2. Crises e revolução no século XIV
• Caracteriza a crise do século XIV
O século XIV foi uma época de dificuldade, ao contrário dos séculos
anteriores que tinham sido períodos de grande desenvolvimento
económico e muito próspero. Instalou-se a fome nos campos e cidades
pois a população estava em rápido crescimento e a produção agrícola
não aumentava ao mesmo ritmo por não ter continuado o processo de
inovações técnicas e também devido às alterações climatéricas (mais
frio e húmido). Vieram as doenças epidémicas (em que não havia
resistência ao contágio), de todas as doenças a mais grave foi a Peste
Negra que se espalhou por todos os países da Europa, atingindo um
terço dos habitantes europeus.
Como se isto não chegasse, houve a guerra que originou grande
destruição, o mais grave e prolongado confronto foi entre a França e a
Inglaterra (Guerra dos Cem Anos). Na Península Ibérica houve guerras
entre Portugal e Castela.
3. Crises e revolução no século XIV
• Consequências da crise do século XIV
A fome, as doenças e a guerra originaram graves consequências.
A mais grave e catastrófica consequência foi a quebra demográfica
devida à mortalidade provocada pela escassez de alimentos e pela Peste
Negra. Instalou-se uma forte crise económica: o desenvolvimento foi
interrompido, a produção diminuiu e muitas terras foram abandonadas.
Nos campos houve uma subida de salários, pois havia muito menos
camponeses que exigiam aos seus proprietários melhores condições de
vida e melhores pagamentos. Por vezes, estes começaram com motins e
revoltas contra os seus senhores.
4. Crises e revolução no século XIV
• Intervenção régia numa tentativa de
solucionar a crise
Os reis para satisfazer os grandes senhores estabeleceram leis de
tabelamento de salários, isto é, D. Afonso IV e D. Fernando, através da
Lei das Sesmarias, tentaram fixar os salários e obrigar a trabalhar nos
campos quem tinha essa ocupação antes da peste.
Estas leis de fixação de salários, o aumento dos impostos e outras
formas de exploração que os grandes senhores procuravam impor aos
camponeses provocaram grande descontentamento, assim os
camponeses fixaram-se, deixando de procuram proprietários que
pagassem melhor, permitindo melhor produção agrícola.
5. Crises e revolução no século XIV
• Descreve os acontecimentos que marcam a
crise de 1383 a 1385
O reinado de D. Fernando foi um período de muitas dificuldades e de
agitação popular. A grave crise económica foi agravada por causa da
guerra com Castela.
D. Fernando morreu, em 1383, ficando D. Beatriz (sua filha), apenas
com 11 anos de idade e casada com o rei de Castela. Por esta razão, D.
Leonor Teles, mulher de D. Fernando, ficou como regente até que um
filho de D. Beatriz atingisse a maioridade.
A maior parte do povo e a baixa nobreza, aceitaram mal a nova
situação política. Considerando que D. Leonor Teles representava os
interesses de Castela e da grande nobreza.
Por esta razão, alguns burgueses e elementos da baixa nobreza
prepararam uma conspiração. Decidiram matar o Conde João Fernandes
Andeiro, nobre galego e amante da rainha, que era o responsável pela
política em vigor. Quem “matou” o Conde Andeiro foi D. João Mestre de
Avis, filho ilegítimo de D. Pedro I. Em Lisboa, a arraia-miúda (artesão e
assalariados) apoiaram a morte do Conde Andeiro e proclamaram o
Mestre de Avis “regedor e defensor do reino” e os burgueses ricos
aceitaram-no nesse cargo.
A revolta popular manifestou-se contra os proprietários rurais e foi um
grande conflito de trabalho. Estas revoltas, ao contrário de outros
países, não foram reprimidas pela força, pois começou a guerra com
Castela.
6. Crises e revolução no século XIV
• Descreve os acontecimentos que marcam a
crise de 1383 a 1385
Portanto, Portugal encontrava-se com um problema de sucessão ao
trono. D. Beatriz era apoiada pela grande nobreza enquanto a pequena
nobreza, a burguesia e as classes populares apoiavam D. João Mestre de
Avis. A pedido de D. Leonor Teles, no início de 1384, o rei de Castela
invadiu Portugal para defender o direito ao trono da sua mulher, D.
Beatriz. Cercou a cidade com um grande exército, mas os habitantes de
Portugal resistiram. No entanto, os castelhanos que faziam parte do
exército foram vitimas de uma epidemia de peste, obrigando o rei de
Castela a levantar o cerco.
