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Resenhas Críticas
CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. A canção da inteireza: uma visão
holística da educação. São Paulo: Summus Editorial, 1995. 92 p.
Este trabalho de Clodoaldo
Meneguello Cardoso oferece importante contribuição para uma visão sistematizada da abordagem
holística em educação, analisando
seus fundamentos filosóficos, teoria da aprendizagem, prática de ensino e bases axiológicas.
Valendo-se do pensamento de
Thomas Kuhn, o autor inicia sua reflexão sobre as mudanças paradigmáticas que são "determinados momentos históricos em que ocorrem
profundas rupturas no processo cumulativo da cultura humana". Neste
sentido, elege para análise três
paradigmas da história ocidental:
1. O paradigma teocèntrico,
cuja construção teve como base
duas tradições religiosas: o orfismo
e o cristianismo. Sistematizado filosoficamente no mundo medieval,
a partir de algumas teorias do pensamento grego, como o platonismo,

tem uma concepção dualista e
espiritualista de homem.
2. O paradigma antropocêntrica, alicerçado nas duas grandes
correntes filosóficas, o racionalismo
e o empirismo, que contribuíram
para a formação da ciência moderna. Segundo o autor, esse paradigma traz basicamente a marca do
racionalismo cartesiano, pois fundamenta-se: a) no método analítico, que busca atingir a verdade do
todo por meio da investigação de
cada uma de suas partes; b) no primado da razão, locus da verdade
indubitável — o cogito cartesiano,
que transcende o mundo das sensações e dos sentimentos; c) na concepção antropológica dualista, divisão entre matéria e mente.
3. O paradigma ecocêntrico,
que se propõe superar a visão
racionalista-mecanicista do mundo
com a construção de um "novo con-
ceito de saber"e de uma verdadeira
conversão para outros valores. Assim, para Cardoso, "a visão holística
considera não somente a razão e a
sensação, mas também a intuição
e o sentimento como vias de construção do real".
Como resumo desta primeira
parte, o autor esclarece que o
paradigma holístico, embora seja
uma nova visão e uma nova abordagem do real, tem raízes na história e "é preciso sempre resgatar o
sentido de tempo na construção do
pensamento humano para não se
perder a noção de processo".
Na segunda parte, Cardoso delineia uma visão holística da educação. Apresenta, inicialmente, as
dificuldades de se estabelecer de
forma sistematizada a educação
holística, por carecer ainda de
corpus teórico que sustente a prática pedagógica. Para tanto, o autor recorre a toda publicação e divulgação existentes e também descreve suas impressões pessoais, resultantes de esforço e envolvimento
holístico. Assim, para uma abordagem holística da educação é necessário, no entender do autor, ter cla-

ro que "ser holístico é saber respeitar diferenças, identificando a unidade dialética das partes no plano
da totalidade" e que sua base deve
conduzir a novos caminhos.
Neste sentido, Cardoso discorre e sistematiza os fundamentos filosóficos, os princípios da aprendizagem, a prática de ensino para, finalmente, esboçar os valores subjacentes à visão holística da educação.
Quanto aos fundamentos filosóficos, o autor apresenta a visão
de realidade, de homem e de educação do pensamento holístico. A
visão de realidade é indicada como
característica para se compreender
que todos os fenômenos no universo estão interligados na perspectiva da totalidade e do dinamismo
dialético da realidade.
No que se refere à concepção
de homem, Cardoso considera corpo, intelecto, sentimento e espírito
como dimensões inseparáveis,
indivisíveis, cujo desenvolvimento
depende de participações interativas
e articuladas nos planos comunitário, social, planetário e cósmico.
Por isto, "não se entende o homem
somente a partir de si mesmo, como
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como parte de um todo".
A concepção de educação, considerada na visão holística, assume
para Cardoso um significado amplo.
Para ele, as práticas pedagógicas
devem ser trabalhadas de forma a
integrar razão, sensação, sentimento e intuição para "a integração
intercultural, ou seja, para a visão
planetária das coisas, em nome da
paz e da unidade do mundo". Teria,
enfim, características de criar condições para que o educando adquira
uma "nova consciência que transcenda do eu individual para o eu
transpessoal", através da consciência ecológica (essência da educação
holística). Neste sentido, o papel do
educador seria o de "... estimular o
educando a aprender a aprender para
desenvolver todas as potencialidades". Embora para o autor a abordagem holística em educação ainda
não tenha uma teoria da aprendizagem sistematizada e formal, ele disserta sobre alguns pressupostos que
poderão nortear uma teoria, sempre
destacando como base que a aprendizagem deve ser "integral". Se antes a aprendizagem visava apenas à

