O documento discute a relação entre motivação e emoção. As emoções são um tipo de motivação que mobilizam recursos para atingir metas e propósitos. As emoções positivas refletem a satisfação de nossas motivações, enquanto as negativas refletem a frustração. Há debates sobre se as emoções são primariamente biológicas ou cognitivas, mas a visão atual é de que envolvem ambos os sistemas.
2. Relação entre Motivação e Emoção
As emoções são um tipo de motivo.
Assim como os outros motivos, as
emoções dão energia ao comportamento e
o dirigem.
Ex: A raiva mobiliza recursos subjetivos,
fisiológicos, hormonais e musculares para
se atingir uma meta ou um propósito.
3. Relação entre Motivação e Emoção
As emoções servem como um sistema de leitura
permanente para indicar se a adaptação pessoal
está indo bem ou não.
• As emoções positivas refletem o envolvimento e a
satisfação de nossos estados motivacionais.
• As emoções negativas refletem o abandono e a
frustração de nossas motivações.
Emoções refletem status de satisfação versus
fracasso dos motivos.
4. O que causa a emoção?
Polêmica: as emoções são fenômenos primariamente
biológicos ou primariamente cognitivos?
Biologia versus cognição
• Cognição – Primeiro se estabelece o significado e
depois a emoção se segue como consequência. A
avaliação cognitiva é primária
• Biologia – As emoções podem ocorrer sem um evento
cognitivo prévio, mas não podem ocorrer sem um
evento biológico prévio. A biologia é primária.
5. Perspectiva Biológica
Grande parte do processamento emocional dos eventos da
vida permanece não cognitiva – automática, inconsciente e
mediada por estrutura subcorticais (Izard, 1989).
Estudos com bebês mostram que eles respondem
emocionalmente a certos eventos, apesar de suas limitações
cognitivas (Izard, 1989).
As emoções tem início muito rápido, duração curta, podendo
ocorrer automaticamente.
Podem ocorrer mesmo sem ter consciência da emocionalidade
(Elkman, 1992).
Existe um circuito cerebral para o medo, para a raiva etc.
(Panksepp, 1982).
6. Perspectiva Cognitiva
A atividade cognitiva é um pré-requisito
necessário para que haja emoção.
Lazarus argumenta que a avaliação cognitiva
que o indivíduo faz do significado de um evento
cria condições da experiência emocional.
Avaliações cognitivas:
• Evento é bom ou mau?
• Consigo lidar com êxito desta situação?
7. Visão dos Dois Sistemas
Segundo Buck (1984), os seres humanos tem dois
sistemas sincrônicos que ativam e regulam a emoção.
Um dos sistemas é inato, espontâneo e fisiológico que
reage involuntariamente a estímulos emocionais.
O outro é o sistema cognitivo com base na experiência
que reage interpretativa e socialmente.
Juntos, o sistema biológico e o sistema cognitivo
combinam-se para fornecer um mecanismo altamente
adaptativo da emoção.
8. Circuito de retroalimentação da emoção
Plutchik
A causa da emoção não deveria ser conceituada
nem como cognitiva nem como biológica.
A emoção é antes um processo, uma cadeia de
eventos que se agregam em um sistema complexo
de retroalimentação.
Mude-se a avaliação cognitiva de “isto é benéfico”
para “isto é prejudicial” e a emoção mudará.
Mude-se a qualidade da ativação (através de
exercício, um medicamento ou eletrodo no cérebro)
e a emoção mudará.
9. Emoções Básicas
Considera-se que existam emoções básicas e várias outras
emoções relacionadas a uma emoção básica.
Ex: A raiva é uma emoção básica, mas também é uma
família de emoções.
Raiva – família inclui hostilidade, fúria, ira, ultraje,
aborrecimento, ressentimento, inveja e frustração
Alegria – família divertimento, alívio, satisfação,
contentamento, orgulho;
Ekman (1992) considera que existem pelo menos cinco
famílias de emoções: raiva, medo, repugnância, tristeza
e contentamento.
10. Emoções Básicas
São inatas, e não adquiridas ou aprendidas pela
experiência ou socialização.
São expressas de maneira própria e distinta (tal
como por meio de uma expressão facial universal).
Provocam um padrão de respostas fisiológicas
distinto e altamente previsível.
Raiva, Medo, Repugnância, Tristeza,
Contentamento e Interesse.
11. Medo
É uma reação emocional que surge a partir da
interpretação da pessoa de que a situação que ela
enfrenta é perigosa e uma ameaça ao seu próprio
bem-estar.
