiamento dos gestores do SUS;
                                             ALEXANDRE SIMÕES
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OBS.: não confundam             demência           com     oligofrenia:


    •   A oligofrenia é o déficit da capacidade mental em que a patologização
        ocorre antes do desenvolvimento completo do sistema nervoso central;

•   Esquirol, em seus estudos sobre a oligofrenia, propunha a seguinte fórmula:
    “o oligofrênico é o pobre que sempre o foi, enquanto o demente é o rico que
                                    empobreceu”.




                                                                          ALEXANDRE SIMÕES
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Outros exemplos de ocorrências das alterações da
    consciência de cunho qualitativo (mas que sempre
        comporta alguma alteração quantitativa):



     DELIRIUM (nas síndromes confusionais agudas):
• acompanha-se, nestes casos, de desorientação espaço-temporal,
  dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade, distúrbios
  psicomotores    e,   em     alguns    casos,   de    alucinações
  (preponderantemente visuais);

• piora no crepúsculo, apesar de sua intensidade sofrer flutuações ao
  longo do dia;


                                                              ALEXANDRE SIMÕES
                                                             ® Todos os direitos de
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Nota: Delirium não deve ser confundido com Delírio:

• Delírio: Vem de duas palavras gregas: de (fora) + liros (sulcos); ou
  seja, sair dos trilhos. É uma síndrome constituída por um conjunto
  de idéias mórbidas que fazem parte das alterações do juízo. O
  paciente apresenta e crê em uma convicção inabalável. De acordo
  com Kraepelin, "a idéia delirante é uma representação
  morbidamente falseada, cuja demonstração não se pode
  comprovar". Esta idéia, ou conjunto de idéias, não é acessível ao
  raciocínio e argumentação lógica nem é modificada pelo confronto
  com a realidade. Portanto, implica em juízo e lucidez;

• Para Jaspers, o termo delírio deve ser usado somente quando há um
  quadro, com as características descritas acima, sem que ele seja
  decorrente de uma perturbação da inteligência e sem que também
  seja secundário a um estado de consciência momentaneamente
  alterado. Os delírios são observados principalmente nas
  esquizofrenias e na paranóia;
                                                                 ALEXANDRE SIMÕES
                                                                ® Todos os direitos de
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Há uma certa confusão entre os dois termos (delirium e delírio), pois
pessoas acometidas tanto de delirium como de delírio têm alterações
do pensamento (ato noético) no que se refere à compreensão do
significado dos fatos. Estas alterações terminam por comprometer a
interação com outras pessoas.
• No que tange à apresentação dos fenômenos, os pacientes com
  delirium (oriundo de transtorno mental orgânico) têm alteração da
  atenção, da memória e, consequentemente, da orientação. Não
  apresentam pensamento sistematizado, somente fragmentos.
  Parecem não estar compreendendo o que se passa à sua volta. Existe
  piora noturna ou em qualquer situação que diminua o "input"
  sensorial, já que sua atenção está reduzida;

• Podem apresentar alterações da psicomotricidade principalmente
  agitação noturna, e também podem tentar pegar pequenos animais
  ou objetos onde não há nada (alucinose visual). Por outro lado, se
  beneficiam de lugares, informações ou pessoas familiares, de
  ambientes calmos e iluminados. Em suma, na vigência de uma
  desorganização das funções psíquicas os pacientes ficam confusos.
  Por isso, frequentemente utilizamos outro termo para designar a
  síndrome que estes pacientes apresentam que é o "estado
  confusional“;
                                                              ALEXANDRE SIMÕES
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Ainda no que se refere aos pacientes com delirium, em
     geral existe a inversão do ciclo sono/vigília (os
pacientes se agitam à noite e ficam sonolentos durante
o dia) e pode-se observar seu aparecimento de maneira
   abrupta relacionado a doenças físicas e/ou uso de
                      medicamentos.
Delírio:

Nos pacientes com delírio, ocorre alteração do conteúdo do
pensamento, mas não da memória e da atenção. Quando há a alteração
da orientação está se dá em decorrência do delírio, sendo mais
frequente a "dupla orientação". Assim, o paciente informa
corretamente o seu nome, idade, endereço, sabe a data e local onde
está, mas, ao mesmo tempo, acredita ser “Napoleão" e diz “estar em
guerra, em nome da França”;