aquisição de conhecimentos e desempenhos bem-sucedidos, agora
passa também a exigir uma mudança de valores para educar o aluno
como um todo para um mundo como
um todo.
Com referência à prática de ensino, uma educação holística estabelece seus objetivos voltados para
"a espiritualidade do indivíduo, a
justiça social, a paz e o desenvolvimento sustentado". Os conteúdos
a serem trabalhados têm como objetivo geral a formação integral do
aluno. Para tanto, os esforços teóricos, metodológicos e avaliativos
envolvem necessariamente o corpo,
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Para Cardoso, as bases axiológicas de uma educação holística visam superar a vivência destrutiva
que o homem contemporâneo tem
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educativa visa à formação de uma
consciência ecológica profunda no
aluno, explicitada nos valores de
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O autor finaliza o trabalho com
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holístico. Para ele, esse novo paradigma apresenta dificuldades de ordem teórica e prática a serem superadas: a relação entre ciência e tradição mística; a metodologia transdisciplinar e a articulação entre a realidade interior e a realidade histórica. Apesar dessas vicissitudes, Cardoso vê, pelo menos, três importantes contribuições do paradigma
holístico para a educação neste final
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fundamentalmente ética; a inserção,

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A Canção da inteireza nos apela para ver a educação, neste final
de século, não apenas como um
questão teórico-prática que desafia
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ser entoada no coração do homem.
Ana Maria Freire da Palma
Marques de Almeida
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(UNESP) Campus de Bauru

PARO, V.H. Eleição de diretores: a escola pública experimenta a democracia. São Paulo: Papirus, 1996. 144p.

Nos anos 80, assistimos no Brasil a uma efervescência social que
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Em busca do aperfeiçoamento democrático, ascende o movimento
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EXEMPLO DE RESENHA CRITICA