Está relacionado a:
• Antecipação de dano físico ou psicológico;
• Vulnerabilidade a perigos ou expectativa de que a
capacidade de lidar com problemas não seja
suficiente.
o Vulnerabilidade percebida de a pessoa ser vencida por uma ameaça ou
perigo.
12. Medo
O medo motiva a defesa.
Funciona como sinal de alívio para um dano físico ou
psicológico iminente que se manifesta na ativação do
sistema nervoso autônomo.
A manifestação de proteção se manifesta pela evitação ou
afastamento do objeto.
O medo motiva estratégia de manejo (coping), como no
caso de se ficar em silêncio e imóvel.
O medo pode fornecer a base motivacional para a
aprendizagem de novas respostas de manejo que evitem a
pessoa de encontrar antes o perigo.
13. Raiva
A raiva surge da restrição, tal como na interpretação
de que os planos da pessoa ou de seu bem-estar
possam sofrer interferência de alguma força externa.
Também surge de uma traição de confiança, uma
rejeição, uma crítica injustificada, uma falta de
consideração dos outros e aborrecimentos
acumulados.
A essência da raiva é a crença de que a situação não
é o que deveria ser, ou seja: nem a restrição, nem a
interferência, ou a crítica são legítimas.
14. Raiva
A raiva pode esclarecer problemas de
relacionamento, dar força a programas políticos,
motivar a luta por direitos etc.
Em casos que a raiva tem uma função positiva é
quase sempre uma expressão assertiva e não
violenta da raiva que traz bons resultados.
A raiva relacionada a violência pode estar ligada
a desfechos negativos ou trágicos.
15. Repugnância
Implica em livrar-se ou afastar-se de um objeto
contaminado, deteriorado ou estragado.
O que vem a ser o objeto depende do
desenvolvimento e da cultura.
Primeira infância – sabores amargos ou azedos
Segunda infância – repulsas psicologicamente
adquiridas a qualquer objeto tido como
desagradável.
16. Repugnância
Idade adulta – Surge diante de objetos que julgamos
estarem contaminados.
Contaminações corporais (má higiene, sangue, morte)
Contaminações interpessoais (contato físico com
pessoas indesejáveis)
Contaminações morais (abuso de crianças, incesto,
infidelidade)
Aprendizagem cultural – cultura determina muito do que
o adulto considera contaminação corporal, interpessoal
ou moral.
17. Repugnância
Desenvolve um papel motivacional positivo pois
o desejo de evitar objetos repugnantes nos
motiva a aprender comportamentos de manejo
necessários para evitar o confronto (ou criação)
de condições que produzam repugnância.
Ex: Hábitos de higiene corporal e limpeza do
ambiente etc.
18. Tristeza
É a emoção mais negativa ou desagradável.
Surge das experiências de separação ou fracasso.
Tristeza motiva o indivíduo a assumir qualquer
comportamento necessário para suavizar as circunstâncias
que provocam angústia antes que elas ocorram novamente.
Indiretamente facilita a coesão de grupos sociais.
Separação das pessoas importantes provoca tristeza.
A antecipação da tristeza motiva as pessoas a
permanecerem em união com os entes amados.
19. Alegria
É um sentimento positivo que torna a vida agradável
e equilibra as experiências de vida de frustração e
decepção.
Os eventos que trazem alegria incluem resultados
desejáveis.
Quando estamos alegres, sentimos entusiasmo e
somos sociáveis.
Facilita a disposição para exercer atividades sociais.
Os sorrisos facilitam a interação social.
20. Interesse
Emoção que cria o desejo de explorar,
investigar, buscar, manipular e extrair
informações dos objetos que nos cercam.
O interesse de uma pessoa por uma atividade
determina o grau de atenção dirigido a essa
atividade e quanto a pessoa processa,
compreende e lembra informações importantes.
21. Utilidade das Emoções
Funções de enfrentamento (coping):
• Para sobreviver, os animais precisam explorar seus
ambientes, evitar substâncias nocivas, desenvolver e
manter relações, atender a emergências, evitar
ferimentos, reproduzir-se, lutar etc.
• Todos esses comportamentos são produzidos por
emoções e todos facilitam a adaptação do indivíduo às
modificações do ambiente físico e social.
Todas as emoções são benéficas porque dirigem a
atenção e canalizam o comportamento para onde é
necessário.
22. Utilidade das Emoções
Funções sociais:
• Emoções são poderosas mensageiras não verbais que comunicam
aos outros nossos sentimentos.
• Demonstrações emocionais influem no modo como as pessoas
interagem.
Expressam:
• Sentimentos
• Advertência
• Incentivos sociais
• Repressões sociais
Expressões emocionais podem ser motivadas socialmente.
