O documento apresenta um resumo sobre a teoria linguística de Ferdinand de Saussure. Ele discute os principais conceitos saussureanos como língua versus fala, significante versus significado, sincronia versus diacronia e a noção de que a língua é um sistema de signos arbitrários e convencionais. O documento também fornece um breve histórico do estudo da linguagem.
Parte 2 linguística geral saussure - apresentação 2012
1. Curso de Capacitação para Tradutor/Intérprete
da Língua Brasileira de Sinais 7ª Edição
2012/2013
LINGUÍSTICA GERAL
Prof.ª Esp. Mariana Correia
marianacorreiail@yahoo.com.br
http://profmarianacorreia.blogspot.com
3. Histórico do Estudo da Linguagem
• Índia, há mais ou menos 2500 anos atrás, Panini já
tinha elaborado uma gramática bastante sofisticada
do sânscrito, em seus aspectos fonéticos,
fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos.
• Na Grécia antiga, muitos filósofos também se
interessavam por vários aspectos da língua humana,
entre eles, a relação entre língua e pensamento, a
gramática, a retórica, e a poética.
4. Histórico do Estudo da Linguagem
• Na Idade Média, um grande esforço foi feito por
parte dos estudiosos da língua, no sentido de
preservar o latim da influência das línguas dos povos
bárbaros, que tinham invadido o Império Romano, e
que tinham se estabelecido em toda a Europa. Isso
significa que, nessa época, os estudos linguísticos
tinham uma orientação prescritivista.
5. Histórico do Estudo da Linguagem
• Na Idade Moderna, com os descobrimentos da África
e das Américas, e com o domínio da Europa sobre
boa parte da Ásia, um novo interesse linguístico
surgiu. Os europeus estavam diante de línguas muito
diferentes daquelas com as quais eles estavam
acostumados.
6. Histórico do Estudo da Linguagem
• Os estudiosos das línguas não podiam mais ficar
limitados aos estudos sobre o grego e o latim, e
começaram a observar, ainda que perplexos, os
fenômenos fonéticos e gramaticais de línguas como o
chinês, como certas línguas indígenas da América, e
certas línguas africanas. Aí tem início uma linha de
estudos linguísticos que atingiu seu apogeu no século
XIX: os estudos histórico-comparativos.
7. Histórico do Estudo da Linguagem
• Em 1816, um estudioso da história das línguas
chamado Franz Bopp publica um estudo comparativo
da conjugação verbal do sânscrito, do grego, do
latim, do persa e do germânico, que evidencia a
enorme semelhança entre essas línguas. Surge, nesse
momento, a ideia do parentesco entre línguas.
10. O nascimento de uma ciência
• No contexto desses estudos histórico-comparativos
que Saussure lança suas ideias sobre a língua e sobre
a linguagem.
• Os estudos linguísticos começam a adquirir um
caráter mais profundo e abstrato passando a se
interessar pela língua como um sistema de valores
estruturado e autônomo, que é subjacente a toda e
qualquer produção linguística.
• A linguística passa a ser concebida como uma ciência:
ela não só descreve fatos linguísticos, mas busca uma
explicação coerente para sua ocorrência.
11. O nascimento de uma ciência
• No início do século XX, a afirmação de Saussure de
que a língua é fundamentalmente um instrumento de
comunicação constituiu uma das principais rupturas
da linguística saussureana, em relação às concepções
anteriores dos comparatistas e das gramáticas gerais
do século XIX. Porque, para estes estudiosos, a língua
era uma representação, ou seja, representava uma
estrutura de pensamento, que existiria
independentemente da formalização linguística, e a
comunicação e a “lei do menor esforço” que a
caracterizam, seriam causas da “desorganização”
gramatical das línguas, do seu declínio e
transformação em “ruínas linguísticas”.
BARROS in FIORIN (2010)
12. Curso de Linguística Geral
• O Curso de Linguística Geral, de Saussure, é uma
obra póstuma.
• Nos anos de 1907, 1908 e 1910, Saussure deu três
cursos na Universidade de Genebra, na Suíça. Alguns
de seus alunos tomaram notas de suas aulas, e, em
1916, publicaram a famosa obra intitulada Curso de
Linguística Geral, contendo uma boa parte do
pensamento de Saussure, que tinha morrido em 1913.
