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COLÉGIO E CURSO GÊN SIS
NOME:

TEXTO COMPLEMENTAR – 1º BIMESTRE
1º ANO E. M.
PROFESSOR JASON LIMA
Nº_____
Data: FEVEREIRO DE 2014

Estudo do livro
AUTO DA COMPADECIDA - Ariano Suassuna
SOBRE O AUTOR
O dramaturgo e romancista Ariano Suassuna foi o principal animador do Armorial,
movimento voltado para o descobrimento e interpretação das raízes históricas do Nordeste
brasileiro.
Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Bacharel pela
faculdade de direito de Recife em 1946, Suassuna também estudou literatura. Foi nomeado
professor de estética e de história do teatro da Universidade Federal de Pernambuco, onde
fundou com outros o Teatro do Estudante de Pernambuco.
Entre suas primeiras peças constam Uma mulher vestida de sol (1947), Cantam as
harpas de Sião (1948) e Os homens de barro (1949). Desde o início de seu trabalho,
Suassuna demonstrou clara inspiração popular combinada à convicção cristã, o que o levou
a recuperar o auto religioso medieval em peças como o Auto de João da Cruz (1950) e O
arco desolado (1952). Tornou-se conhecido do público, no entanto, com os trabalhos da
segunda fase. Obteve êxito nacional em 1955 com o Auto da compadecida (1955), em que
a influência do dramaturgo português Gil Vicente e a herança da tradição folclórica lusobrasileira convergem harmonicamente.
Numa abordagem mais eclética dessas influências, Suassuna escreveu O santo e a
porca (1957) e O casamento suspeitoso (1957). Utilizou elementos próprios do teatro de
marionetes, tais como máscaras e a mecanização dos movimentos, em A pena e a lei
(1959), premiada no Festival Latino-Americano de Teatro. Em 1960 fundou o Teatro
Popular do Nordeste, onde apresentou A farsa da boa preguiça (1960) e A caseira e a
Catarina (1962).
Suassuna interrompeu deliberadamente a carreira de dramaturgo no final da década de
1960 para dedicar-se à prosa de ficção e ao papel de animador cultural no movimento
Armorial, que pregava o resgate das formas de expressão populares tradicionais. O escritor
transferiu a temática de sua dramaturgia para as obras Romance da pedra do reino e o
príncipe do sangue do vai-e-volta (1971) e a História do rei degolado nas caatingas do
sertão ao sol da onça caetana (1976).
Considerado o Cavaleiro Andante (numa clara alusão a Dom Quixote) da cultura
popular brasileira, Suassuna rejeitou a Bossa Nova (pela influência do “jazz”), o
Tropicalismo (pelo uso de guitarras elétricas) e o pernambucano “mangue-beat”, por sua
fusão de “rock” e maracatu. Também rejeitou o Prêmio Sharp somente por ele ter nome
internacional.
Eleito em 1989 para a Academia Brasileira de Letras, o talentoso paraibano, radicado
em Recife, é criticado por alguns pela sua fulgurante liberdade de mesclar erudição, e até
temas orientais, com o que existe de mais importante em nossa cultura popular. Sobre isso,
já declarou o professor, teatrólogo e romancista: “Eu era cobrado por não escrever como
Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Eu jamais escreveria um romance travado como o de
Graciliano”.
SOBRE O MOVIMENTO ARMORIAL
Criador do Movimento Armorial, o paraibano Ariano Suassuna expressa, no conceito
dessa empreitada intelectual, a filosofia que define sua obra: “O Armorial é a criação de
uma arte brasileira erudita baseada na raiz popular de nossa cultura”.
Essa criativa junção, regida pelo talento de Suassuna, deu origem à peça teatral mais
popular da história do teatro brasileiro: “O Auto da Compadecida”, transportada
recentemente para a televisão e o cinema por Guel Arraes, com novos recordes de
audiência e de público.
Por que “Auto”?
Define o dicionário Aurélio: “Auto, do latim Actu (...) - Composição dramática
originária da Idade Média, com personagens alegóricos como os pecados, as virtudes, etc.,
e que se caracteriza pela simplicidade da construção, ingenuidade da linguagem,
caracterizações exacerbadas e intenção moralizante, podendo, contudo, comportar
elementos cômicos e jocosos”.
Os elementos descritos no Aurélio estão todos presentes na obra de Suassuna.
Escrito em 1955, “O Auto da Compadecida” tornou-se, de pronto, um clássico do
teatro nacional.
SOBRE A OBRA
1 – Enredo
O “Auto” narra as hilárias aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres em
permanente luta pela sobrevivência. Pobre, porém esperto, João Grilo consegue levar a
melhor sobre ricos, poderosos e religiosos cooptados pelo poder. Morto por um cangaceiro,
o personagem usa sua esperteza para vencer o próprio diabo e obter as benesses de Cristo,
contando para tanto conta com a poderosa intercessão da Compadecida, que, na mais
recente versão cinematográfica, ganhou uma interpretação antológica da atriz Fernanda
Montenegro.
