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                                     1. NTRODUÇÃO



        O presente trabalho de pesquisa visa atender as exigências de conclusão do
Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, nesta
perspectiva foi realizado um estudo, na Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo,
que atende a uma clientela de alunos do Ensino Fundamental l e II na cidade de
Senhor do Bonfim- Bahia.

        A referida pesquisa tem como objeto de a diversidade cultural como um rol
de diferenças que influenciam na construção do comportamento humano e suas
consequências no espaço escolar, a exemplo da homofobia que caracteriza uma
antiga e reincidente discriminação no âmbito sexual. Para desenvolver o estudo
procuramos conhecer como é que os professores lidam com situações homofóbicas
em seu cotidiano escolar.

        Vale frisar que, a diversidade sexual na opinião de alguns profissionais e
estudiosos da educação é uma das mais difíceis situações de ser trabalhada, pois
quando se trata da orientação sexual de alguns alunos na escola, percebe-se que há
uma grande resistência fomentada talvez, pela falta de preparação de educadores,
orientadores e família em lidar com o tema. E o mais agravante é que diante do não
saber como agir se calam frente a atos discriminatórios e preconceituosos e, em
alguns casos, movidos por uma visão da homossexualidade como deformação moral
ou doença, colaboram ativamente na propagação deste tipo de violência.

        Como esta pesquisa nos direcionou ao estudo sobre esta realidade,
ressaltamos que o nosso interesse adveio das experiências como estagiaria no
cumprimento das exigências do Curso de Pedagogia; onde tivemos a oportunidade
de observar a relação professor-aluno, práticas e atitudes significativas ao processo
de ensino e aprendizagem como contributos para a formação do aluno e assim,
infiltrados no cotidiano escolar não é tão difícil identificar o cenário de preconceitos e
discriminações desenvolvidos em seu interior.

        Porquanto, buscamos efetivar através desta proposta de TCC, uma
investigação que tem como finalidade conhecer como e por que se dá a reprodução,
13



a manutenção ou a desconstrução desse cenário preconceituoso da homofobia no
interior de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental l na cidade de
Senhor do Bonfim- Bahia. Por se tratar de um assunto que tem as suas reservas,
optamos por não divulgar o nome da referida escola e seus personagens, que
doravante receberão nomes fictícios.



Palavras-Chave: Diversidade cultural. Escola. Homofobia
14



                                  CAPITULO I


1.1 Diversidade cultural: diferenças que influenciam no comportamento
humano e suas consequências no espaço escolar.

          Vivemos numa sociedade contemporânea, marcada pela transformação dos
paradigmas do comportamento humano; tanto na esfera social quanto sexual,
emocional e profissional. Vivemos momentos de transição cultural movida pelo
encontro e desencontro de diferentes grupos.

          Desse compartilhamento de modo de vida, costumes, hábitos, crenças e
tradições entre indivíduos de determinados grupos é que se forma a cultura, pois em
conformidade com Carrara (2009), “cada grupo de seres humanos, em diferentes
épocas e lugares, atribui significados diferentes a coisas e passagens da vida
aparentemente semelhantes” (p.22). Infere-se, assim, a cultura como a capacidade
que os seres humanos têm de dar significados as suas ações e ao mundo que os
cerca.

          Ainda na opinião do autor não precisamos retroceder tanto no tempo para
encontrarmos diferentes formas de organização social e manifestações culturais
com uma diversidade que se estende não só no tempo, mas também no espaço.

          Obviamente, nos referimos à diversidade cultural, este fenômeno que
sempre existiu ao longo dos tempos, na trajetória da humanidade, no passado e no
presente e nas mais diversas partes do mundo, levando homens e mulheres a se
organizar em sociedade e a questionar sobre cada um de si e sobre o mundo que os
rodeia.

          Portanto, não há homogeneidade cultural porque as pessoas que formam
uma determinada sociedade vivem, pensam e agem diferente de outra sociedade
mesmo quando se encontram e se agregam continuam sendo e fazendo como
sempre estavam acostumados a ser e fazer; configurando-se, assim,               os
desencontros; que por sua vez, criam intolerância para com o outro em forma de
opiniões e atitudes preconceituosas em relação a cor da pele, gênero, origem
15



socioeconômica, orientação sexual, nacionalidade, etnia, língua, modo de falar,
deficiências, religião dentre outras.

         De acordo com o que explana a Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural (2001):

                      As formas de discriminação e preconceito entre manifestações
                      culturais são muitas, mas todas têm uma característica comum: o
                      não reconhecimento do outro como igualmente humano e com o
                      direito de ser diferente. Com isso, as vitimas de preconceito ou
                      discriminação sofrem limites severos para manifestar sua cultura, seu
                      modo de pensar, seus sentimentos, desejos, projetos ou valores
                      (p.2).


         Em tempos atuais, a luta contra toda espécie de discriminação e a favor do
respeito às diferenças tem sido constantemente travada visando um convívio
pacífico entre as culturas e grupos humanos. Em defesa dessa proposta, em
novembro de 2001, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura), vinculada à Declaração Universal sobre a Diversidade
cultural, em seu artigo 4º, estipulou que:

                      A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável
                      do respeito à dignidade humana. Ela implica o compromisso de
                      respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em
                      particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e as dos
                      povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para
                      violar os direitos humanos pelo direito internacional, nem para limitar
                      seu alcance (s/p).


         Nesse sentido, é bom lembrar que existem muitas formas de discriminação e
preconceito entre manifestações culturais, mas todas apresentam uma característica
comum: o não - reconhecimento do outro como igualmente humano e com o direito
de ser diferente; por isso, são comuns as manifestações preconceituosas, como
bem ressalta a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, salientando que
“as vitimas de preconceito ou discriminação sofrem limites severos para manifestar
sua cultura, seu modo de pensar, seus sentimentos, desejos, projetos ou valores”
(p.2).

         No intuito de reforçar esse pensamento, Beleli (2009), se posiciona contra à
avaliação ou pré julgamento que uma determinada sociedade ou grupo social faz
16



de outra ou de outro tomando como referencia os seus próprios valores: se nesse
ato não se constatar reciprocidade de práticas sociais consideradas normais dentro
do padrão estabelecido pela sociedade avaliadora, as diferenças ou divergências
encontradas reduzirão a avaliada à condição de inferioridade a ponto de justificar a
sua extinção por meio da discriminação social. O autor ainda explica:

                     Cada sociedade possui seu próprio sistema cultural e cada cultura
                     planeja seu desenvolvimento e vive sua própria experiência. Assim,
                     características de raça, costumes, religiosidade e sexualidade têm
                     sido objeto de confronto e todas as práticas que se desconheça, que
                     se lhes pareça estranha ou entre em contradição com aquilo que se
                     identifica como verdadeiro, é objeto de negação, exclusão, quando
                     não de perseguição (p.29).

       Nesse contexto, Riscal (2009), corrobora afirmando que grupos sociais e
culturais eram selecionados como superiores e inferiores de acordo, principalmente,
com a cor da pele, condição financeira e social e complementa:

                     Essa é a fonte do preconceito. A certeza da própria superioridade e a
                     incapacidade de lidar com toda e qualquer manifestação cultural que
                     lhe pareça diferente da sua. Uma das formas dessa cultura lidar com
                     o estranho, com o diferente, é recusar-se a lhe atribuir dignidade e,
                     por meio do rebaixamento, infantilizar e descrever o outro como
                     inapto para a vida civilizada (p.20).


       Indubitavelmente, ainda em tempos contemporâneos, cor da pele, modos de
falar, de vestir, diversidade sexual, diversidade religiosa, entre outras, são marcas
de identidade que definem, não só a identidade do individuo, mas também sua
posição na sociedade. Nessa linha de raciocínio, Menezes (2008), contesta que:

                     É mais fácil discriminar, segregar, marginalizar e excluir, que
                     compreender aceitar e incluir. O gordo é discriminado por ser gordo,
                     o negro por ser negro, o pobre por ser pobre, o surdo por ser surdo e
                     assim por diante. Logo, ser diferente em nossa sociedade é ser
                     defeituoso, é ser excluso, é não ter direito a ter direitos (p.03).

       Reconhecendo a necessidade de uma educação multicultural, criou-se, no
âmbito dos PCNs, como tema transversal a permear as diferentes disciplinas
curriculares, o estudo da Pluralidade Cultural, pois de acordo com o documento do
MEC (1997):

                     A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à
                     valorização das características étnicas e culturais dos diferentes
17



                      grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades
                      socioeconômicas e à critica às relações sociais discriminatórias e
                      excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao
                      aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo,
                      multifacetado e algumas vezes paradoxal.


          Mais recentemente, leis foram criadas em função da alta diversidade que
originou a população brasileira, a exemplo da Lei 10.639/03 de 9 de janeiro de 2003,
que alterou a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996,instituindo a obrigatoriedade do
ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Lei 11.645/08 com a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Indígena, pautadas nos conceitos de
valorização da diversidade cultural brasileira e conhecimento de suas origens, entre
outras.

          A partir desta Lei, tornou-se obrigatório no Currículo Escolar da Educação
Básica o “estudo da Historia da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a
Historia do Brasil (art.26-A,§1º).

          Na opinião de Gomes (2008), “Há uma nova sensibilidade nas escolas
públicas, sobretudo, para a diversidade e suas múltiplas dimensões na vida dos
sujeitos (p.27).”


          Segundo a autora, esta sensibilidade vem se traduzindo em ações
pedagógicas de transformação do sistema educacional em um sistema inclusivo,
democrático e aberto à diversidade.

          Todavia, pesquisas já realizadas pela Fundação Carlos Chagas (1987), têm
demonstrado o quanto nossa escola ainda não aprendeu a conviver com a
diversidade cultural e a lidar com crianças e adolescentes dos setores subalternos
da sociedade.

          Apesar de todas as medidas acima citadas e das inúmeras mudanças
sociais que vem ocorrendo na cultura contemporânea, a intolerância às diferenças
ainda é bem visível e preocupante por resultar, muitas vezes, em formas violentas e
excludentes de se lidar com o outro, prevalecendo ranços que remotam da
18



Antiguidade e Idade Média até a Contemporaneidade e que, segundo Schmitt
(1999), em seus estudos antropológico/históricos só vieram à tona, ou seja, à ciência
da população, após a Segunda Guerra Mundial com a denominação “Marginal” que
conceitua a classe popular excluída, posta às margens da civilização.

           Na visão do citado historiador, considera-se na marginalidade aquele
individuo que padece ante uma questão social, mas que pode ser transitória a
depender da integração ou reintegração no seio da sociedade; e ao contrario, pode
assinalar uma ruptura em relação ao corpo social; o que denominamos exclusão
(p.355).

           Em tempos contemporâneos a problemática da discriminação, embora tenha
ganhado novas roupagens, subsiste à evolução dos tempos porque conforme
enunciado de Confúcio (VX séc. AC) “A natureza dos homens é a mesma, são os
seus hábitos que os mantém separados”. Se não aprendermos a conviver com as
diferenças mais tempos, mais gerações virão e passarão, enquanto que,
preconceitos e discriminações ficarão em detrimento da humanidade.

           Por conseguinte, os desafios a vencer são imensos e entre eles, a escola
por representar ainda um dos espaços onde as discriminações em suas múltiplas
facetas são produzidas e reproduzidas.

           Conforme consenso entre vários estudiosos, a escola que deveria ser um
dos mais importantes espaços de erradicação e superação de preconceitos e
práticas discriminatórias não o é em decorrência de um sistema convencional de
ensino que privilegia uma cultura escolar padronizada para brancos e normais.


           Esta realidade nos remete a refletir sobre o que Sales (2008), adverte:

                        É preciso desmontar este sistema de reprodução (...). A educação e
                        os meios de comunicação são espaços privilegiados de constituição
                        de cultura, de desconstrução de preconceitos e estereótipos, de
                        construção de novas formas de convivência. As instituições
                        educativas precisam se abrir a este debate, questionando os
                        princípios e valores que têm pautado a educação no país como um
                        todo e em cada instituição especificamente, na busca da reinvenção,
                        de novas escolhas, de outros princípios e valores que pautem este
                        processo (p.16).
19




       Para tanto, faz-se necessário uma prática pedagógica que avance no
propósito de educar de forma heterogênea, uma vez que a escola é um local
formado por uma população com diversos grupos étnicos, com seus costumes, suas
crenças, suas preferências; é um espaço de encontro das diferenças.

       Para Carrara (2009):

                    (...) A escola, por seus propósitos, pela obrigatoriedade legal e por
                    abrigar distintas diversidades (de origem, de gênero, sexual, étnico-
                    racial, cultural, etc,) torna-se responsável-juntamente com
                    estudantes, familiares, comunidade, organizações governamentais e
                    não-governamentais - por construir caminhos para a eliminação de
                    preconceitos e de práticas discriminatórias. É no ambiente escolar
                    que crianças e jovens podem se dar conta de que somos todos
                    diferentes e que é a diferença, e não o temor à diferença, que deve
                    atiçar a nossa curiosidade. E mais: é na escola que crianças e jovens
                    podem ser, juntamente com os professores e as professoras,
                    promotores e promotoras da transformação do Brasil em um país
                    respeitoso, orgulhos e disseminador da sua diversidade (p.31-34).


       Considerando o ‘mosaico de culturas’ presente no espaço escolar é possível
constatar o quanto as diferenças influenciam no comportamento humano,
percebidas ou não, trabalhadas ou não, suscitam opiniões e ações que podem ser
benéficas ou maléficas à formação da identidade do sujeito a depender da condução
do processo de educação escolar: da forma como o professor trabalha com essas
diferenças em sala de aula no sentido de evitar manifestações discriminatórias tão
prejudiciais ao desenvolvimento integral do educando.


1.2   Escola   e   diversidade   um     lugar   de    construção,     manutenção       e
desconstrução de costumes.


       As discussões acima acirraram nossa curiosidade sobre a diversidade e a
escola: como se dá esta relação? Como já mencionamos, a escola é o espaço onde
se encontra a maior diversidade cultural e paradoxalmente, o local mais
discriminador. Ao mesmo tempo em que busca construir um novo padrão de
comportamento conserva e reproduz o excludente conhecimento cultural da classe
dominante.
20



         É do conhecimento de toda a fixação da classe dominante no patamar da
superioridade: ela dita regras e determina o que deve ser transmitido no espaço
escolar. Segundo Silva (2002), “o conhecimento, a cultura e o currículo são
produzidos no contexto das relações sociais e de poder (p.23).” Para que
entendamos estas palavras, o autor aclara que:

                     As narrativas contidas no currículo, explícita ou implicitamente,
                     corporificam noções particulares sobre conhecimento, sobre formas
                     de organização da sociedade, sobre os diferentes grupos sociais.
                     Elas dizem qual conhecimento é legitimo e qual é ilegítimo, quais
                     formas de conhecer são válidas e quais não o são, o que é certo e o
                     que é errado, o que é moral e o que é imoral, o que é bom e o que é
                     mau, o que é belo e o que é feio, quais vozes são autorizadas e
                     quais não o são (p.195).


       Assim sendo, compreende-se que, segundo reflexões do autor, no currículo
estão embutidas representações de diferentes grupos sociais de forma diferente:
enquanto que a cultura e forma de vida de uns são valorizadas; as de outros são
desvalorizadas ou até mesmo totalmente excluídas de qualquer representação por
conta dessa noção hegemônica que ainda impera na escola e que, somente poderá
ser revertido através da construção de práticas pedagógicas que reconheçam o
valor da diversidade cultural presente na escola e na sociedade.

       Retomando Silva (2002):


                     É através da reprodução cultural dominante que a reprodução mais
                     ampla da sociedade fica garantida. A cultura que tem prestigio e
                     valor social é justamente a cultura das classes dominantes: seus
                     valores, seus gostos, seus costumes, seus hábitos, seus modos de
                     comportar e agir(p.34).


       Sendo assim, podemos encontrar na escola um espaço de construção e
manutenção de costumes a partir de um currículo escolar uniformizador que ainda
não mudou como deveria, apesar das reivindicações da sociedade civil através de
seus movimentos sociais. Se bem que para mudar necessita de leis educacionais e
diretrizes curriculares mais eficientes e que não estacionem nas gavetas, como
também, de projetos pedagógicos que priorizem de fato a diversidade. Gomes
(2008) enfatiza essa necessidade salientando que:
21



                     A inserção da diversidade nos currículos implica compreender as
                     causas políticas, econômicas e sociais de fenômenos com
                     etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. Falar sobre
                     diversidade e diferença implica posicionar-se contra processos de
                     colonização e dominação. É perceber como, nesses contextos,
                     algumas diferenças foram naturalizadas e inferiorizadas sendo,
                     portanto, tratadas de forma desigual e discriminatória. È entender o
                     impacto subjetivo destes processos na vida dos sujeitos sociais e no
                     cotidiano da escola (p.25).

        Subtende-se que, essa inserção da diversidade só acontecerá integralmente
com a incorporação no currículo, nos livros didáticos, nos planos de aula, nos
projetos pedagógicos das escolas, de saberes produzidos pelas diversas áreas do
conhecimento aliados aos saberes culturais dos grupos sociais que compõem uma
comunidade. Decerto que, se assim for a diversidade não será tratada de maneira
desigual e naturalizada.