  • 1. Resenhas Críticas CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. A canção da inteireza: uma visão holística da educação. São Paulo: Summus Editorial, 1995. 92 p. Este trabalho de Clodoaldo Meneguello Cardoso oferece importante contribuição para uma visão sistematizada da abordagem holística em educação, analisando seus fundamentos filosóficos, teoria da aprendizagem, prática de ensino e bases axiológicas. Valendo-se do pensamento de Thomas Kuhn, o autor inicia sua reflexão sobre as mudanças paradigmáticas que são "determinados momentos históricos em que ocorrem profundas rupturas no processo cumulativo da cultura humana". Neste sentido, elege para análise três paradigmas da história ocidental: 1. O paradigma teocèntrico, cuja construção teve como base duas tradições religiosas: o orfismo e o cristianismo. Sistematizado filosoficamente no mundo medieval, a partir de algumas teorias do pensamento grego, como o platonismo, tem uma concepção dualista e espiritualista de homem. 2. O paradigma antropocêntrica, alicerçado nas duas grandes correntes filosóficas, o racionalismo e o empirismo, que contribuíram para a formação da ciência moderna. Segundo o autor, esse paradigma traz basicamente a marca do racionalismo cartesiano, pois fundamenta-se: a) no método analítico, que busca atingir a verdade do todo por meio da investigação de cada uma de suas partes; b) no primado da razão, locus da verdade indubitável — o cogito cartesiano, que transcende o mundo das sensações e dos sentimentos; c) na concepção antropológica dualista, divisão entre matéria e mente. 3. O paradigma ecocêntrico, que se propõe superar a visão racionalista-mecanicista do mundo com a construção de um "novo con-
  • 2. ceito de saber"e de uma verdadeira conversão para outros valores. Assim, para Cardoso, "a visão holística considera não somente a razão e a sensação, mas também a intuição e o sentimento como vias de construção do real". Como resumo desta primeira parte, o autor esclarece que o paradigma holístico, embora seja uma nova visão e uma nova abordagem do real, tem raízes na história e "é preciso sempre resgatar o sentido de tempo na construção do pensamento humano para não se perder a noção de processo". Na segunda parte, Cardoso delineia uma visão holística da educação. Apresenta, inicialmente, as dificuldades de se estabelecer de forma sistematizada a educação holística, por carecer ainda de corpus teórico que sustente a prática pedagógica. Para tanto, o autor recorre a toda publicação e divulgação existentes e também descreve suas impressões pessoais, resultantes de esforço e envolvimento holístico. Assim, para uma abordagem holística da educação é necessário, no entender do autor, ter cla- ro que "ser holístico é saber respeitar diferenças, identificando a unidade dialética das partes no plano da totalidade" e que sua base deve conduzir a novos caminhos. Neste sentido, Cardoso discorre e sistematiza os fundamentos filosóficos, os princípios da aprendizagem, a prática de ensino para, finalmente, esboçar os valores subjacentes à visão holística da educação. Quanto aos fundamentos filosóficos, o autor apresenta a visão de realidade, de homem e de educação do pensamento holístico. A visão de realidade é indicada como característica para se compreender que todos os fenômenos no universo estão interligados na perspectiva da totalidade e do dinamismo dialético da realidade. No que se refere à concepção de homem, Cardoso considera corpo, intelecto, sentimento e espírito como dimensões inseparáveis, indivisíveis, cujo desenvolvimento depende de participações interativas e articuladas nos planos comunitário, social, planetário e cósmico. Por isto, "não se entende o homem somente a partir de si mesmo, como
  • 3. centro e senhor da natureza, mas como parte de um todo". A concepção de educação, considerada na visão holística, assume para Cardoso um significado amplo. Para ele, as práticas pedagógicas devem ser trabalhadas de forma a integrar razão, sensação, sentimento e intuição para "a integração intercultural, ou seja, para a visão planetária das coisas, em nome da paz e da unidade do mundo". Teria, enfim, características de criar condições para que o educando adquira uma "nova consciência que transcenda do eu individual para o eu transpessoal", através da consciência ecológica (essência da educação holística). Neste sentido, o papel do educador seria o de "... estimular o educando a aprender a aprender para desenvolver todas as potencialidades". Embora para o autor a abordagem holística em educação ainda não tenha uma teoria da aprendizagem sistematizada e formal, ele disserta sobre alguns pressupostos que poderão nortear uma teoria, sempre destacando como base que a aprendizagem deve ser "integral". Se antes a aprendizagem visava apenas à aquisição de conhecimentos e desempenhos bem-sucedidos, agora passa também a exigir uma mudança de valores para educar o aluno como um todo para um mundo como um todo. Com referência à prática de ensino, uma educação holística estabelece seus objetivos voltados para "a espiritualidade do indivíduo, a justiça social, a paz e o desenvolvimento sustentado". Os conteúdos a serem trabalhados têm como objetivo geral a formação integral do aluno. Para tanto, os esforços teóricos, metodológicos e avaliativos envolvem necessariamente o corpo, o intelecto, o sentimento e o espírito do educando. Para Cardoso, as bases axiológicas de uma educação holística visam superar a vivência destrutiva que o homem contemporâneo tem em relação ao ambiente físico, social e interior. Nesse sentido, a ação educativa visa à formação de uma consciência ecológica profunda no aluno, explicitada nos valores de desenvolvimento humano integral, cooperação e uso sustentável dos recursos naturais.
  • 4. O autor finaliza o trabalho com uma avaliação crítica do pensamento holístico. Para ele, esse novo paradigma apresenta dificuldades de ordem teórica e prática a serem superadas: a relação entre ciência e tradição mística; a metodologia transdisciplinar e a articulação entre a realidade interior e a realidade histórica. Apesar dessas vicissitudes, Cardoso vê, pelo menos, três importantes contribuições do paradigma holístico para a educação neste final de século: a preocupação com a formação de uma consciência ambiental fundamentalmente ética; a inserção, no processo educativo, de uma espiritualidade que transcenda a prática religiosa; e a proposta de uma aprendizagem teórico-vivencial que amplie e aprofunde o binômio teoria-pràtica. A Canção da inteireza nos apela para ver a educação, neste final de século, não apenas como um questão teórico-prática que desafia o intelecto, mas como uma canção a ser entoada no coração do homem. Ana Maria Freire da Palma Marques de Almeida Universidade Estadual Paulista (UNESP) Campus de Bauru PARO, V.H. Eleição de diretores: a escola pública experimenta a democracia. São Paulo: Papirus, 1996. 144p. Nos anos 80, assistimos no Brasil a uma efervescência social que culminou na abertura política e no desmantelamento do regime autoritário comandado pelos militares. Em busca do aperfeiçoamento democrático, ascende o movimento sindical dos trabalhadores. A luta dos professores, por sua vez, tem, entre outras bandeiras, a defesa da gestão democrática da escola. Proposta comum aos governos estaduais de oposição foi a escolha livre, direta e, portanto, democrática, dos dirigentes escolares, em substituição à nomeação, que, de forma velada, mantinha os elos das oligarquias dominantes e dos