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Universidade Salgado de Oliveira
Programa de Pós-graduação em História do Brasil
Campus Niterói
Breve análise do texto A escrita. In: A escrita da história: teoria e métodos
(1988), de José Mattoso
Rodolfo Alves Pereira
Trabalho elaborado junto ao Programa de Pós-Graduação em
História do Brasil, Disciplina “Teoria da História e Historiografia”
Niterói (RJ)
2016
2
Breve análise do texto A escrita. In: A escrita da história: teoria e métodos (1988), de
José Mattoso.
Rodolfo Alves Pereira1
José Mattoso é um historiador português, catedrático de História Medieval na
Universidade Nova de Lisboa e presidente do Instituto Português de Arquivos. Presidiu
o Conselho Científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade e
também o seu Conselho Directivo. Publicou, dentre outras obras, A escrita da História:
teoria e métodos, em 1988.
Esse trabalho reuniu um conjunto de conferências proferidas pelo autor entre os
anos de 1986 e 1987, o qual decidiu pela publicação para atender a solicitações e pedidos
de amigos, instituições e grupos para que abordasse questões teóricas e metodológicas no
campo da história.
Mattoso admite que os problemas do método sempre o interessaram e aqueles
relacionados à teoria da história lhe provocaram uma sensação de insegurança, além do
fato de que ele não se identifica e nem reconhece o seu trabalho em nenhuma corrente
determinada do pensamento. O autor parece se situar entre o problema do Moderno ou do
Pós-Moderno, tecendo críticas aos dois grupos, anotadas na apresentação de seu livro,
como podemos verificar a seguir.
...é claro que não posso aliar-me a quem acreditava outrora na História como
a narrativa da emergência do Espírito, da Razão, do Progresso,da Liberdade,
da Democracia, do Socialismo ou mesmo do Homem. E todavia também não
sinto propensão alguma para o culto da performance pela performance, para a
entrega entusiástica ou cínica ao diletantismo formal, para a justificação do
nominalismo, por mais sucesso que isso possa trazer. O acréscimo de
comunicação que daí possa resultar parece-me demasiado epidérmico, e por
isso desoladoramente frustrante. Não me entusiasmam as brincadeiras de
Humberto Eco, apesar de me fascinar tanto O nome da Rosa, nem me agrada
a complacência com que Lyotard e outros teóricos do pós-moderno
demonstram a total dispersão de sentido, a heterogeneidade insuperável da
linguagem ou a proclamação do incontrolável e do impossível como valores
na sociedade actual. E todavia também não acredito, como eles, na
possibilidade de construir nenhuma meta-narrativa ou qualquer meta-
linguagem, nem procuro propriamente o sentido da História2.
1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Salgado de Oliveira,
Campus Niterói.
2 MATTOSO, J. A escrita da história: teoria e métodos. Lisboa: Editorial Estampa, 1988. p. 9-10.
3
A citação, embora longa, é reveladora da posição que Mattoso parece ocupar no
campo da teoria da história: não se posiciona ao lado dos modernos, pois se mostra
desacreditado com o ideário positivo da história, tampouco procura o sentido da História,
como buscam os pós-modernos.
No texto A escrita da História, Mattosso fala, com certa hesitação, de questões
gerais e fundamentalmente teóricas. A hesitação do autor advém do fato de que sua
“insegurança resulta de uma certa aversão pessoal por questões teóricas e por noções
abstractas, agravadas por uma deficiente preparação filosófica.” (MATTOSO, op. cit. p
15). Ele reconhece a importância da adoção de referências conceituais nos estudos
históricos, por isso revela que as noções teóricas “fornecidas por outras ciências têm-me
sido muitas vezes mais úteis nas minhas investigações do que os modelos propostos
anteriormente por colegas da minha especialidade”. (idem, 1988, p. 15).
Nesse momento fica explícita a posição favorável no diálogo da história com outras
disciplinas, como a psicologia, antropologia e sociologia. A esse respeito, o historiador
português parece concordar com Marc Bloch e os Annales ao reconhecer a importância
da interdisciplinaridade para investigar, analisar e interpretar as informações empíricas
fornecidas pela documentação.
