O documento discute a visão da psiquiatria brasileira sobre mediunidade entre 1900-1950. Duas correntes emergiram: uma via mediunidade como perigosa à saúde mental e defendia medidas repressivas; a outra teve uma abordagem mais culturalista, não considerando fenômenos mediúnicos como patológicos necessariamente. A psiquiatria passou a reconhecer a obsessão espiritual como doença da alma a partir de 1998.
2. 1 - Histórico.
2 – Conceito histórico da loucura
3 – Conceito de mediunidade.
4 – Transe e mediunidade
5 – a psiquiatria e a mediunidade.
6 – Allan Kardec e o Livro dos
médiuns.
7 – Estudos Espíritas.
8 – Conclusão.
4. A Antiguidade grega tem em Homero, autor de as Ilíadas,
a primeira conceituação de loucura. A época de Homero e
de Hesíodo tem a loucura como consequente à ação dos
deuses, que a usavam como recurso para que os seus
desejos não fossem contrastados pelos desejos dos
homens.
O homem não é soberano sobre si mesmo, têm os deuses
poderes para interferirem como queiram na vida dos
mortais. A loucura é de origem externa ao homem, é o
roubo da razão pelos deuses, que determinam a vida do
homem.
Prof Isaías Pessoti
“ A Loucura e as Épocas”.
5. Eurípedes aponta a origem da loucura como
decorrente de conflitos internos, o homem não
seria conduzido fatalmente à loucura, senão
por uma parcela de responsabilidade. Porém,
cabe aos deuses roubar a razão.
Prof Isaías Pessoti
“ A Loucura e as Épocas”.
6. Hipócrates vê o homem como um ser em
equilíbrio orgânico. Qualquer desarranjo nesse
desequilíbrio, provoca a doença e a loucura. A
causa da loucura é a ruptura do equilíbrio
orgânico, uma visão aparentemente
organicista, não fosse a anátomo-fisiologia de
Hipócrates calcada em bases metafísicas.
Prof Isaías Pessoti
“ A Loucura e as Épocas”.
7. Quem profundamente marcou o conceito
médico de loucura foi Galeno. Ele restaurou
a vida psíquica do homem, trazendo o
conceito de pneuma psychicon, a sede da
Prof Isaías Pessoti
“ A Loucura e as Épocas”.
vida mental.
Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)
8. A Antiguidade Clássica apresentou, enfim, três
Prof Isaías Pessoti
“ A Loucura e as Épocas”.
perspectivas de loucura:
Numa ela aparece como obra da intervenção dos
deuses,
noutra afigura-se como um produto dos conflitos
passionais do homem, mesmo que permitidos ou
impostos pelos deuses;
numa terceira, a loucura afigura-se como efeito de
disfunções somáticas, causadas eventualmente, e
sempre de forma mediata, por eventos afetivos.
Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)
10. • A ideia medieval da intervenção diabólica
como causa da loucura, e de outros distúrbios
do homem, não deve ser entendida como algo
que surgiu naquele momento, de modo
circunstancial.
• (...) vem dos primórdios do cristianismo e
surgiu como consequência da doutrina
desenvolvida a partir dos Padres Apostólicos
até Agostinho de Hipona.
11. •
A doutrina que se caracterizou como sendo a
doutrina de Cristo, tem em sua concepção
teológica, a figura do satanás, no sentido nítido
de opositor, como sendo a figura do outro. Os
pagãos e tudo que a eles se relaciona passam a
ser demônios.
Agostinho afirma que o mal não existência
própria; Deus permite a existência do demônio
para tornar possível o aperfeiçoamento do
homem pela busca de Deus.
Tomás de Aquino faz da Escolástica referência
da doutrina demonista, que vê o demônio como
conhecedor das coisas e dos homens, habita o
éter e age com a permissão de Deus.
12. • O mundo se povoou de demônios e, talvez,
possamos resumir o que representou essa
época de obscurantismo para a psicopatologia
compreendendo que, para a doutrina
demonista, não se afirma “ possesso, portanto
louco; mas, louco, portanto possesso.”
