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A o st uç o a ativa de Do I fe o : Co o Ja k, O Est ipado se
tornou um quadrinho pulp
Por: Pedro Correia
Publicado originalmente entre 1989 e 1996 nos EUA e no Reino Unido (pelas
editoras Top Shelf Productions e Knockabout Comics, respectivamente), Do I fe o
foi dividido em dez publicações durante sua concepção, posteriormente compiladas
em um encadernado definitivo publicado pela Knockabout Comics em 1999 (fig. 1). Nos
EUA, além das publicações originais, a editora Top Shelf Productions publicou um encadernado
definitivo em 2004 (fig. 2) compilando as dez edições originais.
Já no Brasil, houveram duas publicações: a primeira, dividida em 4 volumes,
publicada pela Via Lettera entre 2000 e 2001 e uma publicação definitiva pela Veneta em 2014
(figuras 3 e 4, respectivamente).
A obra é um trabalho independente de Alan Moore e Eddie Campbell: fora da
forma convencional do autor de criar HQs nos seus trabalhos iniciais – utilizando o
método de produção dos comics i se idos u ei o Ma vel-DC –, seja com
te ti as fa t sti as o o V de Vi ga ça ou t ata do de supe -heróis como
Wat h e e Mi a le a . Do I fe o age ais o o u a o a et o ue
diz respeito à linha do tempo dos quadrinhos: Moore coloca o gênero pulp dentro dos
Fig. 1 e fig. 2: publicações originais e o encadernado definitivo publicado pela Knockabout Comics e o encadernado definitivo pela
Top Shelf Productions.
Fig. 3 e Fig.4: Publicações brasileiras
grandes quadrinhos novamente analisando a trajetória do serial killer mais misterioso
da história numa narrativa policial: Jack, O Estripador.
O enredo constrói a linha do tempo dos assassinatos do estripador no final do
século XIX, assim como a motivação para os crimes e a suposta identidade do assassino
em série. Os desenhos de Eddie Campbell (Alec, Bacchus e Batman: The Order Of
Beasts) agem como uma metalinguagem para a obra apresentando traços difíceis de
serem entendidos muitas vezes – assim como a história, visto que até hoje a real
identidade do assassino permanece desconhecida. Ainda assim, o roteirista ironiza o
fato de não se saber a identidade do assassino citando uma frase no começo do
décimo capítulo onde é citado o fato de várias pessoas estarem dispostas a serem o
he i a olo a o i i oso a adeia, o ue u a a o te eu; so ando isso ao fato
de ele ter um conhecimento da anatomia humana, o que se retira disso são as teorias
conspiratórias que os assassinatos estavam ligados à coroa inglesa, à maçonaria e a um
médico bem-sucedido.
Na construção do roteiro, Moore demonstra uma densa pesquisa a respeito do
assunto, recolhendo pistas, citações, teorias da conspiração, opiniões, relatos, artigos
e livros que dessem sustentação à teoria da suposta identidade do assassino, suas
Fig.5: Campbell determina bem o sujeito de cada quadro mas desenha de forma que os outros elementos que compões a narrativa
ficam difíceis de serem interpretados criando uma certa metalinguagem com a história
Fig. 6 e fig.7: Nestas duas cenas, William Gull vê, respectivamente, um homem vendo tevê com um pôster de Marilyn Monroe na
parede e um prédio "arranha-céu". Na segunda cena, Moore relata que quis mostrar como se o protagonista tivesse um vislumbre
de como o local seria depois de 100 anos.
crenças, motivações e como se desenrolaram os fatos conhecidos pelo público como
os mais característicos da mitologia por trás do caso – como a carta que começa com
Do I fe o , a dada pa a a polí ia o u i hu a o, a frase pichada com giz
junto a um dos corpos e o fato de uma das mulheres que foi assassinada ter se
passado por outra mulher, que também foi assassinada pouco tempo depois. A edição
brasileira lançada pela editora Veneta reúne um apêndice com falas do roteirista onde
ele detalha o estudo, mostra mapas de Londres na época dos crimes, os livros lidos
para construir a narrativa, sua opinião em relação aos fatos e como ele construiu uma
série de cenas que mais parecem delírios do protagonista (figuras 6 e 7).