Sobre o trabalho e estudo com os documentos, Mattoso afirma que eles “só têm
sentido quando inseridos numa totalidade, que é a existência do homem no tempo”
(ibidem, 1988, p. 17). Assim, para Mattoso, “os documentos só revelam verdadeiro
significado quando fazem parte integrante de uma globalidade que se apresenta como a
existência do homem no tempo.”3
Parece-nos que novamente o autor estabelece um diálogo com Bloch, pois foi este, um
dos fundadores da Escola dos Annales, que afirmou ser a história a “ciência dos homens
no tempo”, em seu último livro, não finalizado em 1944, Apologia da história ou o ofício
do historiador.
3 LINO, M. C. Rev. Lusófona de Educação. n. 12 Lisboa 2008. Disponível on-line:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-72502008000200014 > Acesso em:
20 nov. 2016.
4
Ao analisar o documento, considerado como vestígios do itinerário temporal do
homem, Mattoso procura extrair-lhes as informações e situá-las “na escala de uma
incomensurável relatividade. O que lhe obriga a não dar mais valor, por exemplo, “à
queda de um império do que ao nascimento de uma criança, nem mais peso às acções de
um rei do que a suspiro de amor” (MATTOSO, op. cit. p. 17).
O autor não se apega à antiga noção de fato histórico, segundo a qual apenas alguns
eventos tinham valor histórico, tais como “as acções dos chefes políticos, dos génios ou
dos heróis.” (MATTOSO, op. cit. p. 17). Essa noção de fato histórico foi celebrada,
sobretudo, pela escola positivista do século XIX e predominou em muitos manuais de
história até as primeiras décadas do século XX. Para Mattoso, com o alargamento da
história da humanidade, tudo tinha dimensão histórica, “desde a forma de enterrar os
mortos até à concepção do corpo, desde a sexualidade até à paisagem, desde o clima até
a demografia” (MATTOSO, op. cit. p. 17). Logo, com a ampliação do objeto de estudo
da história, todos os fenômenos e acontecimentos sociais são passíveis de análise pelo
historiador.
Dar conta da totalidade é um grande desafio para o historiador, reconhece
Mattoso. Para conduzir tal esforço historiográfico, é necessário mais do que a leitura de
documentos escritos, procedendo à ampliação do escopo documental para investigar o
passado. Assim, é preciso que o pesquisador busque informações em outros fontes, como
na paisagem, nos monumentos, nas iluminuras, nos jogos, nos contos, no
imaginário colectivo, nas técnicas artesanais, nos pelourinhos, nos barcos de
pesca, na terminologia das formas de tratamento pessoal, na paginação dos
livros, nos brinquedos, na moda, enfim, em tudo4.
A ideia de Mattoso acerca da variedade de fontes na pesquisa histórica está em
consonância com a revolução documental perpetrada pelos Annales. Samaran ressalta
que há “que tomar a palavra 'documento' no sentido mais amplo, documento escrito,
ilustrado, transmitido pelo som, a imagem, ou de qualquer outra maneira"5. A exemplo
de Bloch, Mattoso vê o documento como um vestígio e não como uma fonte definitiva
que ninguém interfere ou modifica. Ao contrário, ele defende que tais documentos
precisam passar pelo escrutínio do historiador.
4 (MATTOSO, op. cit. p. 21).
5 (SAMARAN, 1961 apud LE GOFF, 1990. p. 285).
5
Voltamos a uma questão importante: como vislumbrar o todo? Mattoso responde:
através da contemplação. Para ele
a atitude contemplativa não é oposta à atitude racional e científica. Muito pelo
contrário, uma vez que torna a ciência extremamente exigente e o rigor da
observação incansável. Essa atitude contemplativa levará também a não nos
contentarmos com os vestígios escritos do passado e a examinarmos o que se
encontra por toda a parte, mas esse exame deverá sempre ter em conta que o
essencial só se revela a quemsabe procurar e reconhecer o seu valor.6
A atitude contemplativa mencionada por Mattoso
não se exige apenas para tentar apreender a totalidade sem margens do real,
mas também para relacionar as partes com o todo, as moléculas com o
universo, os homens com a humanidade, para reunir num só acto a análise e a
síntese,a distinção e a composição. De facto, nada tem sentido em si mesmo,
mas em virtude da sua relação com alguma coisa7.
