O documento discute 50 autores influentes do século XX e o que aprendemos ou deveríamos ter aprendido com eles. Brevemente discute a influência de autores como Hemingway, Joyce, García Márquez, Woolf, Brecht, Deleuze, Sagan, Calvino, Pessoa, Kafka, Rushdie e Hesse.
Este documento fornece informações sobre os direitos autorais e créditos da tradução e edição de O Rei de Amarelo. Apresenta uma introdução sobre o contexto literário decadente da obra e biografia do autor Robert W. Chambers. Divide o livro em duas partes distintas com temáticas e registros diferentes.
1) O conto foi um gênero que se desenvolveu tardiamente na literatura escrita, tendo suas origens na tradição oral de muitas culturas. 2) As Mil e Uma Noites teve grande influência no desenvolvimento do gênero no Ocidente. 3) Machado de Assis publicou a maior parte de seus contos em jornais e revistas do século XIX, ao invés de em livros, o que dificultou o acesso de leitores às suas obras completas.
O artigo apresenta as linhas fundamentais da construção do romance O Castelo de Kafka. Desde o início, o leitor é colocado diante do enigma de K. e do "vazio aparente" representado pelo castelo, que na verdade está presente demais na aldeia. Ao longo da análise, fica claro que não há distinção entre a aldeia e o castelo, assim como entre as coisas e os seres, colocando o leitor no mundo enigmático e cerrado construído por Kafka.
O documento descreve o autor e obra Maus - A História de um Sobrevivente de Art Spiegelman. Spiegelman é um cartunista judeu-americano que criou uma graphic novel retratando a história de seus pais durante o Holocausto, onde judeus são representados como ratos e nazistas como gatos.
O documento resume o conto "O Barão" de António José Branquinho da Fonseca. Descreve as personagens principais, o Inspetor e o Barão, e analisa a obra como uma metáfora sobre o choque entre o presente e o passado. Destaca também a personagem enigmática e fascinante do Barão, que domina a narrativa e deixa o leitor com muitas perguntas.
O documento apresenta uma biografia e análise da obra do escritor Oscar Wilde. Apresenta os principais momentos de sua vida e carreira, desde sua educação em Oxford até sua prisão e morte. Destaca a influência do movimento estético vitoriano em sua obra e como sua prisão levou a um amadurecimento filosófico e produções mais profundas. Conclui comentando sobre a relevância e recepção duradoura de sua obra na literatura inglesa e mundial.
Este documento apresenta uma lista de obras literárias portuguesas e estrangeiras, com breves sinopses de cada uma. Inclui títulos como "A Torre da Barbela" de Ruben A., "Iracema" de José de Alencar, "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen e "O Pai Goriot" de Honoré de Balzac. Fornece também instruções sobre atividades que os alunos podem desenvolver a partir da leitura dessas obras, como exposições, apreciações críticas ou textos de
Este documento fornece informações sobre os direitos autorais e créditos da tradução e edição de O Rei de Amarelo. Apresenta uma introdução sobre o contexto literário decadente da obra e biografia do autor Robert W. Chambers. Divide o livro em duas partes distintas com temáticas e registros diferentes.
1) O conto foi um gênero que se desenvolveu tardiamente na literatura escrita, tendo suas origens na tradição oral de muitas culturas. 2) As Mil e Uma Noites teve grande influência no desenvolvimento do gênero no Ocidente. 3) Machado de Assis publicou a maior parte de seus contos em jornais e revistas do século XIX, ao invés de em livros, o que dificultou o acesso de leitores às suas obras completas.
O artigo apresenta as linhas fundamentais da construção do romance O Castelo de Kafka. Desde o início, o leitor é colocado diante do enigma de K. e do "vazio aparente" representado pelo castelo, que na verdade está presente demais na aldeia. Ao longo da análise, fica claro que não há distinção entre a aldeia e o castelo, assim como entre as coisas e os seres, colocando o leitor no mundo enigmático e cerrado construído por Kafka.
O documento descreve o autor e obra Maus - A História de um Sobrevivente de Art Spiegelman. Spiegelman é um cartunista judeu-americano que criou uma graphic novel retratando a história de seus pais durante o Holocausto, onde judeus são representados como ratos e nazistas como gatos.
O documento resume o conto "O Barão" de António José Branquinho da Fonseca. Descreve as personagens principais, o Inspetor e o Barão, e analisa a obra como uma metáfora sobre o choque entre o presente e o passado. Destaca também a personagem enigmática e fascinante do Barão, que domina a narrativa e deixa o leitor com muitas perguntas.
O documento apresenta uma biografia e análise da obra do escritor Oscar Wilde. Apresenta os principais momentos de sua vida e carreira, desde sua educação em Oxford até sua prisão e morte. Destaca a influência do movimento estético vitoriano em sua obra e como sua prisão levou a um amadurecimento filosófico e produções mais profundas. Conclui comentando sobre a relevância e recepção duradoura de sua obra na literatura inglesa e mundial.
Este documento apresenta uma lista de obras literárias portuguesas e estrangeiras, com breves sinopses de cada uma. Inclui títulos como "A Torre da Barbela" de Ruben A., "Iracema" de José de Alencar, "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen e "O Pai Goriot" de Honoré de Balzac. Fornece também instruções sobre atividades que os alunos podem desenvolver a partir da leitura dessas obras, como exposições, apreciações críticas ou textos de
Este documento apresenta um resumo da Ilíada de Homero. Ele discute brevemente a questão da autoria e formação dos poemas épicos Ilíada e Odisséia, argumentando que ambos foram compostos a partir de material pré-existente, mas que a Ilíada teve uma síntese mais admirável do que a Odisséia.
Portugueses ilustres ( artes e letras) do sec xx pr_afsalbergaria
Este documento apresenta breves biografias de importantes figuras portuguesas do século XX, incluindo os poetas Fernando Pessoa e Florbela Espanca, o artista plástico Almada Negreiros, o escritor José Régio e o Prémio Nobel da Literatura José Saramago.