Todas essas informações são coletadas em diversos livros, artigos e anais da
polícia da época e mostram como o roteirista conseguiu reunir tudo como um
verdadeiro quebra-cabeças. Tudo isso se istu a o u to ue da voz do auto de
Moore, ou seja, a história apresenta várias características místicas, desconstruções e
ironias características do autor: sua voz, predominantemente mística em seus
trabalhos (como Promethea, Monstro do Pântano com, inclusive, a criação do
personagem John Constantine e TOP 10), misturando o ocultismo com magia e
aprofundamento psicológico de seus personagens (figuras 6 e 7) – sejam eles
protagonistas ou não –; suas desconstruções colocando histórias em situações
diferente do que estamos acostumados.
No aso de Do I fe o essa des o st uç o se d ao ost a u lado ais
humano da história, normalmente vemos as teorias sobre Jack, O Estripador como
uma e tidade , o se sa e seu o e, seu osto, sua pe so alidade, p ofiss o, e fi ,
nada se sabe sobre a pessoa do assassino – o p p io uad i ho se ha a Do
Fig. 8 e 9: O parlamento das árvores e John Constantine lutando contra um demônio respectivamente. Apesar de na segunda imagem o
roteiro não ser de autoria de Moore, toda a concepção do personagem como exorcista e mago é sua criação.
I fe o , assi omo o filme, adaptação da HQ, o que passa uma ideia de algo sobre-
humano. Qua do Moo e des o st i toda essa itologia po t s do pe so age
juntando todas as peças de várias teorias de várias pessoas, o que fica por fim é um
sentimento de que o personagem foi humanizado por fim. Essa mesma desconstrução
de Moo e fi a p ese te e out as o as do auto o o Watchmen o de pessoas
o u s s o supe -he is e V De Vi ga ça o de, ua do V o e, Eve ti a sua
máscara e vê a si mesma, demonstrando que a anarquia começaria, teoricamente,
o s es os, o de V é apenas um ideal – ou u a ideia, pois elas s o p ova
de alas .
Por fim, sua ironia se dá justamente no fato de tudo isso ser uma teoria da
conspiração que envolve a nobreza: um médico bem-sucedido servindo à coroa inglesa
contra 4 prostitutas, além do fato de o próprio autor considerar a teoria incorreta e
achar simplesmente que seria um bom ponto de partida para uma ficção. Em outras
o as do auto , o ue pode os o se va u a i o ia etali guísti a o Mo st o
do P ta o ua do Moo e se ap oveita do fato de Le Wei se desp e de do o to
pu li ado e House Of Secrets #92” para criar a revista regular do personagem.
Aproveitando-se desse fato, Moo e dete i a a e ist ia de v ios o st os do
p ta o e ia o pa la e to das vo es .
Fig. 10: Caricatura de "Jack, The Ripper" publicada na revista Punch em 1888. A caricatura retrata o assassino como sendo um
"Nemesis Ghost", ou seja, um fantasma, retirando sua característica humana. Talvez a necessidade de o retratar como um
fantasma se dê ao fato de a política da época não ter tido êxito na busca do assassino.
Além dessa exploração história que os autores criam, a história traz uma série
de inovações para os quadrinhos: a narrativa de uma teoria conspiratória
transformada em ficção de um quadrinho Pulp, os desenhos extremamente escuros e
Campbell utiliza constantemente hachuras para completar o visual noir e dar o toque
londrino do século XIX à narrativa visual (mesmo que o artista tenha uma capacidade
de desenho extraordinária), o fato de ter começado a ser publicado em uma revista
regular (Taboo) e depois ter continuado como projeto independente dos artistas e ser
um quadrinho em preto e branco fora das revistas de quadrinhos da Europa, visto que
os trabalhos independentes são, geralmente, mais bem trabalhados nos traços e nas
o es. Out o fato ue dife e Do I fe o das de ais pu li aç es eu opeias o fato de
te saído se ializado, dife e te das ovelas g fi as da Band Dessinée que saem em
álbuns com histórias fechadas e dos comics europeus publicados em revistas de
quadrinhos como a 2000 A.D. e a Warrior.
