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Verso e Reverso, XXIX(72):192-201, setembro-dezembro 2015
2015 Unisinos – doi: 10.4013/ver.2015.29.72.07
ISSN 1806-6925
A circulação de notícias no ecossistema midiático
móvel: a relação entre aplicativos jornalísticos
e sites de redes sociais1
Circulation of news on mobile media ecosystem: The relation between
journalistic applications and social network sites
Maíra Evangelista de Sousa
Doutoranda do PPG em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua
Ramiro Barcellos, 2705, prédio 22201, 90035-007, Porto Alegre, RS, Brasil. jornalista.maira@gmail.com
Resumo. O objetivo deste artigo é discutir a relação
entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais,
com enfoque nas possibilidades de participação per-
mitidas aos usuários em aplicativos no que diz respei-
to à recirculação da notícia nos sites de redes sociais.
O estudo exploratório foi realizado por meio da com-
binação de técnicas qualitativas e quantitativas. A dis-
cussão ocorreu a partir da revisão de literatura e dos
dados coletados em um mapeamento dos aplicativos
jornalísticos dos portais Globo.com, Uol e Estadão.
Palavras-chave: jornalismo, dispositivos móveis,
participação, aplicativos jornalísticos, sites de redes
sociais.
Abstract. The purpose of this article is to discuss the
relationship between journalistic applications and
social network sites, focusing on the possibilities of
participation to users on applications in respect to
the re-circulation of news in social network sites. The
exploratory study was conducted through the com-
bination of qualitative and quantitative techniques.
The discussion took place from the literature review
and data collected in a mapping of journalistic appli-
cations of Globo.com, Uol and Estadão portals.
Keywords: journalism, mobile devices, participa-
tion, journalistic applications, social network sites.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Attribution License (CC-BY 3.0), sendo permitidas
reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
1
Uma versão preliminar deste artigo foi apresentada no IV Congresso Internacional de Ciberjornalismo que ocorreu em
Porto (Portugal), em dezembro de 2014. Esta versão possui alterações.
2
Abreviação de aplicativo.
Introdução
Este artigo surge em um contexto de mul-
tiplicação dos espaços de distribuição de
conteúdo jornalístico e de inclusão do pú-
blico consumidor no ecossistema midiático.
Somados à emergência dos dispositivos mó-
veis, os quais permitem a disponibilização
de informações em tempo real e de qualquer
lugar, têm-se os sites de redes sociais, que
facilitam a publicação, a discussão e o com-
partilhamento de conteúdo por qualquer
pessoa. Assim, o conteúdo circula tanto por
ações das organizações jornalísticas como
dos usuários.
Diante desse cenário, este artigo se propõe
a discutir a relação entre aplicativos jornalísti-
cos (apps2
) e os sites de redes sociais, com foco
nas possibilidades de participação permitidas
aos usuários nos aplicativos observados no
que diz respeito à recirculação da notícia nos
sites de redes sociais.
Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 193
A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel
De caráter exploratório, a pesquisa com-
binou técnicas qualitativas e quantitativas. A
discussão deste artigo se deu a partir da revi-
são de literatura e dos dados coletados em um
mapeamento3
dos aplicativos jornalísticos dos
portais Globo.com, Uol e Estadão, realizado
pela autora em junho de 2014. Os aplicativos
foram testados em um smartphone com sistema
operacional Android.
O artigo está dividido em duas partes prin-
cipais. Na primeira, de caráter teórico, traze-
mos a definição de ecossistema midiático e
explanamos sobre os conceitos de mobilidade,
de conectividade, de participação e de conver-
gência, relacionando-os com os de aplicativos
jornalísticos e de sites de redes sociais. Na
segunda, de caráter empírico, apresentamos
os dados do mapeamento dos aplicativos jor-
nalísticos e discutimos como as organizações
jornalísticas têm utilizado os sites de redes
sociais para a recirculação dos conteúdos dos
aplicativos jornalísticos.
O ecossistema midiático em tempos
de mobilidade, conectividade,
participação e convergência
A relação entre mobilidade e sociedade não
é nova. Contudo, houve uma evolução da cul-
tura da mobilidade (Lemos, 2009). Os compu-
tadores e os telefones, estruturantes do atual
ecossistema midiático, foram caracterizados
por muitos anos pelo gigantismo e imobilida-
de (Palacios, 2013). Foi a partir da década de
1970 que teve início o processo de miniaturiza-
ção desses dispositivos. Com isso, aos poucos,
computadores e telefones foram transforma-
dos em equipamentos portáteis e de conexão
ubíqua:
Esses meios portáteis de computação conec-
tados à rede proporcionam o deslocamento
do acesso à Internet para qualquer lugar do
globo. Essa nova configuração não repre-
senta somente uma facilidade de conexão,
mas toda uma potencialidade de novos usos,
bem como a transformação dos existentes. A
questão inclui não só o lugar (espaço), mas
também a quantidade (tempo) de exposição
à conexão na qual indivíduos passam a estar
inseridos (Pellanda, 2009, p. 90).
O lançamento do iPhone – em 2007 – e do
iPad – em 2010 – pela Apple, somado à chegada
das conexões 3 e 4G no Brasil impulsionaram a
comunicação móvel. Assim, se antes o acesso à
internet se dava, principalmente, em casa e no
trabalho, estando vinculado a equipamentos
fixos, como os computadores, agora ele pode
ocorrer ubiquamente a partir desses dispositi-
vos, que são caracterizados pela portabilidade
e pela conectividade.
Um dispositivo móvel é todo artefato digi-
tal dotado de conectividade ubíqua e concebi-
do para a portabilidade cotidiana (Aguado e
Castellet, 2013). Eles são considerados a quarta
tela4
(Barbosa e Seixas, 2013) e têm modifica-
do a fisionomia, as funcionalidades e as for-
mas com que os usuários se relacionam com
a internet e a web (Aguado e Castellet, 2013).
Cada nova funcionalidade incorporada a esses
dispositivos os tornam ainda mais semelhan-
tes aos computadores, surgindo o termo “Pós-
-PC” para caracterizar o atual grau de evo-
lução da computação que é ubíqua e portátil
(Silva, 2013; Pellanda, 2009).
O conjunto de elementos que constituem o
ecossistema midiático com as mídias móveis
digitais foi definido por Canavilhas (2010a,
p. 3) a partir de três fatores:
Primeiro fator (mediático): a entrada da
internet e dos dispositivos móveis no sis-
tema;
Segundo fator (contextual): a individuali-
zação do consumo e a mobilidade que são
consequências do primeiro fator;
Terceiro fator (tecnoambiental): está liga-
do às interfaces, no caso, à miniaturiza-
ção, e, consequentemente, à portabilidade
dos dispositivos e à ação dos consumido-
res no ecossistema.
Por conta desses fatores, o ecossistema mi-
diático passou pelas seguintes transformações:
modificação no consumo de notícias, que pas-
sou a ser individual, móvel, ubíquo e continuo;
mudança do sistema pull, no qual o público pro-
cura as informações, para um sistema push, no
qual elas chegam até o consumidor (e este pode
decidir como recebê-las); passagem de um sis-
tema media-cêntrico para um eu-cêntrico, de
modo que os consumidores são envolvidos em
todos os processos, principalmente, na redistri-
buição de notícias (Canavilhas, 2010a).
3
Este mapeamento faz parte da pesquisa de doutorado da autora, que teve início em março de 2014 no Programa de Pós-
-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS).
4
Depois do cinema, televisão e PC.
194 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015
Maíra Evangelista de Sousa
A estreita relação dos dispositivos móveis
com a identidade e a vida cotidiana dos usuá-
rios, relacionada à onipresença e à conveniên-
cia, os diferencia das demais mídias (Aguado
e Castellet, 2013), visto que os tablets, os smart-
phones e os smartwatches5
estão mais próximos
de nós, podendo andar na nossa bolsa, no nos-
so bolso e até no nosso corpo.
Nesse sentido, Igarza afirma que “não es-
tar conectado é altamente arriscado para o de-
sempenho social e profissional” (2009, p. 20,
tradução nossa). Para o autor, há dois tipos de
conectividade: a “conectividade fixa”, que se-
ria quando estamos todo o tempo “conectados
a” pelo menos um dispositivo, sugerindo algo
fixo, e, a “hiperconectividade”, quando esta-
mos todo tempo, potencialmente, “conectados
através de” pelo menos um dispositivo em rede
(Igarza, 2009, p. 20-21, tradução nossa). Logo,
com os nossos dispositivos móveis, a todo mo-
mento estamos ao alcance de outras pessoas, ou
seja, sempre podemos ser encontrados.