Relacionar as partes com um todo é fundamental para compreender a complexidade do
conhecido, rompendo com as práticas científicas que procuram isolar os fenômenos e
estudá-los separadamente, em pequenas partes, esquecendo-se de relacioná-las com um
contexto maior – o todo. Essa reflexão também perpassou os trabalhos do filósofo francês
Edgar Morin, que, ao descrever sua teoria da complexidade, alertou para o fato de que ele
vê o mundo como um todo indissociável e nele “as partes se encontram no todo e o todo
se encontra em cada uma das partes” (Morin, 1991, 2003, 2007 apud SILVA, 2011).
A relação parte-todo também foi apresentada em um poema de Gregório de Matos
Guerra. Embora tratasse de questões religiosas, o poeta do século XVII afirma que:
“O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo”8.
A respeito da ideia de buscar relação entre as partes e o todo a fim de dar
significado para as coisas, José Mattoso acredita que
6 LINO, M. C. op. cit.
7 MATTOSO, op. cit. p. 19.
8 Gregório de Matos Guerra. Ao braço do mesmo Menino Jesus quando apareceu.
6
... a História não é a comemoração do passado,mas uma forma de interpretar
o presente.Ao descobrir a relação entre o ontem e o hoje, creio poderdecifrar
a ordem possível do mundo, imaginária, porventura, mas indispensável à
minha própria sobrevivência,para não me diluir a mim mesmo no caos de um
mundo fenomenal, sem referências nem sentido.9
Ordenar o caos, reconstituir o passado e encontrar respostas para as questões
presentes, eis algumas questões suscitadas por Mattoso para discutir o fascínio que a
história exerce sobre os homens. Segundo ele, de fato “a ignorância ou o desprezo do
passado correspondem à tentativa absurda ou perigosa de anular a posição anterior ou de
querer negar o real” (MATTOSO, op. cit. p. 19). É nessa mesma direção que Bloch
afirmou que a “incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado.
(Bloch, op. cit. p. 47). Nessa perspectiva, ignorar o conhecimento dos tempos pretéritos
exprimiria “um olhar curto, obtuso, grosseiro sobre a vida”, conclui o historiador
português.
Por fim, Mattoso descreve um momento importante na produção do conhecimento
histórico – comunicar. Quando ele menciona esse verbo, diz que fala e pensa em escrita
mais do que uma expressão oral. (Mattoso, op. cit. p. 26). Para ele,
a emoção causada pela contemplação do agir humano de outrora, da qual brota
a representação mental ou palavra interior, não passa de impressão vaga,
ilusória, e por isso mesmo estéril, se não florescer em escrita ou discurso.10
Mattoso reforça que “a palavra recria o mundo, tira-o do caos para o cosmos. A
palavra humana tem essa força criadora porque não é senão a encarnação do Logos eterno
no tempo” (Mattoso, op. cit. p. 27). Desse modo, o autor considera que na escrita da
história há vários graus “desde o texto ingénuo e um pouco rude, até ao texto fundador
de uma nova era historiográfica, passando, logicamente, por livros fastidiosos mas úteis,
compêndios para consumos escolares e ordenações esquemáticas e simples” (LINO, M.
C. op. cit.).
Para terminar, Mattoso diz
que a escrita em História é um discurso pessoal. Quero com isto dizer que
resulta da minha interpretação. Como tal, não exclui outras maneiras de ver.
Temos de admitir que a infinita riqueza do passado humano se revela em mais
9 Idem. p. 22.
10 Ibidem, p. 26.
7
do que uma única ordenação, e que esta depende dos pontos de vista, que são
muitos11.
Note que o autor reconhece a multiplicidade dos pontos de vista e de intepretações
possíveis sobre os acontecimentos históricos, afastando a hipótese de haver apenas uma
explicação histórica, pois nenhum “discurso pode jamais esgotá-la” (Mattoso, op. cit, p.
29). Assim, converge com os ensinamentos de Bloch, para o qual “o monismo da causa
seria para a explicação histórica simplesmente um embaraço. Ela busca fluxos de ondas
causais e não se assusta, uma vez que a vida assim os mostra, ao encontrá-los múltiplos”12.