Em seu aspecto especificamente visual, a obra apresenta uma narrativa visual
que guia os olhos do leitor por toda a página, o que faz os desenhos serem analisados
por inteiro quase que de forma natural.
Fig. 11: Campbell possui uma capacidade de desenho extraordinária, o que indica que muitas vezes seus desenhos têm um visual
de "garrancho" proposital, como nas cenas em que Gull comete os assassinatos. Na cena acima a igreja é desenhada com traços
finos e sombras bem definidas em estilo fotográfico – seu domínio em geral se mostra mais do que necessário para desenhar de
forma clara.
Campbell provavelmente escolheu tal traço para retratar a narrativa por se
assemelhar bastante às charges clássicas, pinturas e desenhos da Europa de antes,
durante e pouco após as revoluções – francesa e industrial.
As relações entre tais imagens e os desenhos de Campbell não se restringem
apenas aos aspectos visuais: assim como Moore faz uma relação entre a característica
ode ista da figu a d’O Est ipado , Ca p ell utiliza a elaç o est tica entre seus
desenhos e imagens produzidas na época onde ocorreram revoluções importantes
para a humanidade como um todo. Estendendo ainda mais a discussão, Gull ironiza o
fato de ser um assassino e sentir que os verdadeiros monstros somos nós do século XX
e XXI, porém as revoluções anteriormente citadas foram levadas à frente por meio de
violência, poluição, egocentrismo e egoísmo utilizando pautas como melhoria da
ualidade de vida da so iedade e dese volvi e to de o eitos o o di eitos
hu a os .
Fig. 12 e 13: Imagens produzidas entre os séculos XVIII e XIX
Obviamente essas revoluções criaram conceitos essenciais para a manutenção
da vida em sociedade, porém, se a crítica de Gull estiver certa, todas as atrocidades
cometidas até chegarmos neste ponto foram quase que em vão. De qualquer forma,
tais discussões são levantadas de forma completa o suficiente, tanto no enredo quanto
nos desenhos, de forma que fica clara a necessidade de esta obra ter sido criada por
Moore e Campbell – provavelmente outro roteirista ou outro desenhista, ou se a
própria equipe criativa fosse out a, o esultado fi al fosse t o satisfat io ua to Do
I fe o , po a dupla o seguiu e t ega u a o a p i a pa a a a te se ue ial de
forma completa onde ambas as partes conseguem se completar numa metalinguagem,
fazer referências às mesmas coisas de maneiras diferentes ao mesmo tempo e
produzir uma complexidade narrativa e argumentativa que requer anos de
experiência.
Fig. 14 e 15: A tomada da Bastilha e fábricas inglesas durante o período da revolução industrial
REFERÊNCIAS
<https://en.wikipedia.org/wiki/From_Hell>. Acesso em: 25 de setembro de 2016.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/From_Hell>. Acesso em: 25 de setembro de 2016.
<http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/do-inferno-n-1/do096100/22165>.
Acesso em: 25 de setembro de 2016.
<http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/do-inferno-n-4/do096100/22168>.
Acesso em: 25 de setembro de 2016.
<http://kleiton1.rssing.com/chan-6165969/all_p21.html#item419>. Acesso em: 25 de
setembro de 2016.
<https://www.amazon.com.br/Hell-Alan-Moore-
ebook/dp/B009B244B4/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1474871303&sr=8-
1&keywords=from+hell>. Acesso: 25 de setembro de 2016.
<https://www.amazon.com.br/Do-Inferno-Alan-
Moore/dp/856313728X/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1474871302&sr=8-
1&keywords=do+inferno>. Acesso: 25 de setembro de 2016.
Fig. 1: <http://triplexbooks.com/catalog/pictures/hell11.jpg>. Acesso em: 25 de
setembro de 2015.