Segundo Turkle (2011), estamos nos tor-
nando robôs sociáveis e, sem os nossos dis-
positivos, nos sentimos desconectados. Esses
aparelhos corroeram as fronteiras entre o que
é trabalho e o que é lazer, pois, estando sempre
conectados, é possível resolver problemas pro-
fissionais em casa e questões pessoais no traba-
lho. Dessa forma, as relações têm se transforma-
do em meras conexões, nas quais o indivíduo
está fisicamente sozinho, no entanto, consegue
interagir a qualquer momento com pessoas que
estão geograficamente distantes, visto que, com
as tecnologias móveis, é possível se conectar de
qualquer lugar que tenha rede. Assim, estamos
sempre on-line, diferente dos primórdios da in-
ternet, em que precisávamos sentar em frente
ao computador para ter acesso à ela.
A variedade de aparelhos é tanta que Cana-
vilhas e Satuf (2013, p. 37) apresentam uma ta-
xonomia dos modelos de dispositivos móveis
até então existentes:
“Small phones” – telas até 3.5” (ex: Blackberry);
“Medium phones” – telas entre 3,5” e 4,9”
(ex: iPhone);
“Phablets” – telas entre 5,0” e 6,9” (ex: Ga-
laxy Note);
“Small Tablets” – telas entre 7.0” e 8,4” (ex:
Kindle Fire);
“Tablets” – telas com 8.5” ou mais (ex:
iPad).
Os dispositivos móveis fazem parte do
novo e promissor mercado da informação mó-
vel, que é formado por um sistema operacio-
nal e uma loja de aplicativos com o respectivo
sistema de pagamento:
O modelo é igual nas várias opções, alterando-
-se apenas a base do sistema. No caso da Apple,
é tudo da própria empresa: dispositivos (iPhone/
iPad), sistema (iOS) e loja (App Store). Passa-se
o mesmo na RIM com dispositivo (Blackberry),
sistema (BlackBerry OS) e loja (BB App World).
No caso da Google, o sistema (Android) e a loja
(Google Play) são da marca, mas as plataformas
de acesso não: este sistema é aberto e qualquer
marca pode usá-lo, sendo a Samsung, líder no
mercado de telemóveis, a maior referência deste
sistema. Passa-se uma situação semelhante com a
Microsoft, que tem igualmente um sistema (Win-
dows Phone) e um mercado (Microsoft’s Store),
estando aberto a que outras marcas o utilizem
(Canavilhas e Satuf, 2013, p. 38).
Por conta da expansão da banda larga mó-
vel, há uma mudança “de um modelo on por-
tal, submetido ao controle das operadoras, a
um off portal, com acesso direto dos usuários
e suas métricas” (Aguado e Castellet, 2013,
p. 36, tradução nossa), marcando o início de
um modelo de negócios que complementa
às estratégias da internet fixa. Assim, segun-
do Aguado e Castellet (2013, p. 34, tradução
nossa), “o processo de plataformização coloca
o conteúdo digital [...] no coração do ecossis-
tema da mobilidade”, uma vez que “o futuro
dos dispositivos móveis gira no entorno do
conteúdo em conectividade”.
Se, em um primeiro momento, os usuários
necessitavam estar conectados para consumir
conteúdo nos portais, nesta fase, ao baixar o
aplicativo de um jornal, e, se for o caso, com-
prar uma edição digital, o usuário poderá con-
sumi-la sem, necessariamente, estar conectado
à rede. Logo, se a distribuição de conteúdo
na internet era caracterizada pela gratuidade,
com os dispositivos móveis, há um recomeço
com o modelo de serviços pagos (Rublescki
et al., 2013). Isso porque, na cultura da mobi-
lidade, a gratuidade não existe ou existe em
menor quantidade, sendo mais fácil moneti-
zar a produção e a distribuição dos conteúdos
(Aguado e Castellet, 2013).
Os tablets, os smartphones e os smartwatches
apresentam diferenças relacionadas ao tama-
5
É um tipo específico de wearable. Os smartwatches, em português, relógios inteligentes, são pequenos computadores usa-
dos no pulso com funcionalidades que vão além de mostrar as horas.
Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 195
A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel
nho de tela, ao peso e à velocidade de cone-
xão que podem influenciar na circulação das
notícias. Neste artigo, o nosso foco está nos
smartphones. Esses dispositivos beneficiam o
imediatismo (Aguado e Castellet, 2013), pois
são tidos como um meio ubíquo de informa-
ção e de comunicação, no qual o consumo de
notícias ocorre a qualquer instante, criando-
-se um “cordão umbilical, permanentemente,
entre quem informa e é informado” (Fidalgo
e Canavilhas, 2009, p. 15). Eles também favo-
recem uma maior mobilidade, podendo ser
colocados no bolso da calça ou na bolsa e ser-
vindo principalmente à conversação (Barbosa
e Seixas, 2013), existindo, assim, uma relação
mais próxima do dispositivo com o usuário
(Canavilhas, 2013).
Destacamos que, com o lançamento do
iPhone, em 2007, o celular deixou de ser apenas
um telefone e passou a ser um aparelho multi-
funcional, com:
A combinação de novas possibilidades no apare-
lho (tela sensível ao toque, sensor de movimento,
sistema de localização precisa, display melhora-
do, armazenamento pesado, áudio de alta quali-
dade, câmera embutida) e da conexão ubíqua na
rede tem permitido muitas inovações a serem de-
senvolvidas, incluindo lojas de aplicativos, acesso
ao conteúdo on-line enquanto a pessoa se movi-
menta, mantendo-se em contato permanente com
as redes sociais, consumindo conteúdo em vários
meios de comunicação e tirando partido das ca-
racterísticas únicas do domínio móvel: personali-
zação e adaptação ao contexto (localização como
um excelente exemplo) (Scolari et al., 2012, p.
31, tradução nossa).
Nesse sentido, Igarza (2009) afirma que a
expansão das funcionalidades dos dispositi-
vos móveis desde a comunicação interpesso-
al na mobilidade rumo ao conceito de centro
multimídia de acesso móvel à internet impõe
uma revisão dos paradigmas da comunicação
social urbana. Dentre as tecnologias de comu-
nicação, a telefonia móvel é a que mais impac-
ta no uso e na navegação dos espaços urbanos,
uma vez que elas modificaram as práticas co-
municacionais da sociedade. As grandes cida-
des, com suas grandes extensões, fazem com
que os cidadãos passem muito tempo em trân-
sito, se movendo de um lugar para outro, e,
nesse tempo, aproveitam para consumir con-
teúdos em seus dispositivos móveis.
Dentre os desafios impostos pelos smart-
phones ao jornalismo, estão: a contextualiza-
ção, a transmissão de informação de maneira
ubíqua e o caráter híbrido desse dispositivo, o
qual pode ser tanto um meio de comunicação
pessoal como de informação social (Fidalgo e
Canavilhas, 2009). Os smartphones potenciali-
zam a natureza social das notícias, visto que
cada vez mais elas são comentadas e compar-
tilhadas por meio de e-mail e sites de redes
sociais.
A quinta geração do jornalismo desenvol-
vido para a internet vem sendo delineada com
o efetivo uso de dispositivos móveis na produ-
ção e circulação de conteúdos (Barbosa, 2013).
A criação de produtos para circular nesses es-
paços é algo recente, o que dá início, segundo
a autora, a um novo ciclo de inovação no qual
são produzidos aplicativos jornalísticos para
esses dispositivos.
Somados à emergência dos dispositivos,
temos os sites de redes sociais, que facilitam
a publicação, a discussão e o compartilhamen-
to de conteúdo por qualquer cidadão. Eles são
considerados o espaço técnico onde ocorrem
as associações e as interações das redes sociais
(Recuero, 2009; boyd6
e Ellison, 2007), sendo
definidos como:
Serviços baseados na web que permitem aos indi-
víduos (1) construir um perfil público ou semi-
-público dentro de um sistema limitado, (2) ar-
ticular uma lista dos outros usuários com quem
divide conexões, e (3) ver e percorrer a sua lista
de conexões e aquelas feitas por outros dentro
do sistema. A natureza e a nomenclatura dessas
conexões podem variar de site para site (boyd e
Ellison, 2007, on-line, tradução nossa).
Nesse cenário, o conteúdo circula tanto por
ações das organizações jornalísticas como dos
usuários. No atual modelo híbrido e emergen-
te de circulação, “um mix de forças de cima
para baixo e de baixo para cima determina
como um material é compartilhado, através de
culturas e entre elas, de maneira muito mais
participativa (e desorganizada)” (Jenkins et al.,
2014, p. 24).