Durante o cerco, Nuno Álvares Pereira, à frente de um exército
composto de camponeses conseguiu sair vitorioso contra os castelhanos
na Batalha dos Atoleiros. Em Março de 1385 reuniram-se as cortes em
Coimbra para discutir o direito ao trono. Os direitos do Mestre de Avis
foram defendidos pelo doutor João das Regras e apesar da oposição da
grande nobreza, D. João Mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal,
como D. João I.
Mais tarde, Castela voltou a invadir Portugal com um poderoso
exército. Esta batalha, a Batalha de Aljubarrota, foi vencida pelos
portugueses comandados por D. João I que garantiu a independência de
Portugal. Começando agora uma nova dinastia, a dinastia de Avis em
que uma nobreza substituía a alta nobreza que apoiara o partido de
Castela.
7. O expansionismo europeu
• Caracteriza o dinamismo económico do século
XV
Depois da grave crise do século XIV, Portugal entrou em meados do
século XV num período de recuperação económica: deu-se, de novo, um
crescimento da população e aumentou a produção agrícola e artesanal.
As principais áreas comerciais continuavam a ser Flandres e cidades
hanseáticas, assim como os portos do Mediterrâneo. As cidades
italianas, principalmente Génova e Veneza adquiriram grande
prosperidade pois contactavam com o mundo muçulmano conhecendo
as especiarias, perfumes, tecidos de luxo da Índia e da China que eram
trazidos para a Europa através das rotas do Levante. No início deste
século o resto do mundo (para além da Europa), era desconhecido,
ignorando o continente americano e tendo informações erradas de
outras áreas, cheias de fantasia e de imprecisões de relatos de antigas
viagens. Imaginava-se que nas regiões desconhecidas existiam inúmeros
perigos , nascendo o mito do “mar tenebroso”. Os mitos surgiam
quando não se conseguia justificar cientificamente qualquer coisa.
Os mapas medievais apresentavam uma grande falta de rigor:
ignorando a América e representando a África e a Ásia incorretamente.
Prolongavam o continente africano muito para Sul, consideravam que o
Atlântico e o Índico eram incomunicáveis e que este último formava uma
espécie de lago.
8. O expansionismo europeu
• Indica as necessidades de expansão da Europa
e as Portuguesas
Como no mundo havia poucos contactos entre si, iniciou-se a
expansão por iniciativa da Europa. Com os objetivos de:
Encontrar ouro, pois devido ao crescimento das trocas comerciais era
necessário maior quantidade de moeda. Este metal precioso não havia
em abundância na Europa ao contrário da África.
A necessidade de encontrar um acesso direto às especiarias e aos
produtos de luxo do Oriente, que só se conseguia obter na Europa
através dos muçulmanos, por isso procurava-se o caminho marítimo.
Motivações específicas portuguesas (de caráter socioeconómico):
Interesse nas atividades mercantis (burguesia e parte da nobreza) queria
ter acesso a:
1. Ouro africano, especiarias, açúcar e plantas tintureiras, assim como
outras mercadorias caras e com grande procura na Europa;
2. Escravos necessários após o período de crise em que faltava mão-de-
obra;
3. Cereais.
A nobreza ambicionava continuar a guerra para aumentar os seus
domínios senhoriais e obter novos cargos.
O clero considerava ser a sua obrigação combater os muçulmanos e
expandir a fé cristã.
9. O expansionismo europeu
• Caracteriza as condições de prioridade
Portuguesa
Portugal, tal como os outros países, sentia grande necessidade de se
expandir e no início do século XV era Portugal que reunia as condições
adequadas para a concretização desse desejo: condições geográficas,
políticas, humanas, técnicas e científicas.
Condições geográficas: Portugal fica situado no extremo ocidental da
Europa, perto da costa de África e dos arquipélagos atlânticos,
possuindo também uma longa fachada marítima e bons portos naturais.
Condições políticas: estava em vigor uma nova dinastia (dinastia de
Avis), com um reforço do poder régio e uma renovação de quadros
dirigentes, abertos a novos desafios.
Condições humanas: devido ao comércio a longa distância e à atividade
de pesca existiam em Portugal marinheiros experientes.
Condições técnicas: os portugueses dominavam a construção naval, foi
aperfeiçoado o navio das viagens de descoberta: a caravela, uma
embarcação com o leme fixo à popa e velas triangulares (velas latinas)
que permitiam navegar com ventos contrários – bolinar.
Condições científicas: como Portugal não expulsara os muçulmanos e os
judeus do país, estes ensinaram aos portugueses a navegação
astronómica, isto é, navegar no mar alto orientando-se pelos astros,
utilizando alguns instrumentos como a bússola, o astrolábio e o
quadrante.
