O documento discute biossegurança em ambientes de pesquisa e saúde. Ele define biossegurança e descreve os principais riscos biológicos, como bactérias, fungos e vírus. Também aborda acidentes com material biológico, formas de exposição, transmissão de HIV, hepatite B e C e a legislação brasileira sobre biossegurança.
2. Conceito
conjunto de ações voltadas para a
prevenção, minimização ou eliminação
de riscos inerentes às atividades de
pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, visando à saúde
do homem, dos animais, a preservação
do meio ambiente e a qualidade dos
resultados. Teixeira & Valle (1996)
4. RISCO e PERIGO
RISCO – é o perigo mediado pelo
conhecimento que se tem da situação.
É o que temos como prevenir.
PERIGO – existe enquanto não se
reconhece
a
situação.
É
o
desconhecido ou mal conhecido.
REBELLO 2003
5. É IMPORTANTE IDENTIFICARMOS A
SITUAÇÃO NA QUAL ESTAMOS
INSERIDOS
AGENTES FÍSICOS- ruídos, vibrações, calor, frio,
pressões anormais, radiações ionizantes, radiações
não ionizantes, iluminação, umidade,etc.
AGENTES QUÍMICOS- névoas, poeiras, fumos,gases
e vapores presentes no ambiente.
AGENTES BIOLÓGICOS- bactérias, fungos, parasitas
e vírus.
Rebello 2003
7. Manual de Recomendações para Atendimento
e Acompanhamento de Exposição Ocupacional
a Material Biológico (MS 2004)
Desde o início da epidemia da AIDS
(1981) até 2004:
103 casos comprovados e 219 casos
prováveis de profissionais de saúde
contaminados pelo HIV por acidente de
trabalho foram publicados em todo o
mundo.
8. EPIDEMIOLOGIA
O CDC estima que anualmente
aconteçam aproximadamente cerca de
385.000 acidentes com
pérfurocortantes em profissionais de saúde
com uma média de 1000 acidentes/dia.
9. Rio de Janeiro
No período entre os anos de 1997 e
2004
estão
registrados
15.035
acidentes, oriundos de unidades
públicas e privadas (SMS 2005).
A SMS estima que entre 50 e 90% dos
acidentes não chegam a ser notificados
pelos profissionais envolvidos.
10. Legislação Internacional
EUA 2000 - Lei H. R. 5178 Needlestick
Safety and prevention Act
Proteção dos profissionais de saúde.
As instituições americanas subordinadas a
OSHA (Occupational Safety e Health
Administration) adotassem a utilização de
equipamentos mais seguros.
Dispositivos de segurança contra acidentes
com pérfuro-cortante (sistemas sem agulhas
e com dispositivos de proteção das mesmas).
11. Legislação Nacional
DOU em 16/11/2005 publicou a Portaria do
Ministério de Trabalho e Emprego nº 485 de
11/11/2005
aprovando
a
Norma
Regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde
no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde) .
Considera risco biológico a probabilidade da
exposição ocupacional a agentes biológicos
sejam eles microrganismos, geneticamente
modificados ou não, as culturas de células,
os parasitas, as toxinas e os príons.
12. Portaria do Ministério de Trabalho e
Emprego nº 485 – NR 32
Importância
da
elaboração
do
Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) com a identificação
dos riscos biológicos mais prováveis,
em função da localização geográfica e
da característica do serviço de saúde e
seus setores.
13. Considerar
a) fontes de exposição e reservatórios.
b) vias de transmissão e de entrada.
c) transmissibilidade, patogenicidade e
virulência do agente.
d) persistência do agente biológico no
ambiente.
e) estudos epidemiológicos ou dados
estatísticos.
f) outras informações científicas.
14. Avaliação do Local de Trabalho
a) a finalidade e descrição do local de
trabalho.
b) a organização e procedimentos de
trabalho.
c) a possibilidade de exposição.
d) a descrição das atividades e funções de
cada local de trabalho.
e) as medidas preventivas aplicáveis e seu
acompanhamento.
15. Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO)
a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos
biológicos.
b) a localização das áreas de risco.
c) a relação contendo a identificação nominal
dos trabalhadores, sua função, o local em
que desempenham suas atividades e o risco
a que estão expostos.
d) a vigilância médica dos trabalhadores
potencialmente expostos.
e) o programa de vacinação.
16. Deve Constar do PCMSO
a) os procedimentos a serem adotados
para diagnóstico, acompanhamento e
prevenção da soroconversão e das
doenças.
b) as medidas para descontaminação
do local de trabalho.
c) o tratamento médico de emergência
para os trabalhadores.
17.
d) a identificação dos responsáveis pela
aplicação das medidas pertinentes.
e) a relação dos estabelecimentos de saúde
que podem prestar assistência aos
trabalhadores.
f) as formas de remoção para atendimento
dos trabalhadores.
g) a relação dos estabelecimentos de
assistência à saúde depositários de
imunoglobulinas, vacinas, medicamentos
necessários, materiais e insumos especiais.
18. NR 32
32.2.4.3 Todo local onde exista possibilidade de
exposição ao agente biológico deve ter lavatório
exclusivo para higiene das mãos provido de água
corrente, sabonete líquido, toalha descartável e
lixeira provida de sistema de abertura sem contato
manual.
32.2.4.3.1 Os quartos ou enfermarias destinados
ao isolamento de pacientes portadores de doenças
infecto-contagiosas devem conter lavatório em seu
interior.
19. NR 32
32.2.4.3.2 O uso de luvas não substitui o processo
de lavagem das mãos, o que deve ocorrer, no
mínimo, antes e depois do uso das mesmas.
32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões
nos membros superiores só podem iniciar suas
atividades após avaliação médica obrigatória com
emissão de documento de liberação para o
trabalho.
20. NR 32
32.2.4.6 Todos trabalhadores com possibilidade de
exposição a agentes biológicos devem utilizar
vestimenta de trabalho adequada e em condições
de conforto.
32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida sem
ônus para o empregado.
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar o
local de trabalho com os equipamentos de
proteção individual e as vestimentas utilizadas em
suas atividades laborais.
21. NR 32
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais
apropriados para fornecimento de vestimentas
limpas e para deposição das usadas.
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas
utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos,
serviços de tratamento intensivo, unidades de
pacientes com doenças infecto-contagiosa e
quando houver contato direto da vestimenta com
material orgânico, deve ser de responsabilidade do
empregador.
22. Da Vacinação dos Trabalhadores
32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços
de saúde deve ser fornecido, gratuitamente,
programa de imunização ativa contra tétano,
difteria, hepatite B e os estabelecidos no
PCMSO.
23. O Empregador Deverá Vedar
NR 32
a) A utilização de pias de trabalho para fins
diversos dos previstos.
b) O ato de fumar, o uso de adornos e o
manuseio de lentes de contato nos postos de
trabalho.
c) o consumo de alimentos e bebidas nos
postos de trabalho.
d) A guarda de alimentos em locais não
destinados para este fim.
e) O uso de calçados abertos.
24. Atenção !!!
A norma ressalta que os Equipamentos
de Proteção Individual (EPI),
descartáveis ou não, deverão estar à
disposição em número suficiente nos
postos de trabalho, de forma que seja
garantido o imediato fornecimento ou
reposição.
25. FORMAS DE EXPOSIÇÃO
As exposições que podem trazer riscos de
transmissão ocupacional do HIV e dos vírus das
hepatites B (HBV) e C (HCV) são definidas como:
Exposições percutâneas – lesões provocadas por
instrumentos perfurantes e cortantes (p.ex.
agulhas, bisturi, vidrarias);
Exposições em mucosas – p.ex. quando há
respingos na face envolvendo olho, nariz, boca ou
genitália;
26. FORMAS DE EXPOSIÇÃO
Exposições cutâneas (pele não-íntegra) – p.ex.
contato com pele com dermatite ou feridas abertas;
Mordeduras humanas – consideradas como
exposição de risco quando envolverem a
presença de sangue, devendo ser avaliadas
tanto para o indivíduo que provocou a lesão
quanto àquele que tenha sido exposto.
31. CARACTERIZAÇÃO DO
ACIDENTE
Acidente leve: contato com secreções,
urina ou sangue em pele íntegra.
Acidente moderado: contato com
secreções ou urina em mucosas; sem
sangue visível.
Acidente grave: contato de líquido
orgânico contendo sangue visível com
mucosas ou exposição percutânea com
material pérfurocortante.
32. Materiais Biológicos e Risco de
Transmissão do HIV
Sangue, outros materiais contendo sangue, sêmen
e secreções vaginais são considerados materiais
biológicos envolvidos na transmissão do HIV.
Apesar do sêmen e das secreções vaginais estarem
freqüentemente relacionados à transmissão sexual
desses vírus, esses materiais não estarão
envolvidos habitualmente nas situações de risco
ocupacional para profissionais de saúde.
33.
Líquidos de serosas (peritoneal, pleural,
pericárdico), líquido amniótico, líquor e
líquido articular são fluidos e secreções
corporais potencialmente infectantes.
Não existem, no entanto, estudos epidemiológicos
que permitam quantificar os riscos associados a
estes materiais biológicos.
Estas exposições devem ser avaliadas de
forma individual, já que, em geral, estes
materiais são considerados como de baixo
risco para transmissão viral ocupacional.
34.
Suor, lágrima, fezes, urina, vômitos,
secreções nasais e saliva (exceto em
ambientes odontológicos) são líquidos
biológicos sem risco de transmissão
ocupacional.
Nestes
casos,
as
profilaxias
e
o
acompanhamento clínico-laboratorial não são
necessários. A presença de sangue nestes
líquidos torna-os materiais infectantes.
35.
Qualquer contato sem barreira de
proteção com material concentrado de
vírus (laboratórios de pesquisa, com
cultura de vírus e vírus em grandes
quantidades) deve ser considerado
uma exposição ocupacional que requer
avaliação e acompanhamento.
36. Risco de Transmissão do HBV
O risco de contaminação pelo vírus da
Hepatite B (HBV) está relacionado,
principalmente, ao grau de exposição ao
sangue no ambiente de trabalho e também à
presença ou não do antígeno HBeAg no
paciente-fonte.
Com a presença de HBeAg (que reflete uma
alta taxa de replicação viral) há, portanto, uma
maior quantidade de vírus circulante elevando o
risco da contaminação.
37.
Apesar das exposições percutâneas serem
um dos mais eficientes modos de
transmissão do HBV, elas são responsáveis
por uma minoria dos casos ocupacionais de
hepatite B entre profissionais de saúde.
Em investigações de surtos nosocomiais, a
maioria dos profissionais infectados não
relata exposições percutâneas.
Quase 1/3 dos profissionais se lembram de
terem atendido pacientes HBsAg positivo.
38.
Já foi demonstrado que, em temperatura
ambiente, o HBV pode sobreviver em
superfícies por períodos de até 1 semana.
Portanto,
infecções
pelo
HBV
em
profissionais de saúde, sem história de
exposição não-ocupacional ou acidente
percutâneo ocupacional, podem ser resultado
de contato, direto ou indireto, com sangue ou
outros materiais biológicos em áreas de pele
não-íntegra, queimaduras ou em mucosas.
39.
A possibilidade de transmissão do HBV
a partir do contato com superfícies
contaminadas
também
já
foi
demonstrada em investigações de
surtos de hepatite B, entre pacientes e
profissionais
de
unidades
de
hemodiálise.
40.
O sangue é o material biológico que tem os
maiores títulos de HBV e é o principal
responsável pela transmissão do vírus nos
serviços de saúde.
O HBV também é encontrado em vários
outros materiais biológicos, incluindo leite
materno, líquido biliar, líquor, fezes,
secreções nasofaríngeas, saliva, suor e
líquido articular.
A maior parte desses materiais biológicos
não é um bom veiculo para a transmissão do
HBV. As concentrações de partículas
infectantes do HBV são 100 a 1.000 vezes
41. Risco de Transmissão do HCV
O vírus da hepatite C (HCV) só é
transmitido de forma eficiente através
do sangue. A incidência média de
soroconversão,
após
exposição
percutânea com sangue sabidamente
infectado pelo HCV é de 1.8%
(variando de 0 a 7%). Um estudo
demonstrou
que
os
casos
de
contaminações só ocorreram em
acidentes envolvendo agulhas com
lúmen.
42.
Ao contrário do HBV,
sugerem que o risco de
partir de superfícies
significativo.
dados epidemiológicos
transmissão do HCV, a
contaminadas não é
Exceto em serviços de hemodiálise, onde já foram
descritos casos nos quais houve contaminação
ambiental e níveis precários de práticas de
controle de infecção.
44. Risco
HIV – 0,3% para exposição percutânea.
0,09% para exposição de mucosa.
HBV – 6% a 30% se nenhuma medida
profilática for adotada.
HCV – 3% a 10% para exposição
percutânea.
45. HEPATITE B
Prevalência - hemodiálise
•
•
•
•
Transmissão por via percutânea, sexual e perinatal.
Incubação de 45 a 180 dias. Média de 2 a 3 meses.
Inativado por autoclave 121ºC por 15 minutos; estufa 170º por 2
horas.
Glutaraldeído 2% ou hipoclorito de 0,5 a 5%.
Cura - 90% Cirrose - 20% CA hepático - 6%
Vacina – 0, 30 e 180 dias
46. HEPATITE C
Hepatite não A não B
Exposição percutânea a sangue ou plasma contaminados.
Transmissão sexual ainda estudada.
Incubação de 2 semanas a 6 meses. Mais freqüente de 6 a 9
semanas.
Acompanhamento por no mínimo 6 meses.
Clínica - 10%
Cura - 12m
Infecção crônica - 85%
Acompanhamento por no mínimo 6 meses.
Tratamento
47. INFECÇÃO PELO HIV
AIDS
O vírus é inativado por germicidas
como o álcool 70% e hipoclorito 0,5%
em 1 minuto de exposição.
Epidemiologia / Clínica
Eficácia - ARV
48. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO
HIV
AVALIANDO O RISCO
•
VOLUME DE SANGUE
•
PRESENÇA
VISÍVEL
DE
SANGUE
NO
DISPOSITIVO INVASIVO
•
TIPO DE LESÃO (PROFUNDA / SUPERFICIAL)
•
CALIBRE DA AGULHA
•
ESTÁGIO DA DOENÇA NO PACIENTE FONTE
49. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO
HIV
• Teste rápido
Uso de antiretrovirais :
Quimioprofilaxia básica – AZT + 3TC
Quimioprofilaxia expandida- AZT + 3TC
+ Inibidor de Protease (indinavir ou nelfinavir)
51. PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO
HBV
Vacina - 10 a 20mcg/ml, doses maiores são
recomendadas em caso de imunodeficiência e
profissionais que trabalham em programas de
hemodiálise ;
Títulos pós vacinação:
100mUI/ml bom respondedor.
100 – 10mUI/ml regular respondedor.
< 10mUI/ml mau respondedor.
IGVB – 0,06mg/kg de peso. Maior eficácia até 48 h
após acidente. Após uma semana não há benefício
HCV
Dosar TGP, sorologia, biologia molecular(PCR).
53. CUIDADOS NA MANIPULAÇÃO DE
PÉRFURO-CORTANTE
TER ATENÇÃO DURANTE A REALIZAÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS
NUNCA
UTILIZAR
ANTEPARO
OS
DEDOS
COMO
DURANTE A REALIZAÇÃO DE
PROCEDIMENTO QUE ENVOLVAM MATERIAIS
PÉRFURO-CORTANTES
NUNCA REENCAPAR AGULHAS, ENTORTÁLAS OU QUEBRÁ-LAS
54. CUIDADOS NA MANIPULAÇÃO DE
PÉRFURO-CORTANTE
NÃO UTILIZAR AGULHAS PARA FIXAR PAPÉIS.
DESCARTAR
CORTANTES
OS
EM
MATERIAIS
RECIPIENTE
PÉRFUROESPECÍFICO
(RESISTENTES A PERFURAÇÃO E COM TAMPA).
MANTER
OS
RECIPIENTES
PRÓXIMOS
AO
LOCAL DE REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO.
DESCARTAR O RECIPIENTE QUANDO 2/3 DE
SUA CAPACIDADE FOR ATINGIDO.
55. CUIDADOS COM O LOCAL APÓS
ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO
NA PELE:
LAVAR EXAUSTIVAMENTE COM ÁGUA E SABÃO, O
SABÃO ANTI-SÉPTICO PODE SER USADO
EM MUCOSA:
LAVAR EXAUSTIVAMENTE COM ÁGUA OU COM
SOLUÇÃO FISIOLÓGICA
65. Orientações Para os Dispositivos
de Segurança (OSHA)
Promover uma barreira entre as mãos e a
agulha após o uso.
Permitir ou exigir que as mãos dos
profissionais permanecem atrás da agulha
por todo o tempo.
Ser um artigo único e não um acessório.
Ser simples e de fácil operação exigindo
curtos treinamentos.
Ter efetividade quando comparado ao seu
custo.
75. Proposta
PROPOSTA 1
Um profissional de sua equipe se acidenta
ao puncionar um aceso venoso periférico.
Quais as informações você entende
relevantes
investigar
com
este
trabalhador? Quais as orientações você
daria para o momento imediato após o
acidente?
76. Proposta
PROPOSTA 2
Você é a gerente de uma UTI e é convidada
para participar de um grupo de estudos
sobre a prevenção de acidentes com
material
biológico
na
instituição.
Sistematize a sua participação, listando os
itens que levaria como suas sugestões.
77. Proposta
PROPOSTA 3
Um profissional da equipe de enfermagem
se acidenta por via percutânea durante o
manuseio de material perfurocortante.
Você é no dia de hoje responsável pelo
atendimento a este profissional.
Discuta
as
investigações
e
os
procedimentos a serem adotados.