3. APRESENTAÇÃO Podemos estimar que as primeiras manifestações de subjetividade humana ocorreram em cumplicidade com a arte, como é o caso das relações do homem com o que identificamos como arte pré-histórica.
4. O homem das cavernas desenhava , cantava , dançava e comungava numa verdadeira celebração à liberdade com o meio em que vivia. Desde esse momento “inaugural” as manifestações artísticas em suas múltiplas faces, como por exemplo, a música, a pintura, a arquitetura, a poesia, a dramaturgia, constituíram universos próprios e, apesar das rígidas regras que, muitas vezes, tentaram mantê-las estanques, os artistas, compelidos pelo imaginário artístico, sempre as burlaram, fazendo, assim, valer o espírito livre da arte e, por conseguinte da vida.
5. A Literatura, sobremaneira, em sua aventura no âmbito das manifestações culturais, sempre esteve vinculada a um diálogo profícuo com outras formas de representação do mundo. Esse diálogo se problematizou bastante com o advento da cultura de massa e das forças mercadológicas da contemporaneidade.
6. Da ZONA DA MATA ao SERTÃO : JOÃO CABRAL DE MELO NETO e EUCLIDES DA CUNHA.
7. JOÃO CABRAL DE MELO NETO João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife, a 9 de janeiro de 1920, e morreu no Rio de Janeiro, em 08 de outubro de 1999. Passou a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno. Essa vivência nos engenhos marcou seus sentidos corporais e sua criação poética. A cana é doce, é dura , é lição de vida e de morte:
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9. O Alpendre no Canavial “ Do alpendre sobre o canavial a vida se dá tão vazia que o tempo dali pode ser sentido: e na substância física. Do alpendre, o tempo pode ser sentido com os cinco sentidos que ali depressa se acostumam a tê-lo ao lado, como um bicho”.
10. O Vento no Canavial Contudo há no canavial oculta fisionomia: com um pulso de relógio há possível melodia. ou como de um avião a paisagem se organiza, ou há finos desenhos nas pedras da praça vazia”.
11. Psicanálise do Açúcar “ O açúcar cristal, ou açúcar de usina, Mostra a mais instável das brancuras: Quem do Recife sabe direito o quanto, E o pouco desse quanto, que ela dura. Sabe o mínimo do pouco que o cristal Se estabiliza cristal sobre o açúcar, Por cima do fundo antigo, de mascavo, Do mascavo barrento que se incuba; E sabe que tudo pode romper o mínimo Em que o cristal é capaz de censura; Pois o tal fundo mascavo logo aflora Quer inverno ou verão mele o açúcar”.
12. EUCLIDES DA CUNHA Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, município do Rio de Janeiro, a 20 de janeiro de 1866. Como correspondente do jornal O Estado de são Paulo, é enviado a Canudos, na Bahia, para cobrir a revolta que lá explodira. De volta a São Paulo, desliga-se do jornal para planejar a construção de uma ponte em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo. Nessa época, redige Os Sertões, publicado em 1902. É assassinado no Rio de Janeiro, no dia 15 de agosto de 1909. A princípio, Euclides da Cunha pretendia apenas fazer de “ Os Sertões” um relato de lutas, mas acabou realizando um verdadeiro painel do sertão nordestino.
13. A obra “ Os Sertões” é dividida em três partes: Na imagem, ilustração de Antônio Conselheiro, líder na obra de Euclides da Cunha.
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17. “ E o sertão vai virá mar e o mar virá sertão o homem não pode ser escravo do homem o homem tem que deixa as terra que não é dele e buscá as terra verde do céu quem é pobre vai ficá rico no lado de Deus e quem é rico vai ficá pobre nas profunda do inferno.” Profecia de Antônio Conselheiro, escrita em pequeno caderno encontrado em Canudos.
18. Adeus Remanso, Casanova, Sento-Sé. Adeus Pilão Arcado, vem o rio te engolir. Debaixo d’água lá se vai a vida inteira Por cima da cachoeira o gaiola vai sumir. Vai ter barragem no salto do Sobradinho, E o povo vai embora com medo de se afogar... O sertão vai virar mar, dá no coração O medo que algum dia o mar também vire sertão.! Vai virar mar, dá no coração O medo que algum dia o mar também vire sertão... Remanso, Casanova Sento-Sé, Pilão Arcado, Sobradinho, adeus, adeus, adeus... ( SÁ & GUARABIRA)