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1549 a 1930
Primórdios da
  Didática:
Compreendendo o
papel da disciplina
antes da sua inclusão
nos cursos de
formação de
professores a nível
Vamos falar de uma didática histórica brasileira.
Entre 1549 e 1759, a sociedade era de economia
agrário-exportadora e dependente, explorada
pela Metrópole e a educação não tinha valor
social importante. Contudo, nesse período
colonial os jesuítas eram os principais
educadores e sua função educativa era voltada
para a catequese e instrução dos índios.
“A ação sobre os índios se
resume na cristianização e na
pacificação, tornando-os
dóceis para o trabalho”.
(Maria Lúcia Aranha, 1996).
Segundo Aranha, existiam duas formas de educação: a dos
catequizados e a dos instruídos. Na primeira, a didática se resumia a
compreensão do português; para os filhos dos colonos, os jesuítas
criaram três cursos: letras humanas, filosofia e teologia. Os jesuítas
utilizavam o “Ratio Studiorum” que enfocava instrumentos e regras
metodológicas em que o mestre prescrevia o método de estudo, a
matéria e o horário. As aulas eram ministradas, de forma expositiva
e repetitiva, visando à assimilação e estimulando a competição.
O “Ratio Studiorum” foi a primeira compilação de regras de estudo
para normatizar o trabalho desenvolvido nos colégios jesuítas, em
1599, descrevendo procedimentos para a elaboração de planos,
programas e métodos de estudo, delimitando tempos e espaços de
trabalho                e              de                convivência.
A ação pedagógica jesuítica abalizada pelas formas dogmáticas de
pensamento contra o pensamento crítico, privilegiava o exercício
da memória e o desenvolvimento do raciocínio. Essa didática vai
imprimir profundas marcas na cultura brasileira, pois dessa forma
não se poderia pensar em uma prática pedagógica e muito menos
em uma Didática que buscasse uma perspectiva transformadora
na educação. Vale salientar que, após o movimento pedagógico
dos jesuítas, não existiu nenhum outro movimento de força
modificativa              na              educação.
Com a criação de uma nova organização instituída por Pombal,
provocou-se um retrocesso no processo pedagógico. Nessa ação
pombalina, professores leigos começaram a ser admitidos para as
“aulas                               régias”.
Em 1870 com a expansão cafeeira e a modificação de um modelo
econômico agrário-exportador para urbano-comercial-exportador, o
Brasil inicia seu período de “iluminismo”. No ano de 1890, é aprovada a
reforma de Benjamin Constant sob a influência do positivismo. No
âmbito educacional, o ensino religioso nas escolas públicas é extinto e o
Estado assume a laicidade e a escola passa a difundir uma visão
burguesa com a intenção de garantir a consolidação da burguesia
industrial como classe dominante. Nesse período, a Didática visa
garantir aos futuros educadores orientações necessárias ao trabalho
docente. A atividade docente é compreendida de forma autônoma face
à política, dissociada das questões entre escola e sociedade
fragmentando teoria da prática.
A partir de 1930
    Surgimento da
Didática nos cursos de
     formação de
      professores
Durante a revolução de 30, em meio às transformações sociais -
políticas e econômicas sofridas pela sociedade brasileira, o âmbito
educacional passa por profundas mudanças. A primeira delas é a
constituída por Vargas na criação do Ministério de Educação e
Saúde Pública organizando o ensino comercial, adotando o regime
universitário e implantando a Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da Universidade de São Paulo, que surge como o primeiro
instituto de ensino superior que funcionava de acordo com o
modelo               Francisco              Campos.
Essa modificação sofrida pela sociedade brasileira, em decorrência
da crise mundial da economia capitalista, dá origem à Didática
como disciplina dos cursos de formação de professores a nível
superior. Segundo o art. 20 do Decreto-Lei nº 1190/39, a Didática
passa a ser reconhecida como curso e disciplina, com duração de
um ano, acentuando seu caráter prático-teórico do processo
ensino-aprendizagem.