14. Linguagem para Saussure
• A linguagem é uma faculdade humana, uma
capacidade que os homens têm para produzir,
desenvolver, compreender a língua e outras
manifestações simbólicas semelhantes à língua.
• A linguagem é heterogênea e multifacetada: ela tem
aspectos físicos, fisiológicos e psíquicos, e pertence
tanto ao domínio individual quanto ao domínio social.
15. Linguagem para Saussure
• Para Saussure, é impossível descobrir a unidade da
linguagem. Por isso, ela não pode ser estudada como
uma categoria única de fatos humanos.
16. Objeto de estudo: Língua
• Diferentemente da linguagem a língua é uma parte
bem definida e essencial da faculdade da linguagem.
• É um produto social da faculdade da linguagem e um
conjunto de convenções necessárias, estabelecidas e
adotadas por um grupo social para o exercício da
faculdade da linguagem.
• A língua é uma unidade por si só.
17. Objeto de estudo: Língua
• A língua é um fenômeno que está além do domínio
individual de cada um de nós.
• É produto de uma comunidade, ela é parte do
domínio dessa comunidade.
• A comunicação humana seria impossível se a língua
não fosse convencional.
18. Objeto de estudo: Língua
• Essas línguas não se limitam a uma ou outra pessoa.
Elas nascem e se desenvolvem no âmbito de um
grupo social, não no âmbito individual.
• Uma consequência do fato de a língua ser social é ela
ser também convencional: ela existe e se mantém por
um acordo coletivo tácito entre os falantes.
19. Linguagem X Língua
• O que Saussure pensa é que os homens têm uma
capacidade para produzir sistemas simbólicos, ou
seja, sistemas de conceitos associados a uma
determinada forma, como a língua, as artes plásticas,
o cinema, o teatro, a dança. Essa capacidade é a
linguagem. Para Saussure, a capacidade da linguagem
não pode ser o objeto de estudo de uma única ciência
como a linguística, na medida em que ela tem
características de naturezas diversas: física,
fisiológica, antropológica, etc. O objeto da linguística
deve ser a língua, que é um produto social da
faculdade da linguagem, e que é uma unidade.
20. Por que a língua é um produto social?
•A língua é um fenômeno que está além do
domínio individual de cada um de nós.
•É produto de uma comunidade, ela é parte do
domínio dessa comunidade.
•As línguas não se limitam a uma ou outra
pessoa. Elas nascem e se desenvolvem no
âmbito de um grupo social, não no âmbito
individual.
21. Por que a língua é um produto social?
•Uma consequência do fato de a língua ser
social é ela ser também convencional: ela
existe e se mantém por um acordo coletivo
tácito entre os falantes.
•Isso significa que um falante de uma língua
não pode fazer modificações nessa língua a
seu bel prazer.
•A comunicação humana seria impossível se a
língua não fosse convencional.
22. Linguagem X Língua
• Todas as manifestações da faculdade da linguagem, a
língua é a que mais bem se presta a uma definição
autônoma. Por isso, ela ocupa um lugar de destaque
entre as manifestações da linguagem, e, como tal, deve
ser tomada como base para o entendimento de todas
essas outras manifestações.
• A linguagem é uma capacidade humana, da qual a língua
é um produto.
• A língua é um fenômeno social e convencional.
24. Dicotomias
•Divisão lógica de um conceito em dois outros
conceitos, em geral contrários, que lhe
esgotam a extensão.
•As dicotomias saussureanas só fazem sentido
quando relacionadas, pois uma ganha sentido
pleno quando em relação à outra.
26. Língua
Coletiva;
Social;
Sistemática: quer dizer que ela é um sistema, um
conjunto organizado em que um elemento se
define pela oposição a outros;
Independente (não é uma função do falante);
Produto que o indivíduo registra passivamente;
É um sistema de signos.
27. Definição de Língua
• A língua é um sistema cujo valor de cada elemento se
define pelas diferenças que apresenta em relação a
outro elemento e pela sua relação com o conjunto.
• A língua é um princípio de classificação: uma forma
de interpretar, organizar e categorizar o mundo.
28. Definição de Língua
• As peças de um jogo de xadrez são
definidas unicamente segundo suas
funções e de acordo com as regras
do jogo. A forma, a dimensão e a
matéria de cada peça constituem
propriedades puramente físicas e
acidentais, que podem variar
extremamente sem comprometer a
identidade da peça. Essas
características físicas são
irrelevantes para o funcionamento
do sistema (= o jogo de xadrez).