        A diversidade, na visão de Gomes (2008), “é um componente do
desenvolvimento biológico e cultural da humanidade. Ela se faz presente na
produção de práticas, saberes, valores, linguagens (...) (p.18).” E referindo-se à
diversidade na escola, a autora é enfática:

                     Mais do que múltiplas, as culturas diferem entre si. E é possível que,
                     em uma mesma escola, localizada em uma região especifica, que
                     atenda uma determinada comunidade, encontremos no interior da
                     sala de aula alunos que portem diferentes culturas locais, as quais se
                     articulam com as do bairro e região. Eles apresentam diferentes
                     formas de ver e conceber o mundo possuem valores diferenciados,
                     pertencem a diferentes grupos étnico-raciais, diferem-se em gênero,
                     idade e experiência de vida (p.28).

        Por mais que a diversidade faça parte da vida humana em todos os aspectos
constitutivos do processo de humanização, as diferenças que dela se emanam são
causadoras de estranhezas que culminam sempre em medo e rejeição relativa ao
diferente. Por isso, Gomes (2008), questiona: “Como a educação escolar pode se
manter distante da discussão da diversidade se a mesma se faz presente no
cotidiano escolar(universo escolar) por meio da presença de professores/as e
alunos/as   dos     mais   diferentes   pertencimentos      étnico-raciais,    idades    e
culturas?”(p.17).

        No entanto, a escola continua ainda, apesar das novas propostas
pedagógicas de transformação do espaço escolar em um ambiente acolhedor e
22



inclusivo, representando um espaço de reprodução e manutenção de relações
excludentes. Acreditamos na reversão desse quadro por meio da desconstrução de
costumes e crenças, de falsos valores e ideologias desumanizadas provenientes da
cultura dominante; através do exercício da convivência com a diferença (e com os
diferentes) e da construção de práticas interativas de relacionamento que se pautem
no respeito, na igualdade social, na igualdade de oportunidades.

        Sob a perspectiva de currículos e práticas escolares que trabalhem
pedagogicamente com a diversidade Gomes (2008), deduz que:

                     Os currículos e práticas escolares que incorporem essa visão     de
                     educação tendem a ficar mais próximos do trato positivo          da
                     diversidade humana, cultural e social, pois a experiência        da
                     diversidade faz parte dos processos de socialização,             de
                     humanização e desumanização (p.18).


        Levando em conta que a escola é território de pluralidades, é de sua
competência a nobre missão de desmistificar idéias e atitudes estigmatizadas e
preconceituosas que transformam a prática educativa num processo excludente,
onde as diferenças não têm acesso livre à aprendizagem e pessoas são
marginalizadas dentro do espaço onde mais deveriam ser reconhecidas e
valorizadas.


        Assim entendido, abre-se um parêntesis para falarmos mais detalhadamente
sobre esse recinto de diversidades (o espaço escolar) que, nesses últimos tempos,
têm suscitado volumosos e atraentes discursos; todavia, o discurso que tem
prevalecido de fato é o mesmo de antes, o elitista com seu caráter discriminatório.

        A respeito, Foucault (1998), se posiciona:

                     Alguns de nós somos reconhecidos em nossos discursos e práticas,
                     outros não. Alguns de nós somos percebidos como “normais”, outros
                     não. Alguns de nós temos acesso à educação, à cultura, à
                     socialização, à reprodução, ao trabalho, outros não. Somos todos
                     participantes desse jogo, pois as formas de exclusão são próprias da
                     civilização (p.22).

        Na concepção de renomados pesquisadores, espaço escolar engloba vastos
significados que não se limitam apenas à idéia de lugar, porque a escola, segundo
23



Fernandes (1997), significa local onde se estuda, onde se adquire experiência e
aprendizagem e possui um amplo espaço que além de abranger aspectos físicos e
funcionais, representa um lugar de construção individual e coletivo de socialização.

        Como não poderia deixar de ser, a escola abriga em seu espaço interior
todas as distintas formas de diversidades, o que leva Collares e Moisés (1996), à
afirmação de que “o cotidiano escolar é permeado de preconceitos e juízos prévios”.
Lá se encontram o negro, o branco, o rico e o pobre, o gordo e o magro, o
heterossexual e o homossexual e assim por diante. Essas diferenças reforçam a
criação de estigmas e práticas discriminatórias dentro do espaço escolar.

        Reforçando as explanações acima, cabe dizer que a diversidade cultural no
cotidiano escolar provoca cotidianas situações de preconceito e discriminação e o
problema pode estar no fato de que ainda não temos um currículo multicultural que
defenda e preserve os valores básicos de nossa sociedade através do respeito à
identidade de cada aluno, reconhecendo a alteridade e o direito à diferença das
camadas populares que se sentem excluídas do processo social tal como os negros,
índios, homossexuais, mulheres, deficientes físicos, pobres, obesos e por aí vai.

        Para Silva (2002), o currículo não pode ser visto simplesmente como um
espaço de transmissão de conhecimentos por que: “O currículo está centralmente
envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos, naquilo que nos
tornaremos. O currículo produz, o currículo nos produz (...). E assim, o currículo nos
constitui como sujeitos moldando a nossa subjetividade” (p.20).

        Retomando a discussão, há mais fatores que podem ser responsáveis pelo
problema da discriminação como a não preparação da equipe docente para
trabalhar igualmente essas diferenças por não possuir uma formação adequada para
lidar com as questões da diversidade e com os preconceitos na sala de aula e no
espaço escolar como também, a influência de uma formação docente advinda de
uma escola centrada na dominação cultural da elite européia, reprodutora do
conhecimento da classe dominante norteada por uma metodologia de ensino de
pura e mera transmissão de conteúdos que, dessa forma, e de uma forma
inconsciente colabora com a produção e reprodução de uma educação
preconceituosa.
24




        Pelo exposto, compreensão e respeito pelo diferente deveriam fazer parte do
currículo escolar como ensinamento porque tem tudo a ver com isso a escola que se
isenta pela neutralidade fugindo da incumbência de eliminar toda e qualquer forma
de discriminação numa atitude silenciosamente omissa transformando-se num
poderoso lócus de reprodução de idéias estigmatizadas e ações discriminatórias.

        Noutra vertente, há a escola que visando desconstruir visões eurocêntricas
historicamente veladas, se ergue em defesa de um ideal humanitário pautado numa
lógica de igualdade e de direitos sociais considerando o pluralismo étnico-cultural,
social e racial da sociedade brasileira em prol do direito de cada um ser diferente em
suas preferências pessoais e sexuais.

        Nesse contexto, o documento Homofobia nas Escolas (2004) atesta que:


                     A escola é um espaço muito sagrado para a vida de todos nós. Na
                     verdade, ela é nossa segunda casa. Ela tem de estar preparada para
                     não deixar que dentro dela, de repente, floresça preconceitos,
                     discriminação, ódio. Pelo contrario, ela tem de estar cada vez mais
                     preparada para acolher os ensinamentos, para colher o debate
                     acerca dos valores referentes à generosidade, à tolerância, ao
                     respeito, ao amor, ao compromisso. É para isso que a escola existe
                     (p.22-23).


        Para O MEC (Ministério Educação e Cultura) a escola aparece como
poderosa ferramenta de reprodução das lógicas preconceituosas comprometendo a
inclusão educacional e a qualidade de ensino a partir do preconceito e violência
contra aqueles que se apresentam diferentes em suas condutas e orientação sexual.

        Apesar de toda essa argumentação que coloca a escola no banco dos réus,
paradoxalmente, a escola se redime ao apresentar-se como um dos mais
importantes meios de enfrentamento a toda espécie de discriminação; pois
problematizando a discriminação, revela-se indispensável para a melhoria da
educação através de uma ação pedagógica em defesa da diversidade e da
cidadania.
25




1.3 Homofobia: uma atitude ou um preconceito construído.


        A partir do tema: ”Diversidade Cultural e Homofobia: o quê a escola tem a
ver com isso?” alimentamos a pretensão de problematizar o espaço escolar como
lócus de manutenção e reprodução de idéias e ações discriminatórias que tantos
danos físicos e morais têm causado à formação das pessoas diferentes, sobretudo,
as de orientação sexual fora do padrão tido como normal, como todos sabem, o
heterossexual.

        Nesse intuito, tecemos primeiramente abordagens sobre a diversidade
cultural que forma a nação brasileira, com uma visibilidade maior dentro dos muros
da escola, onde é possível detectar diferenças que podem ser racial, sexual, social,
física, ideológica, intelectual, política, religiosa, esportiva e outras mais.

        A sociedade brasileira é uma sociedade plural formada não só por diferentes
etnias, como também por imigrantes de diferentes países o que implica numa
diversidade de crenças, hábitos e costumes, ideologias religiosas e políticas;
diversas tradições culturais e sociais que integram a identidade de um povo.

        Dentro dessa realidade, nossa pesquisa optou pela trilha da sexualidade
englobando diferenças de orientação sexual na vida dos indivíduos, bem como, o
papel da escola nesse contexto.

        Hoje em dia, é essencial que haja nas escolas uma orientação sexual. O
ideal seria tratar desse assunto inicialmente na família, mas nem sempre é possível
por tratar-se de um assunto extremamente delicado tanto que os pais não se sentem
à vontade para tratá-lo com seus filhos. Por isso, esta questão é sempre trazida
pelos alunos para dentro da escola.

        Como argumenta Foucault (1998), apesar de não se falar em sexualidade e
de muitas vezes se tentar negá-la, ela nunca deixa de ser pensada, de ser vivida ou
de existir. No entanto, este assunto está sempre em pauta, na sala de aula, nos
corredores, nos banheiros, no pátio, nos corpos e nas mentes e, além de tudo, está
26



sempre sendo ensinado através de olhares, sussurros, comentários, estímulos ou
penalizações (p.168).

         Conforme escrito nos PCNs Pluralidade Cultural e Orientação Sexual: “Não
é apenas em portas de banheiros, muros e paredes que se inscreve a sexualidade
no espaço escolar; ela “invade” a escola por meio das atitudes dos alunos em sala
de aula e da convivência social entre eles” (p.113).

         Á despeito disso, o Ministério da Educação por meio dos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs (1997) oferece às escolas a possibilidade de
trabalhar orientação sexual com seus alunos, incluindo conceitos básicos e
informações sobre homossexualidade aos estudantes de todas as faixas de idade,
pois segundo Steve (2009) diversos são os professores que sentem resistência em
trabalhar a diversidade sexual em sala de aula.

         Na visão de Steve (2009):

                     Homossexualidade é um tema onde professores, diretores,
                     educadores em geral, fazem questão de não trabalhar, é muito mais
                     fácil se silenciar do que trabalhar em sala de aula um tema tão
                     complicado. Os educadores de um modo geral procuram ignorar
                     crianças e adolescentes com tendências ao homossexualismo. Não
                     existem comentários na escola sobre este assunto, ou simplesmente
                     é tratado como uma fase que o jovem está passando onde em sua
                     vida adulta se tornará um heterossexual mudando sua sexualidade
                     (p.5).

         Ainda na fala do autor “Quando falamos em homossexualidade e educação,
devemos almejar que é um trabalho que deve ser desenvolvido urgentemente nas
escolas brasileiras” (p.1) principalmente, porque a educação é a mais eficiente forma
de combate ao preconceito e a discriminação.

         Falando em preconceito e discriminação, vale comentar que discriminação é
fruto do preconceito; logo a homofobia, nascida do preconceito contra pessoas com
orientação sexual diferente; é uma ação discriminatória social e culturalmente criada;
o preconceito por sua vez, é uma idéia preconcebida, sem razão objetiva ou
refletida.

         Diante do preconceito, destacamos a Homofobia, palavra grega fobia (medo)
com o prefixo homo (igual) que caracteriza o medo e aversão que alguns homens
27



constroem contra os homossexuais. No campo de temas que envolvem a
sexualidade, a homofobia afirma-se como um subproduto do preconceito sexual.

        A homofobia incita o ódio, a violência, a difamação, a injúria, a perseguição e
a exclusão. Além de prejudicar a imagem das pessoas, sejam alunos, professores
ou outras; interfere no aprendizado e incentiva a evasão escolar.

        Além disso, preconceito por parte dos alunos/professores e a falta de
práticas pedagógicas adequadas e capacitação profissional para lidar com a
diversidade sexual fazem com que a homofobia seja um problema recorrente nas
escolas.

           Cabe salientar que apesar dos PCNs serem considerados um avanço por
sugerir temas relacionados à orientação sexual para ser trabalhada na Escola sob a
pretensão de desconstruir modelos enraizados ao longo do tempo, a escola ainda
apresenta e institui sujeitos, indivíduos, a partir de um “modelo”. Segundo Carrara
(2009), “Este modelo é masculino, branco e heterossexual, e todas as pessoas que
não se encaixam nele são o Outro, que é reiteradamente tratado como inferior,
estranho, diferente” (p.106).

        Faz-se necessário, de acordo com Duarte (2010), lembrar que, em sua
proposta, os PCNs com os temas da sexualidade, ainda não conseguiram introduzir
no cotidiano escolar debates acerca do pleno exercício da cidadania, nem ao menos
um debate pedagógico das diversidades nas ações educativas desenvolvidas pelas
escolas (p.2).

        Retomando a discussão em torno da sexualidade, lembramos que a mesma
ainda é compreendida apenas como as relações sociais estabelecidas entre homens
e mulheres, numa perspectiva patriarcal e machista e em função dessa mentalidade,
mais e mais a homofobia se fortalece e se avulta como um grave problema social
porque diversidade sexual e orientação sexual são temáticas que até pouco tempo
estavam esquecidas nos currículos escolares.

        No entanto, como bem pondera Duarte (2010),
28



                    As escolas enquanto instituições formadoras possuem importante
                    papel na construção de uma sociedade menos preconceituosa,
                    educando meninos e meninas para conviverem com as diversidades
                    da sociedade, respeitando o ser humano, neste contexto o combate
                    a homofobia se concretiza. Crianças educadas desde cedo a
                    perceber o próximo, seja ele quem for como ser humano, não
                    desenvolve atitudes preconceituosas (p.3).

        È sabido que o tema da homossexualidade na escola é ainda um tabu, o que
explica a homofobia que tem se revelado como um sistema de humilhação, exclusão
e violência e que dependendo da cultura onde se desenvolve, pode chegar à
requintes de perversidade e crueldade; por isso Daniel Borillo é taxativo ao afirmar
que: “A homofobia se alimenta da mesma lógica que as outras formas de violência e
inferiorização: ”desumanizar o outro e torná-lo inexoravelmente diferente”(p.9)
Condenando o diferente à exclusão social.

        Foucault (1993) tem outra explicação para as características violentas da
homofobia; segundo ele:

                    A historia da sexualidade é feita a partir de uma historia de discursos
                    e assim, o discurso que veicula e produz poder instituiu a
                    homossexualidade como pecado, classificando-a como patológica,
                    mas também possibilitou-a de falar por si, de reivindicar espaços e
                    discursos próprios(p.221).


        No bojo do debate sobre a homofobia são muitos os estudiosos que se
debruçam em reflexões a respeito desse tema que, embora                obsoleto, tem se
apresentado nos dias atuais rejuvenescido e forte como pivô de sofrimento e
injustiça social.


        Homofobia, de acordo com Borillo (2001), é a atitude hostil que tem como
foco homossexuais, homens ou mulheres, e consiste em designar o outro como
inferior, contrario ou anormal, de modo que sua diferença o coloca fora do universo
comum dos humanos (p.13).

        A homofobia pode começar pelo bullying, passando por injúrias verbais,
gestos que agridem humilhação e difamação e toda e qualquer manifestação de ódio
ao homossexualismo e esta situação, por incrível que pareça, está na ordem
crescente a cada dia que passa.
29



Segundo Dinis (2008):

                     No contexto educacional, o termo bullying tem sido utilizado para
                     nomear a violência sofrida pelos alunos (as) no ambiente escolar e o
                     termo bullying homofóbico tem sido utilizado para nomear
                     especificamente a violência sofrida por alunos (as) gays, lésbicas,
                     bissexuais, travestis e transexuais (p.4).


        Vale ressaltar que, na escola o bullying seja homofóbico ou não tem
causado expressiva evasão escolar e em se tratando de estudantes com identidades
sexuais e de gênero diferentes da norma heterossexual, já ocorreram muitas
incidências de tentativas de suicídio, devido aos preconceitos e a discriminação
sofrida no espaço escolar.


        A discriminação em função da orientação sexual continua sendo uma
constante, especialmente nas escolas brasileiras e Junqueira (2007), aponta essa
situação afirmando que “a escola é um lugar em que jovens GLBT (gays, lésbicas,
bissexuais e transgeneros) enfrentam, sistematicamente, discriminações por parte
de colegas, professores, dirigentes e servidores escolares (p.61).

        A escola, durante muito tempo, foi concebida como um local sexualmente
neutro; até mesmo os livros didáticos nada ou quase nada mencionavam sobre sexo
e as poucas referências ficavam por conta da disciplina Ciências.