Considerações finais
Identificamos no pensamento de José Mattoso certas semelhanças e proximidade
com as ideias teóricas e metodológicas apregoadas pela Escola dos Annales, fundada na
França em 1929. Embora Mattoso afirme não reconhecer o seu estilo historiográfico em
nenhuma vertente teórica rigidamente delimitada, muito de sua visão historiográfica se
aproxima da proposta da “Nova História”, como, por exemplo, a ampliação do escopo
documental e o constante diálogo da história com outras disciplinas das ciências humanas
e sociais. O autor também não se identifica com os historiadores Modernos, tampouco se
coloca nas fileiras dos Pós-Modernos. Se ele afirma “que a História, por mais expressiva
que seja, por mais ligada ao fascínio do que do passado hoje permanece, a História não é
a realidade13”, defende a ideia de que a história escrita é uma ponte entre o sujeito e a
realidade, colocando em perspectiva uma aspecto do real, resgatado da ação destruidora
do tempo.
Mattoso tem um estilo único, não se vê fixo a nenhuma corrente historiográfica,
talvez por entender que a contemplação da história produz múltiplos olhares, calcados em
vasta documentação para fornecer dados empíricos para serem analisados pelo historiador
em frequente diálogo com a sociologia, antropologia, psicologia etc. Em seguida, os
dados devem ser traduzidos por meio da comunicação escrita, num momento em que o
historiador procura tocar o real por meio de um discurso pessoal, que, longe de esgotar o
11 Ibidem, p. 29.
12 Bloch, op. cit. p. 111.
13 (MATTOSO, op. cit. p. 30).
8
assunto em questão, abre múltiplos caminhos e possibilidades para novas composições,
contradições e complementos oriundos dos diversos discursos.
9
Bibliografia
BLOCH, Marc. Apologia da história ou ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar,
2002.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: Editora Unicamp, 1994.
LINO, M. C. Rev. Lusófona de Educação n.12 Lisboa 2008. Disponível on-line:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
72502008000200014 > Acesso em: 20 nov. 2016.
MATTOSO, J. A escrita da história: teoria e métodos. Lisboa: Editorial Estampa, 1988.
p. 15-30.
SILVA, B. P. L. A teoria da complexidade e o seu princípio educativo: as ideias
educacionais de Edgar Morin. Polyphonía, v. 22/2, jun./dez. 2011. Disponível em
<https://www.revistas.ufg.br/sv/article/view/26682/15277> Acesso em 20 nov. 2016.

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Breve análise do texto de José Matoso

  • 1. Universidade Salgado de Oliveira Programa de Pós-graduação em História do Brasil Campus Niterói Breve análise do texto A escrita. In: A escrita da história: teoria e métodos (1988), de José Mattoso Rodolfo Alves Pereira Trabalho elaborado junto ao Programa de Pós-Graduação em História do Brasil, Disciplina “Teoria da História e Historiografia” Niterói (RJ) 2016
  • 2. 2 Breve análise do texto A escrita. In: A escrita da história: teoria e métodos (1988), de José Mattoso. Rodolfo Alves Pereira1 José Mattoso é um historiador português, catedrático de História Medieval na Universidade Nova de Lisboa e presidente do Instituto Português de Arquivos. Presidiu o Conselho Científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade e também o seu Conselho Directivo. Publicou, dentre outras obras, A escrita da História: teoria e métodos, em 1988. Esse trabalho reuniu um conjunto de conferências proferidas pelo autor entre os anos de 1986 e 1987, o qual decidiu pela publicação para atender a solicitações e pedidos de amigos, instituições e grupos para que abordasse questões teóricas e metodológicas no campo da história. Mattoso admite que os problemas do método sempre o interessaram e aqueles relacionados à teoria da história lhe provocaram uma sensação de insegurança, além do fato de que ele não se identifica e nem reconhece o seu trabalho em nenhuma corrente determinada do pensamento. O autor parece se situar entre o problema do Moderno ou do Pós-Moderno, tecendo críticas aos dois grupos, anotadas na apresentação de seu livro, como podemos verificar a seguir. ...é claro que não posso aliar-me a quem acreditava outrora na História como a narrativa da emergência do Espírito, da Razão, do Progresso,da Liberdade, da Democracia, do Socialismo ou mesmo do Homem. E todavia também não sinto propensão alguma para o culto da performance pela performance, para a entrega entusiástica ou cínica ao diletantismo formal, para a justificação do nominalismo, por mais sucesso que isso possa trazer. O acréscimo de comunicação que daí possa resultar parece-me demasiado epidérmico, e por isso desoladoramente frustrante. Não me entusiasmam as brincadeiras de Humberto Eco, apesar de me fascinar tanto O nome da Rosa, nem me agrada a complacência com que Lyotard e outros teóricos do pós-moderno demonstram a total dispersão de sentido, a heterogeneidade insuperável da linguagem ou a proclamação do incontrolável e do impossível como valores na sociedade actual. E todavia também não acredito, como eles, na possibilidade de construir nenhuma meta-narrativa ou qualquer meta- linguagem, nem procuro propriamente o sentido da História2. 1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Salgado de Oliveira, Campus Niterói. 2 MATTOSO, J. A escrita da história: teoria e métodos. Lisboa: Editorial Estampa, 1988. p. 9-10.