Partimos da ideia de coexistência da dis-
tribuição e da circulação no atual modelo de
comunicação, como apontado por Jenkins et al.
(2014). Logo, as informações jornalísticas pre-
cisam circular a partir das publicações das or-
ganizações noticiosas e recircular a partir das
6
A grafia do nome da autora em citações é com a inicial minúscula.
196 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015
Maíra Evangelista de Sousa
interações dos usuários, existindo, então, um
cruzamento de interagentes (Longhi e Flores,
2012).
Consideramos que há uma relação entre
o conteúdo jornalístico acessado por meio de
smartphones – em páginas adaptadas dos por-
tais e em aplicativos – e os sites de redes sociais,
uma vez que esses ajudam na recirculação do
conteúdo noticioso. Nesse sentindo, destaca-
mos o termo recirculação, que foi definido por
Zago (2011) como o ato de comentar e replicar
informações nos sites de redes sociais, sendo
considerado como uma subetapa da circulação
que ocorre após o consumo, quando o usuário
utiliza “espaços sociais diversos da internet
(como sites de relacionamento, blogs e microb-
logs, dentre outros), contribuindo para divulgar
o link para a notícia, recontar com suas palavras
o acontecimento ou manifestar sua opinião so-
bre o ocorrido” (Zago, 2011, p. 63).
Assim, os usuários potencializam o alcance
da notícia, uma vez que podem atuar comen-
tando e distribuindo o conteúdo. De acordo
com Canavilhas (2010b, p. 03), eles funcionam
“como uma espécie de novos gatekeepers, que
comentam e selecionam as notícias mais inte-
ressantes para os seus amigos (Facebook) ou
seguidores (Twitter)”.
Se antes comentávamos uma notícia boca
a boca com um vizinho, atualmente, podemos
comentá-las via sites de redes sociais na inter-
net com pessoas de qualquer lugar do planeta:
“recomendações boca a boca e compartilha-
mento de conteúdos de mídia são impulsos
que há muito tempo mobilizam as interações
entre as pessoas. Talvez nada seja mais huma-
no do que dividir histórias, seja ao pé do fogo
ou em ‘nuvem’, por assim dizer” (Jenkins et
al., 2014, p. 25).
A cultura da participação é outro termo
importante a ser discutido nesse contexto.
Cunhado em 1992, por Jenkins, para descrever
a produção cultural e as interações sociais de
comunidades de fãs. Atualmente, o conceito
evoluiu e diz respeito à:
Uma variedade de grupos que funcionam na pro-
dução e na distribuição de mídia para atender a
seus interesses coletivos, de modo que diversos
especialistas interligam suas análises do fandom
num discurso mais abrangente sobre a participa-
ção da mídia e por meio dela (Jenkins et al., 2014,
p. 24).
Segundo Shirky (2011), antes do século
XX, uma parte da cultura era participativa
(encontros locais, eventos e performances),
no século passado, a desagregação da vida
social foi tamanha – visto que o ato de assis-
tir televisão é algo solitário – que agora pre-
cisamos criar uma expressão para descrever
este atual momento em que “o simples ato
de criar algo com outras pessoas em mente
e então compartilhá-lo com elas representa,
no mínimo, um eco daquele antigo modelo
de cultura, agora em roupagem tecnológica”
(Shirky, 2011, p. 23).
Ainda de acordo com Shirky (2011), o que
queremos são as coisas que a tecnologia nos
possibilita (notícias, fotos, conversas, debates,
paquera, fofoca, tudo o que está ligado à condi-
ção humana). Dessa forma, é interessante pen-
sarmos que a vida na grande cidade tem sido
digitalizada, como aponta Igarza (2009), pois as
nossas práticas culturais e sociais têm sido re-
configuradas pelas tecnologias digitais móveis.
A mobilidade, a conectividade e a partici-
pação fazem parte de um processo chamado
de convergência, que envolve as antigas e as
novas mídias, assim como os produtores e os
consumidores, que agora também produzem
informações.
Jenkins (2009, p. 44) entende a convergên-
cia a partir de transformações técnicas, merca-
dológicas, culturais e sociais: “a convergência
envolve uma transformação tanto na forma
de produzir quanto na forma de consumir os
meios de comunicação”.
Ao analisar o atual cenário da indústria mi-
diática, Primo (2013) destaca que esse proces-
so não pode ser considerado nem como “uma
simples integração de tecnologias, tampouco
é a infusão de culturas e interesses antes opo-
nentes” (Primo, 2013, p. 23), pois, da forma
que ela vem sendo definida, tem agradado
sobretudo à indústria, que tem retrabalhado a
participação do público:
Quando se pensava que os grupos midiáticos não
resistiriam à popularização das tecnologias digi-
tais e à livre expressão em rede, o contra-ataque
veio incorporando as próprias estratégias que lhes
ameaçavam: user-generated contend, serviços
de comentários, retuítes, enquetes, blogs e todo
sabor de “redes sociais”. É bem verdade que as
indústrias midiáticas continuam em crise, mas
elas continuam em luta e não baixam a guarda.
A queda das vendagens de jornais, e até mesmo
o fechamento de muitos periódicos impressos, não
significa que os webjornais participativos toma-
ram esse lugar. O que se observa, pelo contrário, é
o incremento progressivo das ações de recirculação
com links para sites jornalísticos daquelas mesmas
corporações jornalísticas (Primo, 2013, p. 23).
Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 197
A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel
A convergência jornalística é considera-
da uma subconvergência que está em curso
em um panorama mais abrangente (Barbosa,
2009), sendo caracterizada como:
Um processo multidimensional que, facilitado
pela implantação generalizada das tecnologias
digitais da telecomunicação, afeta o âmbito
tecnológico, empresarial, profissional e edito-
rial dos meios de comunicação, propiciando
uma integração de ferramentas, espaços, mé-
todos de trabalho e linguagens anteriormente
desagregadas, de forma que os jornalistas ela-
boram conteúdos que são distribuídos através
de multiplataformas, mediante as linguagens
próprias de cada uma (Salaverría et al., 2010,
p. 59, tradução nossa).
A distribuição de conteúdo em múltiplas
plataformas pode ser entendida como uma ma-
neira de conquistar o público fragmentado e, ao
mesmo tempo, manter o antigo. Logo, podemos
encontrar notícias nos mais variados locais: im-
presso, rádio, televisão, portal, aplicativo para
smartphone e tablet, site de rede social.
A história do jornalismo esteve atrelada aos
avanços tecnológicos desde o seu início. Na
década de 1990, as organizações jornalísticas
se apropriaram da web para produzir e dis-
tribuir informações. Com a disseminação dos
dispositivos móveis e dos sites de redes so-
ciais, há o surgimento de novas possibilidades
para o jornalismo. Vamos agora discutir como
os veículos jornalísticos têm se apropriado7
dos dispositivos móveis para a distribuição de
notícias em aplicativos e quais as possibilida-
des de participação permitidas aos usuários
no que diz respeito à recirculação da notícia
nos sites de redes sociais.
A relação entre aplicativos
jornalísticos e sites de redes sociais
na recirculação de notícias
Para uma melhor discussão de como se dá a
relação entre aplicativos jornalísticos e sites de
redes sociais, com foco nas possibilidades de
participação permitidas aos usuários no que
diz respeito à recirculação da notícia nos sites
de redes sociais, iremos, neste tópico, apresen-
tar os resultados do nosso mapeamento dos
aplicativos jornalísticos dos portais de referên-
cia brasileiros Globo.com, Uol e Estadão.
O objetivo do mapeamento foi verificar quais
as possibilidades de compartilhamento com as
redes sociais na internet que os aplicativos jor-
nalísticos permitiam. Por ser um dispositivo
que cabe no bolso, pode ser usado como tele-
fone, mas também como despertador, calendá-
rio, além de uma infinidade de outras funções,
o smartphone tem um caráter híbrido. Somado a
isso, esse dispositivo é usado para a conversação
bem mais que o tablet, logo, o caráter social do
smartphone é mais intenso. Por conta desses mo-
tivos, é importante analisar como essa relação se
dá nesses dispositivos. Para este artigo, os apli-
cativos foram testados apenas em um smartphone
com sistema operacional Android.