        Na opinião de Beleli (2009):

                     A instituição escolar tende a invisibilizar a sexualidade em um jogo
                     de pressupostos, inferências não apresentadas e silêncios.
                     Pressupõe-se, por exemplo, que a sexualidade é assunto privado ou,
                     ao menos, restrito ao lado de fora da escola. Na verdade, a
                     sexualidade está no espaço escolar porque faz parte dos sujeitos o
                     tempo todo. Ninguém se despe da sexualidade ou a deixa em casa
                     como um acessório do qual se pode despojar (p.121).


        Ainda na reflexão de Beleli (2009), “há a forma mais sutil e talvez mais cruel
de invisibilizar a sexualidade: trata-se da forma como educadores adotam o silencio
diante da emergência de uma sexualidade diferente e, assim, tornam-se cúmplices
de atitudes homofóbicas por parte de alguns estudantes “(p.115).
30



           Para o autor, o silencio e a tentativa de ignorar o diferente são ações que
denotam cumplicidade com valores e padrões de comportamentos hegemônicos
(p.115).

           Sob este ponto de vista, torna-se questionável a posição dos profissionais da
educação perante manifestações discriminatórias, inclusive as homofóbicas, pois
educadores possuem papel decisivo na problematização destas questões, só que
muitas vezes, acabam por naturalizar e reproduzir estas práticas, intensificando o
desrespeito à diversidade e à construção da identidade do outro.

           Guacira Louro (2000) nos lembra que:

                        A escola é, sem dúvida, um dos espaços mais difíceis para que
                        alguém “assuma sua condição de homossexual ou bissexual. Com a
                        suposição de que só pode haver um tipo de desejo sexual e que
                        esse tipo – inato a todos- deve ter como alvo um individuo do sexo
                        oposto, a escola nega e ignora a homossexualidade(provavelmente
                        nega porque ignora) e, desta forma, oferece poucas oportunidades
                        para que adolescentes ou adultos assumam, sem culpa ou vergonha,
                        seus desejos. O lugar do conhecimento mantém-se com relação à
                        sexualidade, o lugar do desconhecimento e da ignorância (p.30).


           Com essa falácia, Louro (2000), é mais um dos estudiosos que nos leva a
perceber o cenário de exclusão do tema diversidade cultural e sexual no currículo
escolar e na formação continuada da classe docente, reinando no comodismo a
omissão e o silenciamento que pactuam com o preconceito homofóbico, quando
contrario a tudo isso, a escola deveria combater todas as formas de preconceitos e
discriminação que permeiam o espaço escolar. A bem da verdade, a homofobia é
realmente uma questão latente nas escolas seja ela uma atitude ou um preconceito
construído.
31



                                     CAPITULO II


                       PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


        O presente trabalho tem como objetivo investigar através da oralidade e de
fontes documentais, como é que os professores lidam com as manifestações
discriminatórias no contexto escolar da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo
em Senhor do Bonfim, Bahia, e qual a visão dos professores e alunos a respeito do
tema diversidade cultural, em especial a sexual e a homofobia.


2.1 A PESQUISA


        O ponto de partida para o desenvolvimento do nosso estudo foi a busca de
informações através da história oral. Na visão de Alberti (2008) quando as escolhas
recaem sobre a história oral


                      [...] depende intrinsecamente do tipo de questão colocada ao objeto
                      de estudo. Por outro lado, ela também depende de haver condições
                      de se desenvolver a pesquisa: não é apenas necessário que estejam
                      vivos aqueles que podem falar sobre o tema, mas que estejam
                      disponíveis e em condições (físicas e mentais) de empreender a
                      tarefa que lhes será solicitada. (p.30-31).


2.1.1 História Oral


        A História Oral, segundo Alberti (2008):

                      “é um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica etc.)
                      que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que
                      participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas,
                      visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo”
                      (p.18).


        Assim, representa um grande auxilio na busca de informações e pode ser útil
na história do cotidiano, história política, de instituições e história da memória.
32



           Atualmente, essa metodologia tem se apresentado de forma mais segura,
uma vez que graças aos recursos tecnológicos tem sido possível gravar
depoimentos com o uso do gravador, sem o risco de perdê-los; o que antes não
acontecia, pois como bem nos relata Alberti (2008) havia muita dificuldade em
registrar e guardar relatos e depoimentos, antes do advento do gravador, na forma
de documento escrito.


2.2 OS INSTRUMENTOS DA PESQUISA:


           Os instrumentos escolhidos para a coleta de informações destinadas a este
trabalho foram a observação e a entrevista.


2.2.1 A Observação


           Com o objetivo de desenvolvermos nossos estudos a respeito do nosso
objeto de pesquisa, realizamos uma série de visitas para que pudéssemos observar
como se processavam as relações professor-aluno e aluno-aluno na sala de aula no
tocante às diferenças que em maior ou menor proporção encontramos no espaço
escolar.


2.2.2 A Entrevista


           A entrevista foi um dos caminhos que escolhemos para a realização deste
trabalho, foi direcionada por um guia, dividido em dois blocos, contendo no primeiro
a identificação das fontes orais e que por questão de preservação da identidade
dessas pessoas, optamos pela utilização de letras do alfabeto em vez dos nomes
próprios ou nomes fictícios.


2.3 O GUIA DE ENTREVISTAS


           Para a realização das entrevistas usamos um roteiro contendo as questões
organizadas em dois blocos:
33



2.3.1. Bloco I Identificação dos depoentes:


       Na primeira etapa da pesquisa elaboramos uma ficha de identificação com o
objetivo de traçar o perfil dos entrevistados, para conhecermos um pouco a
realidade dos mesmos, como profissão, tempo de serviço no magistério ou outro,
idade, gênero etc. Cabe ressalvar que quase todos entrevistados se negaram a
fornecer dados pessoais, a exemplo de documentos e informações sobre
remuneração salarial e no segundo bloco, constam as questões que estão voltadas
para o objeto de estudo deste trabalho.


2.3.2 Bloco II As questões de estudo:


       Nesse segundo bloco, encontram-se as questões relevantes para nossa
pesquisa, a serem respondidas pelos (as) entrevistados (as), sendo direcionadas a
01(um) diretor e 3(três) professores e 01(um) funcionário   e 02(dois) alunos da
Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo. Não podemos deixar de mencionar, a
dificuldade em executar essas entrevistas, que só foram cedidas após a garantia de
minha parte que não haveria identificação dos depoentes.
       . Para realizar a entrevista utilizamos um gravador digital Voice Recorder
Powerpack DVR- 860BK.
34



                     UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                     PEDAGOGIA 2007.1



PESQUISADORA: Ana Lucia Freire
ORIENTADORA: Profª Drª. Maria Glória da Paz

Caro Diretor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do
curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a
generosa participação.
Nome da escola:_________________________________________________

ENTREVISTA COM O/A DIRETOR DA ESCOLA.


1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)

Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas
Local: ….................................................................................................................
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …...............................................
Posição no grupo familiar:.....................................................................................
Filiação: …......................................... e …............................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:...........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …............................................................................................................
Escolaridade:.........................................................................................................
Ocupação: ….........................................................................................................
Tempo de docência na Educação ........................................................................
Carga horária ( ) 20 horas                                  ( ) 40 horas                          ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de
dois salários mínimos (                    )
35



BLOCO II


1. A ESCOLA, SUA ORGANIZAÇÃO E SEU ESPAÇO FÍSICO

1- A escola funciona em quantos turnos? Quais os horários dos turnos

_______________________________________________________________

2- Quantos funcionários possui a escola?

_______________________________________________________________


3- Quantos professores?

_______________________________________________________________


4- Quantos alunos a escola possui?

_______________________________________________________________


7- Qual a média de crianças por sala?

_______________________________________________________________

8- Quanto as dependências da escola?

Salas de aula /quantos (…......)                      banheiros / quantos (….........)      pátio
(….............) diretoria (….....)   secretaria (…...........) sala de professores (…......)
biblioteca (….........)         outros...................................................


9- Há quanto tempo dirige esta escola?
_______________________________________________________________
36



3º BLOCO: diversidade cultural e homofobia

1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural?


2. O que é para você uma manifestação discriminatória?


3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória?


4. O que você pensa sobre a homossexualidade?


5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade?


6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com
as diferenças? e os preconceitos?


7. Como é que você vê a homofobia?


8.   Na escola já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno ou
professor que tenha uma orientação sexual diferenciada?


9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pela escola?


10. Quais são as medidas preventivas que a escola desenvolve para combater a
discriminação com os diferentes sexualmente?


11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre este assunto?
37




                        UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                        DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                        PEDAGOGIA 2007.



PESQUISADORA: Ana Lucia Freire
ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz

Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de
Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação.


ENTREVISTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES


1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)


Data:.............de …................................ de ..................... horário: …...........horas
Local: ….................................................................................................................
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …...............................................
Posição no grupo familiar:.....................................................................................
Filiação: …......................................... e …............................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:...........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …............................................................................................................
Escolaridade:.........................................................................................................
Ocupação: ….........................................................................................................
Tempo de docência na Educação ........................................................................
Carga horária ( ) 20 horas                                  ( ) 40 horas                          ( ) 60 horas


Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de
dois salários mínimos (                    )
38



2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia


1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural?


2. O que é para você uma manifestação discriminatória?


3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória?


4. O que você pensa sobre a homossexualidade?


5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade?


6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com
as diferenças? e os preconceitos?


7. Como é que você vê a homofobia?


8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que
tenha uma orientação sexual diferenciada?


9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada por você professora, e pela escola?


10. Quais são as medidas preventivas que a você professora, e a escola
desenvolvem para combater a discriminação com os diferentes sexualmente?


11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
39




                     UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                     COLEGIADO DE PEDAGOGIA 2007.1



PESQUISADORA: Ana Lucia Freire
ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz

Caro aluno (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso
de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação. Obrigada.

ENTREVISTA DIRIGIDA AOS ALUNOS
1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)


Data:.............de …................................ de ..................... horário: …...........horas
Local: ….................................................................................................................
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …...............................................
Posição no grupo familiar:.....................................................................................
Filiação: (fictício)......................................... e …...................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:...........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …............................................................................................................
Série.......................................................................................................................
Ocupação extra:….................................................................................................
Tempo na Escola...................................................................................................




Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de
dois salários mínimos (                    )
40



2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia

1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural?


2. O que é para você uma manifestação discriminatória?


3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória?


4. O que você pensa sobre a homossexualidade?


5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade?


6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com
as diferenças? e os preconceitos?


7. Como é que você vê a homofobia?


8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que
tenha uma orientação sexual diferenciada?


9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos professores, e pela escola?


10. Quais são as medidas preventivas que os professores, e a escola desenvolvem
para combater a discriminação com os diferentes sexualmente?


11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
41



                     UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                     PEDAGOGIA 2007.1



PESQUISADORA: Ana Lucia Freire
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz
Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de
Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação. Obrigada.


ENTREVISTA DIRIGIDA À COORDENADORA

1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)

Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas
Local: ….................................................................................................................
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …...............................................
Posição no grupo familiar:.....................................................................................
Filiação: …......................................... e …............................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:...........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …............................................................................................................
Escolaridade:.........................................................................................................
Ocupação: ….........................................................................................................
Tempo de docência na Educação .........................................................................
Carga horária ( ) 20 horas                                 ( ) 40 horas                          ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de
dois salários mínimos (                    )
42



2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia

1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural?


2. O que é para você uma manifestação discriminatória?


3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória?


4. O que você pensa sobre a homossexualidade?


5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade?


6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com
as diferenças? e os preconceitos?


7. Como é que você vê a homofobia?


8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que
tenha uma orientação sexual diferenciada?


9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos professores, e pela escola?


10. Quais são as medidas preventivas que os professores, e a escola desenvolvem
para combater a discriminação com os diferentes sexualmente?


11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
43




                     UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                     PEDAGOGIA 2007.1



PESQUISADORA: Ana Lucia Freire
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz
Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de
Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação. Obrigada.

ENTREVISTA COM UM (A) FUNCIONÁRIO (A) DA ESCOLA.


1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)

Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas
Local: ….................................................................................................................
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …...............................................
Posição no grupo familiar:.....................................................................................
Filiação: …......................................... e …............................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:...........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …............................................................................................................
Escolaridade:.........................................................................................................
Ocupação: ….........................................................................................................
Tempo de trabalho na Escola...............................................................................
Carga horária ( ) 20 horas                                 ( ) 40 horas                          ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de
dois salários mínimos (                    )
44



2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia

1. Você já ouviu falar em diversidade cultural? Qual a sua opinião em relação à
diversidade cultural?


2. O que é para você uma manifestação discriminatória?


3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória?


4. O que você pensa sobre a homossexualidade?


5. Como é que esta escola lida com as questões da homossexualidade?


6. Você acha que os professores e os funcionários da escola estão preparados para
trabalhar com as diferenças? e com os preconceitos?


7. Você sabe o que é homofobia? Como é que você vê a homofobia?


8. Nesta escola já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que
tenha uma orientação sexual diferenciada?


9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos funcionários, e pela escola?


10. Quais são as medidas preventivas que os funcionários e a escola desenvolvem
para combater a discriminação com os diferentes sexualmente?


11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
45



2.4 Carta de cessão

             Este documento permite que o material produzido na entrevista possa ser
usado ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada pelos
depoentes.

CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB

1        –        Pelo        presente           documento...........................brasileira,           estado
civil)......................(profissão)..........carteira         de    identidade          nº.......,     emitida
por....................       CPF           nº................,        residente           e         domiciliada
em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e
transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII
da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos
patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de
2010, perante o pesquisador..........................................................................................

2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções
internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do
depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício
pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre
terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização.

3 – Fica, pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado
ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, no Brasil e/ou no exterior.
Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses,
assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.

[assinatura da entrevistada]............

TESTEMUNHAS:

_____________________________________
1ª testemunha

_____________________________________
2ª testemunha
46




2.5 AS FONTES


2.5.1 Fontes Orais


      As fontes orais são elementos que permitem trabalhar com fontes orais que
envolve obedecer a uma série de regras metodológicas, é preciso respeito aos
colaboradores e aos seus depoimentos, daí a necessidade de se estabelecer
critérios de escolha. Segundo Alberti (2008, p. 172), “Para selecioná-los é
necessário um conhecimento prévio do universo estudado; é preciso conhecer o
papel dos que participaram e participam do tema investigado...”

       As fontes orais da pesquisa aqui retratadas foram sete pessoas
pertencentes a comunidade da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, assim
categorizados: 04 (quatro) professores e 02(dois) alunos e um 01 (um) funcionario.


2.5.1.1. Os alunos

       O Colaborador 6, se auto denominou de cor parda, tem 17 anos, nascido na
cidade de Senhor do Bonfim. Bahia.

       O Colaborador 7, tem a cor parda, 15 anos de idade, nascido em dezembro
de 96 na cidade de senhor do Bonfim, Bahia.



2.5.1.2.Os professores


       O Colaborador 1, tem 45 anos, é de cor parda, sexo masculino, casado,
tem dois filhos, curso superior completo, 11 anos de docência, 40 horas semanais e
ganha mais que dois salários mínimos.

       O Colaborador 2, se auto denominou de cor morena, solteiro, nascido em
uma cidade vizinha, tem 24 anos, é de religião evangélica, tem nível superior
incompleto, trabalha uma carga horária de 20 horas nesta escola, tem 2 anos de
docência e ganha até dois salários mínimos.
47



       O Colaborador 3, é de cor branca,tem mais ou menos 40 anos, é solteiro,
religião católica, nível superior completo, atua na docência com 40 horas semanais e
ganha até dois salários mínimos.


       O Colaborador 4, cor parda, com idade de mais ou menos 50 anos, é do
sexo feminino, casada e tem dois filhos. Nasceu na cidade de Senhor do Bonfim,
religião católica, tem nível superior completo, possui vinte anos de atuação na
docência, com 40 horas.


2.5.1.3. Os funcionários


       O Colaborador 5, é de cor parda, tem 20 anos,nasceu em Senhor do
Bonfim, estado civil solteira, é funcionária da escola onde se dá a pesquisa, e ganha
até um salário mínimo.


2.5.2 Fontes escritas


       As fontes escritas foram fundamentais na construção do nossa pesquisa,
pois através da mesma construímos algumas discussões sobre a temática escolhida.
Buscamos aprofundamento em livros, teses de doutorados, artigos e documentos
oficiais. Os autores que colaboraram com o nosso estudo foram:


          3. Alberti(2008) em sua obra “Manuel de História Oral” nos orienta a
             trabalhar com a metodologia da historia oral no campo das ciências
             humanas.

          4. Beleli (2004) em sua obra “...”, chama atenção para as questões que
             envolvem diversidade cultural e sobre a escola como palco onde a
             pluralidade cultural coloca em cena seus personagens em suas
             diversas facetas e diferentes linguagens.

          5. Borrillo (2001) traz em sua obra “Homofobia”um estudo sobre a
             homofobia e os mais hostis comportamentos por ela ocasionados.
48



6. Carrara(2009) discute        em sua obra “Diferença, Diversidade e
   Desigualdade.Gênero      e      Diversidade   na   Escola-Formação   de
   Professores em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações
   étnico-raciais”a importancia da escola na eliminação do preconceito e
   de práticas discriminatorias.

7. Foucault (1997), em sua obra: “A historia da sexualidade” propõe uma
   leitura reflexiva sobre a relação poder/sexualidade.