  • 3. 3 A citação, embora longa, é reveladora da posição que Mattoso parece ocupar no campo da teoria da história: não se posiciona ao lado dos modernos, pois se mostra desacreditado com o ideário positivo da história, tampouco procura o sentido da História, como buscam os pós-modernos. No texto A escrita da História, Mattosso fala, com certa hesitação, de questões gerais e fundamentalmente teóricas. A hesitação do autor advém do fato de que sua “insegurança resulta de uma certa aversão pessoal por questões teóricas e por noções abstractas, agravadas por uma deficiente preparação filosófica.” (MATTOSO, op. cit. p 15). Ele reconhece a importância da adoção de referências conceituais nos estudos históricos, por isso revela que as noções teóricas “fornecidas por outras ciências têm-me sido muitas vezes mais úteis nas minhas investigações do que os modelos propostos anteriormente por colegas da minha especialidade”. (idem, 1988, p. 15). Nesse momento fica explícita a posição favorável no diálogo da história com outras disciplinas, como a psicologia, antropologia e sociologia. A esse respeito, o historiador português parece concordar com Marc Bloch e os Annales ao reconhecer a importância da interdisciplinaridade para investigar, analisar e interpretar as informações empíricas fornecidas pela documentação. Sobre o trabalho e estudo com os documentos, Mattoso afirma que eles “só têm sentido quando inseridos numa totalidade, que é a existência do homem no tempo” (ibidem, 1988, p. 17). Assim, para Mattoso, “os documentos só revelam verdadeiro significado quando fazem parte integrante de uma globalidade que se apresenta como a existência do homem no tempo.”3 Parece-nos que novamente o autor estabelece um diálogo com Bloch, pois foi este, um dos fundadores da Escola dos Annales, que afirmou ser a história a “ciência dos homens no tempo”, em seu último livro, não finalizado em 1944, Apologia da história ou o ofício do historiador. 3 LINO, M. C. Rev. Lusófona de Educação. n. 12 Lisboa 2008. Disponível on-line: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-72502008000200014 > Acesso em: 20 nov. 2016.
  • 4. 4 Ao analisar o documento, considerado como vestígios do itinerário temporal do homem, Mattoso procura extrair-lhes as informações e situá-las “na escala de uma incomensurável relatividade. O que lhe obriga a não dar mais valor, por exemplo, “à queda de um império do que ao nascimento de uma criança, nem mais peso às acções de um rei do que a suspiro de amor” (MATTOSO, op. cit. p. 17). O autor não se apega à antiga noção de fato histórico, segundo a qual apenas alguns eventos tinham valor histórico, tais como “as acções dos chefes políticos, dos génios ou dos heróis.” (MATTOSO, op. cit. p. 17). Essa noção de fato histórico foi celebrada, sobretudo, pela escola positivista do século XIX e predominou em muitos manuais de história até as primeiras décadas do século XX. Para Mattoso, com o alargamento da história da humanidade, tudo tinha dimensão histórica, “desde a forma de enterrar os mortos até à concepção do corpo, desde a sexualidade até à paisagem, desde o clima até a demografia” (MATTOSO, op. cit. p. 17). Logo, com a ampliação do objeto de estudo da história, todos os fenômenos e acontecimentos sociais são passíveis de análise pelo historiador. Dar conta da totalidade é um grande desafio para o historiador, reconhece Mattoso. Para conduzir tal esforço historiográfico, é necessário mais do que a leitura de documentos escritos, procedendo à ampliação do escopo documental para investigar o passado. Assim, é preciso que o pesquisador busque informações em outros fontes, como na paisagem, nos monumentos, nas iluminuras, nos jogos, nos contos, no imaginário colectivo, nas técnicas artesanais, nos pelourinhos, nos barcos de pesca, na terminologia das formas de tratamento pessoal, na paginação dos livros, nos brinquedos, na moda, enfim, em tudo4. A ideia de Mattoso acerca da variedade de fontes na pesquisa histórica está em consonância com a revolução documental perpetrada pelos Annales. Samaran ressalta que há “que tomar a palavra 'documento' no sentido mais amplo, documento escrito, ilustrado, transmitido pelo som, a imagem, ou de qualquer outra maneira"5. A exemplo de Bloch, Mattoso vê o documento como um vestígio e não como uma fonte definitiva que ninguém interfere ou modifica. Ao contrário, ele defende que tais documentos precisam passar pelo escrutínio do historiador. 4 (MATTOSO, op. cit. p. 21). 5 (SAMARAN, 1961 apud LE GOFF, 1990. p. 285).
