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PROST, Antoine.  Doze lições sobre a história . Belo Horizonte: Autêntica, 2008. Os tempos da história Profa. Viviane Borges
A diacronia histórica se apresenta no momento de se estabelecerem os processos de mudanças estruturais, pois se a estrutura muda, de uma situação anterior para a atual, o  tempo não pode ser ignorado, por isso a estrutura é  também diacrônica. Idéia de evolução da história no tempo. O que distingue o trabalho do historiador: sua dimensão diacrônica
Claude Lévi-Strauss – importância das datas para a história. “ Não há história das datas” Método maçante Sem datas a história deixa de existir “já que sua verdadeira originalidade e especificidade  encontram-se na apreensão da relação entre um antes e um depois, a qual seria votada a se dissolver-se se – pelo menos virtualmente – seus termos não pudessem ser datados”.
A questão do historiador é formulada do presente em relação ao passado. A história faz-se a partir do tempo: um tempo complexo, construído e multifacetado. Pergunta: “ O que é esse tempo caracterizado pelo fato de que, ao servir-se dele, a história simultaneamente o constrói, além de constituir uma de suas particularidades fundamentais?
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Um tempo social Tempo das história  das coletividades, sociedades, Estados e civilizações. Serve de referência comum aos membros de um grupo. Não é o tempo físico, nem o psicológico, nem o dos astros ou relógios... Não é formado por uma infinidade  de fatos dispostos numa linha reta O tempo da história está incorporado, de alguma forma, às questões, aos documentos e aos fatos; é a própria substância da história.
Ao estudar os homens que vivem em sociedade a história se serve de um  tempo social , ou seja, de referências temporais que são comuns aos membros da mesma sociedade. Mas devemos ficar atentos: “ o tempo não é o mesmo para todas as sociedades: para os historiadores atuais, é o de nossa sociedade ocidental contemporânea”.
O  tempo de nossa história  está ordenado, ou seja, tem uma origem e um sentido. Sua  primeira função  – colocar em ordem os fatos, permitindo classificá-los de maneira corrente, comum. Permite localizá-los nos tempo. Unificação de nosso tempo  –  um acontecimento fundador – o nascimento de Cristo  – independentemente das críticas à ocorrência de tal acontecimento.
Cristianismo – predominante somente a partir do séc. XI Imposta ao mundo como referência comum, pela expansão dos impérios coloniais – espanhol, holandês, frances, britânico.  Conquista lenta e incompleta. Com a generalização – abandono de uma concepção circular de tempo.
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2) Necessidade de fazer coincidir o calendário solar, herdado dos Romanos, com o calendário lunar, oriundo do judaísmo, e que organizava a vida litúrgica. “ ERA” – fornece sentido, uma moldura indispensável. Mas ainda continua sendo o tempo de Deus e não dos homens. A noção de história como narrativa trazida pelo cristianismo, é fundamental à narrativa causal da história.
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2ª parte – A construção do tempo pela história 4) TEMPO, HISTÓRIA E MEMÓRIA Para identificar as particularidades do tempo dos historiadores, é esclarecedor  confrontá-las com o tempo de nossos contemporâneos. O  tempo da história e a temporalidade moderna constituem produtos da história.
A comparação entre passado e presente  supõe que o tempo da história seja objetivado. Visto do presente é um tempo já decorrido que pode ser percorrido ao sabor da investigação. O vaivém permanente entre presente e passado, assim como os diferentes momentos do passado, é a operação peculiar da história.  História – modela uma temporalidade própria, um itinerário a ser percorrido.
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2) O tempo permite prognósticos Avança do presente para o futuro e se apóia em diagnóstico respaldado  no passado para tentar prever possíveis evoluções e avaliar probabilidades. p. 106 – “Objetivado, colocado à distância e orientado para um futuro que não o domina retroativamente, mas cujas linhas prováveis de evolução podem ser discernidas, o tempo dos historiadores compartilha essas características com a da biografia individual: cada qual pode reconstituir sua história pessoal, objetivá-la até certo ponto, como remontar, relatando suas lembranças, do momento presente até a infância até o começo da vida profissional, etc”. A memória, a exemplo da história, serve-se de um tempo já decorrido.
Diferença – tempo da memória não pode nunca ser inteiramente objetivado – carga afetiva. Tempo da história – constrói-se contra o da memória. - Memória e história dependem de registros diferentes. Fazer história é construir um objeto científico – historicizá-lo  – construindo sua estrutura temporal, espaçada, manipulável.  O tempo não é dado ao historiador como algo preexistente a sua pesquisa, mas é construído por um trabalho próprio ao ofício de historiador.