2 – Estilo
O estilo da “Compadecida” (como o texto é familiarmente chamado pelo público)
cumpre os princípios do Armorial, entrelaçando a cultura popular nordestina com a cultura
medieval e do começo do Renascimento na Europa. Ariano sempre faz questão de
enfatizar: “Tive uma influência marcante da poesia dos nossos cantadores e das peças de
mamulengos”.
Personagens como João Grilo e Chicó, tão comuns na realidade do Nordeste brasileiro,
estão também, em clássicos espanhóis como o “Dom Quixote”, de Cervantes, e nos autos
do português Gil Vicente. São universais, como assegurava o professor e crítico literário
José Carlos Lisboa: “É o regional atingindo o universal, através do lúdico”.
Suassuna considera a versão de Guel Arraes como a melhor abordagem de seu mais
comunicativo texto para as telas. Mas, no final da década de 80, quando o cinema brasileiro
dava sinais de cansaço como se já antevisse o golpe de misericórdia que lhe seria
capciosamente brandido pelo governo Collor, Renato Aragão conseguia levar multidões às
salas exibidoras com “Os Trapalhões no Auto da Compadecida”, até hoje a produção mais
ambiciosa do humorista cearense.
Só Jorge Amado e Nelson Rodrigues, em inúmeras versões cinematográficas de suas
criações, conseguiram fazer tanto sucesso no cinema quanto Ariano Suassuna, este último,
ressalte-se, em torno de um único texto.
3 – Personagens
Povo religioso, simples, de pé no chão, acuado pela seca, atormentado pelo fantasma
da fome e em constante luta contra a miséria. Um breve perfil dos sertanejos nordestinos
poderia apresentar todas essas informações. Acrescentar-se-ia, sem dúvida, a opressão a
que foram (e ainda hoje são) submetidos por famílias de poderosos coronéis, que possuem
terras e almas por vastas áreas de todo aquele Brasil.
Durante um longo período, e através de várias obras literárias e suas adaptações para o
cinema, pudemos perceber a figura desses sertanejos como a de homens de baixa estatura,
mirrados pela alimentação irregular (permeada por ciclos de escassez alimentar), de pele
queimada pelo forte sol que assola a região diariamente, de mão marcada pela labuta diária
no plantio da cana ou do algodão (do cacau, do tabaco,...), de roupas simples e de pés no
chão. Povo constantemente cerceado em sua liberdade pelas restrições impostas pelos
caciques políticos, que comandavam do alto de sua autoridade os seus currais eleitorais;
marcado em seu comportamento pelas imposições morais da Igreja Católica; castrado em
seus posicionamentos pelo analfabetismo e pela falta de informação.
Apesar de tudo isso, o "sertanejo é um forte" (como nos disse Euclides da Cunha).
Homens de muita perseverança, de fibra, de grande disposição, sempre dispostos a vencer
as adversidades que se impõem ao longo de seus tortuosos caminhos. Criadores de formas
marcantes de expressão cultural como a literatura de cordel; que possuem a música em sua
corrente sanguínea, como parte integrante de sua natureza; realizadores de obras de estética
original e própria através de seu artesanato.
João Grilo e Chicó, personagens de uma das obras-primas da literatura nacional, "O
Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, representam a transposição de todas as
características apresentadas anteriormente acrescidas a uma grande esperteza.
Retratos de uma brasilidade que às vezes parece distante dos habitantes do centro-sul e
que, no entanto, também fazem parte de cada um de nós.
A peça apresenta quinze personagens de cena e uma personagem de ligação e comando
do espetáculo.
PRINCIPAL: João Grilo
OUTRAS: Chicó, Padre João, Sacristão, Padeiro, Mulher do Padeiro, Bispo, Cangaceiro, o
Encourado, Manuel, A Compadecida, Antônio Morais, Frade, Severino do Aracaju,
Demônio.
LIGAÇÃO: Palhaço
As personagens são colocadas em primeiro lugar na análise da estrutura da peça
porque elas assumem uma posição simbólica, e é desse simbolismo que deriva a
importância do texto.
João Grilo é a personagem principal porque atua como criador de todas as situações da
peça.
As demais personagens compõem o quadro de cada situação.
O Palhaço, representando o autor, liga o circo à representação do Auto da
Compadecida.
Organizado o quadro desses personagens, vejamos agora as características de cada
uma delas.
A dimensão da importância de João Grilo surge logo no início da peça quando as
personagens são apresentadas ao público pelo Palhaço. Apenas duas personagens se
dirigem ao público. Uma, a chamado de Palhaço, quem vai representar a Compadecida, e
João Grilo.
PALHAÇO: Auto da Compadecia! Uma história altamente moral e um apelo à
misericórdia.
JOÃO GRILO: Ele diz “à misericórdia”, porque sabe que, se fôssemos julgados pela
justiça, toda a nação seria condenada. (p.24).