8. Gomes (2008) em sua obra “Indagações sobre Curriculo, Diversidade
   e Curriculo”enfoca a necessidade de incorporação da diversidade no
   curriculo escolar.

9. Louro (2000) aborda aspectos         inerentes a gênero, sexualidade e
   educação.

10. Junqueira (2007) no Livro “Diversidade Sexual na Educação: a
   problematizações sobre a homofobia nas escolas” denuncia a escola
   como um lugar de discriminação e preconceitos.

11. Schmitt (2009) em sua obra “A Historia dos Marginais” aborda estudos
   antropológico-históricos que explicam a aplicação do termo marginal a
   uma parcela da sociedade sujeita à exclusão.
49



2.6. LOCAL DA PESQUISA: O município1 de Senhor do Bonfim


        O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa
da Bahia – segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de
uma lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e
aventureiros que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária,
iam ao encontro das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Seu
povoamento origina-se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade
pertencente ao Município de Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por
remanescentes indígenas e que, inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos
Franciscanos.


        Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de
Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização, isto
é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a indígena
ARAÚJO (2001).


        Senhor do Bonfim, de acordo com o IBGE¹ conta atualmente com um índice
populacional de aproximadamente 74.431, distribuídos em seus 827.48 Km².




1     1. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel.painel.php?codmun=293010# acesso em
2011-09-21
50



             2.6.1       Mapa de localização2.




2        PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy.
Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
51



                                   CAPÍTULO III


DIALOGANDO COM AS FONTES: A reprodução, a manutenção ou a
desconstrução do cenário preconceituoso da homofobia na escola


        Neste capítulo apresentamos o resultado da investigação, que teve como
ponto de partida a questão: Como é por que se dá a reprodução, a manutenção ou a
desconstrução do cenário preconceituoso da homofobia na Escola Municipal Nossa
Senhora do Carmo, situada na cidade de Senhor do Bonfim, Bahia.


3.1. O que pensam os entrevistados sobre diversidade cultural


        Iniciamos o nosso estudo perguntando aos entrevistados o que eles
pensavam sobre a diversidade cultural. Ao observarmos as respostas, vimos que a
maioria dos colaboradores vêem a diversidade cultural como um elemento que
enriquece as práticas sociais das pessoas nas suas relações com os outros e em
sua atuação profissional.


                     Colaborador 1: [...] Entendo diversidade cultural... Como posso
                     dizer? Ah, como provedora de diferenças quer seja de gênero, sexo,
                     raça ou cor, etnia e outras... Na escola é que essas diferenças se
                     cruzam e muitas vezes causam problemas dificultando a prática
                     docente.

                     Na opinião do Colaborador 2 [...] “Minha opinião?! É... acho que a
                     diversidade cultural é muito importante por que... bom, ela dá direito
                     a cada um de nós viver a sua cultura como achar melhor, eu penso
                     assim”.

                     Colaborador 3: [...] “A diversidade cultural em minha opinião é
                     ampla, né! A gente vê a questão cultural... a questão da
                     regionalidade... a questão da historia... a questão do movimento
                     social e cultural das pessoas... do ambiente em que a pessoa vive...
                     a historia da realidade da pessoa... é uma coisa, né... grande que
                     abrange um texto bem grande em relação a cultura local e social.”

                     Colaborador 4: [...] “Diversidade cultural... eu acho que em relação
                     a escola a gente só tem a ganhar... porque são acréscimos e
                     enriquece o nosso ambiente.. o nosso aprender né! E a gente
                     compartilha também.”

                     Colaborador 5: […] “Mostra a riqueza de uma população com seus
                     variados estilos próprios... devendo-se respeitar cada um, não é?”
52



                      Colaborador 6: [...] “Minha opinião é que é muito importante a
                      diversidade cultural de um povo...”

                      Colaborador 7: [...] “è importante... por que sem ela não há
                      diferenças de raça nem de nada... rs.”


        Todos os elementos apresentados pelos colaboradores reafirmam o
significado sobre diversidade cultural, pois de acordo com Gomes (2008), “Do ponto
de vista cultural, a diversidade pode ser entendida como a construção histórica,
cultural e social das diferenças” (p.17). Reforçando esse pensamento, Carrara
(2009) afirma que “Quando o encontro de duas sociedades parece gerar um
resultado homogêneo, em seu interior surgem diferenças significativas, que marcam
as fronteiras entre os grupos sociais” (p.23).



3.2. Manifestação discriminatória: um desrespeito para com os diferentes


        A opinião dos entrevistados é de unanimidade quanto as manifestações
discriminatórias. Para eles, a discriminação é uma falta de respeito para com o outro,
é um tipo de atitude que atinge a várias pessoas e em lugares diversos.


                      Colaborador 1: […] “É um desrespeito para com aqueles ou aquelas
                      que possuem um modo de viver e de ser diferente dos demais... eu
                      considero assim...”.

                      Colaborador 2: [...] “Prá mim... manifestação discriminatória é o
                      mesmo que preconceito... por exemplo, ter preconceito contra
                      homossexuais... pessoas de cor... muitas vezes acontece de passar
                      uma mulher morena e alguém diz:” Olha é uma negrinha” Prá mim
                      isto é uma discriminação...”

                      Colaborador 3: [...] “Eu acho que é uma coisa absurda... não se
                      pode discriminar o homossexual, o negro, o pobre, o deficiente...
                      todo mundo tem o direito de viver da maneira que quiser e puder.”

                      Colaborador 4: [...] “É quando você não respeita... não tolera o que
                      você chama de desigual ou diferente... é isso!”.

                      Colaborador 5: [...] “Atos que desrespeitam o pensamento, opinião,
                      estilo de vida, condição pessoal... enfim, a não aceitação do outro e
                      por isso tem intenção de reprimi-lo”.

                      Colaborador 6: [...] “É ter preconceito contra pessoas diferentes...
                      rs”.

                      Colaborador 7: [...] “Quando pessoas diferentes são de alguma
                      forma excluídas... rs”.
53




        As falas dos entrevistados estão ratificadas em Carrara (2009), quando
ressalta que: Em diferentes épocas, sociedades particulares reagiram de formas
especificas, diante do contato com uma cultura diversa à sua originando assim
preconceito e discriminação que são idéias e comportamentos que negam
humanidade àqueles e àquelas que são suas vitimas.


        É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de inferiorizar o outro
diferente seja por questão de gênero, religião, raça/etnia ou orientação sexual, que
gera conflitos entre as pessoas alimentando sentimentos e atitudes negativas como
o desrespeito tão frisado pelos entrevistados.

        A sociedade brasileira, por sua vez, na fala de Abramovay (2004), tem sido
vitimada por uma onda de violência que, a cada dia, aumenta mais nas escolas:
violência esta que se materializa através de agressões verbais, físicas e simbólicas
aos sujeitos da comunidade escolar.

        Silva (2010) em seu livro Bullying: mentes perigosas nas Escolas alude a
esta violência no meio escolar, argumentando que as instituições escolares se veem
obrigadas a lidar com fenômenos como o bullying, que, embora sempre existiu nas
escolas de todo o mundo, hoje ganha dimensões muito graves(p.64).


3.3. Discriminação contra Negros... Homossexuais... Analfabetos...


        Nessa questão abordamos nossos entrevistados com a seguinte pergunta:
Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? As respostas
para esta questão se materializam em vários tipos: atitudes contra homossexuais,
contra os deficientes físicos, os analfabetos, só pobres, os obesos dentre outros
como vemos nos depoimentos abaixo:


                     Colaborador 1: [...] “Tipos de discriminação? Bom... existe
                     discriminação contra o negro... contra o homossexual... contra o
                     deficiente físico... e tantos outros que não dá nem para especificar...
                     em tão pouco tempo... né!”

                     Colaborador 2: [...] “O que mais vejo é discriminação contra
                     negros... homossexuais... analfabetos...”
54



                     Colaborador 3: [...] “Bom... a mídia tem mostrado discriminação
                     contra homossexuais... parece que tá na moda...”

                     Colaborador 4: [...] “Quando você discrimina... você não respeita o
                     estilo de vida... a opinião do outro... você vê no outro alguém
                     diferente... diferente na forma de se comportar ou de se vestir ou
                     outra forma... você não tolera isso... prá mim isso é discriminação...”

                     Colaborador 5: [...] “Verbal... física... escrita e gestual...”

                     Colaborador 6: [...] “Contra negros... veados... pobres... gordos...”

                     Colaborador 7: [...] “A que mais conheço é a que faz piadinhas com
                     os boiolas...”


       Os depoentes foram categóricos ao fazer seus depoimentos, deixando claro
que existem vários tipos de preconceitos, os quais estão enraizados na sociedade.
Com isso, se faz necessário levar em consideração que cada pessoa com sua
estrutura biológica e social pertence a um determinado grupo étnico que por sua
vez, tem seus próprios costumes e crenças. Segundo Morin (2001) este individuo
faz parte de uma cultura que é:


                     Constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas,
                     proibições, estratégias, idéias, valores, mitos, que se transmite de
                     geração a geração, se reproduz em cada individuo, controla a
                     existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e
                     social. Não sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de
                     cultura, mas cada cultura é singular. Assim, sempre existe a cultura
                     nas culturas, mas a cultura existe apenas por meio das culturas
                     (p.56).


       Diante de uma cultura diferente uma da outra surgem desafios, que os
professores precisam enfrentar com estratégias diferentes, ou seja, práticas
pedagógicas    diversificadas. Nessa perspectiva Candau (2003) aponta que: ”A
escola está sendo chamada a lidar com a pluralidade de culturas, reconhecer os
diferentes sujeitos socioculturais presente em seu contexto, abrir espaços para a
manifestação e valorização das diferenças” (p.161).

       Reflexões como estas é que nos levam a compreensão de que a escola por
abrigar distintas diversidades tem a obrigação de prover meios para eliminação de
preconceitos e práticas discriminatórias educando para a diversidade e respeito às
diferenças.
55




3.4 O que pensam sobre a homossexualidade?


      Na quarta questão observamos nas respostas dos depoentes que eles falam
em homossexualidade como algo natural, como um direito que as pessoas tem de
assumir a sua preferencia sexual; há os que veem como uma escolha, além de ser
um assunto que suscita polêmicas.


                     Colaborador 1: [...] “No meu modo de pensar é um direito de cada
                     um assumir a sua preferência sexual, por isso acho natural como
                     acho que ninguém tem o direito de se manifestar contra, ora!”.

                     Colaborador 2: [...]. “É um direito... uma escolha de cada um... a
                     gente não deve interferir... nem falar nem comentar... se é escolha
                     devemos respeitar... “

                     Colaborador 3: [...] “É um tema muito complexo... principalmente
                     para ser tratado na escola... é polêmico...”

                     Colaborador 4: [...] “Acho que cada um tem o direito de fazer a
                     escolha que melhor lhe agrada... que lhe satisfaz... que melhor
                     responde as suas necessidades, aos seus anseios, sonhos e
                     fantasias... Por isso é que eu digo que o livre arbítrio deve ser
                     exercido.”

                     Colaborador 5: [...] “Opção sexual”

                     Colaborador 6: [...] “Ser homossexual... sei lá! É uma opção...”

                     Colaborador 7: [...] “Acho normal...”


       Constatou-se nas falas dos depoentes que homossexualidade parece não
causar mais espanto. No entanto, alguns teóricos afirmam que, embora ser
homossexual não cause mais estranheza; nas entrelinhas, ainda é visto como o
“outro”, o que se materializa na expressão deste depoente: “Ser homossexual... sei
lá! É uma opção...” Para Carrara (2009):


                     A escola apresenta e institui sujeitos, indivíduos, a partir de um
                     “modelo”. Este modelo é masculino, branco e heterossexual, e todas
                     as pessoas que não se encaixam nele são o Outro, que é
                     reiteradamente tratado como inferior, estranho, diferente (p.106).



       Nessa lógica é que somos remetidos a repensar o papel da escola frente às
diferenças sexuais embasados no raciocínio de Tomaz Tadeu da Silva (2000) que
56



em seus “Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo” aponta
como uma das deficiências no ensino escolar a ausência da “sexualidade” no
currículo, embora ela esteja fortemente presente na escola.

        O mencionado autor ainda reitera que “quando a sexualidade é incluída no
currículo, ela é tratada simplesmente como uma questão de informação certa ou
errada, em geral ligada a aspectos biológicos e reprodutivos” (p.108).


        Todos nós somos diferentes: na aparência física, no modo de pensar, de
agir, de falar, de interpretar e diferentes por que não em nossas preferências
sexuais. Faz parte do contexto existencial cada um viver da forma como pode ou
acha melhor de acordo com os seus gostos e aspirações.



3.5. Homofobia: aversão por uma pessoa que não é igual a gente


       A quinta pergunta que apresentamos foi: Como é que a escola lida com as
questões da homossexualidade? Na fala dos professores a homossexualidade é
vista como algo natural, embora deixe subjacente nas entrelinhas que ainda há
algum resquício do não saber lidar com essa temática.


                     Colaborador 1: [...] “Por isso a escola lida com as questões da
                     homossexualidade com naturalidade...”

                     Colaborador 2: [...] “Se não apóia pelo menos não seja contra...”

                     Colaborador 3: [...] “Não sabemos como e vendo esta questão
                     agora achei interessante... eu já coordenei uma campanha contra o
                     vírus HIV e aprendi muito com as palestras a olhar para as
                     diferenças sexuais de outra forma mais aberta... mais solidaria...”

                     Colaborador 4: [...] “Aqui na escola ainda não notei alunos com
                     orientação sexual diferente dos demais...”

                     Colaborador 5: [...] “Com naturalidade...”

                     Colaborador 6: [...] “Não sei como...”

                     Colaborador 7: [...] “Não sei se a escola liga prá isso... acho que
                     não...”
57



       Verifica-se nas falas dos entrevistados que a escola aparece como divisora
de águas entre as práticas preconceituosas e discriminatórias e a manutenção
dessas práticas.

       É do conhecimento de todos que a escola é palco de manifestação de
preconceitos e discriminações de diversas formas e os entrevistados foram
unânimes em suas respostas ao definir manifestação discriminatória como
desrespeito à integridade física mental e emocional do outro. Segundo Candau
(2003) e Moreira (2003) “A problemática da discriminação é certamente complexa e
precisa ser trabalhada com base em uma dimensão multidimensional (p.164). E
trabalhar sob essa base é cultivar uma cultura de abertura ao diferente onde a
exclusão não atinja seres humanos, mas sim atitudes humanas racistas,
homofóbicas, desrespeitosas e desumanas.


3.6. Homossexualidade e a escola: como lidar com isso?


       Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar
com as diferenças? E os preconceitos?

       Os entrevistados afirmam que não estão preparados para trabalhar com as
diferenças e assim, há de se reconhecer que é responsabilidade da escola
preencher esta lacuna através de cursos de capacitação. Na opinião de Carrara
(2009) “a escola é influenciada pelos modos de pensar e de se relacionar da/na
sociedade, ao mesmo tempo em que os influencia, contribuindo para suas
transformações (p.31)


                    Colaborador 1: [...] “Não temos com freqüência situações
                    discriminatória... apenas algumas briguinhas por causa dos apelidos
                    e brincadeiras de mau gosto... não temos preocupação com a
                    questão da preparação para trabalhar com os preconceitos e as
                    diferenças...”

                    Colaborador 2: [...] “Acho que não... ainda falta muito prá essa
                    preparação... com certeza!”

                    Colaborador 3: [...] “Sinceramente... acho que não... porque é
                    preciso preparar através de um curso de formação... acho que não
                    estão ainda preparados psicologicamente... apesar de que eu não
                    tenho nenhuma discriminação...”
58



                      Colaborador 4: [...] “Alguns professores estão preparados... outros
                      não... creio que é preciso um curso de formação... uma capacitação
                      para atender essa demanda social de respeito para com os
                      diferentes...”

                      Colaborador 5: [...] “Na grande maioria sim... principalmente os
                      professores...”

                      Colaborador 6: [...] “Na minha opinião os professores nem se
                      importam...”

                      Colaborador 7: [...] “Acho que não... se eles próprios são
                      preconceituosos né!”


        Para os entrevistados, há professores preparados bem como professores
despreparados para lidar com as diferenças e os preconceitos na ocorrência de
atitudes discriminatórias tanto com os alunos quanto com os professores que
tenham uma orientação sexual diferenciada, Segundo Candau (2003):


                      Os desafios do mundo atual denunciam a fragilidade e a insuficiência
                      dos ideais “modernos” e passam a exigir e suscitar novas
                      interrogações e buscas. A escola, nesse contexto, mais que a
                      transmissora da cultura, da “verdadeira cultura” passa a ser
                      concebida como um espaço de cruzamento, conflitos e diálogo entre
                      diferentes culturas (p.160).


       De acordo com os entrevistados, o professorado ainda carece de
habilidades especificas para trabalhar a diversidade cultural, como podemos
comprovar na fala do Colaborador 4.


3.7 .Homofobia: o que a escola tem a ver com isso na opinião da comunidade
   escolar: professores, alunos e funcionários.