13. • “… falar línguas desconhecidas ou entendê-las
quando faladas por outros; descobrir e
revelar fatos ocultos, esquecidos, futuros,
secretos, pecados e pensamentos dos
presentes; discutir assuntos elevados e
sublimes quando se é ignorante; falar com
elegância e doutamente quando se é
ignorante; sentir-se impulsionado por uma
persuasão interior a lançar-se num precipício
ou ao suicídio; tornar-se inesperadamente
tolo, cego, coxo, surdo, mudo, lunático,
paralítico.”
15. No século XVII a psicopatologia tem forte
inspiração da doutrina platônica e do
galenismo¹. Mesmo assim, o conceito de
possessão ainda é admitido como causa da
loucura. Mas a loucura passa a ser encarada
como fenômeno natural e da alçada médica.
No século seguinte, Cullen² afasta-se do
galenismo e classifica a loucura como
desarranjo das faculdades intelectuais. Não
afasta a possibilidade, ainda que remota, da
intervenção demoníaca. Arnold³ reforça que o
substrato da loucura é alteração das faculdades
mentais, não necessariamente das funções
cerebrais.
17. • Pinel. liberta os loucos das amarras por entender
que a loucura é fruto da imoralidade, entendida
como os excessos e paixões de toda a ordem..
Pinel admite a loucura como lesão das faculdades
mentais, de ordem orgânica ou moral. Por isso,
propõe um tratamento moral da loucura,
indicando a função de um diretor espiritual e ação
notadamente repressora sobre os pacientes, que
chamaria de reeducação moral.
18. • Esquirol, discípulo de Pinel, esforça-se em
buscar uma correlação orgânica com as
diferentes formas da loucura, mas admite que
existe loucura sem que se detecte qualquer
lesão cerebral. Mas toda causa moral tem sua
ação obrigatoriamente sobre o encéfalo.
19. • Perchappe, que teve o mérito de um
estudo epidemiológico da loucura,
afasta do estudo da loucura
qualquer especulação filosófica.
20. Cotard antecipa o enfoque
psicodinâmico, mas trata de afastar a
metafísica, principalmente a especulação
sobre os corpos do homem. Desenvolve
uma teoria psicopatológica de repressão
do desejo, agindo sobre a mente, mas
recusando-se a estudar a alma e o
espírito.
21. • O olhar dos psiquiatras
brasileiros sobre os
fenômenos de transe e
possessão.
Angélica A. Silva de Almeida1,2, Ana Maria G. R. Oda3, Paulo Dalgalarrondo4
1 Mestre e doutora pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
2 Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
3 Pesquisadora e professora colaboradora do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
4 Professor Titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
22. Resumo
Contexto: Os fenômenos de transe e possessão
despertaram o interesse da comunidade
psiquiátrica brasileira, gerando posturas
diversificadas. Objetivos: Descrever e analisar
como os fenômenos de transe e possessão
foram tratados pelos psiquiatras brasileiros: seu
impacto na teoria, na pesquisa e na prática
clínica entre 1900 e 1950. Método: Análise de
artigos científicos e leigos, teses e livros sobre
transes e possessões produzidos pelos
psiquiatras brasileiros entre 1900 e 1950.
23. Resultados:
Identificam-se duas correntes de pensamento
entre os psiquiatras. A primeira, vinculada às
Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e São
Paulo, sob forte influência de autores
franceses, deteve-se mais na periculosidade do
espiritismo para a saúde mental. Defendia a
adoção de medidas repressivas com o poder
público.
24. O segundo grupo de psiquiatras, ligado às Faculdades
de Medicina da Bahia e Pernambuco, embora não
desconsiderasse o caráter patológico ou “primitivo”
dos fenômenos de transe e possessão, apresentou
uma visão mais antropológica e culturalista.
Considerando tais fenômenos como manifestações
étnicas ou culturais, alguns defenderam o controle
médico e a educação do povo para o abandono
dessas práticas “primitivas”. Outros não
consideravam os fenômenos mediúnicos como
desencadeadores da loucura, mas manifestações
não-patológicas de um universo cultural, além de não
vinculá-los ao atraso cultural da população.