Mas a importância inequívoca de João Grilo na estrutura da peça define-se a partir do
fato de que as situações do Auto da Compadecida são todas desenvolvidas por essa
personagem:
1ª) A bênção do cachorro, e o expediente utilizado: o Major Antônio Morais
JOÃO GRILO: “Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do
major que se péla. Não viu a diferença? Antes era” Que maluquice, que besteira!”, agora
“Não vejo mal nenhum em se abençoar as criatura de Deus!” (p.33).
2ª) A loucura do Padre João, como justifica para o Major Antônio Morais
JOÃO GRILO: /.../ “É que eu queria avisar para Vossa Senhoria não ficar espantado: o
padre está meio doido”. (p.40). “Não sei, é a mania dele agora. Benzer tudo e chama a
gente de cachorro” (p.41).
3ª) O testamento do cachorro
JOÃO GRILO:
Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez
que o sino batia. Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos bem
compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. Até que meu patrão entendeu,
como a minha patroa, é claro, que ele queria ser abençoado e morrer como cristão. Mas
nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse que vinha encomendar a
benção e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro
acrescentaria no testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o sacristão
(p.63-64).
4ª) O gato que “descome dinheiro”
JOÃO GRILO: “Pois vou vender a ela, para tomar lugar do cachorro, um gato maravilhoso,
qeu descome dinheiro” (p.38). “Então tiro. (Passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata
de cinco tostões). Esta aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente” (p.96).
5ª) A gaita que fecha o corpo e ressuscita
JOÃO GRILO: “Mas cura. Essa gaita foi benzida por Padre Cícero, pouco antes de morrer”
(p.122).
6ª) A “visita” ao Padre Cícero
JOÃO GRILO: “Seu cabra lhe dá um tiro de rifle, você vai visitá-lo. Então eu toco na gaita
e você volta” (p.127).
Essa situação decorre da anterior, mas pode ser considerada como independente.
7ª) O julgamento pelo Diabo (o Encourado)
JOÃO GRILO: “Sai daí, pai da mentira! Sempre ouvi dizer que para se condenar uma
pessoa ela tem de ser ouvida!” (p.144).
8ª) O apelo à misericórdia (À Virgem Maria)
JOÃO GRILO: “Ah, isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto
que ela vem, querem ver?” (p.169).
Observemos agora a distribuição das personagens nas situações acima definidas, situações
essas todas elas deflagradas por João Grilo, como já foi observado.
Pela composição do quadro acima, nota-se que em todas as sequências a presença de
João Grilo é fundamental. Daí a afirmação de que a peça gira em torno dessa personagem,
do ponto de vista estrutural.
Quem é João Grilo?
a) JOÃO GRILO é uma figura típica do nordestino, sabido, analfabeto e amarelo.
 Habituado a sobreviver e a viver a partir de expedientes, trabalha na padaria, vive em
desconforto e a miséria é sua companheira.
 Sua fé nas artimanhas que cria, reflete, no fundo, uma forma de crença arraigada na
proteção que recebe, embora sem saber, da Compadecida. É essa convicção que o
salva. E ele recebe nova oportunidade de Manuel (Cristo), retornando à vida e à
companhia de Chicó. É uma oportunidade inusitada de ressurreição e retorno à
existência. Caberá a ele provar que essa oportunidade foi ou não bem aproveitada.
b) CHICÓ: Companheiro constante de João Grilo e, especialmente, seu diálogo. Chicó
envolve-se nos expedientes de João Grilo e é seu parceiro, mais por solidariedade do que
por convicção íntima. Mas é um amigo leal.
c) PADRE JOÃO, O BISPO e o SACRISTÃO. Essas personagens, embora de atuação
diversa, estão concentradas em torno de simonia e da cobiça, relacionada com a situação
contida no testamento do cachorro.
d) ANTÔNIO MORAIS. É a autoridade decorrente do poder econômico, resquício do
coronelismo nordestino, a quem se curvam a política, os sacerdotes e a gente miúda.
e) PADEIRO e sua MULHER. Encarnam, de um lado, a exploração do homem pelo
homem e, de outro, o adultério.
f) SEVERINO DO ARACAJU e o CANGACEIRO. Representam a crueldade sádica, e
desempenham um papel importante na sequência de número cinco, porque nessa sequência
matam e são mortos. Com isso propicia-se a ressurreição e o julgamento.
g) O ENCOURADO e o DEMÔNIO. Julgam, aguardando seu benefício, isto é, o
aumento da clientela do inferno. É importante verificar que representam, de alguma forma,
um instrumento da Justiça, encarnado em Manuel (O Cristo).
h) MANUEL. É o Cristo negro, justo e onisciente, encarnação do verbo e da lei. Atua
como julgador final dos da prudência mundana, do preconceito, do falso testemunho, da
velhacaria, da arrogância, da simonia, da preguiça. Personagem a personagem têm seu
pecado definido e analisado, com sabedoria e com prudência.
i) A COMPADECIDA. É Nossa Senhora, invocada por João Grilo, o ser que lhe dará a
segunda oportunidade da vida. Funciona efetivamente como medianeira, plena de
misericórdia, intervindo a favor de quem nela crê, João Grilo.