Uma peça até pode ser substituída
por outra, desde que a substituta
venha a ser utilizada conforme as
regras do jogo.
CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. 2ª Ed.
31. Fala
Manifestação ou concretização a língua;
Assistemática: ato individual de vontade, ao falar, o falante
precisa fazer opções por uma ou outra maneira de dizer a
mesma coisa, fazer escolha entre vocabulários;
Particular;
Individual;
Dependente;
Lugar da fantasia, da liberdade, da diversidade
(conotação);
Para Saussure, a fala não deve ser estudada pela
linguística, pois é secundária e assistemática.
32. Língua X Fala
•Pessoas que falam a mesma língua conseguem
comunicar-se porque, apesar das diferentes
falas, há o uso da mesma língua. Ou seja, o
código é o mesmo, embora a realização varie.
•Latim ainda é uma língua embora não existam
mais falas em latim.
34. O Signo linguístico
•Signo = significante + significado
Forma acústica de caráter linear Conceito
35. • Texto para discussão: FIORIN, José Luiz. Teoria dos Signos. p. 55
a 57. In. FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – I
Objetos teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2010. 227 p.
37. Sintagma X Paradigma
Eixo paradigmático ou das relações associativas, os
signos que tem algo em comum se associam em
nossa memória, formando grupos.
Eixo sintagmático: corresponde a uma determinada
ordem de sucessão dos elementos. Os signos que
formam a palavra “inconstitucional” não podem
aparecer em outra ordem, que não essa.
39. Sincronia X Diacronia
• Sincronia: estudo da língua em um dado momento, ou
seja, recorte e análise de um momento específico da
língua. Não relacionado a sua modificação ao longo da
história, mas às relações no momento do recorte.
Comer= radical + vogal temática + marca de infinitivo
• Diacronia: análise da língua numa sucessão, na sua
mudança de um momento a outro da história,
constatando, inicialmente, as mudanças que se produzem
e as localiza no tempo.
Comer do latim edere, diferenciar do latim vulgar + cum =
cum edere = cumedere = comer
Vossamercê Você
41. Arbitrariedade
• Arbitrariedade: caracteriza a relação existente entre
o significado e o significante. A língua é arbitrária na
medida em que é uma convenção implícita entre os
membros da sociedade que a usam; é nesse sentido
que ela não é natural. O conceito que exprime a
palavra mar não tem relação de necessidade com
sequência de sons ou com a grafia de mar.
42. Linearidade
• Os enunciados são sequencias de elementos
ordenados de forma linear.
• É uma característica da Língua.
• Cada morfema é uma sequência de fonemas, cada
frase é uma sequência de morfemas, cada discurso
uma sequência de frases.
43. Saussure: resumo
• Vídeo disponível no blog:
• http://profmarianacorreia.blogspot.com
• Ou no You tube:
• http://www.youtube.com/watch?v=WiURWRFcQsc
48. Referências
• BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: O que é e como se faz. 52ª Edição. Edições Loyola, 2009. 207 p.
• DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 2004. 653 p.
• FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – I Objetos teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
227 p.
• FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – II Princípios de análise. 4 ed. São Paulo: Contexto,
2010. 227 p.
• MEDEIROS, Janaína. O poder da palavra no Egito. Disponível em:
http://www.slideshare.net/marianacorreiail/o-poder-da-palavra-no-egito
• MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina (org.). Introdução à Linguística: Domínios e fronteiras.
Volume 1, 2 e 3. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 294 p.
• REITER, Aírton Júlio. Caderno de Estudos: Fundamentos da Linguística. Indaial: Editora ASSELVI, 2007.
136 p.
• SPARANO, Maria Cristina de Távora. Linguagem e significado: O projeto filosófico de Davidson. Coleção
filosofia 164. Edipucrs, 2003. 208 p.
• VIOTTI, Ivani. Temática 1: O que é linguística. Os conceitos de Língua e Linguagem. Curso de Licenciatura
em Letras-LIBRAS – UFSC. Disponível em:
http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em: 10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 2: A língua para Fernidand de Saussure. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS –
UFSC. Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado
em: 10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 3: A língua para Noan Chomsky. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS – UFSC.
Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em:
10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 4: Linguística Geral. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS – UFSC. Disponível
em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em: 10/09/2011.
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