25. Conclusões:
As religiões mediúnicas foram objeto de estudo por
longo período, resultando hipóteses e práticas
diferenciadas por parte da comunidade psiquiátrica
brasileira, constituindo-se oportunidade privilegiada
para o estudo do impacto dos fatores socioculturais
na atividade psiquiátrica.
26. • Ronald Laing, psiquiatra inglês,
afirma que “os místicos e os
esquizofrênicos encontram-se no
mesmo oceano; enquanto os
místicos nadam, os
esquizofrênicos se afogam.”
28. • Segundo o espiritismo, a mediunidade é a
faculdade natural que permite ao homem
comunicar-se com os espíritos.
Manifestando-se de forma mais ou menos
ostensiva em cada indivíduo, usualmente
apenas aqueles que a possuem num grau
mais elevado são chamados médiuns.
30. Transe e Mediunidade 30
Transe - Estado de
inconsciência ou
semiconsciência em que
se verificam diversos
fenômenos psíquicos ou
mediúnicos. (1)
1) Portal do Espírito – Vocabulário Espírita, letra “T
31. Transe e Mediunidade 31
Allan Kardec perguntou aos espíritos se os
médiuns, na hora das manifestações,
permaneciam num estado especial. Os espíritos
responderam que estavam numa espécie de
"crise“ (1). Hoje se sabe que o que se chama
"transe" é um estado alterado da consciência,
onde há dissociação psíquica.
1) Livro dos Espíritos – Q. n°
32. Transe e Mediunidade 32
Dissociação Psíquica –
emancipação mais ou menos
intensa, dos circuitos neurais
que mantêm o estado de
consciência considerado
normal.
“ Há um estado especial, entre a
vigília e o sono, que de alguma
sorte abre as portas da
subconsciência; o transe” (Jayme
Cerviño – Além do Inconsciente, pág. 17)
33. Transe e Mediunidade 33
Estado de Baixa Tensão
Psíquica – queda da tensão
mental, estado de
passividade psíquica, de
quietude, é uma espécie de
porta para o afloramento do
inconsciente, a porção
psíquica bloqueada pelo
corpo somático.
(Jayme Cerviño – Além do Inconsciente, pág. 17)
34. Transe e Mediunidade 34
Alta Tensão Psíquica –
quando se utiliza muito o
raciocínio o intelecto, com
todo o sistema mental
ativado para a elaboração
de pensamentos. Não há
lugar para percepções
extras.
38. Dr. Sérgio
Felipe de
Oliveira
A obsessão espiritual como doença da alma, já
é reconhecida pela Medicina. Em artigos
anteriores, escrevi que a obsessão espiritual,
na qualidade de doença da alma, ainda não
era catalogada nos compêndios da Medicina,
por esta se estruturar numa visão cartesiana,
puramente organicista do Ser e, com isso, não
levava em consideração a existência da alma,
do espírito.
39. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores
de meus artigos com essa informação, pois desde
1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
incluiu o bem-estar espiritual como uma das
definições de saúde, ao lado do aspecto físico,
mental e social. Antes, a OMS definia saúde
como o estado de completo bem-estar biológico,
psicológico e social do indivíduo e
desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o
sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão
reducionista, organicista da natureza humana,
não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e
espírito.
Mas, após a data mencionada acima, ela
passou a definir saúde como o estado de
completo bem-estar do ser humano integral:
Fisiológico, psicológico e espiritual.
40. • Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou
a ser conhecida na Medicina
como possessão e estado_de_transe, que é um item do
CID - Código Internacional de Doenças - que permite o
diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.
O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e
possessão como a perda transitória da identidade com
manutenção de consciência do meio ambiente, fazendo a
distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem
por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são
patológicos, provocados por doença.
Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em
transe durante os cultos religiosos e sessões
mediúnicas não são considerados doença.
41. • Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe
durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são
considerados doença.
Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode
surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse
caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo
psicótico ou o que popularmente se chama
de loucura bem como na interferência de um ser
desencarnado, a Obsessão espiritual.
Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o
estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam
anormais ou doentios.