4 – Estrato Metafísico
Pela atuação das personagens, pelo sentido global que concentra a peça, percebemos
claramente que nela existe uma proposição metafísica, vinculada à Igreja Católica e à ideia
da salvação.
Ao lado da significação global do texto, como estrutura, o Palhaço define essa
proposição claramente.
O Palhaço realiza, nessa peça, o papel do Corifeu, no teatro clássico, e sua intervenção
corresponde à parábase da comédia clássica – trecho fora do enredo dramático em que as
ideias e as intenções ficam claramente expressas:
PALHAÇO: “Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga de sua igreja, o
autor quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe, mais do que ninguém,
que sua lama é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o direito de
tocar nesse tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque
acredita que esse povo sofre, é um povo e tem direito a certas intimidades” (p.23-24).
... Espero que todos os presentes aproveitem os ensinamentos desta peça e reformem
suas vidas, se bem que eu tenho certeza de que todos os que estão aqui são uns verdadeiros
santos, praticantes da virtude, do amor a Deus e ao próximo, sem maldade, sem
mesquinhez, incapazes de julgar e de falar mal dos outros, generosos, sem avareza, ótimos
patrões, excelentes empregados, sóbrios, castos e pacientes (p.137).
A intenção moral, ou moralidade da peça, fica muito clara, desde que se torne claro,
também, que essa intenção vincula-se a uma linha de pensamento religioso, e da Igreja
Católica.
5 – Temáticas
Lendo esta peça, podemos sentir sua força poética e popular, o catolicismo que ela
transmite, a simplicidade dos diálogos. A estrutura teatral e os tipos vivos fazem desta
obra um exemplo raro na dramaturgia brasileira. Vemos os tipos de personagens
nordestinos, e vemos também o tipo bem brasileiro neles, que é o de "dar conta do recado"
com o famoso "jeitinho" brasileiro. Aqui vemos a forma de criação dos personagens
segundo o autor: "Meus personagens ora são recriações de personagens populares e de
folhetos de cordel, ora são familiares ou pessoas que conheci. No Auto da Compadecida,
por exemplo, estão presentes o Palhaço e João Grilo. O Palhaço é inspirado no palhaço
Gregório da minha infância em Taperoá. Já o João Grilo é o típico nordestino „amarelo‟,
que tenta sobreviver no sertão de forma imaginosa. Costumo dizer que a astúcia é a
coragem do pobre. O nome dele é uma homenagem ao personagem de cordel e a um
vendedor de jornal astucioso que eu conheci na década de 50 e que tinha este apelido.
"Vemos que o catolicismo está presente devido ao grande apego que os nordestinos têm a
DEUS e o grande medo do diabo, vemos também que os personagens masculinos
expressam o tipo "machões", mas na verdade alguns deles são muito medrosos,
principalmente quando se envolve a figura de forças superiores. O livro mostra a esperteza
de muitos personagens também, é o caso de João Grilo, que aplica vários "golpes" ao
decorrer da história, dando uma de personagem malandro e aproveitador dos idiotas e
ingênuos.
PROBLEMÁTICA DA OBRA
Pela estrutura da peça, pudemos notar que:
1- sua intenção clara e expressa é de natureza moral, e de moral católica;
2- os componentes estruturais do texto revelam personagens que simbolizam pecados
(maiores ou menores), que recebem o direito ao julgamento, que gozam do livre-arbítrio e
que são ou não condenados.
Percebe-se, de outro lado, que a preocupação maior reside em compor um auto de
moralidade, ao estilo quinhentista português (modelo Gil Vicente), mas seguindo a linha do
teatro dirigido aos catecúmenos, do Padre Anchieta.
Para tanto, a peça se embasa em determinadas tradições localistas e regionalistas do
folclore, com vistas à sua sublimação como instrumento pitoresco de comunicação com o
público (que, no caso, seriam os catecúmenos).
Com isso, nota-se que a realidade regional brasileira, especificamente a realidade
nordestina, está presente através de seus instrumentos culturais mais significativos, as
crenças e a literatura de cordel.
O autor não pretende analisar essa realidade brasileira, mas a partir dela moralizar os
homens, isto é, dinamizar nas suas consciências a noção do dever humano e da
responsabilidade de cada um em relação a seus semelhantes e em relação a Deus,
onisciente e onipresente.
CONCLUSÃO
Como proposição estética, o Auto da Compadecida procura corporificar as seguintes
noções:
1- a criação artística, o teatro em particular, deve levar o povo, a cultura desse povo a
ele mesmo. Daí o circo, seu picadeiro e a representação dentro da representação.
2- menos do que a realidade regional e cultural de um povo, o que importa é criar um
projeto que defina ideias e concepções universais (as da Igreja, no caso) com o fim de
conscientizar o público. Por esse motivo, a realidade regional nordestina é, no caso,
instrumento de uma ideia e não fim em si mesma;
3- criar um texto teatral é, antes de tudo, criá-lo para uma encenação, daí a absoluta
liberdade que o Autor „dá para qualquer modalidade de encenação‟. O próprio texto final
da peça, como editado, é o resultado da experiência colhida à representação pública.