Fig. 2: <http://www.jessicarulestheuniverse.com/wp-content/uploads/2013/09/from-
hell.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 3: <https://3.bp.blogspot.com/-
w4uSiIjQr48/VHIiW6HZlzI/AAAAAAAA0ec/DG1m_X-
drA8/s1600/do%2Binferno%2Balan%2Bmoore%2Beddie%2Bcampbell%2Bfrom%2Bhell
%2Bvia%2Blettera%2Bveneta%2Bencadernados%2BHQ%2Bgibis%2Bcomics%2B(2).JPG
>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 4: <http://d26lpennugtm8s.cloudfront.net/stores/103/495/products/do-inferno-
3328e945dd29045d4f5fca887e9186cb-1024-1024.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de
2015.
Fig. 5: <http://www.hoyesarte.com/wp-content/uploads/2013/06/FROM-hell-
London.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 6: <http://cbr.imgix.net/goodcomics/2007/09/09-14-
2007%2009;30;37PM.JPG?auto=format&lossless=1&q=40&w=400&h=380&fit=crop>.
Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 7: <http://www.clydefitchreport.com//wp-
content/uploads/2015/02/1042_FHNew_tavola4.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de
2015.
Fig. 8: <http://www.comicsrecommended.com/images/newpics/swamp-thing-47-
parliament.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 9: <http://i53.tinypic.com/4i1u9w.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 10: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Jack-the-Ripper-The-
Nemesis-of-Neglect-Punch-London-Charivari-cartoon-poem-1888-09-29.jpg>. Acesso
em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 11: <http://www.thebohemianblog.com/wp-content/uploads/2015/10/The-Great-
Work-FH-Christchurch.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 12: <https://4.bp.blogspot.com/-DMIerH7-
mKA/TpmgC2LqssI/AAAAAAAAAPc/nSSPiqpcQ9M/s1600/Revolu%25C3%25A7%25C3%
25A3o+francesa.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 13:
<http://obviousmag.org/archives/uploads/2011/11/07/Constructing_the_Metropolita
n_Railway_20111107_bo_01.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 14: <https://1.bp.blogspot.com/-
1wdQj1IbsNk/T42yybZSEaI/AAAAAAAAABs/0COKYuKEEXU/s1600/BASTILHA2.jpg>.
Acesso em: 25 de setembro de 2015.
Fig. 15: <https://3.bp.blogspot.com/-
cJT9QD_j8YU/VjpBYfkr2mI/AAAAAAAADtI/7vLmLNP8aNo/s1600/3.jpg>. Acesso em: 25
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Análise: "Do Inferno"

  • 1. A o st uç o a ativa de Do I fe o : Co o Ja k, O Est ipado se tornou um quadrinho pulp Por: Pedro Correia Publicado originalmente entre 1989 e 1996 nos EUA e no Reino Unido (pelas editoras Top Shelf Productions e Knockabout Comics, respectivamente), Do I fe o foi dividido em dez publicações durante sua concepção, posteriormente compiladas em um encadernado definitivo publicado pela Knockabout Comics em 1999 (fig. 1). Nos EUA, além das publicações originais, a editora Top Shelf Productions publicou um encadernado definitivo em 2004 (fig. 2) compilando as dez edições originais. Já no Brasil, houveram duas publicações: a primeira, dividida em 4 volumes, publicada pela Via Lettera entre 2000 e 2001 e uma publicação definitiva pela Veneta em 2014 (figuras 3 e 4, respectivamente). A obra é um trabalho independente de Alan Moore e Eddie Campbell: fora da forma convencional do autor de criar HQs nos seus trabalhos iniciais – utilizando o método de produção dos comics i se idos u ei o Ma vel-DC –, seja com te ti as fa t sti as o o V de Vi ga ça ou t ata do de supe -heróis como Wat h e e Mi a le a . Do I fe o age ais o o u a o a et o ue diz respeito à linha do tempo dos quadrinhos: Moore coloca o gênero pulp dentro dos Fig. 1 e fig. 2: publicações originais e o encadernado definitivo publicado pela Knockabout Comics e o encadernado definitivo pela Top Shelf Productions. Fig. 3 e Fig.4: Publicações brasileiras