Resolvi escrever meus comentários sobre esta peça trágica de Shakespeare tendo em vista o valor literário desta obra. Podemos dizer que é uma leitura obrigatória para aqueles que desejam estar antenados no melhor da literatura mundial. Esta peça retrata a tragédia familiar da qual todos nós temos assistido e quando não, presenciamos e vivemos em nossas próprias famílias tragédias semelhantes ou parecidas. A verdade é que a história humana é uma tragédia, desde que os dois primeiros humanos foram transgressores quando só tinham um mandamento a obedecer, como foi o caso de Adão e Eva e depois na minúscula família, um irmão matou o outro como aconteceu com Caim e Abel. Com uns antecessores destes, por que seríamos pessoas melhores???
O documento apresenta uma sinopse sobre a obra literária Sherlock Holmes, criada por Sir Arthur Conan Doyle no final do século XIX. A história se passa na Inglaterra vitoriana e apresenta as investigações do detetive Sherlock Holmes ao lado de seu assistente, o Dr. Watson.
Este documento resume os principais temas e espaços sociais representados no romance "Os Maias", de Eça de Queirós. Entre os temas centrais estão o amor, o adultério, a educação e a decadência de Portugal no século XIX. A ação decorre principalmente em locais de Lisboa e arredores, que servem para criticar os costumes da sociedade burguesa portuguesa da época através das personagens.
Este documento fornece contexto sobre o romance Os Maias de Eça de Queirós. Apresenta informações sobre o autor, a obra, o período histórico, os objetivos pedagógicos, as personagens e os principais temas como a crítica social e a educação.
Victor Jenhei aproximações saciabaporu 12 10 2015 pdfVictor jenhei
Este texto pretende analisar o “monstro” com pé gigante da obra Abaporu de Tarsila do Amaral. Procura-se traçar uma visão retrospectiva desse caráter “monstruoso” da obra, retomando, entre outras coisas, a figura do ciópode ― monstro grego e medieval ― e do saci ― mito brasileiro ―, entrando um pouco nos principais temas do período em que a obra foi pintada: primitivismo, arte e cultura “genuinamente” nacionais, valendo-me inicialmente de um estudo de Orianna Baddeley e Valery Fraser Drawing the line: Art and Culture in Latin America, de 1989, e dos escritos de Tarsila do Amaral. Após uma comparação formal entre o ciópode e o Abaporu, interpreta-se esses personagens a partir de seus significados etimológicos; o resultado será o monstro europeu encontrando mais um correspondente ou duplo na mitologia brasileira: o saci.
Essa última criatura foi escolhida por Monteiro Lobato para fundar e assentar as bases de uma arte e cultura brasileiras autênticas. E isso ocorreu bem antes da execução da tela de Tarsila do Amaral. O Abaporu, por sua vez, foi o marco que Oswald de Andrade utilizou para simbolizar o movimento Antropofágico, também preocupado com a questão de uma cultura nacional.
Aproximando as figuras do Saci e do Abaporu, tentarei ir além do problema da “brasilidade” desses monstros, inserindo-os no campo em que a história da arte estuda o deformado, o maravilhoso, o desconhecido, o estranho, o feio, ou seja, estuda as criaturas que habitam os sonhos e os pesadelos.
1) A cronologia traça a vida e obra do escritor português José Eustáquio Ferreira de Castro desde seu nascimento em 1898 até 1952;
2) Ele viveu no Brasil entre 1911-1919 onde trabalhou em seringais e publicou seus primeiros contos e romances;
3) Após retornar a Portugal em 1919, estabeleceu-se como jornalista e escritor, publicando várias obras que o consagraram como um dos maiores nomes da literatura portuguesa.
Este documento resume as principais personagens do romance "Os Maias". A intriga principal gira em torno do amor proibido entre Carlos da Maia e sua prima Maria Eduarda. Outras personagens importantes incluem Afonso da Maia, avô de Carlos, Pedro da Maia, pai de Carlos, e Maria Monforte, mãe de Carlos.
1) O documento analisa a obra do poeta e pintor português António Pedro e sua proposta de uma "poética do feio", privilegiando temas monstruosos e grotescos.
2) António Pedro foi um precursor do surrealismo português e usava a arte para denunciar a situação política e desmistificar a estética convencional de sua época.
3) Sua obra é marcada por práticas intertextuais e contaminação entre as diferentes artes, com diálogo entre sua produção literária e pictórica.
Este documento apresenta uma introdução sobre o autor Bram Stoker e seu último livro "O Covil do Verme Branco". Stoker nasceu em 1847 na Irlanda e ficou famoso por seu livro "Drácula" de 1897, porém pouco se sabia sobre sua vida. Seu último livro "O Covil do Verme Branco", publicado em 1911, reflete sobre temas ocultos e o mal, sugerindo várias histórias que não se interligam.
José Saramago nasceu em Portugal em 1922. Trabalhou em várias profissões ao longo da vida, incluindo editor e jornalista. Publicou seu primeiro romance em 1947 e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Seu livro Ensaio sobre a Cegueira de 1995 descreve uma epidemia de cegueira e como a sociedade lida com ela.
Dan Brown is one of the most successful and popular authors of our time. He graduated from Amherst College and had a brief career in music before becoming a writer. His early novels like Digital Fortress and Deception Point were successful thrillers. However, his novels Angels & Demons and especially The Da Vinci Code, which featured the character Robert Langdon, achieved massive commercial success and helped popularize symbols and history. The Da Vinci Code became one of the best selling books ever with over 80 million copies sold. Brown's novels are praised for their page-turning plots but criticized for superficial research; nonetheless they remain hugely popular among readers.
Dan Brown is an American author born in 1964 in New Hampshire. He was fascinated by puzzles as a child which influenced his novels. His most successful novels feature the character Robert Langdon, a Harvard professor, who is recruited for mysterious missions around the world that often involve controversial religious themes. Brown's fourth novel The Da Vinci Code, which suggested Jesus had a daughter, was especially controversial but also his most popular book, selling over 81 million copies worldwide. Social media helps spread both controversy and promotion of the novels and their film adaptations.