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Material dirigido para estudo - Auto da Compadecida

  • 1. COLÉGIO E CURSO GÊN SIS NOME: TEXTO COMPLEMENTAR – 1º BIMESTRE 1º ANO E. M. PROFESSOR JASON LIMA Nº_____ Data: FEVEREIRO DE 2014 Estudo do livro AUTO DA COMPADECIDA - Ariano Suassuna SOBRE O AUTOR O dramaturgo e romancista Ariano Suassuna foi o principal animador do Armorial, movimento voltado para o descobrimento e interpretação das raízes históricas do Nordeste brasileiro. Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa, em 16 de junho de 1927. Bacharel pela faculdade de direito de Recife em 1946, Suassuna também estudou literatura. Foi nomeado professor de estética e de história do teatro da Universidade Federal de Pernambuco, onde fundou com outros o Teatro do Estudante de Pernambuco. Entre suas primeiras peças constam Uma mulher vestida de sol (1947), Cantam as harpas de Sião (1948) e Os homens de barro (1949). Desde o início de seu trabalho, Suassuna demonstrou clara inspiração popular combinada à convicção cristã, o que o levou a recuperar o auto religioso medieval em peças como o Auto de João da Cruz (1950) e O arco desolado (1952). Tornou-se conhecido do público, no entanto, com os trabalhos da segunda fase. Obteve êxito nacional em 1955 com o Auto da compadecida (1955), em que a influência do dramaturgo português Gil Vicente e a herança da tradição folclórica lusobrasileira convergem harmonicamente. Numa abordagem mais eclética dessas influências, Suassuna escreveu O santo e a porca (1957) e O casamento suspeitoso (1957). Utilizou elementos próprios do teatro de marionetes, tais como máscaras e a mecanização dos movimentos, em A pena e a lei (1959), premiada no Festival Latino-Americano de Teatro. Em 1960 fundou o Teatro Popular do Nordeste, onde apresentou A farsa da boa preguiça (1960) e A caseira e a Catarina (1962). Suassuna interrompeu deliberadamente a carreira de dramaturgo no final da década de 1960 para dedicar-se à prosa de ficção e ao papel de animador cultural no movimento Armorial, que pregava o resgate das formas de expressão populares tradicionais. O escritor transferiu a temática de sua dramaturgia para as obras Romance da pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta (1971) e a História do rei degolado nas caatingas do sertão ao sol da onça caetana (1976). Considerado o Cavaleiro Andante (numa clara alusão a Dom Quixote) da cultura popular brasileira, Suassuna rejeitou a Bossa Nova (pela influência do “jazz”), o Tropicalismo (pelo uso de guitarras elétricas) e o pernambucano “mangue-beat”, por sua fusão de “rock” e maracatu. Também rejeitou o Prêmio Sharp somente por ele ter nome internacional. Eleito em 1989 para a Academia Brasileira de Letras, o talentoso paraibano, radicado em Recife, é criticado por alguns pela sua fulgurante liberdade de mesclar erudição, e até temas orientais, com o que existe de mais importante em nossa cultura popular. Sobre isso, já declarou o professor, teatrólogo e romancista: “Eu era cobrado por não escrever como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Eu jamais escreveria um romance travado como o de Graciliano”.
  • 2. SOBRE O MOVIMENTO ARMORIAL Criador do Movimento Armorial, o paraibano Ariano Suassuna expressa, no conceito dessa empreitada intelectual, a filosofia que define sua obra: “O Armorial é a criação de uma arte brasileira erudita baseada na raiz popular de nossa cultura”. Essa criativa junção, regida pelo talento de Suassuna, deu origem à peça teatral mais popular da história do teatro brasileiro: “O Auto da Compadecida”, transportada recentemente para a televisão e o cinema por Guel Arraes, com novos recordes de audiência e de público. Por que “Auto”? Define o dicionário Aurélio: “Auto, do latim Actu (...) - Composição dramática originária da Idade Média, com personagens alegóricos como os pecados, as virtudes, etc., e que se caracteriza pela simplicidade da construção, ingenuidade da linguagem, caracterizações exacerbadas e intenção moralizante, podendo, contudo, comportar elementos cômicos e jocosos”. Os elementos descritos no Aurélio estão todos presentes na obra de Suassuna. Escrito em 1955, “O Auto da Compadecida” tornou-se, de pronto, um clássico do teatro nacional. SOBRE A OBRA 1 – Enredo O “Auto” narra as hilárias aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres em permanente luta pela sobrevivência. Pobre, porém esperto, João Grilo consegue levar a melhor sobre ricos, poderosos e religiosos cooptados pelo poder. Morto por um cangaceiro, o personagem usa sua esperteza para vencer o próprio diabo e obter as benesses de Cristo, contando para tanto conta com a poderosa intercessão da Compadecida, que, na mais recente versão cinematográfica, ganhou uma interpretação antológica da atriz Fernanda Montenegro. 