        Perguntamos aos nossos entrevistados: Como vêem a Homofobia? Eis a
fala dos depoentes:


                      Colaborador 1: [...] “Penso que é uma discriminação que atinge
                      indivíduos que tem uma orientação sexual diferente...”

                      Colaborador 2: “[...] É o preconceito voltado              para   o
                      homossexualismo... do meu ponto de vista é isso...”
59



                       Colaborador 3: “[...] Eu vejo a homofobia como uma ignorância do
                       povo... porque a gente não pode alimentar aversão por uma pessoa
                       que não é igual a gente... que tem outra forma diferente de amar...”

                       Colaborador 4: “[...] Homofobia a meu ver é um desrespeito... Falta
                       de compreensão... Podemos até dizer... falta de instrução... de
                       solidariedade e de humanidade!”

                       Colaborador 5: “[...] É ato discriminatório... desrespeito ao outro.”

                       Colaborador 6: “[...] Homofobia é sadismo... maldade pura contra
                       quem se apresenta diferente em suas escolhas sexuais.”

                       Colaborador 7: “[...] Eu acho que é um desrespeito a escolha do
                       outro... cada um faz o que achar melhor prá si, né”


           Os entrevistados corroboram entre si ao considerar a homofobia uma
discriminação que afeta aos homossexuais, em forma de desrespeito e reprovação,
compondo um conjunto de atitudes e emoções negativas (aversão, desprezo, ódio
ou medo) em relação às homossexualidades.


      No raciocínio de Borrillo (2001) a homofobia é entendida como uma atitude de
hostilidade aos homossexuais, incluindo em seu processo a crença de que o outro, o
sujeito discriminado, é um ser inferior e anormal, digno de tratamento diferenciado
(p.108).


      Nessa lógica, entendemos a homofobia como uma forma de violência e
inferiorização àquele que decidiu assumir a sua orientação sexual diferente e por
isso, foi condenado à exclusão social. E aos que pensam e agem dessa forma falta
esclarecimento, respeito, bondade, compreensão, solidariedade e humanidade para
com o outro que é diferente em sua preferência sexual, bem assim como foi dito
pelos entrevistados.

