1) O documento discute as teorias sobre a chegada dos primeiros humanos na América e a extinção da megafauna. 2) Achados arqueológicos na América do Sul e no Brasil sugerem que os humanos podem ter chegado antes do que se pensava. 3) Estudos genéticos indicam múltiplas migrações de humanos da Ásia para a América entre 20-15 mil anos atrás.

1. Gabarito da Lista de Exercícios 2 – Pré-História
História/ 1º Bimestre – Professor José Knust
Estudante: _________________________________________ Turma:______
QUESTÃO 1
O texto aponta para o fato de que depois da Revolução do Paleolítico Superior (que ele chama de “Revolução
Cognitiva”) os seres humanos desenvolveram uma capacidade muito grande de desenvolver formas distintas
de cultura que determinam maneiras muito diversas do Homo Sapiens viver em sociedade. Essas maneiras de
viver em sociedade se transformam historicamente pela própria dinâmica das relações entre os seres humanos,
sem depender de transformações genéticas. Assim, a vida em sociedade do Homo Sapiens não é determinada
apenas pela biologia, pelo genoma, da sua espécie – como é o caso dos outros animais sociais, que vivem em
organizações sociais determinadas em grande parte pela sua biologia.
QUESTÃO 2
a)
O autor faz uma clara distinção entre “povoadores” e “conquistadores” e classifica os primeiros Homo Sapiens
a chegarem à Austrália como conquistadores para enfatizar a transformação que nossa espécie causou no
ecossistema australiano ao chegar lá. Mais do que meramente povoar as terras australianas, o Homo Sapiens
ao chegar pela primeira vez a estas novas terras transformou por completo o ecossistema local a fim de
transformá-lo em um ambiente mais favorável para si – e nisso transformou toda a ecologia local, levando
muitas espécies à extinção.
b)
O autor aponta três fatores que ajudam a entender como os seres humanos da época, com conhecimentos
técnicos bastante limitados ainda, foram capazes de causar um impacto tão grande sobre o ecossistema
australiano. Em primeiro lugar, algumas das espécies extintas como consequência da chegada humana,
sobretudo aqueles da megafauna, eram muito suscetíveis à caça humana: tanto por não estarem acostumados
a lidar com aquele (e mesmo a fugir daquele) novo predador, tanto por se reproduzirem lentamente, com
períodos de gravidez longo e taxa de natalidade baixa. Em segundo lugar, o Homo Sapiens ao chegar à
Austrália já conhecia a técnica da queimada, que o permitia ter um grande impacto sobre o ambiente de uma
região mesmo estando em pequeno número. Por fim, as mudanças climáticas do período já estavam mudando
o equilíbrio do ecossistema local – sem a presença humana, talvez as espécies locais tivessem conseguido se
adaptar e sobreviver, mas com a conjunção de dois fatores tão drásticos, o desequilíbrio no ecossistema local
foi irreversível.
QUESTÃO 3
a)
Considerando os períodos em que teria sido possível aos seres humanos atravessar a pé o estreito de Bering
(entre 38 e 34 mil anos atrás ou entre 30 e 15 mil anos atrás) e depois atravessar do Alasca para o resto do
continente americano (entre 34 e 22 mil anos atrás ou depois de 15 mil anos atrás), assim como as datas dos
até então mais antigos artefatos humanos encontrados na América (as pontas de lança da cultura Clóvis,
datadas entre 11 e 9 mil anos atrás) e da extinção da megafauna americana (entre 12 e 10 mil anos atrás), os
arqueólogos acreditavam que o Homo Sapiens teria chegado à América pelo estreito de Bering pouco antes
de 15 mil anos atrás, teria atravessado do Alasca para o resto do continente entre 15 e 12 mil anos atrás,
estabelecendo-se primeiro na América do Norte. Essa chegada seria atestada justamente pelos vestígios da
cultura Clóvis e pela extinção da megafauna local, que teria sido resultado da presença humana. Da América
do Norte, essa população humana ligada à cultura Clóvis teria povoado todo o restante do continente (teoria
Clovis-first).

2. b)
Os diversos sítios arqueológicos encontrados na América com vestígios de presença humana mais antigos que
aqueles da cultura Clóvis levaram os estudiosos a se perguntar se de fato os seres humanos teriam chegado à
América pela América do Norte. A existência de vestígios de presença humana muito antiga na América do
Sul reforça essa perspectiva. O caso de Monte Verde, no Chile, é emblemático: a presença humana bem ao
sul da América do Sul em datas muito antigas, como 32 mil anos atrás, colocam em questão se teria sido
possível os seres humanos atravessarem o estreito de Bering há 34 mil anos atrás (a data mais antiga em que
isso poderia ter sido possível) e em apenas dois mil anos estarem nas regiões mais ao sul do continente.
c)
Os dados dos estudos de Genética das Populações têm indicado ao menos dois fluxos de migração de
diferentes regiões da Ásia para América entre 20 e 15 mil anos atrás, possivelmente pelo estreito de Bering.
Contudo, isso apenas reforça a imagem de que diferentes migrações trouxeram seres humanos para a América.
Esses humanos que chegaram entre 20 e 15 mil anos atrás, atestados pelo estudo da genética, certamente não
foram os primeiros humanos a chegar na América, dado que existem vestígios de presença humana neste
continente mais antigos que isso. Assim, os sítios pré-clóvis não negam o fato de que seres humanos migraram
para a América pelo estreito de Bering. Coloca apenas em questão se os seres humanos que fizeram isso foram
os primeiros a chegar à América.
d)
Os achados mais antigos da equipe de Niede Guidon no sítio arqueológico da Pedra Furada foram datados
para 70 mil anos atrás. Essa é uma informação que muda completamente tudo que sabemos sobre a jornada
humana sobre a Terra: fora esse achado no Piauí, os achados mais antigos de presença de Homo Sapiens fora
da América datam de 60 mil anos e estão no Oriente Médio. Se Niede Guidon e sua equipe estiverem certos,
isso significa que antes de ter ido para qualquer outro continente, um grupo de Homo Sapiens saiu da África
e conseguiu chegar à América pelo Atlântico. Como não existem dados em nenhum outro lugar que
corroborem esses achados da arqueóloga brasileira, muitos arqueólogos têm colocado em questão esses
achado. Alguns se perguntam se as pedras lascadas que ela e sua equipe encontraram são realmente artefatos
humanos (isto é, pedras que foram lascadas por seres humanos) ou se são apenas pedras lascadas por processos
naturais.
e)
A megafauna americana pode ter sido extinta pelas mudanças climáticas decorrentes do final da última era
glacial ou podem ter sido extintos pela chegada de um contingente maior de seres humanos vindos pelo estreito
de Bering por volta de 15 mil anos atrás, mas que não teriam sido os primeiros humanos a pisar na América.
QUESTÃO 4
a)
Por volta de 8 mil anos atrás começa a “Revolução Neolítica” (isto é, o desenvolvimento da agricultura e da
criação de animais) na Europa. A domesticação de plantas e animais permite sustentar um número maior de
pessoas em um território menor, permitindo assim um aumento da densidade populacional e da população
total.
b)
A transição de sociedades de caçadores e coletores para sociedades agrícolas levou, depois de algum tempo,
ao aumento da taxa de moralidade, por conta do maior número de doenças (possibilitado tanto pela maior
densidade populacional, que fazia doenças infectocontagiosas serem transmitidas mais facilmente, quanto pela
queda na qualidade nutricional da alimentação, causada pela diminuição da variedade de alimentos
consumidos) e de conflitos (causados pelo aumento nas disputas territoriais.