10. O expansionismo europeu
• Porquê Ceuta?
A expansão começou em 1415 com a conquista de Ceuta. Os
portugueses escolheram-na pois esta cidade marroquina está localizada
à entrada do estreito de Gibraltar, numa posição estratégica entre o mar
Mediterrâneo e o Oceano Atlântico onde era intenso o corso
muçulmano. Ceuta era um ativo centro de comércio, sendo um dos
pontos de chegadas de rotas de caravanas que traziam ouro da região
do deserto do Sara e situava-se numa zona rica em cereais.
Esses aspetos atraíram os portugueses que queriam enfraquecer o
poder militar dos muçulmanos e expandir a fé cristã.
11. O expansionismo europeu
• Ceuta, fracasso ou sucesso?
A conquista de Ceuta fez-se com grande facilidade.
Ceuta tornou-se num enorme fracasso económico, contudo foi um
sucesso político. Em termos económicos tudo aquilo que era desejado
desapareceu. As rotas caravaneiras foram desviadas, os campos de
cereais foram queimados, o ouro africano nunca aí chegou e os ataques
eram constantes. Em termos políticos esta conquista trouxe a afirmação
de uma nova dinastia perante os seus pares europeus e perante o Papa,
pois esta foi a primeira conquista em solo africano.
12. O expansionismo europeu
• Caracteriza o processo de exploração das ilhas
atlânticas (Açores e Madeira)
Nas primeiras viagens em direção à costa africana os portugueses
chegaram aos arquipélagos da Madeira e Açores. Algumas ilhas destes
arquipélagos já estavam representadas em mapas, portanto não foi a
descoberta mas sim o reconhecimento ou redescoberta. Antes dos
portugueses lá chegarem estes arquipélagos eram desabitados, deu-se
então a colonização. Colonizar é desbravar, povoar e promover o
desenvolvimento do local.
D. Henrique, filho de D. João I, entregou a sua colonização a capitães
donatários, isto é, elementos da pequena nobreza a quem eram doadas
grandes extensões de território (uma ilha, ou parte dela). Tinha imenso
poderes, entre eles incluía-se o direito de administrar a justiça, de
cobrar impostos e distribuir terras aos povoadores que quisessem
explorá-las. Os primeiros capitães-donatários da Madeira foram João
Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, nos Açores foi Gonçalo Velho.
13. O expansionismo europeu
• Descreve a política africana de D. Afonso V
O rei D. Afonso V, sucessor ao trono após a morte de D. Henrique, não
sentia qualquer interesse pelas viagens de descoberta.
Pressionado pelos nobres, o rei D. Afonso V promoveu várias
expedições militares ao Norte de África, conquistando novas cidades
marroquinas: Alcácer Ceguer e de Arzila e Tânger.
A expansão marítima foi deixada à iniciativa particular. O comércio na
costa de África foi arrendado, por cinco anos a Fernão Gomes, um rico
mercador de Lisboa. Em troca, Fernão Gomes comprometia-se a
descobrir em cada anos, cem léguas de costa e daria 200 mil reais ao rei.
Durante o seu contrato explorou todo o Golfo da Guiné incluindo a
costa da Mina, onde havia ouro em grande quantidade.
descobriu-se também as ilhas de São Tomé, Príncipe, Fernando Pó e
Ano Bom.
14. O expansionismo europeu
• Relaciona o objetivo de D. João II com as
viagens por este patrocinadas
Quando o poder passou para D. João II, este tinha um grande objetivo:
atingir a Índia – e ele dispunha as condições necessárias para isso, o
comércio da costa africana, sobretudo o ouro fornecia-lhe meios para
financiar as expedições de descoberta assim como possuía os
conhecimentos de geografia, astronomia e de cartografia essenciais para
as viagens.
Patrocinou portanto as seguintes viagens:
• As viagens de Diogo Cão que explorou o litoral da Angola e chegou até
Namíbia;
• A expedição de Pêro da Covilhã e Afonso Paiva, enviados ao Oriente, por
terra, para recolherem informações sobre a navegação e o comércio no
oceano Índico;
• A viagem de Bartolomeu Dias que ultrapassou o limite sul do continente
africano, o Cabo da Boa Esperança.
Assim, o objetivo de D. João II já estava quase conseguido graças às
viagens que patrocinara, pois acabara de ligar o Oceano Atlântico e
Índico e ficava quase certa a esperança de chegar à Índia.