3.8. Atitudes discriminatórias na escola (sala de aula) contra aluno ou
professor com orientação sexual diferenciada.


           Diante da indagação: “Na escola (na sala de aula) já aconteceu alguma
atitude discriminatória com algum aluno ou professor que tenha uma orientação
sexual diferenciada? Os entrevistados responderam que:
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  • 1. 12 1. NTRODUÇÃO O presente trabalho de pesquisa visa atender as exigências de conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, nesta perspectiva foi realizado um estudo, na Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, que atende a uma clientela de alunos do Ensino Fundamental l e II na cidade de Senhor do Bonfim- Bahia. A referida pesquisa tem como objeto de a diversidade cultural como um rol de diferenças que influenciam na construção do comportamento humano e suas consequências no espaço escolar, a exemplo da homofobia que caracteriza uma antiga e reincidente discriminação no âmbito sexual. Para desenvolver o estudo procuramos conhecer como é que os professores lidam com situações homofóbicas em seu cotidiano escolar. Vale frisar que, a diversidade sexual na opinião de alguns profissionais e estudiosos da educação é uma das mais difíceis situações de ser trabalhada, pois quando se trata da orientação sexual de alguns alunos na escola, percebe-se que há uma grande resistência fomentada talvez, pela falta de preparação de educadores, orientadores e família em lidar com o tema. E o mais agravante é que diante do não saber como agir se calam frente a atos discriminatórios e preconceituosos e, em alguns casos, movidos por uma visão da homossexualidade como deformação moral ou doença, colaboram ativamente na propagação deste tipo de violência. Como esta pesquisa nos direcionou ao estudo sobre esta realidade, ressaltamos que o nosso interesse adveio das experiências como estagiaria no cumprimento das exigências do Curso de Pedagogia; onde tivemos a oportunidade de observar a relação professor-aluno, práticas e atitudes significativas ao processo de ensino e aprendizagem como contributos para a formação do aluno e assim, infiltrados no cotidiano escolar não é tão difícil identificar o cenário de preconceitos e discriminações desenvolvidos em seu interior. Porquanto, buscamos efetivar através desta proposta de TCC, uma investigação que tem como finalidade conhecer como e por que se dá a reprodução,
  • 2. 13 a manutenção ou a desconstrução desse cenário preconceituoso da homofobia no interior de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental l na cidade de Senhor do Bonfim- Bahia. Por se tratar de um assunto que tem as suas reservas, optamos por não divulgar o nome da referida escola e seus personagens, que doravante receberão nomes fictícios. Palavras-Chave: Diversidade cultural. Escola. Homofobia
  • 3. 14 CAPITULO I 1.1 Diversidade cultural: diferenças que influenciam no comportamento humano e suas consequências no espaço escolar. Vivemos numa sociedade contemporânea, marcada pela transformação dos paradigmas do comportamento humano; tanto na esfera social quanto sexual, emocional e profissional. Vivemos momentos de transição cultural movida pelo encontro e desencontro de diferentes grupos. Desse compartilhamento de modo de vida, costumes, hábitos, crenças e tradições entre indivíduos de determinados grupos é que se forma a cultura, pois em conformidade com Carrara (2009), “cada grupo de seres humanos, em diferentes épocas e lugares, atribui significados diferentes a coisas e passagens da vida aparentemente semelhantes” (p.22). Infere-se, assim, a cultura como a capacidade que os seres humanos têm de dar significados as suas ações e ao mundo que os cerca. Ainda na opinião do autor não precisamos retroceder tanto no tempo para encontrarmos diferentes formas de organização social e manifestações culturais com uma diversidade que se estende não só no tempo, mas também no espaço. Obviamente, nos referimos à diversidade cultural, este fenômeno que sempre existiu ao longo dos tempos, na trajetória da humanidade, no passado e no presente e nas mais diversas partes do mundo, levando homens e mulheres a se organizar em sociedade e a questionar sobre cada um de si e sobre o mundo que os rodeia. Portanto, não há homogeneidade cultural porque as pessoas que formam uma determinada sociedade vivem, pensam e agem diferente de outra sociedade mesmo quando se encontram e se agregam continuam sendo e fazendo como sempre estavam acostumados a ser e fazer; configurando-se, assim, os desencontros; que por sua vez, criam intolerância para com o outro em forma de opiniões e atitudes preconceituosas em relação a cor da pele, gênero, origem
  • 4. 15 socioeconômica, orientação sexual, nacionalidade, etnia, língua, modo de falar, deficiências, religião dentre outras. De acordo com o que explana a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001): As formas de discriminação e preconceito entre manifestações culturais são muitas, mas todas têm uma característica comum: o não reconhecimento do outro como igualmente humano e com o direito de ser diferente. Com isso, as vitimas de preconceito ou discriminação sofrem limites severos para manifestar sua cultura, seu modo de pensar, seus sentimentos, desejos, projetos ou valores (p.2). Em tempos atuais, a luta contra toda espécie de discriminação e a favor do respeito às diferenças tem sido constantemente travada visando um convívio pacífico entre as culturas e grupos humanos. Em defesa dessa proposta, em novembro de 2001, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), vinculada à Declaração Universal sobre a Diversidade cultural, em seu artigo 4º, estipulou que: A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana. Ela implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e as dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance (s/p). Nesse sentido, é bom lembrar que existem muitas formas de discriminação e preconceito entre manifestações culturais, mas todas apresentam uma característica comum: o não - reconhecimento do outro como igualmente humano e com o direito de ser diferente; por isso, são comuns as manifestações preconceituosas, como bem ressalta a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, salientando que “as vitimas de preconceito ou discriminação sofrem limites severos para manifestar sua cultura, seu modo de pensar, seus sentimentos, desejos, projetos ou valores” (p.2). No intuito de reforçar esse pensamento, Beleli (2009), se posiciona contra à avaliação ou pré julgamento que uma determinada sociedade ou grupo social faz
  • 5. 16 de outra ou de outro tomando como referencia os seus próprios valores: se nesse ato não se constatar reciprocidade de práticas sociais consideradas normais dentro do padrão estabelecido pela sociedade avaliadora, as diferenças ou divergências encontradas reduzirão a avaliada à condição de inferioridade a ponto de justificar a sua extinção por meio da discriminação social. O autor ainda explica: Cada sociedade possui seu próprio sistema cultural e cada cultura planeja seu desenvolvimento e vive sua própria experiência. Assim, características de raça, costumes, religiosidade e sexualidade têm sido objeto de confronto e todas as práticas que se desconheça, que se lhes pareça estranha ou entre em contradição com aquilo que se identifica como verdadeiro, é objeto de negação, exclusão, quando não de perseguição (p.29). Nesse contexto, Riscal (2009), corrobora afirmando que grupos sociais e culturais eram selecionados como superiores e inferiores de acordo, principalmente, com a cor da pele, condição financeira e social e complementa: Essa é a fonte do preconceito. A certeza da própria superioridade e a incapacidade de lidar com toda e qualquer manifestação cultural que lhe pareça diferente da sua. Uma das formas dessa cultura lidar com o estranho, com o diferente, é recusar-se a lhe atribuir dignidade e, por meio do rebaixamento, infantilizar e descrever o outro como inapto para a vida civilizada (p.20). Indubitavelmente, ainda em tempos contemporâneos, cor da pele, modos de falar, de vestir, diversidade sexual, diversidade religiosa, entre outras, são marcas de identidade que definem, não só a identidade do individuo, mas também sua posição na sociedade. Nessa linha de raciocínio, Menezes (2008), contesta que: É mais fácil discriminar, segregar, marginalizar e excluir, que compreender aceitar e incluir. O gordo é discriminado por ser gordo, o negro por ser negro, o pobre por ser pobre, o surdo por ser surdo e assim por diante. Logo, ser diferente em nossa sociedade é ser defeituoso, é ser excluso, é não ter direito a ter direitos (p.03). Reconhecendo a necessidade de uma educação multicultural, criou-se, no âmbito dos PCNs, como tema transversal a permear as diferentes disciplinas curriculares, o estudo da Pluralidade Cultural, pois de acordo com o documento do MEC (1997): A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização das características étnicas e culturais dos diferentes
  • 6. 17 grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à critica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. Mais recentemente, leis foram criadas em função da alta diversidade que originou a população brasileira, a exemplo da Lei 10.639/03 de 9 de janeiro de 2003, que alterou a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996,instituindo a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Lei 11.645/08 com a obrigatoriedade da temática História e Cultura Indígena, pautadas nos conceitos de valorização da diversidade cultural brasileira e conhecimento de suas origens, entre outras. A partir desta Lei, tornou-se obrigatório no Currículo Escolar da Educação Básica o “estudo da Historia da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a Historia do Brasil (art.26-A,§1º). Na opinião de Gomes (2008), “Há uma nova sensibilidade nas escolas públicas, sobretudo, para a diversidade e suas múltiplas dimensões na vida dos sujeitos (p.27).” Segundo a autora, esta sensibilidade vem se traduzindo em ações pedagógicas de transformação do sistema educacional em um sistema inclusivo, democrático e aberto à diversidade. Todavia, pesquisas já realizadas pela Fundação Carlos Chagas (1987), têm demonstrado o quanto nossa escola ainda não aprendeu a conviver com a diversidade cultural e a lidar com crianças e adolescentes dos setores subalternos da sociedade. Apesar de todas as medidas acima citadas e das inúmeras mudanças sociais que vem ocorrendo na cultura contemporânea, a intolerância às diferenças ainda é bem visível e preocupante por resultar, muitas vezes, em formas violentas e excludentes de se lidar com o outro, prevalecendo ranços que remotam da
  • 7. 18 Antiguidade e Idade Média até a Contemporaneidade e que, segundo Schmitt (1999), em seus estudos antropológico/históricos só vieram à tona, ou seja, à ciência da população, após a Segunda Guerra Mundial com a denominação “Marginal” que conceitua a classe popular excluída, posta às margens da civilização. Na visão do citado historiador, considera-se na marginalidade aquele individuo que padece ante uma questão social, mas que pode ser transitória a depender da integração ou reintegração no seio da sociedade; e ao contrario, pode assinalar uma ruptura em relação ao corpo social; o que denominamos exclusão (p.355). Em tempos contemporâneos a problemática da discriminação, embora tenha ganhado novas roupagens, subsiste à evolução dos tempos porque conforme enunciado de Confúcio (VX séc. AC) “A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados”. Se não aprendermos a conviver com as diferenças mais tempos, mais gerações virão e passarão, enquanto que, preconceitos e discriminações ficarão em detrimento da humanidade. Por conseguinte, os desafios a vencer são imensos e entre eles, a escola por representar ainda um dos espaços onde as discriminações em suas múltiplas facetas são produzidas e reproduzidas. Conforme consenso entre vários estudiosos, a escola que deveria ser um dos mais importantes espaços de erradicação e superação de preconceitos e práticas discriminatórias não o é em decorrência de um sistema convencional de ensino que privilegia uma cultura escolar padronizada para brancos e normais. Esta realidade nos remete a refletir sobre o que Sales (2008), adverte: É preciso desmontar este sistema de reprodução (...). A educação e os meios de comunicação são espaços privilegiados de constituição de cultura, de desconstrução de preconceitos e estereótipos, de construção de novas formas de convivência. As instituições educativas precisam se abrir a este debate, questionando os princípios e valores que têm pautado a educação no país como um todo e em cada instituição especificamente, na busca da reinvenção, de novas escolhas, de outros princípios e valores que pautem este processo (p.16).
  • 8. 19 Para tanto, faz-se necessário uma prática pedagógica que avance no propósito de educar de forma heterogênea, uma vez que a escola é um local formado por uma população com diversos grupos étnicos, com seus costumes, suas crenças, suas preferências; é um espaço de encontro das diferenças. Para Carrara (2009): (...) A escola, por seus propósitos, pela obrigatoriedade legal e por abrigar distintas diversidades (de origem, de gênero, sexual, étnico- racial, cultural, etc,) torna-se responsável-juntamente com estudantes, familiares, comunidade, organizações governamentais e não-governamentais - por construir caminhos para a eliminação de preconceitos e de práticas discriminatórias. É no ambiente escolar que crianças e jovens podem se dar conta de que somos todos diferentes e que é a diferença, e não o temor à diferença, que deve atiçar a nossa curiosidade. E mais: é na escola que crianças e jovens podem ser, juntamente com os professores e as professoras, promotores e promotoras da transformação do Brasil em um país respeitoso, orgulhos e disseminador da sua diversidade (p.31-34). Considerando o ‘mosaico de culturas’ presente no espaço escolar é possível constatar o quanto as diferenças influenciam no comportamento humano, percebidas ou não, trabalhadas ou não, suscitam opiniões e ações que podem ser benéficas ou maléficas à formação da identidade do sujeito a depender da condução do processo de educação escolar: da forma como o professor trabalha com essas diferenças em sala de aula no sentido de evitar manifestações discriminatórias tão prejudiciais ao desenvolvimento integral do educando. 1.2 Escola e diversidade um lugar de construção, manutenção e desconstrução de costumes. As discussões acima acirraram nossa curiosidade sobre a diversidade e a escola: como se dá esta relação? Como já mencionamos, a escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural e paradoxalmente, o local mais discriminador. Ao mesmo tempo em que busca construir um novo padrão de comportamento conserva e reproduz o excludente conhecimento cultural da classe dominante.
  • 9. 20 É do conhecimento de toda a fixação da classe dominante no patamar da superioridade: ela dita regras e determina o que deve ser transmitido no espaço escolar. Segundo Silva (2002), “o conhecimento, a cultura e o currículo são produzidos no contexto das relações sociais e de poder (p.23).” Para que entendamos estas palavras, o autor aclara que: As narrativas contidas no currículo, explícita ou implicitamente, corporificam noções particulares sobre conhecimento, sobre formas de organização da sociedade, sobre os diferentes grupos sociais. Elas dizem qual conhecimento é legitimo e qual é ilegítimo, quais formas de conhecer são válidas e quais não o são, o que é certo e o que é errado, o que é moral e o que é imoral, o que é bom e o que é mau, o que é belo e o que é feio, quais vozes são autorizadas e quais não o são (p.195). Assim sendo, compreende-se que, segundo reflexões do autor, no currículo estão embutidas representações de diferentes grupos sociais de forma diferente: enquanto que a cultura e forma de vida de uns são valorizadas; as de outros são desvalorizadas ou até mesmo totalmente excluídas de qualquer representação por conta dessa noção hegemônica que ainda impera na escola e que, somente poderá ser revertido através da construção de práticas pedagógicas que reconheçam o valor da diversidade cultural presente na escola e na sociedade. Retomando Silva (2002): É através da reprodução cultural dominante que a reprodução mais ampla da sociedade fica garantida. A cultura que tem prestigio e valor social é justamente a cultura das classes dominantes: seus valores, seus gostos, seus costumes, seus hábitos, seus modos de comportar e agir(p.34). Sendo assim, podemos encontrar na escola um espaço de construção e manutenção de costumes a partir de um currículo escolar uniformizador que ainda não mudou como deveria, apesar das reivindicações da sociedade civil através de seus movimentos sociais. Se bem que para mudar necessita de leis educacionais e diretrizes curriculares mais eficientes e que não estacionem nas gavetas, como também, de projetos pedagógicos que priorizem de fato a diversidade. Gomes (2008) enfatiza essa necessidade salientando que:
  • 10. 21 A inserção da diversidade nos currículos implica compreender as causas políticas, econômicas e sociais de fenômenos com etnocentrismo, racismo, sexismo, homofobia e xenofobia. Falar sobre diversidade e diferença implica posicionar-se contra processos de colonização e dominação. É perceber como, nesses contextos, algumas diferenças foram naturalizadas e inferiorizadas sendo, portanto, tratadas de forma desigual e discriminatória. È entender o impacto subjetivo destes processos na vida dos sujeitos sociais e no cotidiano da escola (p.25). Subtende-se que, essa inserção da diversidade só acontecerá integralmente com a incorporação no currículo, nos livros didáticos, nos planos de aula, nos projetos pedagógicos das escolas, de saberes produzidos pelas diversas áreas do conhecimento aliados aos saberes culturais dos grupos sociais que compõem uma comunidade. Decerto que, se assim for a diversidade não será tratada de maneira desigual e naturalizada. A diversidade, na visão de Gomes (2008), “é um componente do desenvolvimento biológico e cultural da humanidade. Ela se faz presente na produção de práticas, saberes, valores, linguagens (...) (p.18).” E referindo-se à diversidade na escola, a autora é enfática: Mais do que múltiplas, as culturas diferem entre si. E é possível que, em uma mesma escola, localizada em uma região especifica, que atenda uma determinada comunidade, encontremos no interior da sala de aula alunos que portem diferentes culturas locais, as quais se articulam com as do bairro e região. Eles apresentam diferentes formas de ver e conceber o mundo possuem valores diferenciados, pertencem a diferentes grupos étnico-raciais, diferem-se em gênero, idade e experiência de vida (p.28). Por mais que a diversidade faça parte da vida humana em todos os aspectos constitutivos do processo de humanização, as diferenças que dela se emanam são causadoras de estranhezas que culminam sempre em medo e rejeição relativa ao diferente. Por isso, Gomes (2008), questiona: “Como a educação escolar pode se manter distante da discussão da diversidade se a mesma se faz presente no cotidiano escolar(universo escolar) por meio da presença de professores/as e alunos/as dos mais diferentes pertencimentos étnico-raciais, idades e culturas?”(p.17). No entanto, a escola continua ainda, apesar das novas propostas pedagógicas de transformação do espaço escolar em um ambiente acolhedor e
  • 11. 22 inclusivo, representando um espaço de reprodução e manutenção de relações excludentes. Acreditamos na reversão desse quadro por meio da desconstrução de costumes e crenças, de falsos valores e ideologias desumanizadas provenientes da cultura dominante; através do exercício da convivência com a diferença (e com os diferentes) e da construção de práticas interativas de relacionamento que se pautem no respeito, na igualdade social, na igualdade de oportunidades. Sob a perspectiva de currículos e práticas escolares que trabalhem pedagogicamente com a diversidade Gomes (2008), deduz que: Os currículos e práticas escolares que incorporem essa visão de educação tendem a ficar mais próximos do trato positivo da diversidade humana, cultural e social, pois a experiência da diversidade faz parte dos processos de socialização, de humanização e desumanização (p.18). Levando em conta que a escola é território de pluralidades, é de sua competência a nobre missão de desmistificar idéias e atitudes estigmatizadas e preconceituosas que transformam a prática educativa num processo excludente, onde as diferenças não têm acesso livre à aprendizagem e pessoas são marginalizadas dentro do espaço onde mais deveriam ser reconhecidas e valorizadas. Assim entendido, abre-se um parêntesis para falarmos mais detalhadamente sobre esse recinto de diversidades (o espaço escolar) que, nesses últimos tempos, têm suscitado volumosos e atraentes discursos; todavia, o discurso que tem prevalecido de fato é o mesmo de antes, o elitista com seu caráter discriminatório. A respeito, Foucault (1998), se posiciona: Alguns de nós somos reconhecidos em nossos discursos e práticas, outros não. Alguns de nós somos percebidos como “normais”, outros não. Alguns de nós temos acesso à educação, à cultura, à socialização, à reprodução, ao trabalho, outros não. Somos todos participantes desse jogo, pois as formas de exclusão são próprias da civilização (p.22). Na concepção de renomados pesquisadores, espaço escolar engloba vastos significados que não se limitam apenas à idéia de lugar, porque a escola, segundo
  • 12. 23 Fernandes (1997), significa local onde se estuda, onde se adquire experiência e aprendizagem e possui um amplo espaço que além de abranger aspectos físicos e funcionais, representa um lugar de construção individual e coletivo de socialização. Como não poderia deixar de ser, a escola abriga em seu espaço interior todas as distintas formas de diversidades, o que leva Collares e Moisés (1996), à afirmação de que “o cotidiano escolar é permeado de preconceitos e juízos prévios”. Lá se encontram o negro, o branco, o rico e o pobre, o gordo e o magro, o heterossexual e o homossexual e assim por diante. Essas diferenças reforçam a criação de estigmas e práticas discriminatórias dentro do espaço escolar. Reforçando as explanações acima, cabe dizer que a diversidade cultural no cotidiano escolar provoca cotidianas situações de preconceito e discriminação e o problema pode estar no fato de que ainda não temos um currículo multicultural que defenda e preserve os valores básicos de nossa sociedade através do respeito à identidade de cada aluno, reconhecendo a alteridade e o direito à diferença das camadas populares que se sentem excluídas do processo social tal como os negros, índios, homossexuais, mulheres, deficientes físicos, pobres, obesos e por aí vai. Para Silva (2002), o currículo não pode ser visto simplesmente como um espaço de transmissão de conhecimentos por que: “O currículo está centralmente envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos, naquilo que nos tornaremos. O currículo produz, o currículo nos produz (...). E assim, o currículo nos constitui como sujeitos moldando a nossa subjetividade” (p.20). Retomando a discussão, há mais fatores que podem ser responsáveis pelo problema da discriminação como a não preparação da equipe docente para trabalhar igualmente essas diferenças por não possuir uma formação adequada para lidar com as questões da diversidade e com os preconceitos na sala de aula e no espaço escolar como também, a influência de uma formação docente advinda de uma escola centrada na dominação cultural da elite européia, reprodutora do conhecimento da classe dominante norteada por uma metodologia de ensino de pura e mera transmissão de conteúdos que, dessa forma, e de uma forma inconsciente colabora com a produção e reprodução de uma educação preconceituosa.
  • 13. 24 Pelo exposto, compreensão e respeito pelo diferente deveriam fazer parte do currículo escolar como ensinamento porque tem tudo a ver com isso a escola que se isenta pela neutralidade fugindo da incumbência de eliminar toda e qualquer forma de discriminação numa atitude silenciosamente omissa transformando-se num poderoso lócus de reprodução de idéias estigmatizadas e ações discriminatórias. Noutra vertente, há a escola que visando desconstruir visões eurocêntricas historicamente veladas, se ergue em defesa de um ideal humanitário pautado numa lógica de igualdade e de direitos sociais considerando o pluralismo étnico-cultural, social e racial da sociedade brasileira em prol do direito de cada um ser diferente em suas preferências pessoais e sexuais. Nesse contexto, o documento Homofobia nas Escolas (2004) atesta que: A escola é um espaço muito sagrado para a vida de todos nós. Na verdade, ela é nossa segunda casa. Ela tem de estar preparada para não deixar que dentro dela, de repente, floresça preconceitos, discriminação, ódio. Pelo contrario, ela tem de estar cada vez mais preparada para acolher os ensinamentos, para colher o debate acerca dos valores referentes à generosidade, à tolerância, ao respeito, ao amor, ao compromisso. É para isso que a escola existe (p.22-23). Para O MEC (Ministério Educação e Cultura) a escola aparece como poderosa ferramenta de reprodução das lógicas preconceituosas comprometendo a inclusão educacional e a qualidade de ensino a partir do preconceito e violência contra aqueles que se apresentam diferentes em suas condutas e orientação sexual. Apesar de toda essa argumentação que coloca a escola no banco dos réus, paradoxalmente, a escola se redime ao apresentar-se como um dos mais importantes meios de enfrentamento a toda espécie de discriminação; pois problematizando a discriminação, revela-se indispensável para a melhoria da educação através de uma ação pedagógica em defesa da diversidade e da cidadania.