1945 a 1960
Predomínio das novas
  idéias e a Didática
Momento de aceleração e diversificação do processo de substituição de
importações e à penetração do capital estrangeiro na economia
brasileira. Nesse contexto, o Decreto-Lei nº 9053 desobrigava o curso
de Didática sob a vigilância da Lei Diretrizes e Bases, Lei 4024/61, o
esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer nº 242/62, do
Conselho Federal de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos
geral e especial e introduziu-se a Prática de Ensino sob a forma de
estágio supervisionado.
Nesse mesmo período, é celebrado um convênio entre o MEC/Governo
de Minas Gerais – Missão de Operações dos Estados Unidos criou-se o
PABAEE (Programa Americano Brasileiro de Auxílio ao Ensino
Elementar), voltado para o aprimoramento dos professores do Curso
Normal. Tal fato marca início de uma tecnologia educacional importada
dos Estados Unidos de caráter multiplicador. Em decorrência disso, a
Didática passa a desconsiderar o contexto político-social no processo de
ensino, acentuando um enfoque renovador tecnicista.
Período Pós 1964
Os descaminhos da
     Didática
Instalou-se no país um movimento que alteraria a ideologia
política, modificando através de um projeto desenvolvimentista
que objetivava acelerar o crescimento socioeconômico do país,
mudando a forma de governo e conseqüentemente a educação,
que passa a contribuir com tal projeto na preparação adequada
de recursos humanos (mão de -obra) necessários para o
crescimento econômico e tecnológico da sociedade.
Esse movimento é tratado como marco histórico, pois a Pedagogia
Nova entra em crise e suas articulações passam a ser assumidas
pelo grupo militar e tecnocrata. A partir daí, essa pedagogia
embasa-se na neutralidade científica inspirando-se nos princípios
da racionalidade, eficiência e Didática produtividade. Então,
instalou-se na escola a divisão de trabalho sob a justificativa de
produtividade.
O acordo feito entre o MEC/USAID marcou o sistema educacional,
sustentando as reformas do ensino superior e do ensino médio.
Além disso, pelas influências dos professores americanos, foi
implantada a disciplina “Currículos e Programas”, pelo Parecer
252/69 e Resolução nº 2/69, do Conselho Federal de Educação, nos
cursos de Pedagogia, provocando a superposição de conteúdos da
nova disciplina com a Didática.
A Pedagogia Tecnicista enfoca o papel da Didática no
desenvolvimento de uma alternativa não psicológica, trazendo
uma perspectiva ingênua de neutralidade científica, tendo
como preocupação básica a eficácia e a eficiência do processo
de ensino. Logo, os conteúdos dos cursos de Didática passam a
centrar-se na organização racional do processo de ensino, no
planejamento didático formal e na elaboração de materiais
instrucionais, nos livros didáticos descartáveis, o professor
torna-se mero executor de objetivos instrucionais, de
estratégias de ensino e de avaliação, desvinculando a teoria da
prática. Vê-se então, neste período, a Didática assumindo um
discurso reprodutivista. Diante disso, a Didática é questionada e
surgem movimentos reivindicando sua revisão apontando-a a
novos rumos.
A década de 80
Momento atual da
    Didática
A situação socioeconômica do Brasil nesta época passava por
problemas como: a alta elevação da inflação e desemprego,
agravando a situação com o crescimento da dívida externa e
pela política recessionária. Instala-se uma Nova República e o
governo civil da Aliança Democrática finda a ditadura militar
conservando, ainda, alguns aspectos desse regime.
Os professores se empenham para reconquistar os direitos e
deveres de participarem na definição da política educacional.
Ao mesmo tempo, fora realizado a I Conferência Brasileira de
Educação, marco importante na história da educação brasileira,
pois constituiu um espaço para se discutir e disseminar a
concepção crítica da educação.
A Didática assume a função de clarificar o papel sociopolítico
da educação, da escola e do ensino. Seus pressupostos enfocam
uma Pedagogia Crítica que trabalha no sentido de ir além dos
métodos e técnicas, procurando associar escola-sociedade,
teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político, ensino-
pesquisa e professor-aluno. Em seu âmbito pedagógico, passa a
auxiliar no processo de politização do futuro professor
despertando-o quanto à ideologia que inspira a natureza do
conhecimento. Assim, a Didática crítica supera o
intelectualismo formal do enfoque tradicional e recupera seus
prestígios no âmbito educacional.