  • 2. grandes quadrinhos novamente analisando a trajetória do serial killer mais misterioso da história numa narrativa policial: Jack, O Estripador. O enredo constrói a linha do tempo dos assassinatos do estripador no final do século XIX, assim como a motivação para os crimes e a suposta identidade do assassino em série. Os desenhos de Eddie Campbell (Alec, Bacchus e Batman: The Order Of Beasts) agem como uma metalinguagem para a obra apresentando traços difíceis de serem entendidos muitas vezes – assim como a história, visto que até hoje a real identidade do assassino permanece desconhecida. Ainda assim, o roteirista ironiza o fato de não se saber a identidade do assassino citando uma frase no começo do décimo capítulo onde é citado o fato de várias pessoas estarem dispostas a serem o he i a olo a o i i oso a adeia, o ue u a a o te eu; so ando isso ao fato de ele ter um conhecimento da anatomia humana, o que se retira disso são as teorias conspiratórias que os assassinatos estavam ligados à coroa inglesa, à maçonaria e a um médico bem-sucedido. Na construção do roteiro, Moore demonstra uma densa pesquisa a respeito do assunto, recolhendo pistas, citações, teorias da conspiração, opiniões, relatos, artigos e livros que dessem sustentação à teoria da suposta identidade do assassino, suas Fig.5: Campbell determina bem o sujeito de cada quadro mas desenha de forma que os outros elementos que compões a narrativa ficam difíceis de serem interpretados criando uma certa metalinguagem com a história Fig. 6 e fig.7: Nestas duas cenas, William Gull vê, respectivamente, um homem vendo tevê com um pôster de Marilyn Monroe na parede e um prédio "arranha-céu". Na segunda cena, Moore relata que quis mostrar como se o protagonista tivesse um vislumbre de como o local seria depois de 100 anos.
  • 3. crenças, motivações e como se desenrolaram os fatos conhecidos pelo público como os mais característicos da mitologia por trás do caso – como a carta que começa com Do I fe o , a dada pa a a polí ia o u i hu a o, a frase pichada com giz junto a um dos corpos e o fato de uma das mulheres que foi assassinada ter se passado por outra mulher, que também foi assassinada pouco tempo depois. A edição brasileira lançada pela editora Veneta reúne um apêndice com falas do roteirista onde ele detalha o estudo, mostra mapas de Londres na época dos crimes, os livros lidos para construir a narrativa, sua opinião em relação aos fatos e como ele construiu uma série de cenas que mais parecem delírios do protagonista (figuras 6 e 7). Todas essas informações são coletadas em diversos livros, artigos e anais da polícia da época e mostram como o roteirista conseguiu reunir tudo como um verdadeiro quebra-cabeças. Tudo isso se istu a o u to ue da voz do auto de Moore, ou seja, a história apresenta várias características místicas, desconstruções e ironias características do autor: sua voz, predominantemente mística em seus trabalhos (como Promethea, Monstro do Pântano com, inclusive, a criação do personagem John Constantine e TOP 10), misturando o ocultismo com magia e aprofundamento psicológico de seus personagens (figuras 6 e 7) – sejam eles protagonistas ou não –; suas desconstruções colocando histórias em situações diferente do que estamos acostumados. No aso de Do I fe o essa des o st uç o se d ao ost a u lado ais humano da história, normalmente vemos as teorias sobre Jack, O Estripador como uma e tidade , o se sa e seu o e, seu osto, sua pe so alidade, p ofiss o, e fi , nada se sabe sobre a pessoa do assassino – o p p io uad i ho se ha a Do Fig. 8 e 9: O parlamento das árvores e John Constantine lutando contra um demônio respectivamente. Apesar de na segunda imagem o roteiro não ser de autoria de Moore, toda a concepção do personagem como exorcista e mago é sua criação.