O manual de estatística de desordens mentais da
Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que
o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de
forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de
pessoas de determinadas comunidades religiosas que
dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque
isso pode não significar uma alucinação ou loucura.
•
42. • Leopoldo Balduino, no livro “Psiquiatria e Mediunismo”,
fala a respeito das manifestações psicopatológicas
que, segundo pensamos, podem ser causadas ou
intensificadas pela patologia da obsessão.
43. • .
(p.65) O autor espiritual André Luiz confirma
essa continuidade de corpo-mente em
níveis bioquímicos ao afirmar que “nos
traumas cerebrais da cólera, do colapso
nervoso, da epilepsia e da esquizofrenia,
como tantas outras condições anômalas da
personalidade, vamos encontrar essas
mesmas fermentações no campo das
células, mas em caráter de energias
degeneradas, que correspondem às
turvações mentais que as provocam”.
44. Roberto Lúcio Vieira de Souza
Médico Psiquiatra
Vice-Presidente da AME-Brasil
Diretor Clínico do Hospital Espírita André Luiz (BH)
Psiquiatra e Psicoterapeuta do Instituto de Assistência Psíquica Renascimento
(BH)
45. No processo reencarnatório, o corpo físico
funciona como mata-borrão, expressando as
deficiências morais na forma das patologias
conhecidas pela medicina tradicional, sendo que
as suas manifestações nos órgãos mais nobres
identificam maior comprometimento moral do
espírito.
46. Podemos, então, concluir que as doenças do sistema
nervoso e da esfera do psiquismo são as de maior
severidade, sendo que os seus portadores são
espíritos com reiteradas atitudes no mal, em diversas
encarnações.
Como a doença é primariamente moral e isto se
expressa por pensamentos e atitudes infelizes, a sua
presença faz com que se abra um campo de sintonia
para outras entidades e situações energéticas,
surgindo assim o processo obsessivo.
47. Inácio Ferreira de Oliveira (Uberaba, 15 de
abril de 1904 — idem, 27 de setembro de 1988) foi
um médico psiquiatra espírita brasileiro.
Ainda encarnado, Inácio publicou dois livros de
Psiquiatria à luz do Espiritismo:
Novos Rumos à Medicina (2 volumes);
Psiquiatria em Face da Reencarnação
48. A dificuldade em diferenciar as
vivências mediúnicas dos sintomas
psiquiátricos, foi também apontada
pelo físico Fritjof Capra:
Capra, Frijof. O Ponto de Mutação. Jornadas para além do espaço e do tempo. Ed.
Cultrix. São Paulo: 1982.
49. • Na prática psiquiátrica atual, muitas pessoas
são diagnosticadas como psicóticas não com
base em seu comportamento, mas com base
no conteúdo de suas experiências. Essas
experiências são, caracteristicamente, de
natureza transpessoal e estão em flagrante
contradição com todo o senso comum e com
a clássica visão de mundo ocidental.
Entretanto, muitas delas são bem conhecidas
dos místicos, ocorrem frequentemente na
meditação profunda e também podem ser
induzidas facilmente por vários outros
métodos.
50. • A nova definição do que é normal e do que é pa-tológico
não se baseia no conteúdo ou na natureza das
experiências de uma pessoa, mas no modo como são
por ela manipuladas e no grau em que a pessoa é capaz
de integrar em sua vida essas experiências
incomuns. Pesquisas realizadas por psicólogos
humanistas e transpessoais mostraram que
a ocorrência espontânea de experiências incomuns da
realidade é muito mais freqüente do que a psiquiatria
convencional suspeita. A integração harmoniosa dessas
experiências é, portanto, crucial para a saúde mental, e
o apoio compreensivo e a assistência nesse processo,
baseados num entendimento do espectro total da
consciência humana, são de importância vital no
tratamento de muitas formas de doença mental.
52. 221. 1ª Será a faculdade mediúnica indício de um
estado patológico qualquer, ou de um estado
simplesmente anômalo?
Anômalo, às vezes, porém, não patológico;
há médiuns de saúde robusta; os doentes o
são por outras causas.”
53. 5ª Poderia a mediunidade produzir a loucura?
