Aqui, os curadores do Vivo arte.mov apresentam os principais conceitos que norteiam o festival e seus desdobramentos, nas áreas de formação, estímulo à criação e difusão de obras no campo das chamadas artes locativas, com ênfase no impacto das tecnologias móveis no espaço público.
4. Devemos considerar de que forma as relações
privadas não implicam em pensamentos a respeito
da construção de um espaço compartilhado
Ao mesmo tempo, podemos nos perguntar se a
necessidade de participação na vida pública seria
uma espécie de sindrome cultural
6. capacidades das redes
maximização do potencial de troca
estabelecimento de formas de colaborações
emergência de uma nova expressividade
o conceito de mídia locativa
7. Nas produções audiovisuais contemporâneas,
a vida é constantemente capturada, em uma
explosão de filmes “baseados em histórias
verdadeiras”, que aumentam em quantidade e
qualidade e permitem uma multiplicidade de visões
8. As cameras de vídeo cada vez mais portáteis,
associadas às tecnologias de transmissão,
possibilitaram a emergência de impulsos de
extroversão, sinceridade, assim como da
banalidade do comportamento humano
9. É necessário compreender um processo que vem
acontecendo há algum tempo, com incontáveis
mudanças sociais, culturais e tecnológicas que nos
permitem fazer tal afirmação
10. Somos mais do que apenas testemunhas
Em um período de poucos anos nós
vimos a produção, distribuição e a
presença das tecnologias audiovisuais
ficar cada dia mais próxima de nossa
vida cotidiana
Somos todos sujeitos e atores deste tipo de transformação
11. o meio em si, não
pode mais ser
identificado
enquanto tal
Jean Baudrillard
12. Giselle Beiguelman
A emeregência de uma sociopatia: a possibilidade de, em
um mundo que todo mundo “tuba” e publica-se em dois
clicks, as pessoas tornaram-se capazes de fabricar a
história antes de que ela aconteça
13. Poderiam os artistas das novas mídias serem mais do
que apenas “testers” da indústria que estariam fazendo
um trabalho de experimentação, barato, para as grandes
corporações? Estariam estes apenas dando
funcionalidade a técnicas que de outra forma seriam
apenas promessas vazias?
Armin Medosch
14. “Através de meus projetos, espero que as pessoas possam reexaminar as suas
relações com as redes e sistemas e os comportamentos que eles perpetuam.”
O acesso baseado na localização muda a maneira como
a mídia foi concebida, na medida em que o espaço
geográfico e de informação desempenham um papel não
só na sua entrega, mas também no seu significado e no
potencial de interação.
Jonah Brucker-Cohen
O principal trunfo de mídias portáteis como iPods e celulares é que você pode acessar tanto a Internet como outras formas de mídia pessoal em
qualquer localização física, sem depender de um computador. Portanto, a principal mudança no modo como as pessoas trocam experiências e
se comunicam uns com os outros está ligada ao fato de que o dispositivo sabe a sua localização e torna possível personalizar ainda mais essa
interação tendo como base seu entorno. Ademais, estes dispositivos permitem o acesso instantâneo às informações de qualquer locação
acessível por rádio, e pode ainda customizar essa interação conforme se move no espaço.
15. Subversive (Mobile) Storytelling
Brian House
Knifeandfork
Inspirado na teoria e na prática de grupos como Oulipo,
Fluxus, Situationistas, Forced Entertainment, e Infocom, o
grupo Knifeandfork usa mensagens de texto para inserir
uma realidade imaginária na realidade da vida cotidiana.
16. The Transborder Immigrant Tool Project
Brett Stalbaum
Usa telefones celulares e os agora onipresentes
dispositivos GPS que os mesmos contêm para produzir
uma ferramenta de segurança que possa ser usada pelos
imigrantes que cruzam os desertos para encontrar vários
recursos de segurança, incluindo os fornecidos pela
Patrulha da Fronteira Americana e grupos humanitários.
O projeto Transborder Immigrant Tool busca alavancar telefones celulares baratos e os agora onipresentes dispositivos GPS que os mesmos contêm para
produzir uma ferramenta de segurança que possa ser usada pelos imigrantes que cruzam os desertos para encontrar vários recursos de segurança, incluindo
os fornecidos pela Patrulha da Fronteira Americana e grupos humanitários. Uma geografia virtual pode potencialmente marcar novas trilhas e rotas mais
seguras através deste deserto do real. Tecnologias geoespaciais tais como dados do GPS (Sistema de Posicionamento Global) e do GIS (Sistema de Informação
Geográfica) têm permitido um relacionamento humano inteiramente novo com a paisagem, incluindo algoritmos que mapeiam trilhas sugeridas para as
verdadeiras pessoas que fazem extensos passeios a pé seguirem.
17. Re-circuiting the Social: Sound Tactics For Urban Public Space
Mark Shepard
Sh ep a r d chama a atenção para a
forma como temos usados os
fones de ouvido como uma
espécie de desculpa para nos
movermos pela cidade sem a
n e c e ssi d a d e d e n o s e n vo l ve rmo s
e nos responsabilizarmos por
aquilo que acontece à nossa
vo lta.
Em ef ei to para ele o iPod é uma
ferramenta de organização do
espaço, do tempo e das
fronteiras em torno do corpo no
espaço público.