  • 5. 5 Voltamos a uma questão importante: como vislumbrar o todo? Mattoso responde: através da contemplação. Para ele a atitude contemplativa não é oposta à atitude racional e científica. Muito pelo contrário, uma vez que torna a ciência extremamente exigente e o rigor da observação incansável. Essa atitude contemplativa levará também a não nos contentarmos com os vestígios escritos do passado e a examinarmos o que se encontra por toda a parte, mas esse exame deverá sempre ter em conta que o essencial só se revela a quemsabe procurar e reconhecer o seu valor.6 A atitude contemplativa mencionada por Mattoso não se exige apenas para tentar apreender a totalidade sem margens do real, mas também para relacionar as partes com o todo, as moléculas com o universo, os homens com a humanidade, para reunir num só acto a análise e a síntese,a distinção e a composição. De facto, nada tem sentido em si mesmo, mas em virtude da sua relação com alguma coisa7. Relacionar as partes com um todo é fundamental para compreender a complexidade do conhecido, rompendo com as práticas científicas que procuram isolar os fenômenos e estudá-los separadamente, em pequenas partes, esquecendo-se de relacioná-las com um contexto maior – o todo. Essa reflexão também perpassou os trabalhos do filósofo francês Edgar Morin, que, ao descrever sua teoria da complexidade, alertou para o fato de que ele vê o mundo como um todo indissociável e nele “as partes se encontram no todo e o todo se encontra em cada uma das partes” (Morin, 1991, 2003, 2007 apud SILVA, 2011). A relação parte-todo também foi apresentada em um poema de Gregório de Matos Guerra. Embora tratasse de questões religiosas, o poeta do século XVII afirma que: “O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga, que é parte, sendo todo”8. A respeito da ideia de buscar relação entre as partes e o todo a fim de dar significado para as coisas, José Mattoso acredita que 6 LINO, M. C. op. cit. 7 MATTOSO, op. cit. p. 19. 8 Gregório de Matos Guerra. Ao braço do mesmo Menino Jesus quando apareceu.