• Pessoas sorriem quando não estão alegres para facilitar a interação
social, por exemplo.
23. Funcionalidade das Emoções
A vida é cheia de desafios, estresses e
problemas a serem resolvidos. As emoções
podem facilitar lidar com estes desafios.
Alguns pesquisadores afirmam que as emoções
não tem nenhum propósito útil. Alegam que as
emoções atrapalham a atividade habitual,
desorganizam o comportamento e nos privam de
nossa racionalidade e lógica.
Eles admitem que as emoções tenham servido a
funções evolutivas importantes, mas que não o
fazem mais no mundo moderno.
24. Funcionalidade das Emoções
“No mundo moderno os tigres raramente saltam em
cima de nós, as pessoas raramente roubam nossa
comida e as feras raramente ameaçam matar
nossos filhos.”
As ameaças de hoje são em escala menor, não
exigindo o mesmo tipo de mobilização emocional.
Importante é tornar-se competente em regular as
próprias emoções. E não deixar ser regulado pela
emoção.
25. Ansiedade
Pertence a família da emoção básica
medo.
Ansiedade normal – a ansiedade pode
ter função adaptativa em diversas
circunstâncias
Ansiedade Patológica - uma forma de
resposta inadequada, em intensidade e
duração, à solicitações de adaptação.
26. Ansiedade
Ansiedade é a reação ao perigo ou à ameaça.
Cientificamente, ansiedades imediatas ou de curto
período são definidas como reações de luta-ou-fuga.
O objetivo número um da ansiedade é o de proteger
o organismo.
Quando nossos ancestrais viviam em cavernas, era
vital uma reação automática para que, quando
estivessem defrontados com um perigo, fossem
capazes de uma ação imediata (atacar ou fugir.
27. Ansiedade
Mesmo nos dias agitados de hoje, este é um
mecanismo necessário. Imagine que uma
pessoa que está atravessando a rua quando
aparece, de repente, um carro, à toda
velocidade.
Se a pessoa não experimentasse absolutamente
nenhuma ansiedade, talvez fosse morta.
28. Transtornos de Ansiedade de Separação
Ansiedade excessiva diante de situações que
envolvem o afastamento da criança de casa, dos
pais ou outras pessoas significativas.
Deve persistir por no mínimo quatro meses para
ser diagnosticada como este transtorno.
Um dos transtornos mais comuns na infância
(pode atingir a 4% de crianças e adolescentes).
29. Transtornos de Ansiedade Generalizada
Caracterizado por ansiedade e preocupação
excessiva (ansiedade antecipatória), ocorrendo
quase todos os dias, por pelo menos seis
meses.
Inquietação ou sensação de nervos à flor da
pele
Fadiga
Dificuldade de concentrar-se ou sensações de
branco na mente.
Irritabilidade
Tensão muscular e perturbação do sono.
30. Fobia Específica
Presença de medo excessivo de algum objeto,
animal ou situação que é possível se identificar
claramente.
Ex: animais; ambiente natural (altura,
tempestade, águas etc.); situacional (utilizar
meio de transporte como avião, carro, trem);
sangue – injeção - ferimento.
31. Transtorno Obsessivo Compulsivo
Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos
ou imagens persistentes, que são vivenciados
como intrusivos e inadequados.
• Contaminação
• Dúvidas repetidas
• Organização/ ordem etc.
Compulsões são comportamentos repetitivos ou
atos mentais cujo objetivo é prevenir ou reduzir a
ansiedade.
32. Fobia Social
Medo acentuado ou persistente de uma ou mais
situações sociais ou de desempenho.
Este medo interfere na vida social.
Pode ser generalizada quando relacionada a uma
ampla gama de situações sociais, como iniciar e
manter conversas, encontrar-se com pessoas do
sexo oposto, comparecer a festas, escrever em
público.
Pode levar ao isolamento e a dificuldade de
interação social.
33. Transtorno de Pânico
Presença de ataques de pânico recorrentes e
inesperados, seguidos de pelo menos um mês
de preocupação persistente de ter outro ataque.
Sintomas:
• Palpitações e taquicardia;
• Sudorese;
• Tremores;
• Sensações de falta de ar ou sufocamento;
• Sensação de tontura;
• Medo de enlouquecer ou perder o controle etc.
34. Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Após exposição a um evento traumático,
ocorrem sintomas como:
• Revivência do evento traumático.
• Sofrimento psicológico intenso diante de
estímulos que lembrem o evento.
• Reatividade fisiológica diante de estímulos
relacionados ao evento.
• Esquiva persiste de estímulos associadas com o
evento; etc.