                                                             ALEXANDRE SIMÕES
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Vemos aqui um distúrbio do juízo crítico não influenciado na sua lógica e
coerência por qualquer outra experiência psicológica, não se deixando refutar
pelo pensamento lógico. Ao contrário dos pacientes com delirium, os
esquizofrênicos relatam uma transformação do mundo, no qual ocorrem novas
significações;
Em geral, no delírio propriamente dito ocorre uma
    fase inicial que chamamos de humor delirante,
 quando o paciente começa a perceber esta alteração
do mundo. Chegam a dizer que “há qualquer coisa no
ar...”, “essa luz, essa claridade, não são comuns. Tudo
                   agora está mudando".

Gradualmente, vão surgindo novos significados. Para
Jaspers, nos esquizofrênicos "não se destrói a crítica.
Coloca-se apenas a serviço do delírio. O doente pensa,
examina razões e contra-razões assim como o faria se
                    fosse sadio".
Enfim, retornando ao tema das alterações da consciência podemos
   sintetizar dizendo que eles ocorrem mais significativamente nos
                          seguintes quadros:

• Epilepsias (as crises breves e repetidas, com suspensão total ou
  parcial da consciência, constituem o fenômeno clínico capital);

• Psicoses com fundamento corporal (orgânico) conhecido: psicoses
  sintomáticas e psicoses orgânicas (nestes quadros são bastante
  abundantes os estados de sopor e coma, a obnubilação da
  consciência simples ou com produções oníricas e a exaltação do
  sono, sob a forma de hipersonia, sonolência ou letargia);

• De forma menos evidenciada, ainda podem ocorrer alterações da
  consciência em alguns episódios esquizofrênicos agudos ou nas
  psicoses ciclotímicas (marcadas por alterações do humor)


                                                               ALEXANDRE SIMÕES
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A obnubilação da consciência normalmente
     não ocorre nas paranóias (ou psicoses com
     causalidade orgânica somente presumida)




“Enquanto que o enfermo com obnubilação da
consciência permanece fora de si, o sujeito
paranóide não pode desligar-se de referir tudo a si
próprio” (ALONSO-FERNANDEZ, F. Fundamentos de la psiquiatria
actual. Madri: Paz Montalvo, 1972, p. 424)




                                                 ALEXANDRE SIMÕES
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Nota sobre psicoses com fundamento corporal (orgânico) conhecido:


     É importante o preenchimento de 4 critérios:

     A) a apresentação de um transtorno orgânico acessível à exploração;

     B) a existência de uma conexão cronológica evidente entre a manifestação
     corporal e o início da psicose;

     C) uma relação de paralelismo entre o curso da alteração orgânica e a alteração
     psíquica;

     D) o registro de certas características psicopatológicas;




 ALEXANDRE SIMÕES
® Todos os direitos de
   autor reservados.
Estas psicoses podem ser subdividas em dois níveis:




A) psicoses sintomáticas: cuja causa fundamental é extra-
cerebral. Os quadros costumam ser agudos e reversíveis;




B) psicoses orgânicas (cerebrais): cuja causa é
propriamente encefálica. Os quadros tendem a ser crônicos e
irreversíveis (gerando deterioração da personalidade);




                                                              ALEXANDRE SIMÕES
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Prosseguiremos na próxima aula!