No entanto, até que ponto esta prática espacial urbana contribui para um afastamento ou recuo do morador urbano moderno em relação ao espaço público
distanciando-o dos encontros e atritos lá encontrados?
O Tactical Sound Garden [TSG] Toolkit é uma plataforma de software de fonte aberta para cultivar "ambientes sonoros participativos" públicos dentro de
cidades contemporâneas. Ele conta com a cultura da comunidade urbana trabalhando para firmar um ambiente participativo onde novas práticas espaciais
para a interação social dentro de ambientes tecnologicamente mediados podem ser exploradas e avaliadas. Tratando do impacto de dispositivos de áudio
móveis como o iPod, o projeto examina as gradações da privacidade e publicidade dentro do espaço público contemporâneo.
O Toolkit permite que qualquer pessoa que viva dentro de densas áreas que oferecem acesso sem-fio 802.11 (WiFi) possa instalar um "ambiente sonoro
participativo" para uso público. Usando um dispositivo móvel habilitado para rede sem-fio (PDA, laptops, celulares), os participantes "introduzem" sons dentro
de um ambiente de áudio posicional. Estas introduções são traçadas sobre as coordenadas de um local físico por um mecanismo de áudio 3D comum aos
ambientes de jogos – revestindo um ambiente acústico construído numa área aberta sobre um espaço urbano específico. Usando fones de ouvido conectados a
um dispositivo habilitado para WiFi, os participantes são levados através de ambientes sonoros participativos virtuais à medida que eles se movem pela cidade.
18. Será que hoje em dia caminhamos em
direção a modelos distópicos que
impedimento da sociabilidade?
O espaço público, conforme é
redesenhado pela tecnologia, ganha novos
sentidos, numa sociedade de petições
online.
Suas urgências não são mais apenas
físicas, uma vez que a paisagem urbana
se utiliza crescentemente de imagens,
dispositivos imateriais, redes de conexão,
serviços locativos e mediações técnicas de
todo tipo.
19. A tecnologia redesenha
os diversos âmbitos
da vida coletiva,
estimulando formas de
pensar melhor a trama de
relações possíveis hoje
em dia, conforme
cidades, comunidades e,
enfim, toda a sociedade
convertem-se em
espaços fluidos, em
movimento constante de
rearticulação sob
impacto de tecnologias
portáteis e ubíquas cada
vez mais diversas.
20. “Locative Media” é um termo que tem
sido utilizado para designar projetos de
artistas, grupos ou ativistas que se
utilizam de dispositivos de comunicação
móvel (telefones, laptops, palms, etc) e
de localização (GPS) em obras que
buscam explorar a relação entre as
pessoas e o espaço em que vivem.
O termo locative media surge, para
propor uma abordagem mais positiva de
LOCATIVE ARTS tecnologias capazes de localizar seu
usuário, procedimento que implica em
Deslocamentos da tecnologia no espaço urbano formas potenciais de vigilância ampla e
irrestrita.(Medosch)
As chamadas artes locativas estão
simultaneamente abrindo novos
caminhos para o engajamento no mundo
e mapeando seus próprios domínios.
(Hemment)
A suposta novidade dos projetos
baseados em localizações específicas
[sob a idéia de locative media] parece
estar na maneira como estendem o
conceito de mídia de modo a incluir além
das próprias pessoas, o espaço, e seus
elementos constitutivos.
The term seems to have been coined by Karlis Kalnins as a category to denote processes and works originated at the Locative Media Lab, an international
network of people working with some of the technologies mentioned.
21. O conceito de locative media está
relacionado também com um novo
dimensionamento da idéia de
sitespecific e que introduz o ‘site’
como um espaço de possibilidades
não materiais, mas que apontam para
espaços efetivos
A idéia de site-specific locativo
atualizaria assim uma visão do
‘context-specific’, como um uso da
tecnologia que serviria de ‘interface’
para contextos não-tecnológicos. Essa
interface preencheria gaps, falhas
operando como ponte e não como
instância separadora.
22. um sistema que se infiltra (de forma
transparente) em situações reais,
produzindo conexões no ambiente social
público, permitindo o fluxo crítico de
questões que permeiam um determinado
contexto.
Esse tipo de ‘interface’ permitiria vir à tona
formas de conscientização,
instrumentalizando o público/usuário de
forma inclusive a integrá-lo no espaço
urbano
Não sendo conteúdo, é uma proposta de
mediação mínima, de eliminação de
obstáculos. Funcionariam,como modelos de
veículos intersticiais, ‘fronteiras
compartilhadas’.(PLAZA)
23. O conceito de locativo que nos
interessa, se refere à organização dos
elementos em jogo em um trabalho em
relação a locações e estratégias
específicas.
Para que contexto esses elementos
apontam em termos de mobilidade,
trânsito, impermanência, mudanças
espaço-temporais?
Interessa nesse conceito que ele
englobe enfrentamentos com
contextos que possuem
características próprias, incluindo
espaços reais e seus conflitos.
24. Tecnologias que teimam em nos fazer
‘espiões de nós mesmos e do outro’
Questionando e experimentando
novas formas e usos não
previstos para estas, não
apenas produzindo mais (arte)
mídia, mas fazendo-o de modo
crítico.