  • 14. 25 1.3 Homofobia: uma atitude ou um preconceito construído. A partir do tema: ”Diversidade Cultural e Homofobia: o quê a escola tem a ver com isso?” alimentamos a pretensão de problematizar o espaço escolar como lócus de manutenção e reprodução de idéias e ações discriminatórias que tantos danos físicos e morais têm causado à formação das pessoas diferentes, sobretudo, as de orientação sexual fora do padrão tido como normal, como todos sabem, o heterossexual. Nesse intuito, tecemos primeiramente abordagens sobre a diversidade cultural que forma a nação brasileira, com uma visibilidade maior dentro dos muros da escola, onde é possível detectar diferenças que podem ser racial, sexual, social, física, ideológica, intelectual, política, religiosa, esportiva e outras mais. A sociedade brasileira é uma sociedade plural formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países o que implica numa diversidade de crenças, hábitos e costumes, ideologias religiosas e políticas; diversas tradições culturais e sociais que integram a identidade de um povo. Dentro dessa realidade, nossa pesquisa optou pela trilha da sexualidade englobando diferenças de orientação sexual na vida dos indivíduos, bem como, o papel da escola nesse contexto. Hoje em dia, é essencial que haja nas escolas uma orientação sexual. O ideal seria tratar desse assunto inicialmente na família, mas nem sempre é possível por tratar-se de um assunto extremamente delicado tanto que os pais não se sentem à vontade para tratá-lo com seus filhos. Por isso, esta questão é sempre trazida pelos alunos para dentro da escola. Como argumenta Foucault (1998), apesar de não se falar em sexualidade e de muitas vezes se tentar negá-la, ela nunca deixa de ser pensada, de ser vivida ou de existir. No entanto, este assunto está sempre em pauta, na sala de aula, nos corredores, nos banheiros, no pátio, nos corpos e nas mentes e, além de tudo, está
  • 15. 26 sempre sendo ensinado através de olhares, sussurros, comentários, estímulos ou penalizações (p.168). Conforme escrito nos PCNs Pluralidade Cultural e Orientação Sexual: “Não é apenas em portas de banheiros, muros e paredes que se inscreve a sexualidade no espaço escolar; ela “invade” a escola por meio das atitudes dos alunos em sala de aula e da convivência social entre eles” (p.113). Á despeito disso, o Ministério da Educação por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997) oferece às escolas a possibilidade de trabalhar orientação sexual com seus alunos, incluindo conceitos básicos e informações sobre homossexualidade aos estudantes de todas as faixas de idade, pois segundo Steve (2009) diversos são os professores que sentem resistência em trabalhar a diversidade sexual em sala de aula. Na visão de Steve (2009): Homossexualidade é um tema onde professores, diretores, educadores em geral, fazem questão de não trabalhar, é muito mais fácil se silenciar do que trabalhar em sala de aula um tema tão complicado. Os educadores de um modo geral procuram ignorar crianças e adolescentes com tendências ao homossexualismo. Não existem comentários na escola sobre este assunto, ou simplesmente é tratado como uma fase que o jovem está passando onde em sua vida adulta se tornará um heterossexual mudando sua sexualidade (p.5). Ainda na fala do autor “Quando falamos em homossexualidade e educação, devemos almejar que é um trabalho que deve ser desenvolvido urgentemente nas escolas brasileiras” (p.1) principalmente, porque a educação é a mais eficiente forma de combate ao preconceito e a discriminação. Falando em preconceito e discriminação, vale comentar que discriminação é fruto do preconceito; logo a homofobia, nascida do preconceito contra pessoas com orientação sexual diferente; é uma ação discriminatória social e culturalmente criada; o preconceito por sua vez, é uma idéia preconcebida, sem razão objetiva ou refletida. Diante do preconceito, destacamos a Homofobia, palavra grega fobia (medo) com o prefixo homo (igual) que caracteriza o medo e aversão que alguns homens
  • 16. 27 constroem contra os homossexuais. No campo de temas que envolvem a sexualidade, a homofobia afirma-se como um subproduto do preconceito sexual. A homofobia incita o ódio, a violência, a difamação, a injúria, a perseguição e a exclusão. Além de prejudicar a imagem das pessoas, sejam alunos, professores ou outras; interfere no aprendizado e incentiva a evasão escolar. Além disso, preconceito por parte dos alunos/professores e a falta de práticas pedagógicas adequadas e capacitação profissional para lidar com a diversidade sexual fazem com que a homofobia seja um problema recorrente nas escolas. Cabe salientar que apesar dos PCNs serem considerados um avanço por sugerir temas relacionados à orientação sexual para ser trabalhada na Escola sob a pretensão de desconstruir modelos enraizados ao longo do tempo, a escola ainda apresenta e institui sujeitos, indivíduos, a partir de um “modelo”. Segundo Carrara (2009), “Este modelo é masculino, branco e heterossexual, e todas as pessoas que não se encaixam nele são o Outro, que é reiteradamente tratado como inferior, estranho, diferente” (p.106). Faz-se necessário, de acordo com Duarte (2010), lembrar que, em sua proposta, os PCNs com os temas da sexualidade, ainda não conseguiram introduzir no cotidiano escolar debates acerca do pleno exercício da cidadania, nem ao menos um debate pedagógico das diversidades nas ações educativas desenvolvidas pelas escolas (p.2). Retomando a discussão em torno da sexualidade, lembramos que a mesma ainda é compreendida apenas como as relações sociais estabelecidas entre homens e mulheres, numa perspectiva patriarcal e machista e em função dessa mentalidade, mais e mais a homofobia se fortalece e se avulta como um grave problema social porque diversidade sexual e orientação sexual são temáticas que até pouco tempo estavam esquecidas nos currículos escolares. No entanto, como bem pondera Duarte (2010),
  • 17. 28 As escolas enquanto instituições formadoras possuem importante papel na construção de uma sociedade menos preconceituosa, educando meninos e meninas para conviverem com as diversidades da sociedade, respeitando o ser humano, neste contexto o combate a homofobia se concretiza. Crianças educadas desde cedo a perceber o próximo, seja ele quem for como ser humano, não desenvolve atitudes preconceituosas (p.3). È sabido que o tema da homossexualidade na escola é ainda um tabu, o que explica a homofobia que tem se revelado como um sistema de humilhação, exclusão e violência e que dependendo da cultura onde se desenvolve, pode chegar à requintes de perversidade e crueldade; por isso Daniel Borillo é taxativo ao afirmar que: “A homofobia se alimenta da mesma lógica que as outras formas de violência e inferiorização: ”desumanizar o outro e torná-lo inexoravelmente diferente”(p.9) Condenando o diferente à exclusão social. Foucault (1993) tem outra explicação para as características violentas da homofobia; segundo ele: A historia da sexualidade é feita a partir de uma historia de discursos e assim, o discurso que veicula e produz poder instituiu a homossexualidade como pecado, classificando-a como patológica, mas também possibilitou-a de falar por si, de reivindicar espaços e discursos próprios(p.221). No bojo do debate sobre a homofobia são muitos os estudiosos que se debruçam em reflexões a respeito desse tema que, embora obsoleto, tem se apresentado nos dias atuais rejuvenescido e forte como pivô de sofrimento e injustiça social. Homofobia, de acordo com Borillo (2001), é a atitude hostil que tem como foco homossexuais, homens ou mulheres, e consiste em designar o outro como inferior, contrario ou anormal, de modo que sua diferença o coloca fora do universo comum dos humanos (p.13). A homofobia pode começar pelo bullying, passando por injúrias verbais, gestos que agridem humilhação e difamação e toda e qualquer manifestação de ódio ao homossexualismo e esta situação, por incrível que pareça, está na ordem crescente a cada dia que passa.
  • 18. 29 Segundo Dinis (2008): No contexto educacional, o termo bullying tem sido utilizado para nomear a violência sofrida pelos alunos (as) no ambiente escolar e o termo bullying homofóbico tem sido utilizado para nomear especificamente a violência sofrida por alunos (as) gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (p.4). Vale ressaltar que, na escola o bullying seja homofóbico ou não tem causado expressiva evasão escolar e em se tratando de estudantes com identidades sexuais e de gênero diferentes da norma heterossexual, já ocorreram muitas incidências de tentativas de suicídio, devido aos preconceitos e a discriminação sofrida no espaço escolar. A discriminação em função da orientação sexual continua sendo uma constante, especialmente nas escolas brasileiras e Junqueira (2007), aponta essa situação afirmando que “a escola é um lugar em que jovens GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgeneros) enfrentam, sistematicamente, discriminações por parte de colegas, professores, dirigentes e servidores escolares (p.61). A escola, durante muito tempo, foi concebida como um local sexualmente neutro; até mesmo os livros didáticos nada ou quase nada mencionavam sobre sexo e as poucas referências ficavam por conta da disciplina Ciências. Na opinião de Beleli (2009): A instituição escolar tende a invisibilizar a sexualidade em um jogo de pressupostos, inferências não apresentadas e silêncios. Pressupõe-se, por exemplo, que a sexualidade é assunto privado ou, ao menos, restrito ao lado de fora da escola. Na verdade, a sexualidade está no espaço escolar porque faz parte dos sujeitos o tempo todo. Ninguém se despe da sexualidade ou a deixa em casa como um acessório do qual se pode despojar (p.121). Ainda na reflexão de Beleli (2009), “há a forma mais sutil e talvez mais cruel de invisibilizar a sexualidade: trata-se da forma como educadores adotam o silencio diante da emergência de uma sexualidade diferente e, assim, tornam-se cúmplices de atitudes homofóbicas por parte de alguns estudantes “(p.115).
  • 19. 30 Para o autor, o silencio e a tentativa de ignorar o diferente são ações que denotam cumplicidade com valores e padrões de comportamentos hegemônicos (p.115). Sob este ponto de vista, torna-se questionável a posição dos profissionais da educação perante manifestações discriminatórias, inclusive as homofóbicas, pois educadores possuem papel decisivo na problematização destas questões, só que muitas vezes, acabam por naturalizar e reproduzir estas práticas, intensificando o desrespeito à diversidade e à construção da identidade do outro. Guacira Louro (2000) nos lembra que: A escola é, sem dúvida, um dos espaços mais difíceis para que alguém “assuma sua condição de homossexual ou bissexual. Com a suposição de que só pode haver um tipo de desejo sexual e que esse tipo – inato a todos- deve ter como alvo um individuo do sexo oposto, a escola nega e ignora a homossexualidade(provavelmente nega porque ignora) e, desta forma, oferece poucas oportunidades para que adolescentes ou adultos assumam, sem culpa ou vergonha, seus desejos. O lugar do conhecimento mantém-se com relação à sexualidade, o lugar do desconhecimento e da ignorância (p.30). Com essa falácia, Louro (2000), é mais um dos estudiosos que nos leva a perceber o cenário de exclusão do tema diversidade cultural e sexual no currículo escolar e na formação continuada da classe docente, reinando no comodismo a omissão e o silenciamento que pactuam com o preconceito homofóbico, quando contrario a tudo isso, a escola deveria combater todas as formas de preconceitos e discriminação que permeiam o espaço escolar. A bem da verdade, a homofobia é realmente uma questão latente nas escolas seja ela uma atitude ou um preconceito construído.
  • 20. 31 CAPITULO II PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho tem como objetivo investigar através da oralidade e de fontes documentais, como é que os professores lidam com as manifestações discriminatórias no contexto escolar da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo em Senhor do Bonfim, Bahia, e qual a visão dos professores e alunos a respeito do tema diversidade cultural, em especial a sexual e a homofobia. 2.1 A PESQUISA O ponto de partida para o desenvolvimento do nosso estudo foi a busca de informações através da história oral. Na visão de Alberti (2008) quando as escolhas recaem sobre a história oral [...] depende intrinsecamente do tipo de questão colocada ao objeto de estudo. Por outro lado, ela também depende de haver condições de se desenvolver a pesquisa: não é apenas necessário que estejam vivos aqueles que podem falar sobre o tema, mas que estejam disponíveis e em condições (físicas e mentais) de empreender a tarefa que lhes será solicitada. (p.30-31). 2.1.1 História Oral A História Oral, segundo Alberti (2008): “é um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica etc.) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo” (p.18). Assim, representa um grande auxilio na busca de informações e pode ser útil na história do cotidiano, história política, de instituições e história da memória.
  • 21. 32 Atualmente, essa metodologia tem se apresentado de forma mais segura, uma vez que graças aos recursos tecnológicos tem sido possível gravar depoimentos com o uso do gravador, sem o risco de perdê-los; o que antes não acontecia, pois como bem nos relata Alberti (2008) havia muita dificuldade em registrar e guardar relatos e depoimentos, antes do advento do gravador, na forma de documento escrito. 2.2 OS INSTRUMENTOS DA PESQUISA: Os instrumentos escolhidos para a coleta de informações destinadas a este trabalho foram a observação e a entrevista. 2.2.1 A Observação Com o objetivo de desenvolvermos nossos estudos a respeito do nosso objeto de pesquisa, realizamos uma série de visitas para que pudéssemos observar como se processavam as relações professor-aluno e aluno-aluno na sala de aula no tocante às diferenças que em maior ou menor proporção encontramos no espaço escolar. 2.2.2 A Entrevista A entrevista foi um dos caminhos que escolhemos para a realização deste trabalho, foi direcionada por um guia, dividido em dois blocos, contendo no primeiro a identificação das fontes orais e que por questão de preservação da identidade dessas pessoas, optamos pela utilização de letras do alfabeto em vez dos nomes próprios ou nomes fictícios. 2.3 O GUIA DE ENTREVISTAS Para a realização das entrevistas usamos um roteiro contendo as questões organizadas em dois blocos:
  • 22. 33 2.3.1. Bloco I Identificação dos depoentes: Na primeira etapa da pesquisa elaboramos uma ficha de identificação com o objetivo de traçar o perfil dos entrevistados, para conhecermos um pouco a realidade dos mesmos, como profissão, tempo de serviço no magistério ou outro, idade, gênero etc. Cabe ressalvar que quase todos entrevistados se negaram a fornecer dados pessoais, a exemplo de documentos e informações sobre remuneração salarial e no segundo bloco, constam as questões que estão voltadas para o objeto de estudo deste trabalho. 2.3.2 Bloco II As questões de estudo: Nesse segundo bloco, encontram-se as questões relevantes para nossa pesquisa, a serem respondidas pelos (as) entrevistados (as), sendo direcionadas a 01(um) diretor e 3(três) professores e 01(um) funcionário e 02(dois) alunos da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo. Não podemos deixar de mencionar, a dificuldade em executar essas entrevistas, que só foram cedidas após a garantia de minha parte que não haveria identificação dos depoentes. . Para realizar a entrevista utilizamos um gravador digital Voice Recorder Powerpack DVR- 860BK.
  • 23. 34 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Ana Lucia Freire ORIENTADORA: Profª Drª. Maria Glória da Paz Caro Diretor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Nome da escola:_________________________________________________ ENTREVISTA COM O/A DIRETOR DA ESCOLA. 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas Local: …................................................................................................................. Nome: …................................................................................................................ Cor......................................................................................................................... Idade: ….......................ou data de nascimento: …............................................... Posição no grupo familiar:..................................................................................... Filiação: …......................................... e …............................................................ Local de nascimento:............................................................................................. Estado Civil:........................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …............................. Religião: …............................................................................................................ Escolaridade:......................................................................................................... Ocupação: …......................................................................................................... Tempo de docência na Educação ........................................................................ Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 24. 35 BLOCO II 1. A ESCOLA, SUA ORGANIZAÇÃO E SEU ESPAÇO FÍSICO 1- A escola funciona em quantos turnos? Quais os horários dos turnos _______________________________________________________________ 2- Quantos funcionários possui a escola? _______________________________________________________________ 3- Quantos professores? _______________________________________________________________ 4- Quantos alunos a escola possui? _______________________________________________________________ 7- Qual a média de crianças por sala? _______________________________________________________________ 8- Quanto as dependências da escola? Salas de aula /quantos (…......) banheiros / quantos (….........) pátio (….............) diretoria (….....) secretaria (…...........) sala de professores (…......) biblioteca (….........) outros................................................... 9- Há quanto tempo dirige esta escola? _______________________________________________________________
  • 25. 36 3º BLOCO: diversidade cultural e homofobia 1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural? 2. O que é para você uma manifestação discriminatória? 3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? 4. O que você pensa sobre a homossexualidade? 5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade? 6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? e os preconceitos? 7. Como é que você vê a homofobia? 8. Na escola já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno ou professor que tenha uma orientação sexual diferenciada? 9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pela escola? 10. Quais são as medidas preventivas que a escola desenvolve para combater a discriminação com os diferentes sexualmente? 11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre este assunto?
  • 26. 37 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007. PESQUISADORA: Ana Lucia Freire ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. ENTREVISTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de ..................... horário: …...........horas Local: …................................................................................................................. Nome: …................................................................................................................ Cor......................................................................................................................... Idade: ….......................ou data de nascimento: …............................................... Posição no grupo familiar:..................................................................................... Filiação: …......................................... e …............................................................ Local de nascimento:............................................................................................. Estado Civil:........................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …............................. Religião: …............................................................................................................ Escolaridade:......................................................................................................... Ocupação: …......................................................................................................... Tempo de docência na Educação ........................................................................ Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 27. 38 2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia 1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural? 2. O que é para você uma manifestação discriminatória? 3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? 4. O que você pensa sobre a homossexualidade? 5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade? 6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? e os preconceitos? 7. Como é que você vê a homofobia? 8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que tenha uma orientação sexual diferenciada? 9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada por você professora, e pela escola? 10. Quais são as medidas preventivas que a você professora, e a escola desenvolvem para combater a discriminação com os diferentes sexualmente? 11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
  • 28. 39 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Ana Lucia Freire ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz Caro aluno (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Obrigada. ENTREVISTA DIRIGIDA AOS ALUNOS 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de ..................... horário: …...........horas Local: …................................................................................................................. Nome: …................................................................................................................ Cor......................................................................................................................... Idade: ….......................ou data de nascimento: …............................................... Posição no grupo familiar:..................................................................................... Filiação: (fictício)......................................... e …................................................... Local de nascimento:............................................................................................. Estado Civil:........................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …............................. Religião: …............................................................................................................ Série....................................................................................................................... Ocupação extra:…................................................................................................. Tempo na Escola................................................................................................... Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 29. 40 2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia 1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural? 2. O que é para você uma manifestação discriminatória? 3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? 4. O que você pensa sobre a homossexualidade? 5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade? 6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? e os preconceitos? 7. Como é que você vê a homofobia? 8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que tenha uma orientação sexual diferenciada? 9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos professores, e pela escola? 10. Quais são as medidas preventivas que os professores, e a escola desenvolvem para combater a discriminação com os diferentes sexualmente? 11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
  • 30. 41 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Ana Lucia Freire ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Obrigada. ENTREVISTA DIRIGIDA À COORDENADORA 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas Local: …................................................................................................................. Nome: …................................................................................................................ Cor......................................................................................................................... Idade: ….......................ou data de nascimento: …............................................... Posição no grupo familiar:..................................................................................... Filiação: …......................................... e …............................................................ Local de nascimento:............................................................................................. Estado Civil:........................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …............................. Religião: …............................................................................................................ Escolaridade:......................................................................................................... Ocupação: …......................................................................................................... Tempo de docência na Educação ......................................................................... Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 31. 42 2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia 1. Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural? 2. O que é para você uma manifestação discriminatória? 3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? 4. O que você pensa sobre a homossexualidade? 5. Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade? 6. Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? e os preconceitos? 7. Como é que você vê a homofobia? 8. Em sua sala já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que tenha uma orientação sexual diferenciada? 9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos professores, e pela escola? 10. Quais são as medidas preventivas que os professores, e a escola desenvolvem para combater a discriminação com os diferentes sexualmente? 11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