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Evolução da Didática no Brasil de 1549 a 1980

  • 1. 1549 a 1930 Primórdios da Didática:
  • 2. Compreendendo o papel da disciplina antes da sua inclusão nos cursos de formação de professores a nível
  • 3. Vamos falar de uma didática histórica brasileira. Entre 1549 e 1759, a sociedade era de economia agrário-exportadora e dependente, explorada pela Metrópole e a educação não tinha valor social importante. Contudo, nesse período colonial os jesuítas eram os principais educadores e sua função educativa era voltada para a catequese e instrução dos índios.
  • 4. “A ação sobre os índios se resume na cristianização e na pacificação, tornando-os dóceis para o trabalho”. (Maria Lúcia Aranha, 1996).
  • 5. Segundo Aranha, existiam duas formas de educação: a dos catequizados e a dos instruídos. Na primeira, a didática se resumia a compreensão do português; para os filhos dos colonos, os jesuítas criaram três cursos: letras humanas, filosofia e teologia. Os jesuítas utilizavam o “Ratio Studiorum” que enfocava instrumentos e regras metodológicas em que o mestre prescrevia o método de estudo, a matéria e o horário. As aulas eram ministradas, de forma expositiva e repetitiva, visando à assimilação e estimulando a competição. O “Ratio Studiorum” foi a primeira compilação de regras de estudo para normatizar o trabalho desenvolvido nos colégios jesuítas, em 1599, descrevendo procedimentos para a elaboração de planos, programas e métodos de estudo, delimitando tempos e espaços de trabalho e de convivência.
  • 6. A ação pedagógica jesuítica abalizada pelas formas dogmáticas de pensamento contra o pensamento crítico, privilegiava o exercício da memória e o desenvolvimento do raciocínio. Essa didática vai imprimir profundas marcas na cultura brasileira, pois dessa forma não se poderia pensar em uma prática pedagógica e muito menos em uma Didática que buscasse uma perspectiva transformadora na educação. Vale salientar que, após o movimento pedagógico dos jesuítas, não existiu nenhum outro movimento de força modificativa na educação.
  • 7. Com a criação de uma nova organização instituída por Pombal, provocou-se um retrocesso no processo pedagógico. Nessa ação pombalina, professores leigos começaram a ser admitidos para as “aulas régias”. Em 1870 com a expansão cafeeira e a modificação de um modelo econômico agrário-exportador para urbano-comercial-exportador, o Brasil inicia seu período de “iluminismo”. No ano de 1890, é aprovada a reforma de Benjamin Constant sob a influência do positivismo. No âmbito educacional, o ensino religioso nas escolas públicas é extinto e o Estado assume a laicidade e a escola passa a difundir uma visão burguesa com a intenção de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Nesse período, a Didática visa garantir aos futuros educadores orientações necessárias ao trabalho docente. A atividade docente é compreendida de forma autônoma face à política, dissociada das questões entre escola e sociedade fragmentando teoria da prática.
  • 8. A partir de 1930 Surgimento da Didática nos cursos de formação de professores
  • 9. Durante a revolução de 30, em meio às transformações sociais - políticas e econômicas sofridas pela sociedade brasileira, o âmbito educacional passa por profundas mudanças. A primeira delas é a constituída por Vargas na criação do Ministério de Educação e Saúde Pública organizando o ensino comercial, adotando o regime universitário e implantando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, que surge como o primeiro instituto de ensino superior que funcionava de acordo com o modelo Francisco Campos. Essa modificação sofrida pela sociedade brasileira, em decorrência da crise mundial da economia capitalista, dá origem à Didática como disciplina dos cursos de formação de professores a nível superior. Segundo o art. 20 do Decreto-Lei nº 1190/39, a Didática passa a ser reconhecida como curso e disciplina, com duração de um ano, acentuando seu caráter prático-teórico do processo ensino-aprendizagem.