       Prof. Alexandre Simões

             Contatos:

     www.alexandresimoes.com.br
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Psicopatologia I- Aula 4: Alterações da Consciência

  • 1. FUNEDI/UEMG Curso de Psicologia Disciplina: Psicopatologia I (72 hs/aula) Período: 5o TEMA: SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA: ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA Professor Alexandre Simões O louco. Pablo Picasso, 1904. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 2. aspecto global da consciência (consciência do mundo + consciência de si ao ter consciência do mundo) = > alterações de outras ordens que não só da consciência; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 3. Devemos, portanto, considerar a inexistência de funções psíquicas isoladas; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 4. CONSCIÊNCIA: • CUM com; • SCIO conhecimento; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 5. Campo da Consciência: margem (franja ou umbral); + foco; # isto implica que as alterações da consciência podem se apresentar tanto pelo lado QUANTITATIVO (intensidade do campo da consciência, isto é, a abrangência do mesmo), quanto pelo lado QUALITATIVO (qualidade do campo); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 6. O estado de consciência lúcida: “No estado de consciência lúcida funcionam adequadamente a capacidade de atenção ou de concentração, as faculdades de fixar novos fatos e de rememorar o vivido e o aprendido, a capacidade de compreender ou de dar-se conta das coisas, a capacidade de refletir sobre as questões objetivas e subjetivas e os complexos dispositivos de orientação autopsíquica, alopsíquica e temporoespacial.” (ALONSO-FERNANDEZ, F. Fundamentos de la psiquiatria actual. Madri: Paz Montalvo, 1972, p. 401) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 7. Alterações cotidianas da consciência: • sono; • sonho; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 8. Alterações “ patológicas” da consciência: • alterações quantitativas implicam em um rebaixamento (mais comum) ou elevação (mais raro) do nível de consciência; • alterações qualitativas implicam em uma modificação da qualidade (propriedade) do conteúdo da consciência; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 9. Alterações da Consciência QUANTITATIVAS QUALITATIVAS Como veremos, temos diversas Também temos aqui diversas possibilidades que decorrem possibilidades mas que podem da diminuição da clareza ou ser agrupadas em um só abrangência da consciência campo: o das síndromes (gerando efeitos globais em confusionais; outras funções psíquicas);
  • 10. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA CONSCIÊNCIA : A) OBNUBILAÇÃO (ou turvamento) : • diminuição do grau de clareza do sensório (pode ser leve ou moderada); • lentidão (ou comprometimento) da compreensão, dificuldade de elaboração e síntese das impressões sensoriais; • alterações do curso do pensamento, perturbação da fixação e da evocação, relativo grau de desorientação, sonolência; • indiferença, apatia e uma certa inibição dos atos volitivos; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 11. O paciente obnubilado usualmente responde a ordens verbais simples, porém tem dificuldades para executar ordens mais complexas. Notavelmente, encontra-se desorientado, em grau variável, quanto ao tempo, ao espaço, a si próprio e aos outros.
  • 12. Exemplo de um quadro onde se observa a OBNUBILAÇÃO da consciência: 0 DELÍRIO ONIRÓIDE (ou estado onírico): • ocorre no curso de doenças febris-infecciosas, intoxicações crônicas (psicoses tóxicas) e enfermidades cerebrais orgânicas; síndromes de abstinência. Assemelha-se a um sonho vívido -> caráter cênico e alucinatório; • acompanha-se de intensas reações afetivas: angústia e pavor; • obnubilação da consciência, desorientação e alucinações (geralmente, cênicas, como nos sonhos). Presença de excitação psicomotora e reações afetivas vívidas; • duração: horas ou dias; • amnésia completa ou lembranças lacunares após o quadro; • este quadro pode também ser nomeado de “Onirismo” ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 13. B) SOPOR: • estado marcante de turvação; • despertar: apenas por estímulo enérgico. Evidente sonolência; • visível incapacidade quanto à reação espontânea (inibição da psicomotricidade de forma mais severa do que no caso da obnubilação); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 14. Aproveitemos este momento para fazer algumas observações sobre a “síncope”: • Síncope é a suspensão temporária do estado de consciência. É seguida pela perda da postura. A síncope