“Não mais do que qualquer outra coisa, desde
que não haja predisposição para isso, em
virtude de fraqueza cerebral.
A mediunidade não produzirá a loucura,
quando esta já não exista em gérmen; porém,
existindo este, o bom-senso está a dizer que se
deve usar de cautelas, sob todos os pontos de
vista, porquanto qualquer abalo pode ser
prejudicial.”
55. À época da Codificação, o conceito de loucura
elaborada por Esquirol encontrava enorme
repercussão. A busca de um substrato cerebral
como causa da loucura, em uma época marcada
pelas mesas girantes, faz justificar a mediunidade
como fruto da alucinação.
56. A negação do princípio espiritual, ou a afirmação
de uma alma apenas metafísica, faz ver como
produto de uma mente excitada os fenômenos
visuais da mediunidade. A teoria alucinatória tenta
enquadrar a mediunidade na psicopatologia, nos
quadros de exaltação delirante.
57. • O Espírito se exprime, o que o perispírito
manifesta como pensamento. Quando
encarnado, encontra no cérebro físico apenas
um instrumento. Se esse instrumento encontra-se
lesado, não exprimirá o pensamento vindo
do perispírito.
• Mas se o cérebro encontra-se alterado apenas
funcionalmente, sem lesão alguma, é porque o
gerador do pensamento o faz de modo
defeituoso. Qual a causa da alteração do
pensamento, em nível anterior ao cérebro, ou
seja, no campo do corpo espiritual?
58. • O próprio corpo espiritual pode achar-se alterado
transitoriamente, devido a sentimentos diversos,
cuja gênese está no remorso, gerado por
sentimento de culpa. Pode, também, estar sob a
influência nociva de outra mente espiritual,
interferindo diretamente sobre suas funções, no
caso, obsessão espiritual.
• Nos casos onde há o que chamei de alteração
transitória do perispírito, transitória no sentido de
que não é eterno, ocorre o que conhecemos por
processos auto obsessivos. Nesses fenômenos, não
há a interferência direta de entidades estranhas na
gêneses da psicopatologia de nível espiritual.
59. • O livro “Os Mensageiros”, de André Luiz, traz
o caso de Paulo, internado em Posto de
Assistência, ligada a Nosso Lar. Esse Espírito,
recolhido em estado de profunda alienação,
apresentava psicosfera repleta das imagens
por ele geradas, quando foi acometido pelo
remorso por suas ações nefandas. André Luiz
ausculta todos os conflitos que o paciente
vivencia, as imagens das pessoas por ele
lesadas, as consequências de seus atos.
Paulo, esse o nome do Espírito adoentado,
experimentava fenômeno autoobsessivo, já
no plano espiritual.
60. • Transmite ao cérebro essa realidade, gerando
circuitos cerebrais que aniquilam a polivalência
das ideias. Tais são os processos depressivos
graves, sem resposta terapêutica, por que o
cérebro apenas transmite os fenômenos do
Espírito adoentado.
No caso em questão, Anderson buscava
sofregamente o refúgio de seu castelo celular
para não enfrentar a própria consciência que
acusava, agravado pela presença de cobradores
espirituais. Quando o processo se dá pela
interferência obsessiva, geralmente o Espírito
interferente logra atingir seus resultados pela
sintonia que faz com sua vítima.
61. • Em “Loucura e Obsessão”, Manoel
Philomeno traz-nos o caso de Anderson, que
estava sendo tratado no terreiro de Umbanda,
dirigido espiritualmente por Emerenciana.
Anderson se enquadrava no diagnóstico
médico de autismo, tal seu estado de
introspecção e fuga da realidade. Dr. Bezerra
diagnostica processo auto obsessivo, cuja
gênese está em carpir intensa atividade
mental em faixas do crime e da viciação,
cometendo delitos que podem ser ocultados
de todos, exceto da consciência que os
registra e exige reparação.
62. • Quando o Dr. Bezerra de Menezes foi solicitado a
acompanhar o caso de Carlos, conforme está no
livro “ Loucura e Obsessão”, o paciente, de vinte
anos, há oito padecia de esquizofrenia do tipo
catatônica. O bondoso médico deu o diagnóstico
como correto, mas questionou o prognóstico.