5)  O trabalho sobre o tempo. A periodização 1ª tarefa do historiador  – classificar os acontecimentos na ordem do tempo Acontecimentos que se sobrepõem e se imbricam. 2ª tarefa – periodização  – é impossível abranger a totalidade sem dividi-la –  a história recorta o tempo em períodos. P. 107 - “O historiador é que deve encontrar as articulações pertinentes para recortar a história em períodos, ou seja, substituir a continuidade imperceptível do tempo por uma estrutura significante”.
A periodização permite pensar, a um só tempo, a continuidade e a ruptura. P. 107 – “Os períodos se sucedem e não se parecem; periodizar é, portanto, identificar rupturas, tomar partido em relação ao variável, datar a mudança e fornecer-lhe uma primeira definição”.  Periodização – identifica continuidades e rupturas, abre caminho para a interpretação
A história não pode evitar a periodização. Contudo, a periodização não é bem vista – Paul Veyne fala em estudar  problemas e não períodos. Em cada pesquisa não há necessidade de reconstruir  a totalidade do tempo: o pesquisador recebe um tempo que já foi trabalhado e periodizado por outros historiadores.
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O tempo do acontecimento breve  é aquele que representa a  duração de um fato de dimensão breve , correspondendo a um momento preciso, marcado por uma data.  http://www.slideshare.net/nilafaisca/o-que-histria
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Braudel vai do mais amplo e mais geral ao mais particular. Devemos pensar a intenção e iniciativa de Braudel.  LER p. 113 Nem mesmo mudanças lentas significam estabilidade absoluta, o tempo imóvel é perpassado por oscilações, ou seja, não é de fato imóvel
P. 114 – “O tempo da história não é uma reta, nem mesmo uma linha quebrada feita por uma sucessão de períodos, nem mesmo um plano: as linhas entrecruzadas por ele compõem um relevo. Ele tem espessura e profundidade”.  Além de se fazer a partir do tempo, a história é uma reflexão sobre ele e sua fecundidade própria.

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A pluralidade dos tempos na história

  • 1. PROST, Antoine. Doze lições sobre a história . Belo Horizonte: Autêntica, 2008. Os tempos da história Profa. Viviane Borges
  • 2. A diacronia histórica se apresenta no momento de se estabelecerem os processos de mudanças estruturais, pois se a estrutura muda, de uma situação anterior para a atual, o tempo não pode ser ignorado, por isso a estrutura é também diacrônica. Idéia de evolução da história no tempo. O que distingue o trabalho do historiador: sua dimensão diacrônica
  • 3. Claude Lévi-Strauss – importância das datas para a história. “ Não há história das datas” Método maçante Sem datas a história deixa de existir “já que sua verdadeira originalidade e especificidade encontram-se na apreensão da relação entre um antes e um depois, a qual seria votada a se dissolver-se se – pelo menos virtualmente – seus termos não pudessem ser datados”.
  • 4. A questão do historiador é formulada do presente em relação ao passado. A história faz-se a partir do tempo: um tempo complexo, construído e multifacetado. Pergunta: “ O que é esse tempo caracterizado pelo fato de que, ao servir-se dele, a história simultaneamente o constrói, além de constituir uma de suas particularidades fundamentais?
  • 5.
  • 6. Um tempo social Tempo das história das coletividades, sociedades, Estados e civilizações. Serve de referência comum aos membros de um grupo. Não é o tempo físico, nem o psicológico, nem o dos astros ou relógios... Não é formado por uma infinidade de fatos dispostos numa linha reta O tempo da história está incorporado, de alguma forma, às questões, aos documentos e aos fatos; é a própria substância da história.
  • 7. Ao estudar os homens que vivem em sociedade a história se serve de um tempo social , ou seja, de referências temporais que são comuns aos membros da mesma sociedade. Mas devemos ficar atentos: “ o tempo não é o mesmo para todas as sociedades: para os historiadores atuais, é o de nossa sociedade ocidental contemporânea”.
  • 8. O tempo de nossa história está ordenado, ou seja, tem uma origem e um sentido. Sua primeira função – colocar em ordem os fatos, permitindo classificá-los de maneira corrente, comum. Permite localizá-los nos tempo. Unificação de nosso tempo – um acontecimento fundador – o nascimento de Cristo – independentemente das críticas à ocorrência de tal acontecimento.