  • 4. I fe o , assi omo o filme, adaptação da HQ, o que passa uma ideia de algo sobre- humano. Qua do Moo e des o st i toda essa itologia po t s do pe so age juntando todas as peças de várias teorias de várias pessoas, o que fica por fim é um sentimento de que o personagem foi humanizado por fim. Essa mesma desconstrução de Moo e fi a p ese te e out as o as do auto o o Watchmen o de pessoas o u s s o supe -he is e V De Vi ga ça o de, ua do V o e, Eve ti a sua máscara e vê a si mesma, demonstrando que a anarquia começaria, teoricamente, o s es os, o de V é apenas um ideal – ou u a ideia, pois elas s o p ova de alas . Por fim, sua ironia se dá justamente no fato de tudo isso ser uma teoria da conspiração que envolve a nobreza: um médico bem-sucedido servindo à coroa inglesa contra 4 prostitutas, além do fato de o próprio autor considerar a teoria incorreta e achar simplesmente que seria um bom ponto de partida para uma ficção. Em outras o as do auto , o ue pode os o se va u a i o ia etali guísti a o Mo st o do P ta o ua do Moo e se ap oveita do fato de Le Wei se desp e de do o to pu li ado e House Of Secrets #92” para criar a revista regular do personagem. Aproveitando-se desse fato, Moo e dete i a a e ist ia de v ios o st os do p ta o e ia o pa la e to das vo es . Fig. 10: Caricatura de "Jack, The Ripper" publicada na revista Punch em 1888. A caricatura retrata o assassino como sendo um "Nemesis Ghost", ou seja, um fantasma, retirando sua característica humana. Talvez a necessidade de o retratar como um fantasma se dê ao fato de a política da época não ter tido êxito na busca do assassino.
  • 5. Além dessa exploração história que os autores criam, a história traz uma série de inovações para os quadrinhos: a narrativa de uma teoria conspiratória transformada em ficção de um quadrinho Pulp, os desenhos extremamente escuros e Campbell utiliza constantemente hachuras para completar o visual noir e dar o toque londrino do século XIX à narrativa visual (mesmo que o artista tenha uma capacidade de desenho extraordinária), o fato de ter começado a ser publicado em uma revista regular (Taboo) e depois ter continuado como projeto independente dos artistas e ser um quadrinho em preto e branco fora das revistas de quadrinhos da Europa, visto que os trabalhos independentes são, geralmente, mais bem trabalhados nos traços e nas o es. Out o fato ue dife e Do I fe o das de ais pu li aç es eu opeias o fato de te saído se ializado, dife e te das ovelas g fi as da Band Dessinée que saem em álbuns com histórias fechadas e dos comics europeus publicados em revistas de quadrinhos como a 2000 A.D. e a Warrior. Em seu aspecto especificamente visual, a obra apresenta uma narrativa visual que guia os olhos do leitor por toda a página, o que faz os desenhos serem analisados por inteiro quase que de forma natural. Fig. 11: Campbell possui uma capacidade de desenho extraordinária, o que indica que muitas vezes seus desenhos têm um visual de "garrancho" proposital, como nas cenas em que Gull comete os assassinatos. Na cena acima a igreja é desenhada com traços finos e sombras bem definidas em estilo fotográfico – seu domínio em geral se mostra mais do que necessário para desenhar de forma clara.
  • 6. Campbell provavelmente escolheu tal traço para retratar a narrativa por se assemelhar bastante às charges clássicas, pinturas e desenhos da Europa de antes, durante e pouco após as revoluções – francesa e industrial. As relações entre tais imagens e os desenhos de Campbell não se restringem apenas aos aspectos visuais: assim como Moore faz uma relação entre a característica ode ista da figu a d’O Est ipado , Ca p ell utiliza a elaç o est tica entre seus desenhos e imagens produzidas na época onde ocorreram revoluções importantes para a humanidade como um todo. Estendendo ainda mais a discussão, Gull ironiza o fato de ser um assassino e sentir que os verdadeiros monstros somos nós do século XX e XXI, porém as revoluções anteriormente citadas foram levadas à frente por meio de violência, poluição, egocentrismo e egoísmo utilizando pautas como melhoria da ualidade de vida da so iedade e dese volvi e to de o eitos o o di eitos hu a os . Fig. 12 e 13: Imagens produzidas entre os séculos XVIII e XIX