  • 10. 1945 a 1960 Predomínio das novas idéias e a Didática
  • 11. Momento de aceleração e diversificação do processo de substituição de importações e à penetração do capital estrangeiro na economia brasileira. Nesse contexto, o Decreto-Lei nº 9053 desobrigava o curso de Didática sob a vigilância da Lei Diretrizes e Bases, Lei 4024/61, o esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer nº 242/62, do Conselho Federal de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos geral e especial e introduziu-se a Prática de Ensino sob a forma de estágio supervisionado. Nesse mesmo período, é celebrado um convênio entre o MEC/Governo de Minas Gerais – Missão de Operações dos Estados Unidos criou-se o PABAEE (Programa Americano Brasileiro de Auxílio ao Ensino Elementar), voltado para o aprimoramento dos professores do Curso Normal. Tal fato marca início de uma tecnologia educacional importada dos Estados Unidos de caráter multiplicador. Em decorrência disso, a Didática passa a desconsiderar o contexto político-social no processo de ensino, acentuando um enfoque renovador tecnicista.
  • 12. Período Pós 1964 Os descaminhos da Didática
  • 13. Instalou-se no país um movimento que alteraria a ideologia política, modificando através de um projeto desenvolvimentista que objetivava acelerar o crescimento socioeconômico do país, mudando a forma de governo e conseqüentemente a educação, que passa a contribuir com tal projeto na preparação adequada de recursos humanos (mão de -obra) necessários para o crescimento econômico e tecnológico da sociedade.
  • 14. Esse movimento é tratado como marco histórico, pois a Pedagogia Nova entra em crise e suas articulações passam a ser assumidas pelo grupo militar e tecnocrata. A partir daí, essa pedagogia embasa-se na neutralidade científica inspirando-se nos princípios da racionalidade, eficiência e Didática produtividade. Então, instalou-se na escola a divisão de trabalho sob a justificativa de produtividade. O acordo feito entre o MEC/USAID marcou o sistema educacional, sustentando as reformas do ensino superior e do ensino médio. Além disso, pelas influências dos professores americanos, foi implantada a disciplina “Currículos e Programas”, pelo Parecer 252/69 e Resolução nº 2/69, do Conselho Federal de Educação, nos cursos de Pedagogia, provocando a superposição de conteúdos da nova disciplina com a Didática.
  • 15. A Pedagogia Tecnicista enfoca o papel da Didática no desenvolvimento de uma alternativa não psicológica, trazendo uma perspectiva ingênua de neutralidade científica, tendo como preocupação básica a eficácia e a eficiência do processo de ensino. Logo, os conteúdos dos cursos de Didática passam a centrar-se na organização racional do processo de ensino, no planejamento didático formal e na elaboração de materiais instrucionais, nos livros didáticos descartáveis, o professor torna-se mero executor de objetivos instrucionais, de estratégias de ensino e de avaliação, desvinculando a teoria da prática. Vê-se então, neste período, a Didática assumindo um discurso reprodutivista. Diante disso, a Didática é questionada e surgem movimentos reivindicando sua revisão apontando-a a novos rumos.
  • 16. A década de 80 Momento atual da Didática
  • 17. A situação socioeconômica do Brasil nesta época passava por problemas como: a alta elevação da inflação e desemprego, agravando a situação com o crescimento da dívida externa e pela política recessionária. Instala-se uma Nova República e o governo civil da Aliança Democrática finda a ditadura militar conservando, ainda, alguns aspectos desse regime. Os professores se empenham para reconquistar os direitos e deveres de participarem na definição da política educacional. Ao mesmo tempo, fora realizado a I Conferência Brasileira de Educação, marco importante na história da educação brasileira, pois constituiu um espaço para se discutir e disseminar a concepção crítica da educação.
  • 18. A Didática assume a função de clarificar o papel sociopolítico da educação, da escola e do ensino. Seus pressupostos enfocam uma Pedagogia Crítica que trabalha no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político, ensino- pesquisa e professor-aluno. Em seu âmbito pedagógico, passa a auxiliar no processo de politização do futuro professor despertando-o quanto à ideologia que inspira a natureza do conhecimento. Assim, a Didática crítica supera o intelectualismo formal do enfoque tradicional e recupera seus prestígios no âmbito educacional.