2 – Estilo O estilo da “Compadecida” (como o texto é familiarmente chamado pelo público) cumpre os princípios do Armorial, entrelaçando a cultura popular nordestina com a cultura medieval e do começo do Renascimento na Europa. Ariano sempre faz questão de enfatizar: “Tive uma influência marcante da poesia dos nossos cantadores e das peças de mamulengos”. Personagens como João Grilo e Chicó, tão comuns na realidade do Nordeste brasileiro, estão também, em clássicos espanhóis como o “Dom Quixote”, de Cervantes, e nos autos do português Gil Vicente. São universais, como assegurava o professor e crítico literário José Carlos Lisboa: “É o regional atingindo o universal, através do lúdico”. Suassuna considera a versão de Guel Arraes como a melhor abordagem de seu mais comunicativo texto para as telas. Mas, no final da década de 80, quando o cinema brasileiro dava sinais de cansaço como se já antevisse o golpe de misericórdia que lhe seria capciosamente brandido pelo governo Collor, Renato Aragão conseguia levar multidões às salas exibidoras com “Os Trapalhões no Auto da Compadecida”, até hoje a produção mais ambiciosa do humorista cearense. Só Jorge Amado e Nelson Rodrigues, em inúmeras versões cinematográficas de suas criações, conseguiram fazer tanto sucesso no cinema quanto Ariano Suassuna, este último, ressalte-se, em torno de um único texto.
  • 3. 3 – Personagens Povo religioso, simples, de pé no chão, acuado pela seca, atormentado pelo fantasma da fome e em constante luta contra a miséria. Um breve perfil dos sertanejos nordestinos poderia apresentar todas essas informações. Acrescentar-se-ia, sem dúvida, a opressão a que foram (e ainda hoje são) submetidos por famílias de poderosos coronéis, que possuem terras e almas por vastas áreas de todo aquele Brasil. Durante um longo período, e através de várias obras literárias e suas adaptações para o cinema, pudemos perceber a figura desses sertanejos como a de homens de baixa estatura, mirrados pela alimentação irregular (permeada por ciclos de escassez alimentar), de pele queimada pelo forte sol que assola a região diariamente, de mão marcada pela labuta diária no plantio da cana ou do algodão (do cacau, do tabaco,...), de roupas simples e de pés no chão. Povo constantemente cerceado em sua liberdade pelas restrições impostas pelos caciques políticos, que comandavam do alto de sua autoridade os seus currais eleitorais; marcado em seu comportamento pelas imposições morais da Igreja Católica; castrado em seus posicionamentos pelo analfabetismo e pela falta de informação. Apesar de tudo isso, o "sertanejo é um forte" (como nos disse Euclides da Cunha). Homens de muita perseverança, de fibra, de grande disposição, sempre dispostos a vencer as adversidades que se impõem ao longo de seus tortuosos caminhos. Criadores de formas marcantes de expressão cultural como a literatura de cordel; que possuem a música em sua corrente sanguínea, como parte integrante de sua natureza; realizadores de obras de estética original e própria através de seu artesanato. João Grilo e Chicó, personagens de uma das obras-primas da literatura nacional, "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, representam a transposição de todas as características apresentadas anteriormente acrescidas a uma grande esperteza. Retratos de uma brasilidade que às vezes parece distante dos habitantes do centro-sul e que, no entanto, também fazem parte de cada um de nós. A peça apresenta quinze personagens de cena e uma personagem de ligação e comando do espetáculo. PRINCIPAL: João Grilo OUTRAS: Chicó, Padre João, Sacristão, Padeiro, Mulher do Padeiro, Bispo, Cangaceiro, o Encourado, Manuel, A Compadecida, Antônio Morais, Frade, Severino do Aracaju, Demônio. LIGAÇÃO: Palhaço As personagens são colocadas em primeiro lugar na análise da estrutura da peça porque elas assumem uma posição simbólica, e é desse simbolismo que deriva a importância do texto. João Grilo é a personagem principal porque atua como criador de todas as situações da peça. As demais personagens compõem o quadro de cada situação. O Palhaço, representando o autor, liga o circo à representação do Auto da Compadecida. Organizado o quadro desses personagens, vejamos agora as características de cada uma delas. A dimensão da importância de João Grilo surge logo no início da peça quando as personagens são apresentadas ao público pelo Palhaço. Apenas duas personagens se dirigem ao público. Uma, a chamado de Palhaço, quem vai representar a Compadecida, e João Grilo.