O mapeamento foi realizado na loja virtual
Google Play, em junho de 2014, a partir das pa-
lavras-chave: “Globo”, “G1”, “Uol”, “Folha” e
“Estadão”. Também foram pesquisados os de-
mais apps produzidos pelos desenvolvedores
dos aplicativos dos portais em estudo: “Globo
Comunicação e Participações S.A.”, “Globo.
com”, “Infoglobo Comunicação e Participa-
ções S/A”, “Sistema Globo de Rádio”, “Folha
de S.Paulo”, “UOL Inc.”, “Estadão”. No en-
tanto, foram filtrados apenas os aplicativos de
conteúdo jornalístico. No total, encontramos
18 aplicativos jornalísticos. Desses, doze (12)
permitiam algum tipo de compartilhamento
do conteúdo com as redes sociais com a inter-
net e seis (6) não ofereciam essa possibilidade,
como é possível ver no Quadro 1.
A partir desse mapeamento, verificamos
que a relação entre aplicativos jornalísticos e
sites de redes sociais na internet, no que diz
respeito à recirculação de conteúdos via aplica-
tivos, quando ocorre, se dá apenas a partir dos
botões de compartilhamento (ver Figura 1).
Destacamos também que, dependendo do
aplicativo, é possível compartilhar pelos bo-
tões, apenas em determinados sites de redes
sociais. O Twitter e o Facebook aparecem em
todos os 12 casos em que é possível o compar-
tilhamento.
Contudo, percebemos que houve um cres-
cimento de aplicativos com botões de compar-
tilhamento, visto que, em setembro de 2013 –
quando começamos a observar os aplicativos
jornalísticos – eram poucos os que ofereciam
essa possibilidade.
Entendemos que a disponibilização dos
botões de compartilhamento para os sites de
7
Entendemos a apropriação como um novo uso dado às ferramentas diferente da proposta inicial, um comportamento
comum na cibercultura (Lemos, 2005)
198 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015
Maíra Evangelista de Sousa
Quadro 1. Lista dos aplicativos coletados com as possibilidades de compartilhamento nos sites
de redes sociais.
Chart 1. List of applications collected with the sharing possibilities in social network sites.
Nome do aplicativo
Possibilidade de compartilhamento
nos sites de redes sociais
G1 Radar
SIM
Facebook|Twitter|Google+
Globo com_vc
SIM
Twitter|Facebook
Globo News NÃO
Globo TV
SIM
Twitter|Google +|Whatsapp
Rádio Globo
SIM
Twitter|Facebook|E-mail
O Globo NÃO
Extra Notícias
SIM
Twitter|Facebook|Whatsapp
Folha de S.Paulo
SIM
Twitter|Facebook| Google+
UOL Notícias
SIM
Twitter|Facebook
UOL Cotações
SIM
Twitter |Facebook
Placar UOL
SIM
Twitter |Facebook
UOL Velocidade NÃO
UOL MMA
SIM
Twitter|Facebook|Whatsapp
Estadão Mobile
SIM
Twitter|Facebook|Google+|Linkedin
Estadão Economia & Negócios
SIM
Twitter|Facebook|Google+|Linkedin
Estadão Realidade Aumentada NÃO
Rádio Estadão NÃO
Rádio Eldorado FM NÃO
Figura 1. Exemplos de botões de compartilhamento de conteúdo para os sites de redes sociais nos
aplicativos jornalísticos “G1 Radar”, “UOL Notícias” e “Estadão Mobile”.
Figure 1. Examples of content sharing buttons for social networking sites in journalistic applica-
tions “G1 Radar”, “UOL Notícias” and “Estadão Mobile”.
Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 199
A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel
redes sociais nos aplicativos é uma forma de
potencializar o alcance da notícia, visto que
o público pode atuar como filtro, indicando
aquele determinado conteúdo para amigos,
familiares e conhecidos e fazendo-o recircular
(Zago, 2011), caracterizando-se, assim, como
um sistema eu-cêntrico, no qual os consumido-
res atuam, também, na redistribuição de notí-
cias (Canavilhas, 2010a, 2010b). Dessa forma,
quando uma organização jornalística coloca um
botão de compartilhamento em seu aplicativo,
além de potencializar o alcance da notícia, ela
passa a circular de forma mais participativa.
Nesse sentido, há uma coexistência da dis-
tribuição e da circulação (Jenkins et al., 2014),
ou seja, as informações jornalísticas são dis-
tribuídas inicialmente nos aplicativos jorna-
lísticos e recirculam a partir das ações dos
usuários nos botões de compartilhamento,
existindo, dessa maneira, um cruzamento de
interagentes (Longhi e Flores, 2012).
Outra observação importante está rela-
cionada ao modelo de negócios, mais preci-
samente aos conteúdos pagos, como é o caso
do aplicativo “O GLOBO”, que disponibiliza
as versões digitalizadas do jornal impresso
somente se forem compradas pelos usuários.
Nesses casos, não há possibilidade de com-
partilhamento (ver Figura 2). O mesmo já foi
percebido em produtos produzidos especial-
mente para tablets, os chamados autóctones
(Barbosa, 2013), como no “Globo a mais” e no
“Estadão Noite”. O conteúdo, como podemos
ver na Figura 2, é completamente fechado para
quem paga por ele, sem nenhum tipo de botão
de compartilhamento.
Com a popularização dos dispositivos mó-
veis, é possível que os veículos jornalísticos
ofereçam aplicativos específicos para cada
tipo de nicho, como é o caso do “G1 Radar”,
“Uol Cotações”, “Placar Uol”, “Uol Velocida-
de”, “Uol MMA”, “Estadão Economia & Ne-
gócios”. Com isso, o consumidor poderá esco-
lher de quais editorias deseja receber notícias
e, assim, baixar apenas esses aplicativos.
A circulação de conteúdos noticiosos pelas
tradicionais organizações jornalísticas pode
se dar por meio da mídia impressa, radiofô-
nica e televisiva, mas também via aplicativos
para dispositivos móveis e sites de redes so-
ciais, por exemplo. O consumo, por sua vez,
está mais individual, móvel e ubíquo, ou seja,
o público consumidor pode baixar um apli-
cativo e por meio dele receber notícias a todo
instante e de qualquer lugar, bastando estar
conectado, ao mesmo tempo que pode enca-
minhar informações para seus amigos via sites
de redes sociais. Com isso, se, antes, as pessoas
precisavam ir em busca dos conteúdos, agora
eles chegam até elas das mais variadas formas.
Essa distribuição de conteúdo em multi-
plataformas é considerada uma forma das or-
ganizações jornalísticas conquistarem novos
públicos e aumentarem o alcance das notícias,
constituindo-se em uma maneira encontrada
para enfrentar a crise, e, consequentemente, é
uma estratégia da convergência jornalística.
Considerações finais
Este artigo se propôs a discutir a relação
entre aplicativos jornalísticos e sites de redes
sociais, com foco nas possibilidades de partici-
pação permitidas aos usuários nos aplicativos
analisados no que diz respeito à recirculação
da notícia nos sites de redes sociais. A par-
Figura 2. Exemplo de aplicativo sem possibili-
dade de compartilhamento de conteúdo para
os sites de redes sociais.
Figure 2. Example of application without the
possibility of sharing content to social net-
working sites.
Fonte: Aplicativo “O Globo”.
200 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015
Maíra Evangelista de Sousa
tir da revisão de literatura e do mapeamento
dos aplicativos jornalísticos dos portais de
referência Globo.com, Uol e Estadão, verifica-
mos, neste estudo exploratório, que a relação
entre aplicativos jornalísticos e redes sociais
na internet, quando ocorre, se dá apenas pe-
los botões de compartilhamento, podendo ser
considerada como uma transposição das pos-
sibilidades existentes nos portais.
Os botões de compartilhamento para os si-
tes de redes sociais nos aplicativos jornalísti-
cos é uma maneira de potencializar o alcance
da notícia, uma vez que público pode compar-
tilha-la com amigos, familiares e conhecidos.
Dessa forma, a circulação da notícia passa a ser
bem mais participativa.
Nesse modelo de comunicação, ocorre uma
coexistência da distribuição e da circulação.
Assim, a notícia é distribuída nos aplicativos
pelos veículos jornalísticos e recircula por
meio das ações dos usuários nos botões de
compartilhamento.
Diante dessa sociedade global, móvel e co-
nectada, o desafio atual das organizações jor-
nalísticas é investir na produção de conteúdo
para ser distribuído ubiquamente nesses dis-
positivos, que estão cada vez mais próximos
do corpo humano, seja no bolso, na bolsa, ou,
ainda, no corpo (como os dispositivos vestí-
veis – os wearable devices).
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dade Federal do Rio Grande do Sul, 201 p.
