Memórias póstumas de brás cubas

Machado de Assis
Memórias Póstumas
de Brás Cubas
rafabebum.blogspot.com

Introdução
 Realismo brasileiro (a partir de 1881)
 160 capítulos, normalmente curtos
 Enredo narrado em 1.ª pessoa de 1805
a 1869

Jean-Baptiste Debret

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver dedico com saudosa
lembrança estas memórias póstumas.
Referência a
escritores, entre
eles Xavier de
Maistre
Van Gogh

Ilustração de Brás
Cubas no
cemitério, por
Portinari, 1943

Suma Teológica
Pandora

Para que queres tu mais alguns instantes de
vida? Para devorar e seres devorado
depois? Não estás farto do espetáculo e da
luta?
A expansão, iniciando o
universo, sugeriu a Humanitas o desejo
de o gozar, e daí a dispersão, que não é
mais do que a multiplicação
personificada da substância original.
(cap. CXVII)

Se entendeste bem, facilmente
compreenderás que a inveja não
é senão uma admiração que
luta, e sendo a luta a grande
função do gênero humano, todos
os sentimentos belicosos são os
mais adequados à sua felicidade.
Daí vem que a inveja é uma
virtude. (cap. CXVII)

Humanitismo (ou “Humanitas”)
Ironia às teorias
científicas do século
XIX
(Evolucionismo, Det
erminismo, Positivis
mo...)

E vejam agora com que destreza, com
que arte faço eu a maior transição deste
livro. Vejam: o meu delírio começou em
presença de Virgília; Virgília foi o meu
grão pecado da juventude; não há
juventude sem meninice; meninice supõe
nascimento; e eis aqui como chegamos
nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro de
1805, em que nasci. Viram?

...Marcela amou-me durante
quinze meses e onze contos de réis;
nada menos. (Cap. CVII)

Por que bonita, se coxa?
Por que coxa, se bonita?
(Cap. XXXIII)

Triângulo amoroso
 Brás Cubas (“defunto autor”)
 Virgília
 Lobo Neves

Triângulo amoroso
 Brás Cubas (“defunto autor”)
 Virgília (amante)
 Lobo Neves (marido de Virgília)

Dona Plácida,
por Portinari
Vista da Gamboa em 1882

Começo a arrepender-me deste livro. Não
que ele me canse; eu não tenho que fazer; e,
realmente, expedir alguns magros capítulos
para esse mundo sempre é tarefa que distrai
um pouco da eternidade. Mas o livro é
enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vício grave, e aliás
ínfimo, porque o maior defeito deste livro és
tu, leitor. (Cap. LXXI)

Tu tens pressa de envelhecer, e o livro
anda devagar; tu amas a narração
direita e nutrida, o estilo regular e
fluente, e este livro e o meu estilo são
como os ébrios, guinam à direita e à
esquerda, andam e param, resmungam,
urram, gargalham, ameaçam o céu,
escorregam e caem... (Cap. LXXI)

Mas, ou muito me engano, ou
acabo de escrever um capítulo inútil.
(Cap. CXXXVI)

Outras personagens
 Marcela (1.ª namorada – prostituta)
 Eugênia (“namorada” coxa)
 D. Plácida (acobertadora, medianeria)
 Sabina (irmã)
 Cotrim (cunhado)
 Nhã-Loló (pretendente)
 Quincas Borba (filósofo louco)

Observações
 Predomina o tempo psicológico
 Machado: um modernista oswaldiano refinado
 Interesse: movedor das ações humanas
 Narrador: um narcisista em postura de
superioridade
 Ironia e humor amargo – sátira menipeia
 Linguagem enxuta, narrativa cheia de referências
 Metalinguagem e digressões
 Pessimismo em relação ao indivíduo e à
humanidade
 Espaço limitado (e dispensável)

Rua onde morava Machado de Assis, no Rio

Onde morava Machado de Assis hoje é posto do INSS,
já foi “pizzaria”!

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