  • 9. Cristianismo – predominante somente a partir do séc. XI Imposta ao mundo como referência comum, pela expansão dos impérios coloniais – espanhol, holandês, frances, britânico. Conquista lenta e incompleta. Com a generalização – abandono de uma concepção circular de tempo.
  • 10.
  • 11. 2) Necessidade de fazer coincidir o calendário solar, herdado dos Romanos, com o calendário lunar, oriundo do judaísmo, e que organizava a vida litúrgica. “ ERA” – fornece sentido, uma moldura indispensável. Mas ainda continua sendo o tempo de Deus e não dos homens. A noção de história como narrativa trazida pelo cristianismo, é fundamental à narrativa causal da história.
  • 12.
  • 13. 2ª parte – A construção do tempo pela história 4) TEMPO, HISTÓRIA E MEMÓRIA Para identificar as particularidades do tempo dos historiadores, é esclarecedor confrontá-las com o tempo de nossos contemporâneos. O tempo da história e a temporalidade moderna constituem produtos da história.
  • 14. A comparação entre passado e presente supõe que o tempo da história seja objetivado. Visto do presente é um tempo já decorrido que pode ser percorrido ao sabor da investigação. O vaivém permanente entre presente e passado, assim como os diferentes momentos do passado, é a operação peculiar da história. História – modela uma temporalidade própria, um itinerário a ser percorrido.
  • 15.
  • 16. 2) O tempo permite prognósticos Avança do presente para o futuro e se apóia em diagnóstico respaldado no passado para tentar prever possíveis evoluções e avaliar probabilidades. p. 106 – “Objetivado, colocado à distância e orientado para um futuro que não o domina retroativamente, mas cujas linhas prováveis de evolução podem ser discernidas, o tempo dos historiadores compartilha essas características com a da biografia individual: cada qual pode reconstituir sua história pessoal, objetivá-la até certo ponto, como remontar, relatando suas lembranças, do momento presente até a infância até o começo da vida profissional, etc”. A memória, a exemplo da história, serve-se de um tempo já decorrido.
  • 17. Diferença – tempo da memória não pode nunca ser inteiramente objetivado – carga afetiva. Tempo da história – constrói-se contra o da memória. - Memória e história dependem de registros diferentes. Fazer história é construir um objeto científico – historicizá-lo – construindo sua estrutura temporal, espaçada, manipulável. O tempo não é dado ao historiador como algo preexistente a sua pesquisa, mas é construído por um trabalho próprio ao ofício de historiador.
  • 18. 5) O trabalho sobre o tempo. A periodização 1ª tarefa do historiador – classificar os acontecimentos na ordem do tempo Acontecimentos que se sobrepõem e se imbricam. 2ª tarefa – periodização – é impossível abranger a totalidade sem dividi-la – a história recorta o tempo em períodos. P. 107 - “O historiador é que deve encontrar as articulações pertinentes para recortar a história em períodos, ou seja, substituir a continuidade imperceptível do tempo por uma estrutura significante”.
  • 19. A periodização permite pensar, a um só tempo, a continuidade e a ruptura. P. 107 – “Os períodos se sucedem e não se parecem; periodizar é, portanto, identificar rupturas, tomar partido em relação ao variável, datar a mudança e fornecer-lhe uma primeira definição”. Periodização – identifica continuidades e rupturas, abre caminho para a interpretação
  • 20. A história não pode evitar a periodização. Contudo, a periodização não é bem vista – Paul Veyne fala em estudar problemas e não períodos. Em cada pesquisa não há necessidade de reconstruir a totalidade do tempo: o pesquisador recebe um tempo que já foi trabalhado e periodizado por outros historiadores.
  • 21.
  • 22.
  • 23. O tempo do acontecimento breve é aquele que representa a duração de um fato de dimensão breve , correspondendo a um momento preciso, marcado por uma data. http://www.slideshare.net/nilafaisca/o-que-histria
  • 24.
  • 25.
  • 26. Braudel vai do mais amplo e mais geral ao mais particular. Devemos pensar a intenção e iniciativa de Braudel. LER p. 113 Nem mesmo mudanças lentas significam estabilidade absoluta, o tempo imóvel é perpassado por oscilações, ou seja, não é de fato imóvel
  • 27. P. 114 – “O tempo da história não é uma reta, nem mesmo uma linha quebrada feita por uma sucessão de períodos, nem mesmo um plano: as linhas entrecruzadas por ele compõem um relevo. Ele tem espessura e profundidade”. Além de se fazer a partir do tempo, a história é uma reflexão sobre ele e sua fecundidade própria.