Submetido: 19/04/2015
Aceito: 12/09/2015

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A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel: a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais

  • 1. Verso e Reverso, XXIX(72):192-201, setembro-dezembro 2015 2015 Unisinos – doi: 10.4013/ver.2015.29.72.07 ISSN 1806-6925 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel: a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais1 Circulation of news on mobile media ecosystem: The relation between journalistic applications and social network sites Maíra Evangelista de Sousa Doutoranda do PPG em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcellos, 2705, prédio 22201, 90035-007, Porto Alegre, RS, Brasil. jornalista.maira@gmail.com Resumo. O objetivo deste artigo é discutir a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais, com enfoque nas possibilidades de participação per- mitidas aos usuários em aplicativos no que diz respei- to à recirculação da notícia nos sites de redes sociais. O estudo exploratório foi realizado por meio da com- binação de técnicas qualitativas e quantitativas. A dis- cussão ocorreu a partir da revisão de literatura e dos dados coletados em um mapeamento dos aplicativos jornalísticos dos portais Globo.com, Uol e Estadão. Palavras-chave: jornalismo, dispositivos móveis, participação, aplicativos jornalísticos, sites de redes sociais. Abstract. The purpose of this article is to discuss the relationship between journalistic applications and social network sites, focusing on the possibilities of participation to users on applications in respect to the re-circulation of news in social network sites. The exploratory study was conducted through the com- bination of qualitative and quantitative techniques. The discussion took place from the literature review and data collected in a mapping of journalistic appli- cations of Globo.com, Uol and Estadão portals. Keywords: journalism, mobile devices, participa- tion, journalistic applications, social network sites. Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Attribution License (CC-BY 3.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. 1 Uma versão preliminar deste artigo foi apresentada no IV Congresso Internacional de Ciberjornalismo que ocorreu em Porto (Portugal), em dezembro de 2014. Esta versão possui alterações. 2 Abreviação de aplicativo. Introdução Este artigo surge em um contexto de mul- tiplicação dos espaços de distribuição de conteúdo jornalístico e de inclusão do pú- blico consumidor no ecossistema midiático. Somados à emergência dos dispositivos mó- veis, os quais permitem a disponibilização de informações em tempo real e de qualquer lugar, têm-se os sites de redes sociais, que facilitam a publicação, a discussão e o com- partilhamento de conteúdo por qualquer pessoa. Assim, o conteúdo circula tanto por ações das organizações jornalísticas como dos usuários. Diante desse cenário, este artigo se propõe a discutir a relação entre aplicativos jornalísti- cos (apps2 ) e os sites de redes sociais, com foco nas possibilidades de participação permitidas aos usuários nos aplicativos observados no que diz respeito à recirculação da notícia nos sites de redes sociais.
  • 2. Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 193 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel De caráter exploratório, a pesquisa com- binou técnicas qualitativas e quantitativas. A discussão deste artigo se deu a partir da revi- são de literatura e dos dados coletados em um mapeamento3 dos aplicativos jornalísticos dos portais Globo.com, Uol e Estadão, realizado pela autora em junho de 2014. Os aplicativos foram testados em um smartphone com sistema operacional Android. O artigo está dividido em duas partes prin- cipais. Na primeira, de caráter teórico, traze- mos a definição de ecossistema midiático e explanamos sobre os conceitos de mobilidade, de conectividade, de participação e de conver- gência, relacionando-os com os de aplicativos jornalísticos e de sites de redes sociais. Na segunda, de caráter empírico, apresentamos os dados do mapeamento dos aplicativos jor- nalísticos e discutimos como as organizações jornalísticas têm utilizado os sites de redes sociais para a recirculação dos conteúdos dos aplicativos jornalísticos. O ecossistema midiático em tempos de mobilidade, conectividade, participação e convergência A relação entre mobilidade e sociedade não é nova. Contudo, houve uma evolução da cul- tura da mobilidade (Lemos, 2009). Os compu- tadores e os telefones, estruturantes do atual ecossistema midiático, foram caracterizados por muitos anos pelo gigantismo e imobilida- de (Palacios, 2013). Foi a partir da década de 1970 que teve início o processo de miniaturiza- ção desses dispositivos. Com isso, aos poucos, computadores e telefones foram transforma- dos em equipamentos portáteis e de conexão ubíqua: Esses meios portáteis de computação conec- tados à rede proporcionam o deslocamento do acesso à Internet para qualquer lugar do globo. Essa nova configuração não repre- senta somente uma facilidade de conexão, mas toda uma potencialidade de novos usos, bem como a transformação dos existentes. A questão inclui não só o lugar (espaço), mas também a quantidade (tempo) de exposição à conexão na qual indivíduos passam a estar inseridos (Pellanda, 2009, p. 90). O lançamento do iPhone – em 2007 – e do iPad – em 2010 – pela Apple, somado à chegada das conexões 3 e 4G no Brasil impulsionaram a comunicação móvel. Assim, se antes o acesso à internet se dava, principalmente, em casa e no trabalho, estando vinculado a equipamentos fixos, como os computadores, agora ele pode ocorrer ubiquamente a partir desses dispositi- vos, que são caracterizados pela portabilidade e pela conectividade. Um dispositivo móvel é todo artefato digi- tal dotado de conectividade ubíqua e concebi- do para a portabilidade cotidiana (Aguado e Castellet, 2013). Eles são considerados a quarta tela4 (Barbosa e Seixas, 2013) e têm modifica- do a fisionomia, as funcionalidades e as for- mas com que os usuários se relacionam com a internet e a web (Aguado e Castellet, 2013). Cada nova funcionalidade incorporada a esses dispositivos os tornam ainda mais semelhan- tes aos computadores, surgindo o termo “Pós- -PC” para caracterizar o atual grau de evo- lução da computação que é ubíqua e portátil (Silva, 2013; Pellanda, 2009). O conjunto de elementos que constituem o ecossistema midiático com as mídias móveis digitais foi definido por Canavilhas (2010a, p. 3) a partir de três fatores: Primeiro fator (mediático): a entrada da internet e dos dispositivos móveis no sis- tema; Segundo fator (contextual): a individuali- zação do consumo e a mobilidade que são consequências do primeiro fator; Terceiro fator (tecnoambiental): está liga- do às interfaces, no caso, à miniaturiza- ção, e, consequentemente, à portabilidade dos dispositivos e à ação dos consumido- res no ecossistema. Por conta desses fatores, o ecossistema mi- diático passou pelas seguintes transformações: modificação no consumo de notícias, que pas- sou a ser individual, móvel, ubíquo e continuo; mudança do sistema pull, no qual o público pro- cura as informações, para um sistema push, no qual elas chegam até o consumidor (e este pode decidir como recebê-las); passagem de um sis- tema media-cêntrico para um eu-cêntrico, de modo que os consumidores são envolvidos em todos os processos, principalmente, na redistri- buição de notícias (Canavilhas, 2010a). 3 Este mapeamento faz parte da pesquisa de doutorado da autora, que teve início em março de 2014 no Programa de Pós- -Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS). 4 Depois do cinema, televisão e PC.