The document discusses different methods for estimating the amount of juice that can be produced from a shipment of oranges, including traditional waterfall planning, planning poker, and averaging techniques. It mentions estimating the number of oranges that can be processed from each box and compares the estimates to actual production records from a juicing factory. The document considers factors like lead times, work-in-progress, and real-world constraints that affect the estimates.
Stephen King was born in Portland, Maine in 1947 and began writing at a young age based on movies and cartoons he saw. He is one of the most famous and successful horror authors, having written over 90 books, with some of his most well-known titles being It, The Shining, Carrie, and The Talisman. King's first published novel was Carrie in 1974, which sold for $400,000, and his writing is known for its detailed style with connections between characters and events across multiple books.
Jack Kerouac was an American novelist and poet considered a literary iconoclast and the father of the Beat movement. He is recognized for his spontaneous method of writing, covering topics such as Catholic spirituality, jazz, promiscuity, Buddhism, drugs, poverty, and travel. Some of his most famous works include On the Road, about spontaneous road trips across America, The Dharma Bums, which examines the relationship between city and outdoor lifestyles, and Big Sur, which depicts Kerouac as a popular published author.
1) O primeiro povoado inglês permanente na América do Norte foi Jamestown em 1607, impulsionado pelos escritos de John Smith sobre as riquezas e oportunidades do Novo Mundo;
2) Em 1620, o Mayflower trouxe os primeiros puritanos ingleses à América em busca de liberdade religiosa, fundando a colônia de Plymouth;
3) Os textos de John Smith e a perseguição religiosa na Inglaterra foram fatores determinantes para a colonização inglesa da América do Norte no sé
This document provides an overview of English literature and its historical development. It discusses the key periods in English literary history from the Anglo-Saxon period to the Victorian period. For each period, it summarizes some of the significant literary works produced and the prominent genres. It also profiles some important authors like Geoffrey Chaucer, William Shakespeare, and Charles Dickens. The document serves as a reference for those studying the history of English literature.
Este documento apresenta um resumo da Ilíada de Homero. Ele discute brevemente a questão da autoria e formação dos poemas épicos Ilíada e Odisséia, argumentando que ambos foram compostos a partir de material pré-existente, mas que a Ilíada teve uma síntese mais admirável do que a Odisséia.
Portugueses ilustres ( artes e letras) do sec xx pr_afsalbergaria
Este documento apresenta breves biografias de importantes figuras portuguesas do século XX, incluindo os poetas Fernando Pessoa e Florbela Espanca, o artista plástico Almada Negreiros, o escritor José Régio e o Prémio Nobel da Literatura José Saramago.
Resolvi escrever meus comentários sobre esta peça trágica de Shakespeare tendo em vista o valor literário desta obra. Podemos dizer que é uma leitura obrigatória para aqueles que desejam estar antenados no melhor da literatura mundial. Esta peça retrata a tragédia familiar da qual todos nós temos assistido e quando não, presenciamos e vivemos em nossas próprias famílias tragédias semelhantes ou parecidas. A verdade é que a história humana é uma tragédia, desde que os dois primeiros humanos foram transgressores quando só tinham um mandamento a obedecer, como foi o caso de Adão e Eva e depois na minúscula família, um irmão matou o outro como aconteceu com Caim e Abel. Com uns antecessores destes, por que seríamos pessoas melhores???
O documento apresenta uma sinopse sobre a obra literária Sherlock Holmes, criada por Sir Arthur Conan Doyle no final do século XIX. A história se passa na Inglaterra vitoriana e apresenta as investigações do detetive Sherlock Holmes ao lado de seu assistente, o Dr. Watson.
Este documento resume os principais temas e espaços sociais representados no romance "Os Maias", de Eça de Queirós. Entre os temas centrais estão o amor, o adultério, a educação e a decadência de Portugal no século XIX. A ação decorre principalmente em locais de Lisboa e arredores, que servem para criticar os costumes da sociedade burguesa portuguesa da época através das personagens.
Este documento fornece contexto sobre o romance Os Maias de Eça de Queirós. Apresenta informações sobre o autor, a obra, o período histórico, os objetivos pedagógicos, as personagens e os principais temas como a crítica social e a educação.
Victor Jenhei aproximações saciabaporu 12 10 2015 pdfVictor jenhei
Este texto pretende analisar o “monstro” com pé gigante da obra Abaporu de Tarsila do Amaral. Procura-se traçar uma visão retrospectiva desse caráter “monstruoso” da obra, retomando, entre outras coisas, a figura do ciópode ― monstro grego e medieval ― e do saci ― mito brasileiro ―, entrando um pouco nos principais temas do período em que a obra foi pintada: primitivismo, arte e cultura “genuinamente” nacionais, valendo-me inicialmente de um estudo de Orianna Baddeley e Valery Fraser Drawing the line: Art and Culture in Latin America, de 1989, e dos escritos de Tarsila do Amaral. Após uma comparação formal entre o ciópode e o Abaporu, interpreta-se esses personagens a partir de seus significados etimológicos; o resultado será o monstro europeu encontrando mais um correspondente ou duplo na mitologia brasileira: o saci.
Essa última criatura foi escolhida por Monteiro Lobato para fundar e assentar as bases de uma arte e cultura brasileiras autênticas. E isso ocorreu bem antes da execução da tela de Tarsila do Amaral. O Abaporu, por sua vez, foi o marco que Oswald de Andrade utilizou para simbolizar o movimento Antropofágico, também preocupado com a questão de uma cultura nacional.
Aproximando as figuras do Saci e do Abaporu, tentarei ir além do problema da “brasilidade” desses monstros, inserindo-os no campo em que a história da arte estuda o deformado, o maravilhoso, o desconhecido, o estranho, o feio, ou seja, estuda as criaturas que habitam os sonhos e os pesadelos.