15. O expansionismo europeu
• Descreve o Tratado de Tordesilhas
A competição entre Portugal e Castela começou logo no início do século XVI,
com a disputa acerca do arquipélago das Canárias. Com o tratado de Alcáçovas os
portugueses desistiam de quaisquer pretensões sobre as Canárias, pois Castela
reconhecia aos portugueses o domínio exclusivo dos territórios a sul daquelas
ilhas. No entanto, com a descoberta da América por Cristóvão Colombo, houve
complicações.
Cristóvão Colombo ofereceu os seus serviços a D. João II, com o plano de
atingir a Índia navegando para Ocidente, mas este recusou pois já tinha as suas
informações e já sabia como lá chegar, por isso Cristóvão ofereceu os seus
serviços a Espanha. Estes aceitaram e navegaram para ocidente, chegando a
terras desconhecidas. Pensavam que tinham chegado á Índia, mas afinal era o
continente americano.
Mas aqui surgiu um problema, pois essas terras estavam a sul das ilhas
Canárias, ou seja, fazendo a interpretação do tratado de Alcáçovas pertenciam
aos portugueses. No entanto, os espanhóis tinham uma opinião diferente.
O Papa, a única autoridade reconhecida internacionalmente, confirmou um
acordo: Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, que estabelecia a divisão do
mundo em dois hemisférios, a partir de um meridiano que passava 370 léguas a
ocidente das ilhas de Cabo Verde. Para oriente dessa linha as terras passavam a
pertencer a Portugal; os que estivessem para ocidente pertenciam a Espanha.
Esse acordo teve um lado positivo para Portugal, pois o território português
incluía o Brasil.
16. O expansionismo europeu
• Como foi feita a exploração da costa africana e
do oriente
O objetivo dos portugueses não era conquistar nenhum estado,
fixando-se apenas na zona litoral. Dedicavam-se ao comércio dos
escravos, marfim e especiarias africanas. Estabelecendo feitorias, isto é,
postos comerciais, em certos locais estratégicos da costa. A principal
feitoria na África ocidental foi a de S. Jorge da Mina, no Golfo da Guiné,
onde os portugueses compravam ouro, em troca de outras mercadorias.
Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe eram completamente despovoados
até à data da sua descoberta (pelos portugueses)
A colonização de Cabo Verde foi lenta, onde se desenvolveu a criação
de gado e agricultura, com o trabalho dos escravos.
O clima de São Tomé e Príncipe é quente e húmido e o solo bastante
fértil. Devido às doenças tropicais como a malária, a produção do açúcar
fez-se devido ao trabalho de escravos.
Os dois arquipélagos tornaram-se portanto, entrepostos do tráfico de
escravos que eram adquiridos no litoral da África. Que depois eram
também levados para a América e Europa.
Nos arquipélagos atlânticos africanos a população foi cristianizada.
17. O expansionismo europeu
• Distingue a política dos vice-reis
Os portugueses não tinham como objetivo fundar no Oriente um
império territorial mas apenas um império comercial, assente no
domínio dos mares. A principal oposição desse domínio veio dos
muçulmanos, que controlavam o comércio asiático, através do mar
Vermelho e do Golfo Pérsico. Com eles, os portugueses travaram no mar
combates decisivos.
O primeiro vice-rei da Índia, ou seja alguém que é governador da Índia,
pertencente à alta nobreza, que recebe um título, foi D. Francisco de
Almeida. (que dominava os mares)
O segundo vice-rei da Índia foi Afonso de Albuquerque que procurou
dominar algumas cidades, escolhidas estrategicamente. Foram, assim,
conquistados três pontos-chave do comércio Oriental: Goa, Ormuz e
Malaca.
Portanto, a diferença política dos dois vice-reis é que enquanto um
domina os mares, o outro domina a terra. Apesar de ambos terem o
mesmo objetivo: pretendem estabelecer no Oceano Índico, durante
quase um século, um regime de monopólio comercial, isto é, de domínio
exclusivo do comércio.
18. O expansionismo europeu
• Elabora uma cronologia com as viagens mais
marcantes no processo de exploração da costa
africana, asiática e americana
CONQUISTA ANO CONQUISTADOR/
REINADO DE
Ceuta 1415 D. Henrique
Madeira Cerca de 1419 D. Henrique
Açores Cerca de 1427 D. Henrique
Alcácer Ceguer 1458 D. Afonso V
Argila e Tânger 1471 D. Afonso V
América 1492 Cristóvão Colombo
Índia 1498 Vasco da Gama
Brasil 1500 Pedro Álvares Cabral