  • 3. 194 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 Maíra Evangelista de Sousa A estreita relação dos dispositivos móveis com a identidade e a vida cotidiana dos usuá- rios, relacionada à onipresença e à conveniên- cia, os diferencia das demais mídias (Aguado e Castellet, 2013), visto que os tablets, os smart- phones e os smartwatches5 estão mais próximos de nós, podendo andar na nossa bolsa, no nos- so bolso e até no nosso corpo. Nesse sentido, Igarza afirma que “não es- tar conectado é altamente arriscado para o de- sempenho social e profissional” (2009, p. 20, tradução nossa). Para o autor, há dois tipos de conectividade: a “conectividade fixa”, que se- ria quando estamos todo o tempo “conectados a” pelo menos um dispositivo, sugerindo algo fixo, e, a “hiperconectividade”, quando esta- mos todo tempo, potencialmente, “conectados através de” pelo menos um dispositivo em rede (Igarza, 2009, p. 20-21, tradução nossa). Logo, com os nossos dispositivos móveis, a todo mo- mento estamos ao alcance de outras pessoas, ou seja, sempre podemos ser encontrados. Segundo Turkle (2011), estamos nos tor- nando robôs sociáveis e, sem os nossos dis- positivos, nos sentimos desconectados. Esses aparelhos corroeram as fronteiras entre o que é trabalho e o que é lazer, pois, estando sempre conectados, é possível resolver problemas pro- fissionais em casa e questões pessoais no traba- lho. Dessa forma, as relações têm se transforma- do em meras conexões, nas quais o indivíduo está fisicamente sozinho, no entanto, consegue interagir a qualquer momento com pessoas que estão geograficamente distantes, visto que, com as tecnologias móveis, é possível se conectar de qualquer lugar que tenha rede. Assim, estamos sempre on-line, diferente dos primórdios da in- ternet, em que precisávamos sentar em frente ao computador para ter acesso à ela. A variedade de aparelhos é tanta que Cana- vilhas e Satuf (2013, p. 37) apresentam uma ta- xonomia dos modelos de dispositivos móveis até então existentes: “Small phones” – telas até 3.5” (ex: Blackberry); “Medium phones” – telas entre 3,5” e 4,9” (ex: iPhone); “Phablets” – telas entre 5,0” e 6,9” (ex: Ga- laxy Note); “Small Tablets” – telas entre 7.0” e 8,4” (ex: Kindle Fire); “Tablets” – telas com 8.5” ou mais (ex: iPad). Os dispositivos móveis fazem parte do novo e promissor mercado da informação mó- vel, que é formado por um sistema operacio- nal e uma loja de aplicativos com o respectivo sistema de pagamento: O modelo é igual nas várias opções, alterando- -se apenas a base do sistema. No caso da Apple, é tudo da própria empresa: dispositivos (iPhone/ iPad), sistema (iOS) e loja (App Store). Passa-se o mesmo na RIM com dispositivo (Blackberry), sistema (BlackBerry OS) e loja (BB App World). No caso da Google, o sistema (Android) e a loja (Google Play) são da marca, mas as plataformas de acesso não: este sistema é aberto e qualquer marca pode usá-lo, sendo a Samsung, líder no mercado de telemóveis, a maior referência deste sistema. Passa-se uma situação semelhante com a Microsoft, que tem igualmente um sistema (Win- dows Phone) e um mercado (Microsoft’s Store), estando aberto a que outras marcas o utilizem (Canavilhas e Satuf, 2013, p. 38). Por conta da expansão da banda larga mó- vel, há uma mudança “de um modelo on por- tal, submetido ao controle das operadoras, a um off portal, com acesso direto dos usuários e suas métricas” (Aguado e Castellet, 2013, p. 36, tradução nossa), marcando o início de um modelo de negócios que complementa às estratégias da internet fixa. Assim, segun- do Aguado e Castellet (2013, p. 34, tradução nossa), “o processo de plataformização coloca o conteúdo digital [...] no coração do ecossis- tema da mobilidade”, uma vez que “o futuro dos dispositivos móveis gira no entorno do conteúdo em conectividade”. Se, em um primeiro momento, os usuários necessitavam estar conectados para consumir conteúdo nos portais, nesta fase, ao baixar o aplicativo de um jornal, e, se for o caso, com- prar uma edição digital, o usuário poderá con- sumi-la sem, necessariamente, estar conectado à rede. Logo, se a distribuição de conteúdo na internet era caracterizada pela gratuidade, com os dispositivos móveis, há um recomeço com o modelo de serviços pagos (Rublescki et al., 2013). Isso porque, na cultura da mobi- lidade, a gratuidade não existe ou existe em menor quantidade, sendo mais fácil moneti- zar a produção e a distribuição dos conteúdos (Aguado e Castellet, 2013). Os tablets, os smartphones e os smartwatches apresentam diferenças relacionadas ao tama- 5 É um tipo específico de wearable. Os smartwatches, em português, relógios inteligentes, são pequenos computadores usa- dos no pulso com funcionalidades que vão além de mostrar as horas.
  • 4. Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 195 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel nho de tela, ao peso e à velocidade de cone- xão que podem influenciar na circulação das notícias. Neste artigo, o nosso foco está nos smartphones. Esses dispositivos beneficiam o imediatismo (Aguado e Castellet, 2013), pois são tidos como um meio ubíquo de informa- ção e de comunicação, no qual o consumo de notícias ocorre a qualquer instante, criando- -se um “cordão umbilical, permanentemente, entre quem informa e é informado” (Fidalgo e Canavilhas, 2009, p. 15). Eles também favo- recem uma maior mobilidade, podendo ser colocados no bolso da calça ou na bolsa e ser- vindo principalmente à conversação (Barbosa e Seixas, 2013), existindo, assim, uma relação mais próxima do dispositivo com o usuário (Canavilhas, 2013). Destacamos que, com o lançamento do iPhone, em 2007, o celular deixou de ser apenas um telefone e passou a ser um aparelho multi- funcional, com: A combinação de novas possibilidades no apare- lho (tela sensível ao toque, sensor de movimento, sistema de localização precisa, display melhora- do, armazenamento pesado, áudio de alta quali- dade, câmera embutida) e da conexão ubíqua na rede tem permitido muitas inovações a serem de- senvolvidas, incluindo lojas de aplicativos, acesso ao conteúdo on-line enquanto a pessoa se movi- menta, mantendo-se em contato permanente com as redes sociais, consumindo conteúdo em vários meios de comunicação e tirando partido das ca- racterísticas únicas do domínio móvel: personali- zação e adaptação ao contexto (localização como um excelente exemplo) (Scolari et al., 2012, p. 31, tradução nossa). Nesse sentido, Igarza (2009) afirma que a expansão das funcionalidades dos dispositi- vos móveis desde a comunicação interpesso- al na mobilidade rumo ao conceito de centro multimídia de acesso móvel à internet impõe uma revisão dos paradigmas da comunicação social urbana. Dentre as tecnologias de comu- nicação, a telefonia móvel é a que mais impac- ta no uso e na navegação dos espaços urbanos, uma vez que elas modificaram as práticas co- municacionais da sociedade. As grandes cida- des, com suas grandes extensões, fazem com que os cidadãos passem muito tempo em trân- sito, se movendo de um lugar para outro, e, nesse tempo, aproveitam para consumir con- teúdos em seus dispositivos móveis. Dentre os desafios impostos pelos smart- phones ao jornalismo, estão: a contextualiza- ção, a transmissão de informação de maneira ubíqua e o caráter híbrido desse dispositivo, o qual pode ser tanto um meio de comunicação pessoal como de informação social (Fidalgo e Canavilhas, 2009). Os smartphones potenciali- zam a natureza social das notícias, visto que cada vez mais elas são comentadas e compar- tilhadas por meio de e-mail e sites de redes sociais. A quinta geração do jornalismo desenvol- vido para a internet vem sendo delineada com o efetivo uso de dispositivos móveis na produ- ção e circulação de conteúdos (Barbosa, 2013). A criação de produtos para circular nesses es- paços é algo recente, o que dá início, segundo a autora, a um novo ciclo de inovação no qual são produzidos aplicativos jornalísticos para esses dispositivos. Somados à emergência dos dispositivos, temos os sites de redes sociais, que facilitam a publicação, a discussão e o compartilhamen- to de conteúdo por qualquer cidadão. Eles são considerados o espaço técnico onde ocorrem as associações e as interações das redes sociais (Recuero, 2009; boyd6 e Ellison, 2007), sendo definidos como: Serviços baseados na web que permitem aos indi- víduos (1) construir um perfil público ou semi- -público dentro de um sistema limitado, (2) ar- ticular uma lista dos outros usuários com quem divide conexões, e (3) ver e percorrer a sua lista de conexões e aquelas feitas por outros dentro do sistema. A natureza e a nomenclatura dessas conexões podem variar de site para site (boyd e Ellison, 2007, on-line, tradução nossa). Nesse cenário, o conteúdo circula tanto por ações das organizações jornalísticas como dos usuários. No atual modelo híbrido e emergen- te de circulação, “um mix de forças de cima para baixo e de baixo para cima determina como um material é compartilhado, através de culturas e entre elas, de maneira muito mais participativa (e desorganizada)” (Jenkins et al., 2014, p. 24). Partimos da ideia de coexistência da dis- tribuição e da circulação no atual modelo de comunicação, como apontado por Jenkins et al. (2014). Logo, as informações jornalísticas pre- cisam circular a partir das publicações das or- ganizações noticiosas e recircular a partir das 6 A grafia do nome da autora em citações é com a inicial minúscula.