Além da realidade cerebral, a realidade espiritual
de Carlos mostrava agravante quadro obsessivo,
complicador de seu resgate expiatório.
O paciente sofria todos os processos orgânicos da
doença grave, mas a influência obsessiva
perturbava lhe as funções do sangue, gerando
anemia e carências várias.
64. Uma vez que tentei tratar de tema tão complexo,
vasto, difícil, que é a visão espírita das causas da
loucura, o que poderíamos esperar de um tratamento
genuinamente espírita?
Nos casos onde há a intervenção médica, as
substâncias recomendadas devem ser ministradas. No
caso de Carlos, Dr. Bezerra não desaconselha o
tratamento médico. Isso porque os antipsicóticos
trazem alívio ao cérebro excitado, diminuem os ricos
decorrentes das atitudes bizarras e condutas
inapropriadas. Depois, aprimoram, no que é possível,
o instrumento já avariado em seus circuitos, ainda
que não conseguindo atingir o agente causa do
distúrbio, que é o Espírito.
65. o tratar da terapia espírita da loucura,
o sábio Bezerra de Menezes propõe:
• - Fluidoterapia intensiva: Carlos era submetido, pelos
Espíritos, a fluidoterapia quatro vezes ao dia;
• - Terapia ocupacional, voltada para o próximo, em
atividades de benemerência, que visam despertar o ser
eterno e fazê-lo granjear méritos que aliviarão suas
dívidas a serem resgatadas;
• - Desobsessão, que visa moralizar o Espírito obsessor,
não pela repressão, mas pelo convite ao perdão como
instrumento da própria liberação;
• - Moralização do paciente, que tem por objetivo
despertá-lo para os erros cometidos e para a
necessidade de renovar-se pela prática do bem.
66. • "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;
não vo-la dou como a dá o mundo. Não
se turbe o vosso coração, nem se
atemorize." João 14:27
• "Tenho-vos dito isto, para que em mim
tenhais paz; no mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo." João 16:33.
67. Referências Bibliográficas
1) KARDEC, Allan. Médiuns mecânicos. In:._ O Livro dos Médiuns. Trad. de Guillon Ribeiro. 62. ed6.7
Rio [de Janeiro}: FEB, 1996. Item 179, p. 222.
2) _.item 180, p. 222-223.
3) _.item 181, p. 223-224.
4) AKSAKOF, Alexandre. Primeiras aparições de Kate King. In:._ Um caso de Desmaterialização.
Trad de João Lourenço de Souza. 3.ed. Rio [de Janeiro}: FEB, 1996, p. 112.
5) DENIS, Léon. Transe e Incorporação. In:._ No Invisível. Trad. De Leopoldo Cirne. 17. ed Rio [de
Janeiro}: FEB, 1996, p. 249.
6) CERVIÑO, Jayme. O Transe. In:._. Além do Inconsciente, 1ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1979, p.17
7) Transe e Mediunidade : instruções espíritas para a prática da mediunidade. L. Pallhano Jr. –
Niterói, RJ, 1998.
8) FRANCO, Divaldo Pereira. Estudando o Hiponotismo. In:._ Nos Bastidores da Obsessão. Pelo
Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 7ª ed. Rio [de Janeiro}: FEB, 1995, p. 89-90.
9) LEX, Ary. Formas de transe. In:._. Do Sistema Nervoso à Mediunidade. São Paulo: FEESP,
19932, p. 77-81.
10) PAULA, João Teixeira de. Transe Aldeico. Transe Ativo. Transe de Hipnose. In:._. Dicionário de
Parapsicologia, Metapsíquica, Espiritismo. São Paulo: Imprensa Gráfica da Revista dos
Tribunais. V. 3 p. 156
11) Psiquiatria e mediunidade – Leopoldo bauduino
12) Loucura e obsessão – Manuel Philomeno de Miranda – Divaldo Pereira Franco
13) A loucura sob um novo prisma – Adolfo Bezerra de Menezes