  • 4. PALHAÇO: Auto da Compadecia! Uma história altamente moral e um apelo à misericórdia. JOÃO GRILO: Ele diz “à misericórdia”, porque sabe que, se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada. (p.24). Mas a importância inequívoca de João Grilo na estrutura da peça define-se a partir do fato de que as situações do Auto da Compadecida são todas desenvolvidas por essa personagem: 1ª) A bênção do cachorro, e o expediente utilizado: o Major Antônio Morais JOÃO GRILO: “Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major que se péla. Não viu a diferença? Antes era” Que maluquice, que besteira!”, agora “Não vejo mal nenhum em se abençoar as criatura de Deus!” (p.33). 2ª) A loucura do Padre João, como justifica para o Major Antônio Morais JOÃO GRILO: /.../ “É que eu queria avisar para Vossa Senhoria não ficar espantado: o padre está meio doido”. (p.40). “Não sei, é a mania dele agora. Benzer tudo e chama a gente de cachorro” (p.41). 3ª) O testamento do cachorro JOÃO GRILO: Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia. Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. Até que meu patrão entendeu, como a minha patroa, é claro, que ele queria ser abençoado e morrer como cristão. Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse que vinha encomendar a benção e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro acrescentaria no testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o sacristão (p.63-64). 4ª) O gato que “descome dinheiro” JOÃO GRILO: “Pois vou vender a ela, para tomar lugar do cachorro, um gato maravilhoso, qeu descome dinheiro” (p.38). “Então tiro. (Passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata de cinco tostões). Esta aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente” (p.96). 5ª) A gaita que fecha o corpo e ressuscita JOÃO GRILO: “Mas cura. Essa gaita foi benzida por Padre Cícero, pouco antes de morrer” (p.122). 6ª) A “visita” ao Padre Cícero JOÃO GRILO: “Seu cabra lhe dá um tiro de rifle, você vai visitá-lo. Então eu toco na gaita e você volta” (p.127). Essa situação decorre da anterior, mas pode ser considerada como independente. 7ª) O julgamento pelo Diabo (o Encourado)
  • 5. JOÃO GRILO: “Sai daí, pai da mentira! Sempre ouvi dizer que para se condenar uma pessoa ela tem de ser ouvida!” (p.144). 8ª) O apelo à misericórdia (À Virgem Maria) JOÃO GRILO: “Ah, isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver?” (p.169). Observemos agora a distribuição das personagens nas situações acima definidas, situações essas todas elas deflagradas por João Grilo, como já foi observado. Pela composição do quadro acima, nota-se que em todas as sequências a presença de João Grilo é fundamental. Daí a afirmação de que a peça gira em torno dessa personagem, do ponto de vista estrutural. Quem é João Grilo? a) JOÃO GRILO é uma figura típica do nordestino, sabido, analfabeto e amarelo.  Habituado a sobreviver e a viver a partir de expedientes, trabalha na padaria, vive em desconforto e a miséria é sua companheira.  Sua fé nas artimanhas que cria, reflete, no fundo, uma forma de crença arraigada na proteção que recebe, embora sem saber, da Compadecida. É essa convicção que o salva. E ele recebe nova oportunidade de Manuel (Cristo), retornando à vida e à companhia de Chicó. É uma oportunidade inusitada de ressurreição e retorno à existência. Caberá a ele provar que essa oportunidade foi ou não bem aproveitada. b) CHICÓ: Companheiro constante de João Grilo e, especialmente, seu diálogo. Chicó envolve-se nos expedientes de João Grilo e é seu parceiro, mais por solidariedade do que por convicção íntima. Mas é um amigo leal. c) PADRE JOÃO, O BISPO e o SACRISTÃO. Essas personagens, embora de atuação diversa, estão concentradas em torno de simonia e da cobiça, relacionada com a situação contida no testamento do cachorro. d) ANTÔNIO MORAIS. É a autoridade decorrente do poder econômico, resquício do coronelismo nordestino, a quem se curvam a política, os sacerdotes e a gente miúda. e) PADEIRO e sua MULHER. Encarnam, de um lado, a exploração do homem pelo homem e, de outro, o adultério. f) SEVERINO DO ARACAJU e o CANGACEIRO. Representam a crueldade sádica, e desempenham um papel importante na sequência de número cinco, porque nessa sequência matam e são mortos. Com isso propicia-se a ressurreição e o julgamento. g) O ENCOURADO e o DEMÔNIO. Julgam, aguardando seu benefício, isto é, o aumento da clientela do inferno. É importante verificar que representam, de alguma forma, um instrumento da Justiça, encarnado em Manuel (O Cristo). h) MANUEL. É o Cristo negro, justo e onisciente, encarnação do verbo e da lei. Atua como julgador final dos da prudência mundana, do preconceito, do falso testemunho, da velhacaria, da arrogância, da simonia, da preguiça. Personagem a personagem têm seu pecado definido e analisado, com sabedoria e com prudência.