1) A cronologia traça a vida e obra do escritor português José Eustáquio Ferreira de Castro desde seu nascimento em 1898 até 1952;
2) Ele viveu no Brasil entre 1911-1919 onde trabalhou em seringais e publicou seus primeiros contos e romances;
3) Após retornar a Portugal em 1919, estabeleceu-se como jornalista e escritor, publicando várias obras que o consagraram como um dos maiores nomes da literatura portuguesa.
Este documento resume as principais personagens do romance "Os Maias". A intriga principal gira em torno do amor proibido entre Carlos da Maia e sua prima Maria Eduarda. Outras personagens importantes incluem Afonso da Maia, avô de Carlos, Pedro da Maia, pai de Carlos, e Maria Monforte, mãe de Carlos.
1) O documento analisa a obra do poeta e pintor português António Pedro e sua proposta de uma "poética do feio", privilegiando temas monstruosos e grotescos.
2) António Pedro foi um precursor do surrealismo português e usava a arte para denunciar a situação política e desmistificar a estética convencional de sua época.
3) Sua obra é marcada por práticas intertextuais e contaminação entre as diferentes artes, com diálogo entre sua produção literária e pictórica.
Este documento apresenta uma introdução sobre o autor Bram Stoker e seu último livro "O Covil do Verme Branco". Stoker nasceu em 1847 na Irlanda e ficou famoso por seu livro "Drácula" de 1897, porém pouco se sabia sobre sua vida. Seu último livro "O Covil do Verme Branco", publicado em 1911, reflete sobre temas ocultos e o mal, sugerindo várias histórias que não se interligam.
José Saramago nasceu em Portugal em 1922. Trabalhou em várias profissões ao longo da vida, incluindo editor e jornalista. Publicou seu primeiro romance em 1947 e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Seu livro Ensaio sobre a Cegueira de 1995 descreve uma epidemia de cegueira e como a sociedade lida com ela.
Dan Brown is one of the most successful and popular authors of our time. He graduated from Amherst College and had a brief career in music before becoming a writer. His early novels like Digital Fortress and Deception Point were successful thrillers. However, his novels Angels & Demons and especially The Da Vinci Code, which featured the character Robert Langdon, achieved massive commercial success and helped popularize symbols and history. The Da Vinci Code became one of the best selling books ever with over 80 million copies sold. Brown's novels are praised for their page-turning plots but criticized for superficial research; nonetheless they remain hugely popular among readers.
Dan Brown is an American author born in 1964 in New Hampshire. He was fascinated by puzzles as a child which influenced his novels. His most successful novels feature the character Robert Langdon, a Harvard professor, who is recruited for mysterious missions around the world that often involve controversial religious themes. Brown's fourth novel The Da Vinci Code, which suggested Jesus had a daughter, was especially controversial but also his most popular book, selling over 81 million copies worldwide. Social media helps spread both controversy and promotion of the novels and their film adaptations.
The document discusses different methods for estimating the amount of juice that can be produced from a shipment of oranges, including traditional waterfall planning, planning poker, and averaging techniques. It mentions estimating the number of oranges that can be processed from each box and compares the estimates to actual production records from a juicing factory. The document considers factors like lead times, work-in-progress, and real-world constraints that affect the estimates.
Stephen King was born in Portland, Maine in 1947 and began writing at a young age based on movies and cartoons he saw. He is one of the most famous and successful horror authors, having written over 90 books, with some of his most well-known titles being It, The Shining, Carrie, and The Talisman. King's first published novel was Carrie in 1974, which sold for $400,000, and his writing is known for its detailed style with connections between characters and events across multiple books.
Jack Kerouac was an American novelist and poet considered a literary iconoclast and the father of the Beat movement. He is recognized for his spontaneous method of writing, covering topics such as Catholic spirituality, jazz, promiscuity, Buddhism, drugs, poverty, and travel. Some of his most famous works include On the Road, about spontaneous road trips across America, The Dharma Bums, which examines the relationship between city and outdoor lifestyles, and Big Sur, which depicts Kerouac as a popular published author.
1) O primeiro povoado inglês permanente na América do Norte foi Jamestown em 1607, impulsionado pelos escritos de John Smith sobre as riquezas e oportunidades do Novo Mundo;
2) Em 1620, o Mayflower trouxe os primeiros puritanos ingleses à América em busca de liberdade religiosa, fundando a colônia de Plymouth;
3) Os textos de John Smith e a perseguição religiosa na Inglaterra foram fatores determinantes para a colonização inglesa da América do Norte no sé
This document provides an overview of English literature and its historical development. It discusses the key periods in English literary history from the Anglo-Saxon period to the Victorian period. For each period, it summarizes some of the significant literary works produced and the prominent genres. It also profiles some important authors like Geoffrey Chaucer, William Shakespeare, and Charles Dickens. The document serves as a reference for those studying the history of English literature.
Este documento describe la historia del desarrollo de Internet desde sus inicios en la década de 1890 hasta principios de la década de 2000. Algunos hitos clave incluyen la invención del teléfono en 1890, el desarrollo de ARPANET en la década de 1960, la adopción de TCP/IP como protocolo estándar en 1983, el surgimiento de la World Wide Web en 1991 y el crecimiento exponencial de usuarios de Internet a finales de la década de 1990. El documento también brinda una introducción a conceptos fundamentales como direcciones IP
El documento presenta un plan de desarrollo económico a 20 años para la provincia de San Luis que incluye exportar productos con contenido tecnológico, tener una red más densa de usuarios de internet, y más profesionales en ciencia e ingeniería. También busca mejorar la educación secundaria y las habilidades básicas de los trabajadores.
Este documento define qué es un blog y describe algunos sitios populares que ofrecen blogs gratuitos como Wordpress, Blogger, CrearBlogs y Buenblog. Explica que un blog es un sitio web periódicamente actualizado que recopila artículos de uno o más autores de forma cronológica. También describe características comunes de los blogs como comentarios, enlaces, fotografías y su naturaleza social.