  • 5. 196 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 Maíra Evangelista de Sousa interações dos usuários, existindo, então, um cruzamento de interagentes (Longhi e Flores, 2012). Consideramos que há uma relação entre o conteúdo jornalístico acessado por meio de smartphones – em páginas adaptadas dos por- tais e em aplicativos – e os sites de redes sociais, uma vez que esses ajudam na recirculação do conteúdo noticioso. Nesse sentindo, destaca- mos o termo recirculação, que foi definido por Zago (2011) como o ato de comentar e replicar informações nos sites de redes sociais, sendo considerado como uma subetapa da circulação que ocorre após o consumo, quando o usuário utiliza “espaços sociais diversos da internet (como sites de relacionamento, blogs e microb- logs, dentre outros), contribuindo para divulgar o link para a notícia, recontar com suas palavras o acontecimento ou manifestar sua opinião so- bre o ocorrido” (Zago, 2011, p. 63). Assim, os usuários potencializam o alcance da notícia, uma vez que podem atuar comen- tando e distribuindo o conteúdo. De acordo com Canavilhas (2010b, p. 03), eles funcionam “como uma espécie de novos gatekeepers, que comentam e selecionam as notícias mais inte- ressantes para os seus amigos (Facebook) ou seguidores (Twitter)”. Se antes comentávamos uma notícia boca a boca com um vizinho, atualmente, podemos comentá-las via sites de redes sociais na inter- net com pessoas de qualquer lugar do planeta: “recomendações boca a boca e compartilha- mento de conteúdos de mídia são impulsos que há muito tempo mobilizam as interações entre as pessoas. Talvez nada seja mais huma- no do que dividir histórias, seja ao pé do fogo ou em ‘nuvem’, por assim dizer” (Jenkins et al., 2014, p. 25). A cultura da participação é outro termo importante a ser discutido nesse contexto. Cunhado em 1992, por Jenkins, para descrever a produção cultural e as interações sociais de comunidades de fãs. Atualmente, o conceito evoluiu e diz respeito à: Uma variedade de grupos que funcionam na pro- dução e na distribuição de mídia para atender a seus interesses coletivos, de modo que diversos especialistas interligam suas análises do fandom num discurso mais abrangente sobre a participa- ção da mídia e por meio dela (Jenkins et al., 2014, p. 24). Segundo Shirky (2011), antes do século XX, uma parte da cultura era participativa (encontros locais, eventos e performances), no século passado, a desagregação da vida social foi tamanha – visto que o ato de assis- tir televisão é algo solitário – que agora pre- cisamos criar uma expressão para descrever este atual momento em que “o simples ato de criar algo com outras pessoas em mente e então compartilhá-lo com elas representa, no mínimo, um eco daquele antigo modelo de cultura, agora em roupagem tecnológica” (Shirky, 2011, p. 23). Ainda de acordo com Shirky (2011), o que queremos são as coisas que a tecnologia nos possibilita (notícias, fotos, conversas, debates, paquera, fofoca, tudo o que está ligado à condi- ção humana). Dessa forma, é interessante pen- sarmos que a vida na grande cidade tem sido digitalizada, como aponta Igarza (2009), pois as nossas práticas culturais e sociais têm sido re- configuradas pelas tecnologias digitais móveis. A mobilidade, a conectividade e a partici- pação fazem parte de um processo chamado de convergência, que envolve as antigas e as novas mídias, assim como os produtores e os consumidores, que agora também produzem informações. Jenkins (2009, p. 44) entende a convergên- cia a partir de transformações técnicas, merca- dológicas, culturais e sociais: “a convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de comunicação”. Ao analisar o atual cenário da indústria mi- diática, Primo (2013) destaca que esse proces- so não pode ser considerado nem como “uma simples integração de tecnologias, tampouco é a infusão de culturas e interesses antes opo- nentes” (Primo, 2013, p. 23), pois, da forma que ela vem sendo definida, tem agradado sobretudo à indústria, que tem retrabalhado a participação do público: Quando se pensava que os grupos midiáticos não resistiriam à popularização das tecnologias digi- tais e à livre expressão em rede, o contra-ataque veio incorporando as próprias estratégias que lhes ameaçavam: user-generated contend, serviços de comentários, retuítes, enquetes, blogs e todo sabor de “redes sociais”. É bem verdade que as indústrias midiáticas continuam em crise, mas elas continuam em luta e não baixam a guarda. A queda das vendagens de jornais, e até mesmo o fechamento de muitos periódicos impressos, não significa que os webjornais participativos toma- ram esse lugar. O que se observa, pelo contrário, é o incremento progressivo das ações de recirculação com links para sites jornalísticos daquelas mesmas corporações jornalísticas (Primo, 2013, p. 23).
  • 6. Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 197 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel A convergência jornalística é considera- da uma subconvergência que está em curso em um panorama mais abrangente (Barbosa, 2009), sendo caracterizada como: Um processo multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias digitais da telecomunicação, afeta o âmbito tecnológico, empresarial, profissional e edito- rial dos meios de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços, mé- todos de trabalho e linguagens anteriormente desagregadas, de forma que os jornalistas ela- boram conteúdos que são distribuídos através de multiplataformas, mediante as linguagens próprias de cada uma (Salaverría et al., 2010, p. 59, tradução nossa). A distribuição de conteúdo em múltiplas plataformas pode ser entendida como uma ma- neira de conquistar o público fragmentado e, ao mesmo tempo, manter o antigo. Logo, podemos encontrar notícias nos mais variados locais: im- presso, rádio, televisão, portal, aplicativo para smartphone e tablet, site de rede social. A história do jornalismo esteve atrelada aos avanços tecnológicos desde o seu início. Na década de 1990, as organizações jornalísticas se apropriaram da web para produzir e dis- tribuir informações. Com a disseminação dos dispositivos móveis e dos sites de redes so- ciais, há o surgimento de novas possibilidades para o jornalismo. Vamos agora discutir como os veículos jornalísticos têm se apropriado7 dos dispositivos móveis para a distribuição de notícias em aplicativos e quais as possibilida- des de participação permitidas aos usuários no que diz respeito à recirculação da notícia nos sites de redes sociais. A relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais na recirculação de notícias Para uma melhor discussão de como se dá a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais, com foco nas possibilidades de participação permitidas aos usuários no que diz respeito à recirculação da notícia nos sites de redes sociais, iremos, neste tópico, apresen- tar os resultados do nosso mapeamento dos aplicativos jornalísticos dos portais de referên- cia brasileiros Globo.com, Uol e Estadão. O objetivo do mapeamento foi verificar quais as possibilidades de compartilhamento com as redes sociais na internet que os aplicativos jor- nalísticos permitiam. Por ser um dispositivo que cabe no bolso, pode ser usado como tele- fone, mas também como despertador, calendá- rio, além de uma infinidade de outras funções, o smartphone tem um caráter híbrido. Somado a isso, esse dispositivo é usado para a conversação bem mais que o tablet, logo, o caráter social do smartphone é mais intenso. Por conta desses mo- tivos, é importante analisar como essa relação se dá nesses dispositivos. Para este artigo, os apli- cativos foram testados apenas em um smartphone com sistema operacional Android. O mapeamento foi realizado na loja virtual Google Play, em junho de 2014, a partir das pa- lavras-chave: “Globo”, “G1”, “Uol”, “Folha” e “Estadão”. Também foram pesquisados os de- mais apps produzidos pelos desenvolvedores dos aplicativos dos portais em estudo: “Globo Comunicação e Participações S.A.”, “Globo. com”, “Infoglobo Comunicação e Participa- ções S/A”, “Sistema Globo de Rádio”, “Folha de S.Paulo”, “UOL Inc.”, “Estadão”. No en- tanto, foram filtrados apenas os aplicativos de conteúdo jornalístico. No total, encontramos 18 aplicativos jornalísticos. Desses, doze (12) permitiam algum tipo de compartilhamento do conteúdo com as redes sociais com a inter- net e seis (6) não ofereciam essa possibilidade, como é possível ver no Quadro 1. A partir desse mapeamento, verificamos que a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais na internet, no que diz respeito à recirculação de conteúdos via aplica- tivos, quando ocorre, se dá apenas a partir dos botões de compartilhamento (ver Figura 1). Destacamos também que, dependendo do aplicativo, é possível compartilhar pelos bo- tões, apenas em determinados sites de redes sociais. O Twitter e o Facebook aparecem em todos os 12 casos em que é possível o compar- tilhamento. Contudo, percebemos que houve um cres- cimento de aplicativos com botões de compar- tilhamento, visto que, em setembro de 2013 – quando começamos a observar os aplicativos jornalísticos – eram poucos os que ofereciam essa possibilidade. Entendemos que a disponibilização dos botões de compartilhamento para os sites de 7 Entendemos a apropriação como um novo uso dado às ferramentas diferente da proposta inicial, um comportamento comum na cibercultura (Lemos, 2005)
  • 7. 198 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 Maíra Evangelista de Sousa Quadro 1. Lista dos aplicativos coletados com as possibilidades de compartilhamento nos sites de redes sociais. Chart 1. List of applications collected with the sharing possibilities in social network sites. Nome do aplicativo Possibilidade de compartilhamento nos sites de redes sociais G1 Radar SIM Facebook|Twitter|Google+ Globo com_vc SIM Twitter|Facebook Globo News NÃO Globo TV SIM Twitter|Google +|Whatsapp Rádio Globo SIM Twitter|Facebook|E-mail O Globo NÃO Extra Notícias SIM Twitter|Facebook|Whatsapp Folha de S.Paulo SIM Twitter|Facebook| Google+ UOL Notícias SIM Twitter|Facebook UOL Cotações SIM Twitter |Facebook Placar UOL SIM Twitter |Facebook UOL Velocidade NÃO UOL MMA SIM Twitter|Facebook|Whatsapp Estadão Mobile SIM Twitter|Facebook|Google+|Linkedin Estadão Economia & Negócios SIM Twitter|Facebook|Google+|Linkedin Estadão Realidade Aumentada NÃO Rádio Estadão NÃO Rádio Eldorado FM NÃO Figura 1. Exemplos de botões de compartilhamento de conteúdo para os sites de redes sociais nos aplicativos jornalísticos “G1 Radar”, “UOL Notícias” e “Estadão Mobile”. Figure 1. Examples of content sharing buttons for social networking sites in journalistic applica- tions “G1 Radar”, “UOL Notícias” and “Estadão Mobile”.