  • 6. 6 ... a História não é a comemoração do passado,mas uma forma de interpretar o presente.Ao descobrir a relação entre o ontem e o hoje, creio poderdecifrar a ordem possível do mundo, imaginária, porventura, mas indispensável à minha própria sobrevivência,para não me diluir a mim mesmo no caos de um mundo fenomenal, sem referências nem sentido.9 Ordenar o caos, reconstituir o passado e encontrar respostas para as questões presentes, eis algumas questões suscitadas por Mattoso para discutir o fascínio que a história exerce sobre os homens. Segundo ele, de fato “a ignorância ou o desprezo do passado correspondem à tentativa absurda ou perigosa de anular a posição anterior ou de querer negar o real” (MATTOSO, op. cit. p. 19). É nessa mesma direção que Bloch afirmou que a “incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. (Bloch, op. cit. p. 47). Nessa perspectiva, ignorar o conhecimento dos tempos pretéritos exprimiria “um olhar curto, obtuso, grosseiro sobre a vida”, conclui o historiador português. Por fim, Mattoso descreve um momento importante na produção do conhecimento histórico – comunicar. Quando ele menciona esse verbo, diz que fala e pensa em escrita mais do que uma expressão oral. (Mattoso, op. cit. p. 26). Para ele, a emoção causada pela contemplação do agir humano de outrora, da qual brota a representação mental ou palavra interior, não passa de impressão vaga, ilusória, e por isso mesmo estéril, se não florescer em escrita ou discurso.10 Mattoso reforça que “a palavra recria o mundo, tira-o do caos para o cosmos. A palavra humana tem essa força criadora porque não é senão a encarnação do Logos eterno no tempo” (Mattoso, op. cit. p. 27). Desse modo, o autor considera que na escrita da história há vários graus “desde o texto ingénuo e um pouco rude, até ao texto fundador de uma nova era historiográfica, passando, logicamente, por livros fastidiosos mas úteis, compêndios para consumos escolares e ordenações esquemáticas e simples” (LINO, M. C. op. cit.). Para terminar, Mattoso diz que a escrita em História é um discurso pessoal. Quero com isto dizer que resulta da minha interpretação. Como tal, não exclui outras maneiras de ver. Temos de admitir que a infinita riqueza do passado humano se revela em mais 9 Idem. p. 22. 10 Ibidem, p. 26.
  • 7. 7 do que uma única ordenação, e que esta depende dos pontos de vista, que são muitos11. Note que o autor reconhece a multiplicidade dos pontos de vista e de intepretações possíveis sobre os acontecimentos históricos, afastando a hipótese de haver apenas uma explicação histórica, pois nenhum “discurso pode jamais esgotá-la” (Mattoso, op. cit, p. 29). Assim, converge com os ensinamentos de Bloch, para o qual “o monismo da causa seria para a explicação histórica simplesmente um embaraço. Ela busca fluxos de ondas causais e não se assusta, uma vez que a vida assim os mostra, ao encontrá-los múltiplos”12. Considerações finais Identificamos no pensamento de José Mattoso certas semelhanças e proximidade com as ideias teóricas e metodológicas apregoadas pela Escola dos Annales, fundada na França em 1929. Embora Mattoso afirme não reconhecer o seu estilo historiográfico em nenhuma vertente teórica rigidamente delimitada, muito de sua visão historiográfica se aproxima da proposta da “Nova História”, como, por exemplo, a ampliação do escopo documental e o constante diálogo da história com outras disciplinas das ciências humanas e sociais. O autor também não se identifica com os historiadores Modernos, tampouco se coloca nas fileiras dos Pós-Modernos. Se ele afirma “que a História, por mais expressiva que seja, por mais ligada ao fascínio do que do passado hoje permanece, a História não é a realidade13”, defende a ideia de que a história escrita é uma ponte entre o sujeito e a realidade, colocando em perspectiva uma aspecto do real, resgatado da ação destruidora do tempo. Mattoso tem um estilo único, não se vê fixo a nenhuma corrente historiográfica, talvez por entender que a contemplação da história produz múltiplos olhares, calcados em vasta documentação para fornecer dados empíricos para serem analisados pelo historiador em frequente diálogo com a sociologia, antropologia, psicologia etc. Em seguida, os dados devem ser traduzidos por meio da comunicação escrita, num momento em que o historiador procura tocar o real por meio de um discurso pessoal, que, longe de esgotar o 11 Ibidem, p. 29. 12 Bloch, op. cit. p. 111. 13 (MATTOSO, op. cit. p. 30).
  • 8. 8 assunto em questão, abre múltiplos caminhos e possibilidades para novas composições, contradições e complementos oriundos dos diversos discursos.
  • 9. 9 Bibliografia BLOCH, Marc. Apologia da história ou ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: Editora Unicamp, 1994. LINO, M. C. Rev. Lusófona de Educação n.12 Lisboa 2008. Disponível on-line: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645- 72502008000200014 > Acesso em: 20 nov. 2016. MATTOSO, J. A escrita da história: teoria e métodos. Lisboa: Editorial Estampa, 1988. p. 15-30. SILVA, B. P. L. A teoria da complexidade e o seu princípio educativo: as ideias educacionais de Edgar Morin. Polyphonía, v. 22/2, jun./dez. 2011. Disponível em <https://www.revistas.ufg.br/sv/article/view/26682/15277> Acesso em 20 nov. 2016.