Este documento discute conceptos clave relacionados con la planificación y gestión del tiempo en proyectos. Explica leyes como la de Murphy y Parkinson que pueden afectar el cumplimiento de plazos, así como el síndrome del estudiante. También define restricciones como factores que limitan el logro de objetivos y discute cómo identificar y tratar con la ruta crítica para evitar atrasos.
La teoría de la relatividad especial establece que las leyes de la física son las mismas para todos los observadores independientemente de su estado de movimiento, y que la velocidad de la luz en el vacío es constante para todos; sus consecuencias incluyen la contracción de longitudes, la dilatación del tiempo, el aumento de masa con la velocidad y la equivalencia entre masa y energía.
Este documento descreve uma sequência didática com três etapas para trabalhar a intertextualidade com alunos. A primeira etapa envolve a leitura e análise comparativa de duas versões de uma fábula. A segunda etapa expõe os alunos a outros exemplos de paródia e os avalia em compreensão oral. A terceira etapa guia os alunos a criarem suas próprias paródias de fábulas em grupos.
The document discusses the benefits of exercise for mental health. Regular physical activity can help reduce anxiety and depression and improve mood and cognitive function. Exercise causes chemical changes in the brain that may help protect against mental illness and improve symptoms.
O documento discute os impactos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) sobre a saúde do trabalhador em Rondônia. Primeiro, apresenta um mapa de risco ocupacional georreferenciado de Rondônia. Segundo, destaca projetos de infraestrutura do PAC no estado, como hidrelétricas e rodovias. Por fim, aponta possíveis impactos do PAC na saúde do trabalhador em Rondônia, como aumento populacional, reorganização econômica e sobrecarga nos serviços de saúde.
Literatura do Romantismo e Pré Rafaelitashcaslides
O documento discute o movimento literário Romantismo na Europa no século 18 e 19, incluindo características, autores e obras importantes. Aborda a Irmandade Pré-Rafaelita e a pintura "Ofélia Morta" de John Everett Millais.
O documento apresenta noções básicas sobre literatura, definindo-a como uma imitação da realidade através da palavra. Explora suas funções, como evasão, diversão e compromisso social, e diferencia textos literários de não literários. Apresenta exemplos de obras literárias brasileiras canonizadas e discute gêneros, formas e estilos literários.
O documento resume a história da literatura mundial desde a Grécia Antiga até os dias atuais, destacando os principais autores e movimentos literários de cada período, como a literatura clássica grega e romana, o humanismo renascentista, o romantismo e o realismo dos séculos XIX, e as vanguardas modernas do século XX.
Destaques Enciclopédia 03-11-2014 a 09-11-2014Umberto Neves
Diversas biografias do período estão reunidas nesse documento: Thomas Kyd, Bernardino Ramazzini, Thomas Abbt, Marquesa de Santos, Henri Matisse, Ralph Hodgson, Bob Kane, Francisco Ayala, Guido Reni, Klabund, Carlos Torres Pastorinho, Wolfgang Capito, Joseph Glanvill, Johann Nikolaus Götz, Gilles Deleuze, Hans Sachs, John Brown, Washington Allston, Ruy Barbosa, Frei Damião, August Gailit, Ernest Gellner, Isaiah Berlin, Étienne Pivert de Senarcour, David Levi, James Naismith, Marie Bregendahl, Amadeu Amaral, Robert Musil, Miguel Reale, Sophia de Mello Breyner, Pierre Charron, Eugène Pottier, Anita Malfatti, Niklas Luhmann, Muhammad Ibn Hazm, Auguste Villiers de L'isle-Adam, Cecília Meireles, Albert Camus, Félix Arvers, Lawrence Durrell, Xavier de Maitre, Bram Stoker, Gottlob Frege, Teófilo Dias, Luigi Abatangelo, Duns Escoto, Johann Walter, John Milton, Francisco I das Duas Sicílias, César Franck, Victorien Sardou, Carlos Chagas, Mark Akenside, Dinah Silveira de Queiroz, Guillaume Apollinaire, Dorothy Canfield Fischer e outros.
Destaques Enciclopédia 29 09-2014 a 05-10-2014Umberto Neves
O documento resume eventos históricos notáveis de 29 de setembro a 5 de outubro de 2014, incluindo datas de nascimento e morte de figuras importantes como Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Resume também a vida e obra de Miguel Servet, Caravaggio e Dom Quixote de Cervantes em menos de 3 frases cada.
O documento fornece um resumo sobre a literatura na Idade Média, abordando tópicos como o que é literatura, gêneros literários como lírico, dramático e épico, e escolas literárias como Trovadorismo, Humanismo e Classicismo. Destaca o Trovadorismo como a escola literária dominante na Idade Média, que legitimava a nova ordem social através da poesia de amor cortês produzida e difundida por trovadores.
Este documento lista 10 livros da literatura brasileira e fornece breves resumos sobre cada um. Os livros incluem obras de Antonio Callado, Augusto de Campos, Caio Fernando Abreu, Cruz e Souza, Érico Veríssimo, Ferreira Gullar, Haroldo de Campos, Mário Faustino, Raul Pompéia e Vinícius de Moraes.
Destaques Enciclopédia 24-05-2015 a 30-05-2015Umberto Neves
O documento resume eventos históricos, nascimentos e mortes ocorridos em 24 e 25 de maio, incluindo acontecimentos como a batalha de Tuiuti da Guerra do Paraguai em 1866, o casamento do príncipe Ernesto Augusto de Hanôver em 1913, e o nascimento de cientistas e escritores renomados como William Gilbert, Mikhail Sholokhov e Joseph Brodsky. O texto também fornece breves biografias destes personagens.
O documento discute a literatura ao longo dos períodos literários, definindo conceitos como escola literária, gêneros, características e obras representativas de cada período literário, desde a Era Medieval até a Moderna em Portugal e no Brasil.