  • 32. 43 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Ana Lucia Freire ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Obrigada. ENTREVISTA COM UM (A) FUNCIONÁRIO (A) DA ESCOLA. 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de ...................... horário: …..........horas Local: …................................................................................................................. Nome: …................................................................................................................ Cor......................................................................................................................... Idade: ….......................ou data de nascimento: …............................................... Posição no grupo familiar:..................................................................................... Filiação: …......................................... e …............................................................ Local de nascimento:............................................................................................. Estado Civil:........................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …............................. Religião: …............................................................................................................ Escolaridade:......................................................................................................... Ocupação: …......................................................................................................... Tempo de trabalho na Escola............................................................................... Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 33. 44 2º BLOCO: diversidade cultural e homofobia 1. Você já ouviu falar em diversidade cultural? Qual a sua opinião em relação à diversidade cultural? 2. O que é para você uma manifestação discriminatória? 3. Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? 4. O que você pensa sobre a homossexualidade? 5. Como é que esta escola lida com as questões da homossexualidade? 6. Você acha que os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? e com os preconceitos? 7. Você sabe o que é homofobia? Como é que você vê a homofobia? 8. Nesta escola já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno que tenha uma orientação sexual diferenciada? 9. Se aconteceu qual foi a atitude tomada pelos funcionários, e pela escola? 10. Quais são as medidas preventivas que os funcionários e a escola desenvolvem para combater a discriminação com os diferentes sexualmente? 11. Você gostaria de dizer mais alguma coisa sobre esse assunto?
  • 34. 45 2.4 Carta de cessão Este documento permite que o material produzido na entrevista possa ser usado ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada pelos depoentes. CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB 1 – Pelo presente documento...........................brasileira, estado civil)......................(profissão)..........carteira de identidade nº......., emitida por.................... CPF nº................, residente e domiciliada em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de 2010, perante o pesquisador.......................................................................................... 2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização. 3 – Fica, pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, no Brasil e/ou no exterior. Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses, assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito. [assinatura da entrevistada]............ TESTEMUNHAS: _____________________________________ 1ª testemunha _____________________________________ 2ª testemunha
  • 35. 46 2.5 AS FONTES 2.5.1 Fontes Orais As fontes orais são elementos que permitem trabalhar com fontes orais que envolve obedecer a uma série de regras metodológicas, é preciso respeito aos colaboradores e aos seus depoimentos, daí a necessidade de se estabelecer critérios de escolha. Segundo Alberti (2008, p. 172), “Para selecioná-los é necessário um conhecimento prévio do universo estudado; é preciso conhecer o papel dos que participaram e participam do tema investigado...” As fontes orais da pesquisa aqui retratadas foram sete pessoas pertencentes a comunidade da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, assim categorizados: 04 (quatro) professores e 02(dois) alunos e um 01 (um) funcionario. 2.5.1.1. Os alunos O Colaborador 6, se auto denominou de cor parda, tem 17 anos, nascido na cidade de Senhor do Bonfim. Bahia. O Colaborador 7, tem a cor parda, 15 anos de idade, nascido em dezembro de 96 na cidade de senhor do Bonfim, Bahia. 2.5.1.2.Os professores O Colaborador 1, tem 45 anos, é de cor parda, sexo masculino, casado, tem dois filhos, curso superior completo, 11 anos de docência, 40 horas semanais e ganha mais que dois salários mínimos. O Colaborador 2, se auto denominou de cor morena, solteiro, nascido em uma cidade vizinha, tem 24 anos, é de religião evangélica, tem nível superior incompleto, trabalha uma carga horária de 20 horas nesta escola, tem 2 anos de docência e ganha até dois salários mínimos.
  • 36. 47 O Colaborador 3, é de cor branca,tem mais ou menos 40 anos, é solteiro, religião católica, nível superior completo, atua na docência com 40 horas semanais e ganha até dois salários mínimos. O Colaborador 4, cor parda, com idade de mais ou menos 50 anos, é do sexo feminino, casada e tem dois filhos. Nasceu na cidade de Senhor do Bonfim, religião católica, tem nível superior completo, possui vinte anos de atuação na docência, com 40 horas. 2.5.1.3. Os funcionários O Colaborador 5, é de cor parda, tem 20 anos,nasceu em Senhor do Bonfim, estado civil solteira, é funcionária da escola onde se dá a pesquisa, e ganha até um salário mínimo. 2.5.2 Fontes escritas As fontes escritas foram fundamentais na construção do nossa pesquisa, pois através da mesma construímos algumas discussões sobre a temática escolhida. Buscamos aprofundamento em livros, teses de doutorados, artigos e documentos oficiais. Os autores que colaboraram com o nosso estudo foram: 3. Alberti(2008) em sua obra “Manuel de História Oral” nos orienta a trabalhar com a metodologia da historia oral no campo das ciências humanas. 4. Beleli (2004) em sua obra “...”, chama atenção para as questões que envolvem diversidade cultural e sobre a escola como palco onde a pluralidade cultural coloca em cena seus personagens em suas diversas facetas e diferentes linguagens. 5. Borrillo (2001) traz em sua obra “Homofobia”um estudo sobre a homofobia e os mais hostis comportamentos por ela ocasionados.
  • 37. 48 6. Carrara(2009) discute em sua obra “Diferença, Diversidade e Desigualdade.Gênero e Diversidade na Escola-Formação de Professores em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais”a importancia da escola na eliminação do preconceito e de práticas discriminatorias. 7. Foucault (1997), em sua obra: “A historia da sexualidade” propõe uma leitura reflexiva sobre a relação poder/sexualidade. 8. Gomes (2008) em sua obra “Indagações sobre Curriculo, Diversidade e Curriculo”enfoca a necessidade de incorporação da diversidade no curriculo escolar. 9. Louro (2000) aborda aspectos inerentes a gênero, sexualidade e educação. 10. Junqueira (2007) no Livro “Diversidade Sexual na Educação: a problematizações sobre a homofobia nas escolas” denuncia a escola como um lugar de discriminação e preconceitos. 11. Schmitt (2009) em sua obra “A Historia dos Marginais” aborda estudos antropológico-históricos que explicam a aplicação do termo marginal a uma parcela da sociedade sujeita à exclusão.
  • 38. 49 2.6. LOCAL DA PESQUISA: O município1 de Senhor do Bonfim O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da Bahia – segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e aventureiros que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária, iam ao encontro das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Seu povoamento origina-se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade pertencente ao Município de Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por remanescentes indígenas e que, inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos Franciscanos. Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização, isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a indígena ARAÚJO (2001). Senhor do Bonfim, de acordo com o IBGE¹ conta atualmente com um índice populacional de aproximadamente 74.431, distribuídos em seus 827.48 Km². 1 1. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel.painel.php?codmun=293010# acesso em 2011-09-21
  • 39. 50 2.6.1 Mapa de localização2. 2 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy. Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
  • 40. 51 CAPÍTULO III DIALOGANDO COM AS FONTES: A reprodução, a manutenção ou a desconstrução do cenário preconceituoso da homofobia na escola Neste capítulo apresentamos o resultado da investigação, que teve como ponto de partida a questão: Como é por que se dá a reprodução, a manutenção ou a desconstrução do cenário preconceituoso da homofobia na Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, situada na cidade de Senhor do Bonfim, Bahia. 3.1. O que pensam os entrevistados sobre diversidade cultural Iniciamos o nosso estudo perguntando aos entrevistados o que eles pensavam sobre a diversidade cultural. Ao observarmos as respostas, vimos que a maioria dos colaboradores vêem a diversidade cultural como um elemento que enriquece as práticas sociais das pessoas nas suas relações com os outros e em sua atuação profissional. Colaborador 1: [...] Entendo diversidade cultural... Como posso dizer? Ah, como provedora de diferenças quer seja de gênero, sexo, raça ou cor, etnia e outras... Na escola é que essas diferenças se cruzam e muitas vezes causam problemas dificultando a prática docente. Na opinião do Colaborador 2 [...] “Minha opinião?! É... acho que a diversidade cultural é muito importante por que... bom, ela dá direito a cada um de nós viver a sua cultura como achar melhor, eu penso assim”. Colaborador 3: [...] “A diversidade cultural em minha opinião é ampla, né! A gente vê a questão cultural... a questão da regionalidade... a questão da historia... a questão do movimento social e cultural das pessoas... do ambiente em que a pessoa vive... a historia da realidade da pessoa... é uma coisa, né... grande que abrange um texto bem grande em relação a cultura local e social.” Colaborador 4: [...] “Diversidade cultural... eu acho que em relação a escola a gente só tem a ganhar... porque são acréscimos e enriquece o nosso ambiente.. o nosso aprender né! E a gente compartilha também.” Colaborador 5: […] “Mostra a riqueza de uma população com seus variados estilos próprios... devendo-se respeitar cada um, não é?”
  • 41. 52 Colaborador 6: [...] “Minha opinião é que é muito importante a diversidade cultural de um povo...” Colaborador 7: [...] “è importante... por que sem ela não há diferenças de raça nem de nada... rs.” Todos os elementos apresentados pelos colaboradores reafirmam o significado sobre diversidade cultural, pois de acordo com Gomes (2008), “Do ponto de vista cultural, a diversidade pode ser entendida como a construção histórica, cultural e social das diferenças” (p.17). Reforçando esse pensamento, Carrara (2009) afirma que “Quando o encontro de duas sociedades parece gerar um resultado homogêneo, em seu interior surgem diferenças significativas, que marcam as fronteiras entre os grupos sociais” (p.23). 3.2. Manifestação discriminatória: um desrespeito para com os diferentes A opinião dos entrevistados é de unanimidade quanto as manifestações discriminatórias. Para eles, a discriminação é uma falta de respeito para com o outro, é um tipo de atitude que atinge a várias pessoas e em lugares diversos. Colaborador 1: […] “É um desrespeito para com aqueles ou aquelas que possuem um modo de viver e de ser diferente dos demais... eu considero assim...”. Colaborador 2: [...] “Prá mim... manifestação discriminatória é o mesmo que preconceito... por exemplo, ter preconceito contra homossexuais... pessoas de cor... muitas vezes acontece de passar uma mulher morena e alguém diz:” Olha é uma negrinha” Prá mim isto é uma discriminação...” Colaborador 3: [...] “Eu acho que é uma coisa absurda... não se pode discriminar o homossexual, o negro, o pobre, o deficiente... todo mundo tem o direito de viver da maneira que quiser e puder.” Colaborador 4: [...] “É quando você não respeita... não tolera o que você chama de desigual ou diferente... é isso!”. Colaborador 5: [...] “Atos que desrespeitam o pensamento, opinião, estilo de vida, condição pessoal... enfim, a não aceitação do outro e por isso tem intenção de reprimi-lo”. Colaborador 6: [...] “É ter preconceito contra pessoas diferentes... rs”. Colaborador 7: [...] “Quando pessoas diferentes são de alguma forma excluídas... rs”.
  • 42. 53 As falas dos entrevistados estão ratificadas em Carrara (2009), quando ressalta que: Em diferentes épocas, sociedades particulares reagiram de formas especificas, diante do contato com uma cultura diversa à sua originando assim preconceito e discriminação que são idéias e comportamentos que negam humanidade àqueles e àquelas que são suas vitimas. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de inferiorizar o outro diferente seja por questão de gênero, religião, raça/etnia ou orientação sexual, que gera conflitos entre as pessoas alimentando sentimentos e atitudes negativas como o desrespeito tão frisado pelos entrevistados. A sociedade brasileira, por sua vez, na fala de Abramovay (2004), tem sido vitimada por uma onda de violência que, a cada dia, aumenta mais nas escolas: violência esta que se materializa através de agressões verbais, físicas e simbólicas aos sujeitos da comunidade escolar. Silva (2010) em seu livro Bullying: mentes perigosas nas Escolas alude a esta violência no meio escolar, argumentando que as instituições escolares se veem obrigadas a lidar com fenômenos como o bullying, que, embora sempre existiu nas escolas de todo o mundo, hoje ganha dimensões muito graves(p.64). 3.3. Discriminação contra Negros... Homossexuais... Analfabetos... Nessa questão abordamos nossos entrevistados com a seguinte pergunta: Em sua opinião, quais são os tipos de manifestação discriminatória? As respostas para esta questão se materializam em vários tipos: atitudes contra homossexuais, contra os deficientes físicos, os analfabetos, só pobres, os obesos dentre outros como vemos nos depoimentos abaixo: Colaborador 1: [...] “Tipos de discriminação? Bom... existe discriminação contra o negro... contra o homossexual... contra o deficiente físico... e tantos outros que não dá nem para especificar... em tão pouco tempo... né!” Colaborador 2: [...] “O que mais vejo é discriminação contra negros... homossexuais... analfabetos...”
  • 43. 54 Colaborador 3: [...] “Bom... a mídia tem mostrado discriminação contra homossexuais... parece que tá na moda...” Colaborador 4: [...] “Quando você discrimina... você não respeita o estilo de vida... a opinião do outro... você vê no outro alguém diferente... diferente na forma de se comportar ou de se vestir ou outra forma... você não tolera isso... prá mim isso é discriminação...” Colaborador 5: [...] “Verbal... física... escrita e gestual...” Colaborador 6: [...] “Contra negros... veados... pobres... gordos...” Colaborador 7: [...] “A que mais conheço é a que faz piadinhas com os boiolas...” Os depoentes foram categóricos ao fazer seus depoimentos, deixando claro que existem vários tipos de preconceitos, os quais estão enraizados na sociedade. Com isso, se faz necessário levar em consideração que cada pessoa com sua estrutura biológica e social pertence a um determinado grupo étnico que por sua vez, tem seus próprios costumes e crenças. Segundo Morin (2001) este individuo faz parte de uma cultura que é: Constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, idéias, valores, mitos, que se transmite de geração a geração, se reproduz em cada individuo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada cultura é singular. Assim, sempre existe a cultura nas culturas, mas a cultura existe apenas por meio das culturas (p.56). Diante de uma cultura diferente uma da outra surgem desafios, que os professores precisam enfrentar com estratégias diferentes, ou seja, práticas pedagógicas diversificadas. Nessa perspectiva Candau (2003) aponta que: ”A escola está sendo chamada a lidar com a pluralidade de culturas, reconhecer os diferentes sujeitos socioculturais presente em seu contexto, abrir espaços para a manifestação e valorização das diferenças” (p.161). Reflexões como estas é que nos levam a compreensão de que a escola por abrigar distintas diversidades tem a obrigação de prover meios para eliminação de preconceitos e práticas discriminatórias educando para a diversidade e respeito às diferenças.
  • 44. 55 3.4 O que pensam sobre a homossexualidade? Na quarta questão observamos nas respostas dos depoentes que eles falam em homossexualidade como algo natural, como um direito que as pessoas tem de assumir a sua preferencia sexual; há os que veem como uma escolha, além de ser um assunto que suscita polêmicas. Colaborador 1: [...] “No meu modo de pensar é um direito de cada um assumir a sua preferência sexual, por isso acho natural como acho que ninguém tem o direito de se manifestar contra, ora!”. Colaborador 2: [...]. “É um direito... uma escolha de cada um... a gente não deve interferir... nem falar nem comentar... se é escolha devemos respeitar... “ Colaborador 3: [...] “É um tema muito complexo... principalmente para ser tratado na escola... é polêmico...” Colaborador 4: [...] “Acho que cada um tem o direito de fazer a escolha que melhor lhe agrada... que lhe satisfaz... que melhor responde as suas necessidades, aos seus anseios, sonhos e fantasias... Por isso é que eu digo que o livre arbítrio deve ser exercido.” Colaborador 5: [...] “Opção sexual” Colaborador 6: [...] “Ser homossexual... sei lá! É uma opção...” Colaborador 7: [...] “Acho normal...” Constatou-se nas falas dos depoentes que homossexualidade parece não causar mais espanto. No entanto, alguns teóricos afirmam que, embora ser homossexual não cause mais estranheza; nas entrelinhas, ainda é visto como o “outro”, o que se materializa na expressão deste depoente: “Ser homossexual... sei lá! É uma opção...” Para Carrara (2009): A escola apresenta e institui sujeitos, indivíduos, a partir de um “modelo”. Este modelo é masculino, branco e heterossexual, e todas as pessoas que não se encaixam nele são o Outro, que é reiteradamente tratado como inferior, estranho, diferente (p.106). Nessa lógica é que somos remetidos a repensar o papel da escola frente às diferenças sexuais embasados no raciocínio de Tomaz Tadeu da Silva (2000) que
  • 45. 56 em seus “Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo” aponta como uma das deficiências no ensino escolar a ausência da “sexualidade” no currículo, embora ela esteja fortemente presente na escola. O mencionado autor ainda reitera que “quando a sexualidade é incluída no currículo, ela é tratada simplesmente como uma questão de informação certa ou errada, em geral ligada a aspectos biológicos e reprodutivos” (p.108). Todos nós somos diferentes: na aparência física, no modo de pensar, de agir, de falar, de interpretar e diferentes por que não em nossas preferências sexuais. Faz parte do contexto existencial cada um viver da forma como pode ou acha melhor de acordo com os seus gostos e aspirações. 3.5. Homofobia: aversão por uma pessoa que não é igual a gente A quinta pergunta que apresentamos foi: Como é que a escola lida com as questões da homossexualidade? Na fala dos professores a homossexualidade é vista como algo natural, embora deixe subjacente nas entrelinhas que ainda há algum resquício do não saber lidar com essa temática. Colaborador 1: [...] “Por isso a escola lida com as questões da homossexualidade com naturalidade...” Colaborador 2: [...] “Se não apóia pelo menos não seja contra...” Colaborador 3: [...] “Não sabemos como e vendo esta questão agora achei interessante... eu já coordenei uma campanha contra o vírus HIV e aprendi muito com as palestras a olhar para as diferenças sexuais de outra forma mais aberta... mais solidaria...” Colaborador 4: [...] “Aqui na escola ainda não notei alunos com orientação sexual diferente dos demais...” Colaborador 5: [...] “Com naturalidade...” Colaborador 6: [...] “Não sei como...” Colaborador 7: [...] “Não sei se a escola liga prá isso... acho que não...”
  • 46. 57 Verifica-se nas falas dos entrevistados que a escola aparece como divisora de águas entre as práticas preconceituosas e discriminatórias e a manutenção dessas práticas. É do conhecimento de todos que a escola é palco de manifestação de preconceitos e discriminações de diversas formas e os entrevistados foram unânimes em suas respostas ao definir manifestação discriminatória como desrespeito à integridade física mental e emocional do outro. Segundo Candau (2003) e Moreira (2003) “A problemática da discriminação é certamente complexa e precisa ser trabalhada com base em uma dimensão multidimensional (p.164). E trabalhar sob essa base é cultivar uma cultura de abertura ao diferente onde a exclusão não atinja seres humanos, mas sim atitudes humanas racistas, homofóbicas, desrespeitosas e desumanas. 3.6. Homossexualidade e a escola: como lidar com isso? Os professores e os funcionários da escola estão preparados para trabalhar com as diferenças? E os preconceitos? Os entrevistados afirmam que não estão preparados para trabalhar com as diferenças e assim, há de se reconhecer que é responsabilidade da escola preencher esta lacuna através de cursos de capacitação. Na opinião de Carrara (2009) “a escola é influenciada pelos modos de pensar e de se relacionar da/na sociedade, ao mesmo tempo em que os influencia, contribuindo para suas transformações (p.31) Colaborador 1: [...] “Não temos com freqüência situações discriminatória... apenas algumas briguinhas por causa dos apelidos e brincadeiras de mau gosto... não temos preocupação com a questão da preparação para trabalhar com os preconceitos e as diferenças...” Colaborador 2: [...] “Acho que não... ainda falta muito prá essa preparação... com certeza!” Colaborador 3: [...] “Sinceramente... acho que não... porque é preciso preparar através de um curso de formação... acho que não estão ainda preparados psicologicamente... apesar de que eu não tenho nenhuma discriminação...”
  • 47. 58 Colaborador 4: [...] “Alguns professores estão preparados... outros não... creio que é preciso um curso de formação... uma capacitação para atender essa demanda social de respeito para com os diferentes...” Colaborador 5: [...] “Na grande maioria sim... principalmente os professores...” Colaborador 6: [...] “Na minha opinião os professores nem se importam...” Colaborador 7: [...] “Acho que não... se eles próprios são preconceituosos né!” Para os entrevistados, há professores preparados bem como professores despreparados para lidar com as diferenças e os preconceitos na ocorrência de atitudes discriminatórias tanto com os alunos quanto com os professores que tenham uma orientação sexual diferenciada, Segundo Candau (2003): Os desafios do mundo atual denunciam a fragilidade e a insuficiência dos ideais “modernos” e passam a exigir e suscitar novas interrogações e buscas. A escola, nesse contexto, mais que a transmissora da cultura, da “verdadeira cultura” passa a ser concebida como um espaço de cruzamento, conflitos e diálogo entre diferentes culturas (p.160). De acordo com os entrevistados, o professorado ainda carece de habilidades especificas para trabalhar a diversidade cultural, como podemos comprovar na fala do Colaborador 4. 3.7 .Homofobia: o que a escola tem a ver com isso na opinião da comunidade escolar: professores, alunos e funcionários. Perguntamos aos nossos entrevistados: Como vêem a Homofobia? Eis a fala dos depoentes: Colaborador 1: [...] “Penso que é uma discriminação que atinge indivíduos que tem uma orientação sexual diferente...” Colaborador 2: “[...] É o preconceito voltado para o homossexualismo... do meu ponto de vista é isso...”
  • 48. 59 Colaborador 3: “[...] Eu vejo a homofobia como uma ignorância do povo... porque a gente não pode alimentar aversão por uma pessoa que não é igual a gente... que tem outra forma diferente de amar...” Colaborador 4: “[...] Homofobia a meu ver é um desrespeito... Falta de compreensão... Podemos até dizer... falta de instrução... de solidariedade e de humanidade!” Colaborador 5: “[...] É ato discriminatório... desrespeito ao outro.” Colaborador 6: “[...] Homofobia é sadismo... maldade pura contra quem se apresenta diferente em suas escolhas sexuais.” Colaborador 7: “[...] Eu acho que é um desrespeito a escolha do outro... cada um faz o que achar melhor prá si, né” Os entrevistados corroboram entre si ao considerar a homofobia uma discriminação que afeta aos homossexuais, em forma de desrespeito e reprovação, compondo um conjunto de atitudes e emoções negativas (aversão, desprezo, ódio ou medo) em relação às homossexualidades. No raciocínio de Borrillo (2001) a homofobia é entendida como uma atitude de hostilidade aos homossexuais, incluindo em seu processo a crença de que o outro, o sujeito discriminado, é um ser inferior e anormal, digno de tratamento diferenciado (p.108). Nessa lógica, entendemos a homofobia como uma forma de violência e inferiorização àquele que decidiu assumir a sua orientação sexual diferente e por isso, foi condenado à exclusão social. E aos que pensam e agem dessa forma falta esclarecimento, respeito, bondade, compreensão, solidariedade e humanidade para com o outro que é diferente em sua preferência sexual, bem assim como foi dito pelos entrevistados. 3.8. Atitudes discriminatórias na escola (sala de aula) contra aluno ou professor com orientação sexual diferenciada. Diante da indagação: “Na escola (na sala de aula) já aconteceu alguma atitude discriminatória com algum aluno ou professor que tenha uma orientação sexual diferenciada? Os entrevistados responderam que: