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O CAMPO E O PODER 
POLÍTICOS: 
AÇÃO E DISCURSO POLÍTICOS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS A RESPEITO 
DO DISCURSO POLÍTICO... 
 Para que possamos construir uma “definição” do que venha a ser o 
discurso político, entendemos como necessária a incursão por alguns 
temas fundamentais: a linguagem, a ação, o poder e a verdade. 
 Tomemos inicialmente as temáticas da linguagem e da ação – elas são 
os constituintes de uma troca social autônoma, ao mesmo tempo em que, 
entre si, estabelece-se uma relação de interdependência e de assimetria. 
 Como princípios fundamentais do ato de linguagem emanado de um 
sujeito, podemos destacar: 
 Princípio de alteridade – não existe a consciência, sem que exista o 
“outro”. 
 Princípio de influência – o sujeito busca sempre vincular o “outro” a 
si, em uma tentativa para que este “outro” pense, enuncie ou aja 
segundo sua intenção. 
 Princípio de regulação – é aquele que marca o gerenciamento da 
relação entre dois sujeitos que tem seus próprios projetos de influência. 
 Tais princípios podem ser tomados como fundadores do ato da 
linguagem, ato este que deve ser compreendido em sua inserção em 
um quadro de ação (ou seja, no contexto do agir sobre o outro).
PRIMEIRO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES 
• O agir sobre o outro vai além de fazer com que o outro faça, 
fazer com que o outro diga ou fazer com que o outro pense – 
o agir sobre o outro se traduz em colocá-lo (ou seja, o “outro”) 
na posição de tomar uma decisão desagradável. 
• Tal condição acima descrita representa colocar o “outro” em 
uma condição de submissão à posição do sujeito que fala – 
esta condição (na verdade, uma exigência) é condição 
fundamental para que o enfoque comunicacional se complete. 
• O que obriga o “sujeito visado” (ou seja, ou o “outro”) à 
condição de submissão é a existência de alguma ameaça ou de 
alguma gratificação – isto significa dizer que a possibilidade de 
aplicação de uma sanção confere algum nível de autoridade ao 
sujeito que fala, ao mesmo tempo em que esta autoridade ao 
ser reconhecida pelo sujeito-alvo (o “outro”) dá ao projeto de 
influência um certo poder de ação. 
• Todo ato de linguagem se liga à ação através das relações de 
força mantidas pelos sujeitos entre si, as quais configuram o 
vínculo social.
PRIMEIRA OBSERVAÇÃO ESPECIAL 
• Na determinação do que se entende como 
“campo político”, as questões relacionadas à 
legitimidade e ao poder políticos têm sido 
longamente debatidas por pensadores desde a 
Antiguidade Clássica até a contemporaneidade. 
• Apesar da complexidade das relações de força 
que marcam o campo político, é possível ter-se 
a compreensão das questões relacionadas à 
ação política (de sua finalidade e de sua 
organização), às instâncias (partes 
interessadas nessa ação) e aos valores (em 
nome dos quais a ação política é realizada).
A AÇÃO POLÍTICA (I) 
• Em uma primeira abordagem, a ação política é a que, em termos ideais, 
determina a vida social, organizando-a, visando a obtenção do bem 
comum. 
• A ação política pode ser compreendida também como aquela que 
possibilita a tomada de decisões coletivas por meio de uma comunidade, 
decisões estas movidas, segundo Hannah Arendt, por um “querer viver 
junto”. 
• Toda ação é finalizada tendo em vista um determinado objetivo, 
estruturando-se de forma que o agente responsável seja um “decisor” que 
precisa se dar os meios necessários para o atingimento dos fins 
previamente estabelecidos. 
• Podemos entender como “decisor”, o agente que, além de elaborar o 
projeto que abriga os fins a serem atingidos, decidiu engajar-se na sua 
concretização, tornando-se totalmente responsável por ela. 
• Dar-se os meios necessários à obtenção de um resultado positivo significa 
dizer que o “decisor” deve planejar da melhor maneira possível a 
sucessão de seus atos (com o foco na eficácia), visando atingir um 
resultado positivo. 
• A busca pelo resultado positivo por meios de atos eficazes, previamente 
planejados por parte do “decisor” deve (ou deveria) ser marcada pela 
análise das vantagens e dos inconvenientes das escolhas dos meios 
(cabendo neste ponto uma possível reflexão ética).
A AÇÃO POLÍTICA (II) 
• Quando se trata de decisão coletiva, as características da 
ação se modificam já que, para que ocorra uma decisão 
coletiva, é essencial que os indivíduos que compõem o coletivo 
busquem um entendimento no sentido de um projeto comum 
(marcado por objetivos comuns), pressupondo assim a 
existência de um espaço de discussão no qual tal projeto 
comum seja elaborado. 
• Há que se observar também que o compromisso de ação, 
sempre sob a égide do coletivo, seja firmado por seu 
representante – essencial ainda que os meios escolhidos para a 
consecução do fins desejados pelo projeto comum sejam 
discutidos para que se estabeleça qual deles será usado pelo 
representante. 
• O representante, por sua vez, deve sempre ser obrigado a 
prestar contas à coletividade, que deve estabelecer mecanismos 
de controle dos atos praticados pelos seus representantes.
Ela compreende um espaço de discussão dos 
objetivos a serem definidos (partidos, sindicatos, 
grupos associativos em geral, mídias). 
COMO SE DÁ A 
ORGANIZAÇÃO 
DA AÇÃO 
POLÍTICA? 
Ela diz respeito a uma forma de ter 
acesso à representação do poder 
(por meio de eleições). 
Ela deve propor modalidades de controle 
(internamente às diversas instituições e 
externamente por movimentos reivindicativos 
diversos).
A instância política é delegada e assume a realização da 
ação política – por ser uma instância de decisão, deve agir 
sempre em função do POSSÍVEL. 
INSTÂNCIAS 
IMPLICADAS 
NA AÇÃO 
POLÍTICA (I): 
A instância cidadã está na origem da escolha dos 
representantes do poder – a instância cidadã elege a 
instância política para realizar o DESEJÁVEL. 
* O exercício do poder político não se apresenta como uma tarefa fácil uma 
vez que, cabe a ele, ditar a lei, sancioná-la, assegurando-se sempre de obter e 
manter o consentimento da instância cidadã.
AS INSTÂNCIAS APLICADAS À AÇÃO POLÍTICA (II) 
• De acordo com Habermas, a instância política se localiza entre dois 
movimentos que se colocam em direções contrárias, a saber: 
 O movimento da produção comunicativa de um poder legítimo. 
 O movimento de constituição desta legitimação por meio do sistema 
político, com a qual o poder administrativo estabelece uma relação 
reflexiva. 
• Enquanto o poder administrativo nos remete às regras da ação 
política, o poder comunicativo nos remete à busca pela dominação 
legítima – tal dominação garante o acesso e/ou a manutenção da 
instância política ao (ou no) poder, uma vez que tal instância mostra-se 
permanentemente ameaçada por três tipos de sanção: 
 Sanção física (golpe de Estado). 
 Sanção institucional (derrubada do governo). 
 Sanção simbólica (descrédito). 
• Assim, a instância política precisa configurar um espaço de persuasão 
que deve se apresentar como uma resposta ao espaço da discussão 
onde a instância cidadã determina os valores que devem nortear a ação 
política. 
• Em tal espaço de persuasão, a instância política busca a adesão da 
instância cidadã, jogando com argumentos da razão e da paixão – para os 
grandes políticos, a arte política se baseia em uma gestão adequada das 
paixões coletivas.
OS VALORES 
• Os valores corresponderiam às idéias que são defendidas no espaço de 
discussão – a “propriedade coletiva dos valores” cria entidades 
abstratas (dentre elas, o Estado, a República, a Nação). 
• Tais entidades garantem os direitos e os deveres dos indivíduos – são 
entidades que superam que cada um dos membros do grupo, 
sobredeterminando o grupo em relação aos indivíduos, processo este que 
Paul Ricoeur denominou de “desapropriação do indivíduo”. 
• Os valores se configuram como um “terceiro”, como um “outro”, como um 
ideal em que todos são simultaneamente responsáveis e desapossados. 
• Levando-se em consideração que a “propriedade coletiva dos valores” 
representa a conclusão da discussão, no início da discussão havia opiniões 
diferentes (até mesmo opostas) a respeito dos fins (objetivos) a serem 
atingidos e dos meios a serem utilizados para a consecução dos objetivos 
acordados – duas consequências resultam de tal condição: 
 A coletividade deve se dotar de procedimentos capazes de estabelecer o 
momento, a partir do qual, ou se estabeleceu o consenso, ou não se chegou 
a unanimidade alguma. 
 Apesar do consenso que venha a ser firmado, as diferentes opiniões de 
partida (do início da discussão) permanecem – isto significa dizer que a 
comunidade deve ser sempre encarada como um conjunto fragmentado de 
opiniões diversas, condição esta que deverá sempre ser levada em 
consideração pela ação política em sua tarefa de gerenciar os conflitos que 
podem resultar do confronto das opiniões.
Para Weber, o poder político está diretamente ligado à dominação e à violência através do 
Estado, que em virtude de sua força de dominação, impõe sua autoridade sob a aparência 
da legalidade, ao mesmo tempo em que obriga os indivíduos à submissão. 
Alguns conceitos 
de PODER 
POLÍTICO: 
Segundo Hannah Arendt, o poder político resulta de um 
consentimento, de uma determinação dos indivíduos em 
viverem juntos o que fundaria o fato político no qual poder e 
ação se definem reciprocamente – o poder político não se 
ligaria à opressão, mas à livre opinião. 
De acordo com Habermas, o poder político implica na existência 
de um PODER COMUNICATIVO (que se instaura fora de toda a 
dominação e que cria um espaço de discussão, não programado 
para a tomada de decisões) e de um PODER ADMINISTRATIVO 
(que se traduz em relações de dominação, já que se trata de 
organizar a ação social, regulando-a por leis e sanções e evitando 
tudo aquilo que venha a se opor à vontade de agir). 
Para Charaudeau, os poderes comunicativo e administrativo se definem segundo 
relações de força que exigem processos de regulação, misturando linguagem e ação – no 
primeiro predomina a linguagem (lugar da luta discursiva que envolve manipulação, 
proselitismo, ameaças/promessas, estando em jogo a conquista de uma legitimidade 
através da elaboração de opiniões), enquanto no segundo predomina a ação (lugar onde se 
exerce o poder de agir entre uma instância política “soberana” e uma instância cidadã)
SEGUNDO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES 
• É a partir da configuração dos espaços de discussão e de 
persuasão, onde se “formatam” os valores essenciais à ação 
política, que o campo político se apresenta, em parte, como o 
“governo da palavra”. 
• Ainda que o “governo da palavra” não seja o “todo” da política, esta 
não pode agir sem a palavra – a essencialidade da palavra no “jogo 
político” se dá por três ordens de “intervenção”, a saber: 
A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA 
AÇÃO visando a organização e a 
coordenação das tarefas a serem 
distribuídas e a promulgação das leis, 
regras e decisões de todas as ordens. 
A PALAVRA intervém no 
ESPAÇO DA DISCUSSÃO de 
forma que sejam definidos os 
fins e os meios da ação 
política. 
A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA 
PERSUASÃO de modo que a INSTÂNCIA 
POLÍTICA convença a INSTÂNCIA CIDADÃ da 
validade e dos fundamentos de seu programa 
de ação e das decisões tomadas a seu favor 
na gerência dos conflitos de opinião.
TERCEIRO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES 
• A instância política deve sempre encontrar uma maneira de 
dizer, de se comunicar que não revele nem a totalidade dos 
projetos, nem os objetivos das ações políticas. 
• Todavia, o mascaramento que se faz das ações por meio do 
discurso deve, precisa ser limitado por uma ética da 
responsabilidade. 
• A palavra política deve se situar entre duas “verdades”: 
A VERDADE DO DIZER, que é 
uma verdade da discussão que 
se manifesta por meio de uma 
PALAVRA DE PERSUASÃO (da 
ordem da razão) ou por meio de 
uma PALAVRA DE SEDUÇÃO 
(da ordem da paixão). 
A VERDADE DO FAZER, que é 
uma verdade da ação que se 
manifesta por meio de uma 
PALAVRA DE DECISÃO.
DOS ESPAÇOS SOCIAIS DA PALAVRA POLÍTICA 
• O espaço político e o espaço público são, com frequência, confundidos 
– tal condição se mostrava absolutamente verdadeira na Grécia Clássica, 
onde o espaço da polis era o espaço da liberdade, era o espaço no qual era 
possível se emancipar da tirania exercida pelo senhor no espaço privado. 
• O uso restrito da expressão espaço político (como um espaço 
específico dentro do espaço público) é defendido por alguns 
estudiosos, como é o caso de Wolton, que entende que o espaço político 
(por ele denominado de comunicação política) é aquele onde se 
confrontam os discursos contraditórios dos três atores que, segundo ele, 
dispõem de legitimidade para se pronunciarem publicamente sobre 
política: os políticos, os jornalistas e a opinião pública, sendo que esta 
última se conhece por meio de pesquisas. 
• Outros autores, como é o caso de Miège, defendem um sentido mais 
abrangente para o espaço político, reprovando as análises excessivamente 
centralizadas que certos cientistas políticos fazem das relações entre 
dirigentes políticos, jornalistas de grandes mídias audiovisuais e 
especialistas em marketing político, o que reduz o espaço público ao 
“núcleo duro” do seu componente político. 
• Miège propõem que os espaços públicos nas sociedades liberais-democráticas 
foram organizados por modelos de comunicação que 
começaram a se estruturar a partir de meados do século XVIII até os dias 
atuais.
• O ponto comum entre os dois modelos anteriormente expostos é a 
constatação de que informação/comunicação de um lado e espaço 
público/espaço privado de outro estão em contínua interação. 
• Não existe, assim, qualquer decisão ou ação possível no campo político 
sem que se leve em consideração a opinião, cuja “produção” é definida 
pela clara intervenção das mídias. 
• Podemos concluir que todos mudam sob a influência dos outros – a opinião 
muda sob a influência das mídias, as mídias sob a influência da política e 
da opinião, a política sob a influência das mídias e da opinião. 
• A partir da segunda metade do século XX, quando se verifica uma 
midiatização crescente da sociedade, a fronteira entre o público e o privado 
começou a ser abolida, já que as instâncias política e civil passaram a ser 
tomadas pelos mesmos interesses, não se sabendo mais onde se encontra 
o poder real. 
• A sociedade midiatizada apoderou-se progressivamente do espaço privado: 
 da vida doméstica; 
 da vida cotidiana do cidadão médio que se desenrola em algum 
espaço coletivo; 
 da vida dos sentimentos. 
• Assim, tudo o que diz respeito ao privado (doenças, catástrofes, escola, 
empresa) passa a ser tratado pela ótica da responsabilidade civil.
DA COMPLEXIDADE DO CAMPO POLÍTICO (A 
CONCRETIZAÇÃO DA POLÍTICA) 
Regulação das relações de forças visando a manutenção ou a atenuação de certas 
situações de dominação ou de conflito ou tentando estabelecer relações igualitárias 
entre os indivíduos. 
CONCRETIZAÇÃO 
DA POLÍTICA 
ATRAVÉS DE 
ATIVIDADES DE 
REGULAÇÃO. 
Produção da legislação concernente à orientação 
dos comportamentos individuais visando o bem 
comum 
OBS: Estes modos de regulação mostram 
que a política é um espaço de ação que 
depende dos espaços de discussão e de 
persuasão. 
Distribuição e repartição das tarefas, dos papéis e das responsabilidades de uns e 
de outros mediante a implantação de um sistema de delegação e de representação 
mais ou menos hierarquizado (por nomeação ou por eleição).
DO GERENCIAMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO 
Setor ou campo jurídico: regulamentação dos conflitos sociais, determinação dos 
valores simbólicos (a partir das noções de propriedade, igualdade, conduta moral). 
SETORES 
(CAMPOS) DE 
ESTRUTURAÇÃO 
DO ESPÇO 
PÚBLICO 
Setor ou campo econômico: regulação do 
mercado, determinação dos valores de troca e de 
uso. 
Setor ou campo midiático: regulamentação da 
circulação da informação de modo a atingir o 
maior número de cidadãos, possibilitando-os de 
construírem suas opiniões. 
Setor ou campo político: voltado para o estabelecimento de regras de governança, 
para a distribuição de tarefas e responsabilidades por meio das instâncias 
legislativas e executivas.
DO DISCURSO POLÍTICO COMO PROCESSO DE 
INFLUÊNCIA SOCIAL 
• O DISCURSO se configura como o conjunto de atos de linguagem que 
circulam no mundo social, refletindo tudo aquilo que se constitui 
nos universos do pensamento e dos valores que se impõem em um 
tempo histórico determinado. 
• A análise do discurso, diferentemente da Filosofia e da Ciência políticas e 
da História, não faz questionamentos sobre a racionalidade política, sobre 
os mecanismos que produzem os comportamentos políticos e nem sobre as 
explicações causais – na verdade, a análise do discurso produz 
questionamentos sobre como os discursos tornam possíveis a emergência 
de uma determinada racionalidade política e da regulação dos fatos 
políticos. 
• Ainda que o discurso político não esgote todo o conceito político, NÃO HÁ 
POLÍTICA SEM DISCURSO – ou seja, o discurso é constitutivo da política, o 
que significa dizer que é através da circulação dos discursos que a 
linguagem possibilita a constituição dos espaços de discussão, de 
persuasão e de sedução nos quais se elaboram o pensamento e ação 
políticos. 
• A AÇÃO POLÍTICA e o DISCURSO POLÍTICO estão inevitavelmente ligados, 
permitindo que o estudo político se faça pelo discurso (pela análise do 
discurso).
SEGUNDA OBSERVAÇÃO ESPECIAL 
• Qualquer enunciado, por mais inócuo que seja, 
pode ter um sentido político desde que a 
situação assim o autorize – ao mesmo tempo 
um enunciado aparentemente político pode, por 
força de uma determinada situação, servir de 
desculpa para se dizer outra coisa não-política. 
• Portanto, NÃO É O DISCURSO QUE É POLÍTICO, 
MAS A SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO QUE 
ASSIM O TORNA – não é o conteúdo do discurso 
que o torna político, mas é a situação que o 
politiza.
DOS LUGARES SOCIAIS DE “FABRICAÇÃO” DO 
DISCURSO POLÍTICO 
O discurso político como sistema de pensamento resulta de uma 
atividade discursiva que busca fundar um ideal político a partir de 
certos princípios que sirvam de referência para a construção de 
opiniões e posicionamentos - em nome de sistemas de pensamento 
determinam-se as filiações ideológicas. 
Os lugares de 
fabricação do 
discurso político 
O discurso político como ato de 
comunicação relaciona-se diretamente aos 
atores que participam da cena da 
comunicação política objetivando a 
obtenção de adesões, rejeições ou 
consensos – o discurso político como ato 
de comunicação resulta de aglomerações 
que estruturam em parte a ação política 
(comícios, debates, reuniões, 
ajuntamentos, declarações televisivas, 
apresentação de slogans) 
O discurso político como comentário tem como propósito o conceito 
político, cuja finalidade está fora do campo da ação política, sendo um 
discurso a respeito do político, sem o risco político.

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Aula i ciência política tge - o discurso e a ação políticos - 2014.2

  • 1. O CAMPO E O PODER POLÍTICOS: AÇÃO E DISCURSO POLÍTICOS
  • 2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS A RESPEITO DO DISCURSO POLÍTICO...  Para que possamos construir uma “definição” do que venha a ser o discurso político, entendemos como necessária a incursão por alguns temas fundamentais: a linguagem, a ação, o poder e a verdade.  Tomemos inicialmente as temáticas da linguagem e da ação – elas são os constituintes de uma troca social autônoma, ao mesmo tempo em que, entre si, estabelece-se uma relação de interdependência e de assimetria.  Como princípios fundamentais do ato de linguagem emanado de um sujeito, podemos destacar:  Princípio de alteridade – não existe a consciência, sem que exista o “outro”.  Princípio de influência – o sujeito busca sempre vincular o “outro” a si, em uma tentativa para que este “outro” pense, enuncie ou aja segundo sua intenção.  Princípio de regulação – é aquele que marca o gerenciamento da relação entre dois sujeitos que tem seus próprios projetos de influência.  Tais princípios podem ser tomados como fundadores do ato da linguagem, ato este que deve ser compreendido em sua inserção em um quadro de ação (ou seja, no contexto do agir sobre o outro).
  • 3. PRIMEIRO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES • O agir sobre o outro vai além de fazer com que o outro faça, fazer com que o outro diga ou fazer com que o outro pense – o agir sobre o outro se traduz em colocá-lo (ou seja, o “outro”) na posição de tomar uma decisão desagradável. • Tal condição acima descrita representa colocar o “outro” em uma condição de submissão à posição do sujeito que fala – esta condição (na verdade, uma exigência) é condição fundamental para que o enfoque comunicacional se complete. • O que obriga o “sujeito visado” (ou seja, ou o “outro”) à condição de submissão é a existência de alguma ameaça ou de alguma gratificação – isto significa dizer que a possibilidade de aplicação de uma sanção confere algum nível de autoridade ao sujeito que fala, ao mesmo tempo em que esta autoridade ao ser reconhecida pelo sujeito-alvo (o “outro”) dá ao projeto de influência um certo poder de ação. • Todo ato de linguagem se liga à ação através das relações de força mantidas pelos sujeitos entre si, as quais configuram o vínculo social.
  • 4. PRIMEIRA OBSERVAÇÃO ESPECIAL • Na determinação do que se entende como “campo político”, as questões relacionadas à legitimidade e ao poder políticos têm sido longamente debatidas por pensadores desde a Antiguidade Clássica até a contemporaneidade. • Apesar da complexidade das relações de força que marcam o campo político, é possível ter-se a compreensão das questões relacionadas à ação política (de sua finalidade e de sua organização), às instâncias (partes interessadas nessa ação) e aos valores (em nome dos quais a ação política é realizada).
  • 5. A AÇÃO POLÍTICA (I) • Em uma primeira abordagem, a ação política é a que, em termos ideais, determina a vida social, organizando-a, visando a obtenção do bem comum. • A ação política pode ser compreendida também como aquela que possibilita a tomada de decisões coletivas por meio de uma comunidade, decisões estas movidas, segundo Hannah Arendt, por um “querer viver junto”. • Toda ação é finalizada tendo em vista um determinado objetivo, estruturando-se de forma que o agente responsável seja um “decisor” que precisa se dar os meios necessários para o atingimento dos fins previamente estabelecidos. • Podemos entender como “decisor”, o agente que, além de elaborar o projeto que abriga os fins a serem atingidos, decidiu engajar-se na sua concretização, tornando-se totalmente responsável por ela. • Dar-se os meios necessários à obtenção de um resultado positivo significa dizer que o “decisor” deve planejar da melhor maneira possível a sucessão de seus atos (com o foco na eficácia), visando atingir um resultado positivo. • A busca pelo resultado positivo por meios de atos eficazes, previamente planejados por parte do “decisor” deve (ou deveria) ser marcada pela análise das vantagens e dos inconvenientes das escolhas dos meios (cabendo neste ponto uma possível reflexão ética).
  • 6. A AÇÃO POLÍTICA (II) • Quando se trata de decisão coletiva, as características da ação se modificam já que, para que ocorra uma decisão coletiva, é essencial que os indivíduos que compõem o coletivo busquem um entendimento no sentido de um projeto comum (marcado por objetivos comuns), pressupondo assim a existência de um espaço de discussão no qual tal projeto comum seja elaborado. • Há que se observar também que o compromisso de ação, sempre sob a égide do coletivo, seja firmado por seu representante – essencial ainda que os meios escolhidos para a consecução do fins desejados pelo projeto comum sejam discutidos para que se estabeleça qual deles será usado pelo representante. • O representante, por sua vez, deve sempre ser obrigado a prestar contas à coletividade, que deve estabelecer mecanismos de controle dos atos praticados pelos seus representantes.
  • 7. Ela compreende um espaço de discussão dos objetivos a serem definidos (partidos, sindicatos, grupos associativos em geral, mídias). COMO SE DÁ A ORGANIZAÇÃO DA AÇÃO POLÍTICA? Ela diz respeito a uma forma de ter acesso à representação do poder (por meio de eleições). Ela deve propor modalidades de controle (internamente às diversas instituições e externamente por movimentos reivindicativos diversos).
  • 8. A instância política é delegada e assume a realização da ação política – por ser uma instância de decisão, deve agir sempre em função do POSSÍVEL. INSTÂNCIAS IMPLICADAS NA AÇÃO POLÍTICA (I): A instância cidadã está na origem da escolha dos representantes do poder – a instância cidadã elege a instância política para realizar o DESEJÁVEL. * O exercício do poder político não se apresenta como uma tarefa fácil uma vez que, cabe a ele, ditar a lei, sancioná-la, assegurando-se sempre de obter e manter o consentimento da instância cidadã.
  • 9. AS INSTÂNCIAS APLICADAS À AÇÃO POLÍTICA (II) • De acordo com Habermas, a instância política se localiza entre dois movimentos que se colocam em direções contrárias, a saber:  O movimento da produção comunicativa de um poder legítimo.  O movimento de constituição desta legitimação por meio do sistema político, com a qual o poder administrativo estabelece uma relação reflexiva. • Enquanto o poder administrativo nos remete às regras da ação política, o poder comunicativo nos remete à busca pela dominação legítima – tal dominação garante o acesso e/ou a manutenção da instância política ao (ou no) poder, uma vez que tal instância mostra-se permanentemente ameaçada por três tipos de sanção:  Sanção física (golpe de Estado).  Sanção institucional (derrubada do governo).  Sanção simbólica (descrédito). • Assim, a instância política precisa configurar um espaço de persuasão que deve se apresentar como uma resposta ao espaço da discussão onde a instância cidadã determina os valores que devem nortear a ação política. • Em tal espaço de persuasão, a instância política busca a adesão da instância cidadã, jogando com argumentos da razão e da paixão – para os grandes políticos, a arte política se baseia em uma gestão adequada das paixões coletivas.
  • 10. OS VALORES • Os valores corresponderiam às idéias que são defendidas no espaço de discussão – a “propriedade coletiva dos valores” cria entidades abstratas (dentre elas, o Estado, a República, a Nação). • Tais entidades garantem os direitos e os deveres dos indivíduos – são entidades que superam que cada um dos membros do grupo, sobredeterminando o grupo em relação aos indivíduos, processo este que Paul Ricoeur denominou de “desapropriação do indivíduo”. • Os valores se configuram como um “terceiro”, como um “outro”, como um ideal em que todos são simultaneamente responsáveis e desapossados. • Levando-se em consideração que a “propriedade coletiva dos valores” representa a conclusão da discussão, no início da discussão havia opiniões diferentes (até mesmo opostas) a respeito dos fins (objetivos) a serem atingidos e dos meios a serem utilizados para a consecução dos objetivos acordados – duas consequências resultam de tal condição:  A coletividade deve se dotar de procedimentos capazes de estabelecer o momento, a partir do qual, ou se estabeleceu o consenso, ou não se chegou a unanimidade alguma.  Apesar do consenso que venha a ser firmado, as diferentes opiniões de partida (do início da discussão) permanecem – isto significa dizer que a comunidade deve ser sempre encarada como um conjunto fragmentado de opiniões diversas, condição esta que deverá sempre ser levada em consideração pela ação política em sua tarefa de gerenciar os conflitos que podem resultar do confronto das opiniões.
  • 11. Para Weber, o poder político está diretamente ligado à dominação e à violência através do Estado, que em virtude de sua força de dominação, impõe sua autoridade sob a aparência da legalidade, ao mesmo tempo em que obriga os indivíduos à submissão. Alguns conceitos de PODER POLÍTICO: Segundo Hannah Arendt, o poder político resulta de um consentimento, de uma determinação dos indivíduos em viverem juntos o que fundaria o fato político no qual poder e ação se definem reciprocamente – o poder político não se ligaria à opressão, mas à livre opinião. De acordo com Habermas, o poder político implica na existência de um PODER COMUNICATIVO (que se instaura fora de toda a dominação e que cria um espaço de discussão, não programado para a tomada de decisões) e de um PODER ADMINISTRATIVO (que se traduz em relações de dominação, já que se trata de organizar a ação social, regulando-a por leis e sanções e evitando tudo aquilo que venha a se opor à vontade de agir). Para Charaudeau, os poderes comunicativo e administrativo se definem segundo relações de força que exigem processos de regulação, misturando linguagem e ação – no primeiro predomina a linguagem (lugar da luta discursiva que envolve manipulação, proselitismo, ameaças/promessas, estando em jogo a conquista de uma legitimidade através da elaboração de opiniões), enquanto no segundo predomina a ação (lugar onde se exerce o poder de agir entre uma instância política “soberana” e uma instância cidadã)
  • 12. SEGUNDO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES • É a partir da configuração dos espaços de discussão e de persuasão, onde se “formatam” os valores essenciais à ação política, que o campo político se apresenta, em parte, como o “governo da palavra”. • Ainda que o “governo da palavra” não seja o “todo” da política, esta não pode agir sem a palavra – a essencialidade da palavra no “jogo político” se dá por três ordens de “intervenção”, a saber: A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA AÇÃO visando a organização e a coordenação das tarefas a serem distribuídas e a promulgação das leis, regras e decisões de todas as ordens. A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA DISCUSSÃO de forma que sejam definidos os fins e os meios da ação política. A PALAVRA intervém no ESPAÇO DA PERSUASÃO de modo que a INSTÂNCIA POLÍTICA convença a INSTÂNCIA CIDADÃ da validade e dos fundamentos de seu programa de ação e das decisões tomadas a seu favor na gerência dos conflitos de opinião.
  • 13. TERCEIRO CONJUNTO DE OBSERVAÇÕES • A instância política deve sempre encontrar uma maneira de dizer, de se comunicar que não revele nem a totalidade dos projetos, nem os objetivos das ações políticas. • Todavia, o mascaramento que se faz das ações por meio do discurso deve, precisa ser limitado por uma ética da responsabilidade. • A palavra política deve se situar entre duas “verdades”: A VERDADE DO DIZER, que é uma verdade da discussão que se manifesta por meio de uma PALAVRA DE PERSUASÃO (da ordem da razão) ou por meio de uma PALAVRA DE SEDUÇÃO (da ordem da paixão). A VERDADE DO FAZER, que é uma verdade da ação que se manifesta por meio de uma PALAVRA DE DECISÃO.
  • 14. DOS ESPAÇOS SOCIAIS DA PALAVRA POLÍTICA • O espaço político e o espaço público são, com frequência, confundidos – tal condição se mostrava absolutamente verdadeira na Grécia Clássica, onde o espaço da polis era o espaço da liberdade, era o espaço no qual era possível se emancipar da tirania exercida pelo senhor no espaço privado. • O uso restrito da expressão espaço político (como um espaço específico dentro do espaço público) é defendido por alguns estudiosos, como é o caso de Wolton, que entende que o espaço político (por ele denominado de comunicação política) é aquele onde se confrontam os discursos contraditórios dos três atores que, segundo ele, dispõem de legitimidade para se pronunciarem publicamente sobre política: os políticos, os jornalistas e a opinião pública, sendo que esta última se conhece por meio de pesquisas. • Outros autores, como é o caso de Miège, defendem um sentido mais abrangente para o espaço político, reprovando as análises excessivamente centralizadas que certos cientistas políticos fazem das relações entre dirigentes políticos, jornalistas de grandes mídias audiovisuais e especialistas em marketing político, o que reduz o espaço público ao “núcleo duro” do seu componente político. • Miège propõem que os espaços públicos nas sociedades liberais-democráticas foram organizados por modelos de comunicação que começaram a se estruturar a partir de meados do século XVIII até os dias atuais.
  • 15. • O ponto comum entre os dois modelos anteriormente expostos é a constatação de que informação/comunicação de um lado e espaço público/espaço privado de outro estão em contínua interação. • Não existe, assim, qualquer decisão ou ação possível no campo político sem que se leve em consideração a opinião, cuja “produção” é definida pela clara intervenção das mídias. • Podemos concluir que todos mudam sob a influência dos outros – a opinião muda sob a influência das mídias, as mídias sob a influência da política e da opinião, a política sob a influência das mídias e da opinião. • A partir da segunda metade do século XX, quando se verifica uma midiatização crescente da sociedade, a fronteira entre o público e o privado começou a ser abolida, já que as instâncias política e civil passaram a ser tomadas pelos mesmos interesses, não se sabendo mais onde se encontra o poder real. • A sociedade midiatizada apoderou-se progressivamente do espaço privado:  da vida doméstica;  da vida cotidiana do cidadão médio que se desenrola em algum espaço coletivo;  da vida dos sentimentos. • Assim, tudo o que diz respeito ao privado (doenças, catástrofes, escola, empresa) passa a ser tratado pela ótica da responsabilidade civil.
  • 16. DA COMPLEXIDADE DO CAMPO POLÍTICO (A CONCRETIZAÇÃO DA POLÍTICA) Regulação das relações de forças visando a manutenção ou a atenuação de certas situações de dominação ou de conflito ou tentando estabelecer relações igualitárias entre os indivíduos. CONCRETIZAÇÃO DA POLÍTICA ATRAVÉS DE ATIVIDADES DE REGULAÇÃO. Produção da legislação concernente à orientação dos comportamentos individuais visando o bem comum OBS: Estes modos de regulação mostram que a política é um espaço de ação que depende dos espaços de discussão e de persuasão. Distribuição e repartição das tarefas, dos papéis e das responsabilidades de uns e de outros mediante a implantação de um sistema de delegação e de representação mais ou menos hierarquizado (por nomeação ou por eleição).
  • 17. DO GERENCIAMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO Setor ou campo jurídico: regulamentação dos conflitos sociais, determinação dos valores simbólicos (a partir das noções de propriedade, igualdade, conduta moral). SETORES (CAMPOS) DE ESTRUTURAÇÃO DO ESPÇO PÚBLICO Setor ou campo econômico: regulação do mercado, determinação dos valores de troca e de uso. Setor ou campo midiático: regulamentação da circulação da informação de modo a atingir o maior número de cidadãos, possibilitando-os de construírem suas opiniões. Setor ou campo político: voltado para o estabelecimento de regras de governança, para a distribuição de tarefas e responsabilidades por meio das instâncias legislativas e executivas.
  • 18. DO DISCURSO POLÍTICO COMO PROCESSO DE INFLUÊNCIA SOCIAL • O DISCURSO se configura como o conjunto de atos de linguagem que circulam no mundo social, refletindo tudo aquilo que se constitui nos universos do pensamento e dos valores que se impõem em um tempo histórico determinado. • A análise do discurso, diferentemente da Filosofia e da Ciência políticas e da História, não faz questionamentos sobre a racionalidade política, sobre os mecanismos que produzem os comportamentos políticos e nem sobre as explicações causais – na verdade, a análise do discurso produz questionamentos sobre como os discursos tornam possíveis a emergência de uma determinada racionalidade política e da regulação dos fatos políticos. • Ainda que o discurso político não esgote todo o conceito político, NÃO HÁ POLÍTICA SEM DISCURSO – ou seja, o discurso é constitutivo da política, o que significa dizer que é através da circulação dos discursos que a linguagem possibilita a constituição dos espaços de discussão, de persuasão e de sedução nos quais se elaboram o pensamento e ação políticos. • A AÇÃO POLÍTICA e o DISCURSO POLÍTICO estão inevitavelmente ligados, permitindo que o estudo político se faça pelo discurso (pela análise do discurso).
  • 19. SEGUNDA OBSERVAÇÃO ESPECIAL • Qualquer enunciado, por mais inócuo que seja, pode ter um sentido político desde que a situação assim o autorize – ao mesmo tempo um enunciado aparentemente político pode, por força de uma determinada situação, servir de desculpa para se dizer outra coisa não-política. • Portanto, NÃO É O DISCURSO QUE É POLÍTICO, MAS A SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO QUE ASSIM O TORNA – não é o conteúdo do discurso que o torna político, mas é a situação que o politiza.
  • 20. DOS LUGARES SOCIAIS DE “FABRICAÇÃO” DO DISCURSO POLÍTICO O discurso político como sistema de pensamento resulta de uma atividade discursiva que busca fundar um ideal político a partir de certos princípios que sirvam de referência para a construção de opiniões e posicionamentos - em nome de sistemas de pensamento determinam-se as filiações ideológicas. Os lugares de fabricação do discurso político O discurso político como ato de comunicação relaciona-se diretamente aos atores que participam da cena da comunicação política objetivando a obtenção de adesões, rejeições ou consensos – o discurso político como ato de comunicação resulta de aglomerações que estruturam em parte a ação política (comícios, debates, reuniões, ajuntamentos, declarações televisivas, apresentação de slogans) O discurso político como comentário tem como propósito o conceito político, cuja finalidade está fora do campo da ação política, sendo um discurso a respeito do político, sem o risco político.