O documento discute a literatura ao longo dos períodos literários, definindo conceitos como escola literária, gêneros, características e principais autores de cada período literário, desde a Era Medieval até a Moderna em Portugal e no Brasil.
O documento discute as intertextualidades entre a obra Otelo, de Shakespeare, e o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Analisa como o ciúme é tratado nas duas obras e como Machado de Assis faz diálogo intertextual com Shakespeare ao abordar o tema do ciúme em seu romance, influenciado pela tragédia de Otelo. Também discute a presença da obra de Shakespeare no texto de Machado e a universalidade do sentimento de ciúme retratado nas duas obras canonais.
O documento descreve a trajetória da poeta mineira Adélia Prado, nascida em 1935. Seu primeiro livro, Bagagem, foi publicado em 1976 por indicação de Carlos Drummond de Andrade, que viu nela um "fenômeno poético". Tornou-se conhecida rapidamente e publicou vários outros livros, tornando-se uma importante voz da poesia brasileira.
O livro Bagagem, de 1976, foi a primeira publicação da poeta mineira Adélia Prado, indicada por Carlos Drummond de Andrade. Ela declara que o livro foi feito com entusiasmo e descoberta, apesar de ter nascido do sofrimento. Adélia lançou seu primeiro livro na maturidade, aos 41 anos, e tornou-se conhecida rapidamente por sua poesia.
Machado de Assis foi um escritor brasileiro nascido no século XIX no Rio de Janeiro. Ao longo de sua vida, ele se destacou como cronista, contista, romancista, poeta, dramaturgo e crítico, publicando diversas obras reconhecidas em cada gênero. Sua carreira literária foi marcada por inovações e pela análise psicológica profunda de seus personagens. Ele viveu a maior parte de sua vida no bairro carioca de Cosme Velho, onde faleceu em 1908.
1) As vanguardas europeias surgiram no início do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, como forma de expressar as contradições da época por meio de novas linguagens artísticas.
2) Os principais movimentos foram o Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, caracterizados por questionar convenções e valorizar o inconsciente e a irracionalidade.
3) Esses movimentos influenciaram o Modernismo brasileiro, que buscava se distanciar do passado e celebrar a modernidade.
O documento apresenta uma síntese sobre autores e obras da ficção brasileira contemporânea dos períodos de 1945-1970 e 1970 até os dias atuais, destacando Ariano Suassuna, João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca e outros.
O documento descreve o contexto histórico e as características principais do movimento Romântico na literatura européia e brasileira no século XIX. Apresenta os autores mais influentes como Goethe e Lord Byron na Europa e Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo no Brasil. Resume que o Romantismo surgiu após a Revolução Francesa e valorizou a liberdade, subjetividade e natureza em oposição aos valores clássicos.
O documento discute a literatura produzida após a queda do Muro de Berlim na Alemanha e no Brasil na década de 1990. Na Alemanha, obras exploraram os efeitos culturais e sociais do colapso do regime comunista. No Brasil, autores emergiram retratando temas como a ditadura, a vida nos subúrbios e a globalização.
O documento descreve a geração de escritores brasileiros conhecida como Condoreirismo, que surgiu na década de 1860 e se caracterizou por sua preocupação com questões sociais como abolição da escravidão e educação. Destaca Castro Alves como o maior representante deste movimento, conhecido por seus poemas abolicionistas como "Navio Negreiro".
O autor decidiu que a partir do próximo amanhecer vai mudar pequenos detalhes em sua vida para ser mais feliz a cada dia. Ele não vai mais olhar para o passado com remorso e vai aprender com os erros. Também vai continuar amando as pessoas da sua vida, mas não tentando mudá-las, e vai lutar com mais garra por seus sonhos sem responsabilizar os outros por sua felicidade.
O autor decidiu que a partir do próximo amanhecer vai mudar pequenos detalhes em sua vida para ser mais feliz a cada dia. Ele não vai mais olhar para o passado com remorso e vai aprender com os erros. Também vai continuar amando as pessoas da sua vida, mas não tentará mais mudá-las e respeitará o jeito delas.
Este documento fornece receitas típicas da culinária mineira, servidas no Festival Comida de Buteco em Belo Horizonte. As receitas incluem pratos populares como amoela, angu, arroz com costelinha de porco, bambá, banana no jiló e outros, fornecendo detalhes sobre ingredientes e modo de preparo de cada um.
O documento fornece um resumo de 50 autores influentes do século XX e o que aprendemos ou devíamos ter aprendido com eles. Em poucas frases, destaca a influência literária de autores como Hemingway, Joyce, García Márquez, Woolf, Brecht, Deleuze, Calvino e Pessoa, assim como o legado de cientistas como Sagan, e o impacto de obras como as de Kafka e Rushdie.
Este documento apresenta uma lista de expressões e características da linguagem mineira, incluindo: o uso frequente da palavra "UAI" para confirmar algo; substituir "e" por "i"; usar termos como "TREM", "ONZZ" e "NIGUCIM"; e terminar frases com palavras como "SÔ" ou "SÁ". A lista visa ensinar não mineiros alguns elementos básicos do jeito de falar dos mineiros.
1. 50
os
autores
S
mais influentes
do século XX
e o que
aprendemos
ou devíamos ter aprendido
com eles
texto
José Mário Silva
00 (a
2. ERNEST
HEMINGWAY
(1899-1961)
A enorme influência de Hemingway na litera-
tura mundial faz-se sentir de dois modos. Pri-
meiro, através da forma como escrevia: frases
curtas, dinâmica narrativa colada ao osso da
história, diálogos exemplares. São inúmeros
os escritores americanos que lhe devem qual-
quer coisa a este nível: J. D. Salinger, Kerouac,
Hunter S. Thompson, Elmore Leonard e até
autores mais jovens como Bret Easton Ellis ou
Chuck Palahniuk. Depois, enquanto figura li-
terária. O yankee à solta na Europa, a viver a
Festa em Paris, a atravessar a guerra de Espa-
nha, dando o corpo ao manifesto e exemplifi-
cando o que é isso da “grace under pressure”,
corresponde na perfeição ao ideal do escritor
aventureiro. Não será exagerado dizer que a
forma como viveu (e morreu, disparando um
tiro na cabeça) foi uma das suas melhores
obras, se não a melhor. Hemingway é ainda o
centro de um negócio de nostalgia, que tanto
leva turistas a Cuba à procura de daiquiris co-
mo imitadores a Key West para um concurso
de sósias.