  • 6. i) A COMPADECIDA. É Nossa Senhora, invocada por João Grilo, o ser que lhe dará a segunda oportunidade da vida. Funciona efetivamente como medianeira, plena de misericórdia, intervindo a favor de quem nela crê, João Grilo. 4 – Estrato Metafísico Pela atuação das personagens, pelo sentido global que concentra a peça, percebemos claramente que nela existe uma proposição metafísica, vinculada à Igreja Católica e à ideia da salvação. Ao lado da significação global do texto, como estrutura, o Palhaço define essa proposição claramente. O Palhaço realiza, nessa peça, o papel do Corifeu, no teatro clássico, e sua intervenção corresponde à parábase da comédia clássica – trecho fora do enredo dramático em que as ideias e as intenções ficam claramente expressas: PALHAÇO: “Ao escrever esta peça, onde combate o mundanismo, praga de sua igreja, o autor quis ser representado por um palhaço, para indicar que sabe, mais do que ninguém, que sua lama é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia. Ele não tinha o direito de tocar nesse tema, mas ousou fazê-lo, baseado no espírito popular de sua gente, porque acredita que esse povo sofre, é um povo e tem direito a certas intimidades” (p.23-24). ... Espero que todos os presentes aproveitem os ensinamentos desta peça e reformem suas vidas, se bem que eu tenho certeza de que todos os que estão aqui são uns verdadeiros santos, praticantes da virtude, do amor a Deus e ao próximo, sem maldade, sem mesquinhez, incapazes de julgar e de falar mal dos outros, generosos, sem avareza, ótimos patrões, excelentes empregados, sóbrios, castos e pacientes (p.137). A intenção moral, ou moralidade da peça, fica muito clara, desde que se torne claro, também, que essa intenção vincula-se a uma linha de pensamento religioso, e da Igreja Católica. 5 – Temáticas Lendo esta peça, podemos sentir sua força poética e popular, o catolicismo que ela transmite, a simplicidade dos diálogos. A estrutura teatral e os tipos vivos fazem desta obra um exemplo raro na dramaturgia brasileira. Vemos os tipos de personagens nordestinos, e vemos também o tipo bem brasileiro neles, que é o de "dar conta do recado" com o famoso "jeitinho" brasileiro. Aqui vemos a forma de criação dos personagens segundo o autor: "Meus personagens ora são recriações de personagens populares e de folhetos de cordel, ora são familiares ou pessoas que conheci. No Auto da Compadecida, por exemplo, estão presentes o Palhaço e João Grilo. O Palhaço é inspirado no palhaço Gregório da minha infância em Taperoá. Já o João Grilo é o típico nordestino „amarelo‟, que tenta sobreviver no sertão de forma imaginosa. Costumo dizer que a astúcia é a coragem do pobre. O nome dele é uma homenagem ao personagem de cordel e a um vendedor de jornal astucioso que eu conheci na década de 50 e que tinha este apelido. "Vemos que o catolicismo está presente devido ao grande apego que os nordestinos têm a DEUS e o grande medo do diabo, vemos também que os personagens masculinos expressam o tipo "machões", mas na verdade alguns deles são muito medrosos, principalmente quando se envolve a figura de forças superiores. O livro mostra a esperteza de muitos personagens também, é o caso de João Grilo, que aplica vários "golpes" ao decorrer da história, dando uma de personagem malandro e aproveitador dos idiotas e ingênuos.
  • 7. PROBLEMÁTICA DA OBRA Pela estrutura da peça, pudemos notar que: 1- sua intenção clara e expressa é de natureza moral, e de moral católica; 2- os componentes estruturais do texto revelam personagens que simbolizam pecados (maiores ou menores), que recebem o direito ao julgamento, que gozam do livre-arbítrio e que são ou não condenados. Percebe-se, de outro lado, que a preocupação maior reside em compor um auto de moralidade, ao estilo quinhentista português (modelo Gil Vicente), mas seguindo a linha do teatro dirigido aos catecúmenos, do Padre Anchieta. Para tanto, a peça se embasa em determinadas tradições localistas e regionalistas do folclore, com vistas à sua sublimação como instrumento pitoresco de comunicação com o público (que, no caso, seriam os catecúmenos). Com isso, nota-se que a realidade regional brasileira, especificamente a realidade nordestina, está presente através de seus instrumentos culturais mais significativos, as crenças e a literatura de cordel. O autor não pretende analisar essa realidade brasileira, mas a partir dela moralizar os homens, isto é, dinamizar nas suas consciências a noção do dever humano e da responsabilidade de cada um em relação a seus semelhantes e em relação a Deus, onisciente e onipresente. CONCLUSÃO Como proposição estética, o Auto da Compadecida procura corporificar as seguintes noções: 1- a criação artística, o teatro em particular, deve levar o povo, a cultura desse povo a ele mesmo. Daí o circo, seu picadeiro e a representação dentro da representação. 2- menos do que a realidade regional e cultural de um povo, o que importa é criar um projeto que defina ideias e concepções universais (as da Igreja, no caso) com o fim de conscientizar o público. Por esse motivo, a realidade regional nordestina é, no caso, instrumento de uma ideia e não fim em si mesma; 3- criar um texto teatral é, antes de tudo, criá-lo para uma encenação, daí a absoluta liberdade que o Autor „dá para qualquer modalidade de encenação‟. O próprio texto final da peça, como editado, é o resultado da experiência colhida à representação pública.