resulta de uma diminuição abrupta e transitória do fornecimento de sangue ao cérebro, geralmente é de curta duração e a pessoa recupera o estado neurológico normal quase de imediato, podendo no entanto passar por um breve período de confusão (obnubilação). • A síncope pode ser precedida pelos seguintes sintomas: tonturas, náuseas, palpitações, visão turva e sensação de desequilíbrio na marcha. Sempre que surgem um ou vários sintomas premonitórios e não chega a ocorrer a perda da consciência estamos perante uma pré-síncope; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 15. C) COMA: trata-se de um severo estado de rebaixamento do nível de consciência; impossibilidade das atividades voluntárias; ausência de qualquer indício de consciência; Mesmo diante de intensa estimulação, o paciente não desperta; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 16. Além das alterações quantitativas que comportam uma diminuição da intensidade do campo da consciência (ou hipovigilância), há ainda a possibilidade da amplificação deste campo: HIPERVIGILÂNCIA: vemos aqui a elevação e exaltação do nível da consciência. Acompanha-se de agitação psicomotora, taquipsiquismo, expressões afetivas intensas, baixo rendimento em tarefas e enorme dificuldade de síntese. É um forte indício de quadros orgânicos ou uso de drogas (anfetaminas, cocaína, álcool, LSD). Mas também pode ser observada em estados maníacos, aura epilética e em algumas formas iniciais de esquizofrenia.
  • 17. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA: • Obs.: uma parte do campo da consciência é preservada; • Todavia, temos a presença de uma ampla forma de confusão (daí, a Síndrome Confusional); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 18. A) ESTADOS CREPUSCULARES: • trata-se de um estreitamento transitório da consciência (afunilamento da consciência), com a conservação de uma atividade relativamente coordenada (atividade psicomotora global coordenada: atos automáticos); • podem surgir de modo súbito e, da mesma forma, desaparecer; • ex.: a pessoa consegue dirigir, locomover-se, etc., mas ainda assim ela pode realizar atos incompreensíveis ou agressões (atos explosivos e descontrole emocional); • ocorrência destes estados: • # decorrentes de enfermidades tóxicas e infecciosas (ex.: encefalite); • # esquizofrenia; • # quadros de embriaguez, síndrome de Korsakov; • # epilepsia; • # histeria; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 19. Observações sobre a Síndrome de Korsakov: • Trata-se de uma neuropatologia estreitamente ligada à carência de vitamina B1 (tiamina); • Vincula-se indiretamente ao estado de alcoolismo crônico, pois o álcool prejudica a capacidade do organismo de absorver a vitamina B1 (afetando drasticamente as células nervosas); • Sintomas: amnésia, desorientação temporoespacial e confabulação; Esses sintomas são acompanhados de uma severa apatia e desinteresse por parte do paciente, que muitas vezes não é capaz de ter consciência de seu estado; • Há o risco de um estado grave de confusão, com a degradação da identidade, pois o paciente perde a capacidade de formar novas memórias e também se degrada grande parte da memória que havia se formado antes da doença. A linha biográfica do sujeito, se esgarça; • Como conseqüência desse severo quadro, surgem as confabulações, que seriam tentativas do paciente de preencher suas lacunas mnemônicas com imaginações e ficções aparentemente verossímeis, nas quais ele próprio poderia acreditar. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 20. B) DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA : • é a perda momentânea da unidade psíquica (fragmentação da consciência); • pode durar minutos ou horas, na sua fase mais intensa; • pode provocar grande ansiedade no paciente; • é uma espécie de desligamento frente a uma acontecimento aflitivo (independentemente do paciente apresentar ou não um traço histérico); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 21. C) TRANSE: • Espécie de sono acordado, mas com a presença de atividade motora automática e estereotipada (diferenciando-se, assim, da dissociação da consciência), com a suspensão parcial dos movimentos voluntários; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 22. ESTADO HIPNÓTICO : • alta sugestionabilidade, com atenção concentrada; • podem ser induzidas ações ou alterações fisiológicas (ex.: paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras, etc.) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 23. Nota adicional: as alterações da consciência (e as próximas alterações que ainda veremos: atenção, orientação, tempo e espaço, sensopercepção e memória) costumam ser bem evidentes nos quadros demenciais: DEMÊNCIA: é caracterizada quando uma pessoa, que teve o desenvolvimento intelectual dentro do que se espera, apresenta perda ou deterioração da capacidade cognitiva (seja esta de forma parcial ou completa, permanente ou momentânea e esporádica). Dentre algumas causas potencialmente reversíveis estão as disfunções metabólicas, endócrinas, quadros infecciosos, déficits nutricionais e depressão (chamada de pseudodemência depressiva). Mas há circunstâncias irreversíveis. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 24. A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas mais idosas (mas não exclusivamente). Essa patologia pode ser descrita como um quadro clínico de declínio geral na cognição acompanhado de um prejuízo progressivo funcional, social e profissional. As demências podem incluir: o Mal de Alzheimer, Demência Vascular, Demência Fronto- temporal e a Demência de Korsakov, dentre outras; Com o envelhecimento da população, a demência passou a ser um problema sério de saúde pública. A prevalência dessa patologia é estimada em 5% para as pessoas acima de 65 anos e mais de 20% para as acima de 80 anos de idade. No Brasil, a prevalência dessa doença tende a aumentar após 65 anos e a dobrar a cada cinco anos posteriores;
  • 25. Prevalência: é uma dimensão bastante utilizada na epidemiologia e na área da saúde em geral. A prevalência pode referir-se ao número total de casos existentes numa determinada população e num determinado momento temporal, bem como à proporção de casos existentes numa determinada população e num determinado momento temporal. A prevalência permite compreender, por um lado, o quanto é comum ou típica e, por outro lado, o tanto é rara uma determinação afecção. Com este objectivo é preferível o uso dos valores em proporção, mas caso se opte pelo uso do número total de casos convém referir a dimensão da população a que se refere. O conceito é usualmente utilizado na elaboração de políticas públicas e nas ações de planejamento e financiamento dos gestores do SUS; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 26. OBS.: não confundam demência com oligofrenia: • A oligofrenia é o déficit da capacidade mental em que a patologização ocorre antes do desenvolvimento completo do sistema nervoso central; • Esquirol, em seus estudos sobre a oligofrenia, propunha a seguinte fórmula: “o oligofrênico é o pobre que sempre o foi, enquanto o demente é o rico que empobreceu”. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 27. Outros exemplos de ocorrências das alterações da consciência de cunho qualitativo (mas que sempre comporta alguma alteração quantitativa): DELIRIUM (nas síndromes confusionais agudas): • acompanha-se, nestes casos, de desorientação espaço-temporal, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade, distúrbios psicomotores e, em alguns casos, de alucinações (preponderantemente visuais); • piora no crepúsculo, apesar de sua intensidade sofrer flutuações ao longo do dia; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 28. Nota: Delirium não deve ser confundido com Delírio: • Delírio: Vem de duas palavras gregas: de (fora) + liros (sulcos); ou seja, sair dos trilhos. É uma síndrome constituída por um conjunto de idéias mórbidas que fazem parte das alterações do juízo. O paciente apresenta e crê em uma convicção inabalável. De acordo com Kraepelin, "a idéia delirante é uma representação morbidamente falseada, cuja demonstração não se pode comprovar". Esta idéia, ou conjunto de idéias, não é acessível ao raciocínio e argumentação lógica nem é modificada pelo confronto com a realidade. Portanto, implica em juízo e lucidez; • Para Jaspers, o termo delírio deve ser usado somente quando há um quadro, com as características descritas acima, sem que ele seja decorrente de uma perturbação da inteligência e sem que também seja secundário a um estado de consciência momentaneamente alterado. Os delírios são observados principalmente nas esquizofrenias e na paranóia; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 29. Há uma certa confusão entre os dois termos (delirium e delírio), pois pessoas acometidas tanto de delirium como de delírio têm alterações do pensamento (ato noético) no que se refere à compreensão do significado dos fatos. Estas alterações terminam por comprometer a interação com outras pessoas.