O que nos ensinou: a literatura como reflexo
da vida e a vida como reflexo da literatura
GABRIEL
GARCÍA
MÁRQUEZ
(1928-)
De todos os escritores latino-ameri-
canos responsáveis pelo chamado
JAMES JOYCE (1882-1941)
boom do realismo mágico, durante a Há precisamente dez anos, a revista Time elegeu uma descoberta científica”. Ao transformar as
década de 60 do século passado, Joyce como o escritor mais influente do século deambulações de Leopold Bloom por Dublin, no
García Márquez (Gabo para os amigos) é aquele XX. A escolha compreende-se. Nascido em 1882, dia 16 de Junho de 1904, numa obra de arte to-
que conheceu uma aceitação mais universal, re- soube fazer a ponte entre a tradição literária e tal extremamente complexa, Joyce abriu rumos
flectida na atribuição do Nobel, em 1982. As suas as vanguardas. Se as primeiras obras (Gente de seguidos por outros grandes escritores, de Bec-
histórias, irradiando a partir da cidade imaginária Dublin ou Retrato do Artista Quando Jovem) ain- kett a Faulkner, de Bellow a García Márquez.
de Macondo, são narrativas que introduzem com da respeitavam os principais códigos narrativos
grande mestria elementos fantásticos no quoti- vigentes, o romance Ulisses (1922) estilhaçou to- O que nos ensinou: a audácia do experimenta-
diano de personagens maiores do que a vida. Os das as regras, revolucionando a literatura de lismo linguístico (levado para lá de todos os limi-
romances Cem Anos de Solidão e O Amor nos uma forma que só tem paralelo com as mudan- tes no quase ilegível Finnegans Wake)
Tempos de Cólera foram obras-primas marcan- ças de paradigma instauradas por Einstein no
tes para milhões de leitores em todo o mundo.
O que nos ensinou: uma concepção de literatu-
ra enquanto lugar onde todos os prodígios são
possíveis
campo da Física. Aliás, foi T. S. Eliot quem afir-
mou que a utilização dos mitos clássicos (a Odis-
seia, com as suas personagens e simbolismos)
em contexto moderno teve “a importância de 1 00
3. S VIRGINIA WOOLF (1882-1941)
No tempo que lhe coube viver, conseguiu impor gico das suas personagens, afogando-se no rio
AGATHA CHRISTIE uma voz feminina num mundo dominado por ho- Ouse com os bolsos cheios de pedras, depois de
mens. “Para escrever ficção, uma mulher precisa escrever ao marido uma pungente nota de suicí-
(1890-1976) de dinheiro e de um quarto que seja seu”, afirmou dio. A cena está reproduzida no romance As Ho-
“Rainha do Crime”, chamaram-lhe. Cria- num famoso ensaio. Ao longo da vida levou a fra- ras, de Michael Cunningham (adaptado ao cine-
dora de dois dos mais carismáticos detec- se à letra, como comprovam os nove romances e ma em 2002), que cruza a vida da escritora com a
tives com que alguma vez os leitores de dois livros de contos que constam da sua biblio- da protagonista do livro Mrs. Dalloway (1925). Um
policiais se cruzaram (o refinado Hercule grafia. Pertenceu ao Grupo de Bloomsbury e ao exemplo dos muitos ecos que a obra de Woolf
Poirot, sempre orgulhoso das suas “pequenas células movimento modernista inglês, tendo contactado continua a ter na literatura contemporânea.
cinzentas”, e a adorável Miss Marple), Agatha Christie de perto com os principais intelectuais britânicos
está registada no Livro Guinness dos Recordes como da primeira metade do século XX. Atormentada O que nos ensinou: a utilização exemplar do mo-
a autora que mais livros vendeu, deixando para trás pela depressão, pôs fim à vida com o sentido trá- nólogo interior
Shakespeare e sendo batida apenas pela Bíblia. Há mi-
lhões de leitores que talvez não tenham lido mais na-
da, mas leram os seus intrincados mistérios.
O que nos ensinou: a culpa nem sempre é do mor-
domo
BERTOLT BRECHT
(1898-1956)
Dramaturgo, além de poeta, teorizou e
levou à prática uma visão épica e dialéc-
tica do teatro, na qual se procurava um
distanciamento entre o espectador e a
cena, de forma a centrar o trabalho dramatúrgico na
crítica das relações sociais, com uma preocupação
didáctica, tendo em vista a tomada de consciência de
quem assistia aos espectáculos. A companhia Berli-
ner Ensemble prosseguiu estes princípios mesmo
após a sua morte.
O que nos ensinou: a força radical do teatro enquan-
to meio para questionar as ordens estabelecidas
GILLES DELEUZE
(1925-1995)
Com uma vastíssima bibliografia, criti-
cou com o mesmo grau de profundida-
de Spinoza, Kant, Nietzsche, Foucault ou
o cinema. Para ele, a filosofia era criação
de conceitos. Entre os seus textos mais citados estão
os escritos a meias com Félix Guattari, nomeada-
mente os reunidos em Capitalismo e Esquizofrenia
CARL SAGAN (1934-1996)
(cujo segundo volume, Mil Planatos, acaba de ser edi- Astrónomo norte-americano com excep- ainda o romance Contacto (adaptado ao cinema por
tado pela Assírio & Alvim). cionais dons de comunicação, destacou- Robert Zemeckis), sobre o encontro da espécie huma-
se como divulgador científico. O seu livro na com uma civilização extra-terrestre.