  • 8. Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 199 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel redes sociais nos aplicativos é uma forma de potencializar o alcance da notícia, visto que o público pode atuar como filtro, indicando aquele determinado conteúdo para amigos, familiares e conhecidos e fazendo-o recircular (Zago, 2011), caracterizando-se, assim, como um sistema eu-cêntrico, no qual os consumido- res atuam, também, na redistribuição de notí- cias (Canavilhas, 2010a, 2010b). Dessa forma, quando uma organização jornalística coloca um botão de compartilhamento em seu aplicativo, além de potencializar o alcance da notícia, ela passa a circular de forma mais participativa. Nesse sentido, há uma coexistência da dis- tribuição e da circulação (Jenkins et al., 2014), ou seja, as informações jornalísticas são dis- tribuídas inicialmente nos aplicativos jorna- lísticos e recirculam a partir das ações dos usuários nos botões de compartilhamento, existindo, dessa maneira, um cruzamento de interagentes (Longhi e Flores, 2012). Outra observação importante está rela- cionada ao modelo de negócios, mais preci- samente aos conteúdos pagos, como é o caso do aplicativo “O GLOBO”, que disponibiliza as versões digitalizadas do jornal impresso somente se forem compradas pelos usuários. Nesses casos, não há possibilidade de com- partilhamento (ver Figura 2). O mesmo já foi percebido em produtos produzidos especial- mente para tablets, os chamados autóctones (Barbosa, 2013), como no “Globo a mais” e no “Estadão Noite”. O conteúdo, como podemos ver na Figura 2, é completamente fechado para quem paga por ele, sem nenhum tipo de botão de compartilhamento. Com a popularização dos dispositivos mó- veis, é possível que os veículos jornalísticos ofereçam aplicativos específicos para cada tipo de nicho, como é o caso do “G1 Radar”, “Uol Cotações”, “Placar Uol”, “Uol Velocida- de”, “Uol MMA”, “Estadão Economia & Ne- gócios”. Com isso, o consumidor poderá esco- lher de quais editorias deseja receber notícias e, assim, baixar apenas esses aplicativos. A circulação de conteúdos noticiosos pelas tradicionais organizações jornalísticas pode se dar por meio da mídia impressa, radiofô- nica e televisiva, mas também via aplicativos para dispositivos móveis e sites de redes so- ciais, por exemplo. O consumo, por sua vez, está mais individual, móvel e ubíquo, ou seja, o público consumidor pode baixar um apli- cativo e por meio dele receber notícias a todo instante e de qualquer lugar, bastando estar conectado, ao mesmo tempo que pode enca- minhar informações para seus amigos via sites de redes sociais. Com isso, se, antes, as pessoas precisavam ir em busca dos conteúdos, agora eles chegam até elas das mais variadas formas. Essa distribuição de conteúdo em multi- plataformas é considerada uma forma das or- ganizações jornalísticas conquistarem novos públicos e aumentarem o alcance das notícias, constituindo-se em uma maneira encontrada para enfrentar a crise, e, consequentemente, é uma estratégia da convergência jornalística. Considerações finais Este artigo se propôs a discutir a relação entre aplicativos jornalísticos e sites de redes sociais, com foco nas possibilidades de partici- pação permitidas aos usuários nos aplicativos analisados no que diz respeito à recirculação da notícia nos sites de redes sociais. A par- Figura 2. Exemplo de aplicativo sem possibili- dade de compartilhamento de conteúdo para os sites de redes sociais. Figure 2. Example of application without the possibility of sharing content to social net- working sites. Fonte: Aplicativo “O Globo”.
  • 9. 200 Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 Maíra Evangelista de Sousa tir da revisão de literatura e do mapeamento dos aplicativos jornalísticos dos portais de referência Globo.com, Uol e Estadão, verifica- mos, neste estudo exploratório, que a relação entre aplicativos jornalísticos e redes sociais na internet, quando ocorre, se dá apenas pe- los botões de compartilhamento, podendo ser considerada como uma transposição das pos- sibilidades existentes nos portais. Os botões de compartilhamento para os si- tes de redes sociais nos aplicativos jornalísti- cos é uma maneira de potencializar o alcance da notícia, uma vez que público pode compar- tilha-la com amigos, familiares e conhecidos. Dessa forma, a circulação da notícia passa a ser bem mais participativa. Nesse modelo de comunicação, ocorre uma coexistência da distribuição e da circulação. Assim, a notícia é distribuída nos aplicativos pelos veículos jornalísticos e recircula por meio das ações dos usuários nos botões de compartilhamento. Diante dessa sociedade global, móvel e co- nectada, o desafio atual das organizações jor- nalísticas é investir na produção de conteúdo para ser distribuído ubiquamente nesses dis- positivos, que estão cada vez mais próximos do corpo humano, seja no bolso, na bolsa, ou, ainda, no corpo (como os dispositivos vestí- veis – os wearable devices). Referências AGUADO, M.; CASTELLET, A. 2013. Contenidos digitales en el entorno móvil: mapa de situaci- ón para marcas informativas y usuários. In: S. BARBOSA; L. MIELNICZUK (orgs.), Jornalismo e Tecnologias Móveis. Covilhã, Livros LabCOM, p. 25-50. BARBOSA, S. 2013. Jornalismo convergente e conti- nuum multimídia na quinta geração do jornalismo nas redes digitais. In: J. CANAVILHAS (org.), No- tícias e Mobilidade: O Jornalismo na Era dos Dispositi- vos Móveis. Covilhã, Livros Labcom, p. 33-54. 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  • 10. Verso e Reverso, vol. XXIX, n. 72, setembro-dezembro 2015 201 A circulação de notícias no ecossistema midiático móvel SALAVERRÍA, R.; GARCIA AVILÉS, J. A.; MASIP, P. M. 2010. Concepto de convergencia perio- dística. In: X. LÓPEZ GARCIA; X. PEREIRA FARIÑA (orgs.), Convergencia Digital: Reconfi- guración de los medios de comunicación en España. Santiago de Compostela, Servizo de Publicacio- nes e Intercambio Científico/Universidade de Santiago de Compostela, 240 p. SCOLARI, C.; AGUADO, J.M.; FEIJÓO, C. 2012. Mobile Media: Towards a Definition and Taxon- omy of Contents and Applications. International Journal of Interactive Mobile Technologies (iJIM), 6(2):29-38. http://dx.doi.org/10.3991/ijim.v6i2.1880 SHIRKY, C. 2011. A cultura da participação: criativi- dade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro, Zahar, 213 p. SILVA, F.F. 2013. Jornalismo móvel digital: o uso das tecnologias móveis digitais e a reconfiguração das rotinas de produção da reportagem de campo. Salva- dor, BA. Tese de Doutorado. Universidade Fe- deral da Bahia, 408 p. TURKLE, S. 2011. Alone Together: Why We Expect More From Technology and Less From Each Other. New York, Basic Books, 384 p. ZAGO, G. 2011. Recirculação jornalística no Twitter: filtro e comentário de notícias por interagentes como uma forma de potencialização da circulação. Porto Alegre, RS. Dissertação de Mestrado. Universi- dade Federal do Rio Grande do Sul, 201 p. Submetido: 19/04/2015 Aceito: 12/09/2015