  • 30. • No que tange à apresentação dos fenômenos, os pacientes com delirium (oriundo de transtorno mental orgânico) têm alteração da atenção, da memória e, consequentemente, da orientação. Não apresentam pensamento sistematizado, somente fragmentos. Parecem não estar compreendendo o que se passa à sua volta. Existe piora noturna ou em qualquer situação que diminua o "input" sensorial, já que sua atenção está reduzida; • Podem apresentar alterações da psicomotricidade principalmente agitação noturna, e também podem tentar pegar pequenos animais ou objetos onde não há nada (alucinose visual). Por outro lado, se beneficiam de lugares, informações ou pessoas familiares, de ambientes calmos e iluminados. Em suma, na vigência de uma desorganização das funções psíquicas os pacientes ficam confusos. Por isso, frequentemente utilizamos outro termo para designar a síndrome que estes pacientes apresentam que é o "estado confusional“; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 31. Ainda no que se refere aos pacientes com delirium, em geral existe a inversão do ciclo sono/vigília (os pacientes se agitam à noite e ficam sonolentos durante o dia) e pode-se observar seu aparecimento de maneira abrupta relacionado a doenças físicas e/ou uso de medicamentos.
  • 32. Delírio: Nos pacientes com delírio, ocorre alteração do conteúdo do pensamento, mas não da memória e da atenção. Quando há a alteração da orientação está se dá em decorrência do delírio, sendo mais frequente a "dupla orientação". Assim, o paciente informa corretamente o seu nome, idade, endereço, sabe a data e local onde está, mas, ao mesmo tempo, acredita ser “Napoleão" e diz “estar em guerra, em nome da França”; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 33. Vemos aqui um distúrbio do juízo crítico não influenciado na sua lógica e coerência por qualquer outra experiência psicológica, não se deixando refutar pelo pensamento lógico. Ao contrário dos pacientes com delirium, os esquizofrênicos relatam uma transformação do mundo, no qual ocorrem novas significações;
  • 34. Em geral, no delírio propriamente dito ocorre uma fase inicial que chamamos de humor delirante, quando o paciente começa a perceber esta alteração do mundo. Chegam a dizer que “há qualquer coisa no ar...”, “essa luz, essa claridade, não são comuns. Tudo agora está mudando". Gradualmente, vão surgindo novos significados. Para Jaspers, nos esquizofrênicos "não se destrói a crítica. Coloca-se apenas a serviço do delírio. O doente pensa, examina razões e contra-razões assim como o faria se fosse sadio".
  • 35. Enfim, retornando ao tema das alterações da consciência podemos sintetizar dizendo que eles ocorrem mais significativamente nos seguintes quadros: • Epilepsias (as crises breves e repetidas, com suspensão total ou parcial da consciência, constituem o fenômeno clínico capital); • Psicoses com fundamento corporal (orgânico) conhecido: psicoses sintomáticas e psicoses orgânicas (nestes quadros são bastante abundantes os estados de sopor e coma, a obnubilação da consciência simples ou com produções oníricas e a exaltação do sono, sob a forma de hipersonia, sonolência ou letargia); • De forma menos evidenciada, ainda podem ocorrer alterações da consciência em alguns episódios esquizofrênicos agudos ou nas psicoses ciclotímicas (marcadas por alterações do humor) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 36. A obnubilação da consciência normalmente não ocorre nas paranóias (ou psicoses com causalidade orgânica somente presumida) “Enquanto que o enfermo com obnubilação da consciência permanece fora de si, o sujeito paranóide não pode desligar-se de referir tudo a si próprio” (ALONSO-FERNANDEZ, F. Fundamentos de la psiquiatria actual. Madri: Paz Montalvo, 1972, p. 424) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 37. Nota sobre psicoses com fundamento corporal (orgânico) conhecido: É importante o preenchimento de 4 critérios: A) a apresentação de um transtorno orgânico acessível à exploração; B) a existência de uma conexão cronológica evidente entre a manifestação corporal e o início da psicose; C) uma relação de paralelismo entre o curso da alteração orgânica e a alteração psíquica; D) o registro de certas características psicopatológicas; ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 38. Estas psicoses podem ser subdividas em dois níveis: A) psicoses sintomáticas: cuja causa fundamental é extra- cerebral. Os quadros costumam ser agudos e reversíveis; B) psicoses orgânicas (cerebrais): cuja causa é propriamente encefálica. Os quadros tendem a ser crônicos e irreversíveis (gerando deterioração da personalidade); ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 39. Prosseguiremos na próxima aula! Prof. Alexandre Simões Contatos: www.alexandresimoes.com.br alexandresimoes@terra.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.