O documento discute as duas posições filosóficas sobre a relação entre senso comum e conhecimento científico: 1) o senso comum pode ser ponto de partida para a ciência; 2) o senso comum representa um obstáculo ao desenvolvimento da ciência. Karl Popper acredita que o senso comum pode ser ponto de partida, desde que seja criticado e corrigido. Já Gaston Bachelard vê o senso comum como obstáculo epistemológico à aceitação do método científico.

1. Continuidade ou rutura

2. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
Há duas posições filosóficas antagónicas no que concerne à
relação entre senso comum e conhecimento científico.
1) O conhecimento vulgar é o ponto de partida para o
conhecimento científico.
2) O conhecimento vulgar representa um entrave ao
desenvolvimento do conhecimento científico.

3. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
KARL POPPER - O SENSO COMUM COMO PONTO DE PARTIDA
CONTUDO:
O senso comum não deve ser considerado o alicerce
em cuja base assentaria o conhecimento científico.
É através da crítica, da modificação e da correção que o
senso comum pode dar origem ao conhecimento
científico.
Para Karl Popper o senso comum pode constituir um ponto de
partida para o conhecimento científico.

4. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
Para Karl Popper desprezar o senso comum equivaleria
a deitar fora alguns dados que poderiam ser úteis na
constituição da ciência.
Ainda que o conhecimento vulgar possa estar errado, a
compreensão desse erro constitui um passo na direção
de mais e melhor conhecimento.
“Toda a ciência e toda a filosofia são
senso comum esclarecido.”

5. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
GASTON BACHELARD - O SENSO COMUM COMO OBSTÁCULO EPISTEMOLÓGICO
• O senso comum é um entrave à aceitação e implantação do método
científico – obstáculo epistemológico.
• Ao crer no conhecimento vulgar, julgamos já ter conhecimento sobre
determinado assunto e não insistimos na investigação.
• Senso comum e conhecimento científico são metodologicamente
diferentes, pelo que as conclusões do conhecimento vulgar nunca
serão fiáveis.
• As razões pelas quais o conhecimento científico justifica as suas teses
são radicalmente diferentes das do senso comum, pois sustentam-se
em evidência científica e não em opinião.
Para Bachelard o senso comum representa um obstáculo que
impede o desenvolvimento do conhecimento científico.

6. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
SENSO COMUM
A Terra encontra-se imóvel no
centro do Universo e os
restantes astros giram em seu
redor.
O PROCESSO DE GALILEU
Galileu foi sujeito a um processo por parte da Inquisição por
afirmar que a Terra não se encontrava no centro do sistema solar,
mas movia-se em torno do Sol.
Neste processo opuseram-se o senso comum e o conhecimento
científico:
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O Sol está no centro do sistema
solar e os restantes astros
(incluindo a Terra) giram em
seu redor.

7. Estatuto do conhecimento científico
Senso comum e ciência – continuidade ou rutura
O caso de Galileu é muitas vezes utilizado para exemplificar uma situação
em que o senso comum se apresenta como um obstáculo efetivo ao
desenvolvimento do conhecimento científico.
Em resultado deste processo, Galileu foi condenado a renunciar
publicamente às suas ideias e, posteriormente, a deixar de ensinar o
heliocentrismo como teoria verdadeira.

8. Continuidade ou rutura