  • 7. Obviamente essas revoluções criaram conceitos essenciais para a manutenção da vida em sociedade, porém, se a crítica de Gull estiver certa, todas as atrocidades cometidas até chegarmos neste ponto foram quase que em vão. De qualquer forma, tais discussões são levantadas de forma completa o suficiente, tanto no enredo quanto nos desenhos, de forma que fica clara a necessidade de esta obra ter sido criada por Moore e Campbell – provavelmente outro roteirista ou outro desenhista, ou se a própria equipe criativa fosse out a, o esultado fi al fosse t o satisfat io ua to Do I fe o , po a dupla o seguiu e t ega u a o a p i a pa a a a te se ue ial de forma completa onde ambas as partes conseguem se completar numa metalinguagem, fazer referências às mesmas coisas de maneiras diferentes ao mesmo tempo e produzir uma complexidade narrativa e argumentativa que requer anos de experiência. Fig. 14 e 15: A tomada da Bastilha e fábricas inglesas durante o período da revolução industrial
  • 8. REFERÊNCIAS <https://en.wikipedia.org/wiki/From_Hell>. Acesso em: 25 de setembro de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/From_Hell>. Acesso em: 25 de setembro de 2016. <http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/do-inferno-n-1/do096100/22165>. Acesso em: 25 de setembro de 2016. <http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/do-inferno-n-4/do096100/22168>. Acesso em: 25 de setembro de 2016. <http://kleiton1.rssing.com/chan-6165969/all_p21.html#item419>. Acesso em: 25 de setembro de 2016. <https://www.amazon.com.br/Hell-Alan-Moore- ebook/dp/B009B244B4/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1474871303&sr=8- 1&keywords=from+hell>. Acesso: 25 de setembro de 2016. <https://www.amazon.com.br/Do-Inferno-Alan- Moore/dp/856313728X/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1474871302&sr=8- 1&keywords=do+inferno>. Acesso: 25 de setembro de 2016. Fig. 1: <http://triplexbooks.com/catalog/pictures/hell11.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 2: <http://www.jessicarulestheuniverse.com/wp-content/uploads/2013/09/from- hell.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 3: <https://3.bp.blogspot.com/- w4uSiIjQr48/VHIiW6HZlzI/AAAAAAAA0ec/DG1m_X- drA8/s1600/do%2Binferno%2Balan%2Bmoore%2Beddie%2Bcampbell%2Bfrom%2Bhell %2Bvia%2Blettera%2Bveneta%2Bencadernados%2BHQ%2Bgibis%2Bcomics%2B(2).JPG >. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 4: <http://d26lpennugtm8s.cloudfront.net/stores/103/495/products/do-inferno- 3328e945dd29045d4f5fca887e9186cb-1024-1024.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.
  • 9. Fig. 5: <http://www.hoyesarte.com/wp-content/uploads/2013/06/FROM-hell- London.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 6: <http://cbr.imgix.net/goodcomics/2007/09/09-14- 2007%2009;30;37PM.JPG?auto=format&lossless=1&q=40&w=400&h=380&fit=crop>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 7: <http://www.clydefitchreport.com//wp- content/uploads/2015/02/1042_FHNew_tavola4.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 8: <http://www.comicsrecommended.com/images/newpics/swamp-thing-47- parliament.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 9: <http://i53.tinypic.com/4i1u9w.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 10: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Jack-the-Ripper-The- Nemesis-of-Neglect-Punch-London-Charivari-cartoon-poem-1888-09-29.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 11: <http://www.thebohemianblog.com/wp-content/uploads/2015/10/The-Great- Work-FH-Christchurch.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 12: <https://4.bp.blogspot.com/-DMIerH7- mKA/TpmgC2LqssI/AAAAAAAAAPc/nSSPiqpcQ9M/s1600/Revolu%25C3%25A7%25C3% 25A3o+francesa.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 13: <http://obviousmag.org/archives/uploads/2011/11/07/Constructing_the_Metropolita n_Railway_20111107_bo_01.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 14: <https://1.bp.blogspot.com/- 1wdQj1IbsNk/T42yybZSEaI/AAAAAAAAABs/0COKYuKEEXU/s1600/BASTILHA2.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015. Fig. 15: <https://3.bp.blogspot.com/- cJT9QD_j8YU/VjpBYfkr2mI/AAAAAAAADtI/7vLmLNP8aNo/s1600/3.jpg>. Acesso em: 25 de setembro de 2015.