O que nos ensinou: metáforas físicas para modelos Cosmos, a partir do qual foi feita uma no-
epistemológicos, como o célebre “rizoma” (entidade tável série televisiva, desvendou ao cidadão comum O que nos ensinou: mesmo princípios científicos
difusa, sem centro; o oposto do carácter hierárquico os grandes segredos do Universo e estimulou muitos complexos, se explicados com clareza, podem ser en-
da estrutura clássica da “raiz”) jovens a seguirem uma carreira científica. Escreveu tendidos por qualquer um
00 ( abril 2008 ) revista LER
4. ITALO CALVINO (1923-1985)
Narrador de fina estirpe, Italo Calvino ou aos constrangimentos lúdicos do grupo OuLiPo.
nunca se fixou num género ou num esti- As suas Seis Propostas para o Próximo Milénio, obra
lo de escrita. Profundo conhecedor dos póstuma, oferecem a quem as lê um belíssimo tes-
clássicos (um termo sobre o qual teori- tamento artístico e enumeram as virtudes que a Li-
zou), foi cruzando ao longo da sua obra uma aborda- teratura deve preservar: leveza, rapidez, exactidão,
gem realista (mais presente nos seus primeiros livros) visibilidade, multiplicidade e consistência.
com aproximações ao fantástico (trilogia Os Nossos
Antepassados), às estratégias pós-modernistas (Cos- O que nos ensinou: a paixão pela linguagem e pelos
micómicas; Se Numa Noite de Inverno um Viajante) artifícios literários
FERNANDO FRANZ KAFKA (1883-1924)
PESSOA Kafkiano. De todos os adjectivos associados a nomes
(1888-1935) de escritores, é este o mais nítido (mesmo quem não
leu Kafka sabe o que quer dizer) e o mais universal.
“Eu sou um outro”, escreveu Rimbaud. “Contenho mul- As histórias kafkianas estão em todo o lado: em Pra-
tidões”, exclamava Whitman. Fernando Pessoa fundiu ga, em Lisboa, em Bogotá ou no Bangladesh. Isto é,
as duas ideias: foi outros, muitos outros, uma multidão onde quer que existam homens, leis, níveis hierárqui-
de outros. O poeta secreto, empregado de escritório cos, lógicas perversas, burocracias. “A Alemanha de-
com uma arca de textos quase infinita em casa, mo- clarou guerra à Rússia. À tarde, piscina”, escreveu no
dernista da geração de Orpheu, não se limitou a inven- seu Diário, em 1914. Diz a lenda que não conseguiu
tar os heterónimos; antes criou para si mesmo uma li- acabar de ler o romance O Processo aos seus ami-
teratura inteira. Talvez por isso, houve poucos escrito- gos porque tinha ataques de riso. Foi talvez este dis-
res portugueses que se tenham abrigado à sua som- tanciamento em relação às coisas que lhe permitiu
bra, que é dizer também a sombra de Álvaro de Cam- escrever algumas das obras mais perturbantes da li-
pos, Alberto Caeiro ou Ricardo Reis. Por muito que teratura ocidental: contos, parábolas, fragmentos,
paire sobre nós, dominadora, a obra de Pessoa é tão ex- romances, uma novela (Metamorfose), textos que
cepcional, tão fulgurantemente única, que não deixou nos rebentam nas mãos com uma angustiante es-
discípulos ou epígonos. No estrangeiro, tornou-se en- tranheza. A sua influência é tão grande que até fun-
tretanto o epítome das letras lusas e da nossa proble- ciona retrospectivamente, como assinalou Borges
mática identidade, bem como do nosso imobilismo re- no célebre ensaio Kafka e os seus precursores.
flexivo e melancólico, tão bem fixado nessa obra-prima
absoluta que é o inacabado (e inacabável) Livro do De- O que nos ensinou: o absurdo da tragédia huma-
sassossego, de Bernardo Soares. na, tão absurdo que lhe dava (a ele, Kafka) vonta-
de de rir
O que nos ensinou: o milagre da heteronímia (atra-
vés da qual antecipou as fragmentações e desdobra-
50
mentos da pós-modernidade) ENID BLYTON SALMAN RUSHDIE
(1897-1968) (1947-)
Foi uma espécie de J. K. Rowling da pri- A influência do autor de Versículos Sa-
meira metade do século XX, mas muito tânicos é fácil de medir. Basta ver o es-
mais prolixa e menos talentosa. Em 40 tado apopléctico em que deixou os fun-
anos publicou mais de 800 títulos, dividi- damentalistas islâmicos ao publicar o
dos em 16 séries que acompanhavam as várias ida- seu romance “blasfemo”, em 1988. A fatwa (conde-
des do seu público infanto-juvenil: desde Noddy, o ta- nação à morte) lançada contra ele pelo Ayatollah
xista do País dos Brinquedos (para os mais pequenos, Khomeini, então líder supremo do Irão, forçou-o a
US hoje viciados na versão televisiva), até às aventuras
dos Cinco e dos Sete (clássicos da leitura na pré-ado-
lescência). Edições recentes têm suavizado o racis-
mo e sexismo dos textos originais de Blyton, uma au-
tora que continua, apesar do estilo conservador
e antiquado, a vender a rodos (cerca de
10 milhões de exemplares por ano).
O que nos ensinou: o segredo infalível pa-
ra chegar ao coração das crianças e adolescentes
uma espécie de clandestinidade durante dez anos,
sem que Rushdie tenha em qualquer momento ce-
dido ao terror psicológico. Consciente do poder da
literatura, e dos potenciais perigos que acarreta,
nunca deixou de escrever. O romance Os Filhos da
Meia-Noite (1981), sobre a independência da Índia,
foi considerado o Booker dos Bookers, em 1993.
O que nos ensinou: a não tolerar a intolerância
religiosa
00
5. HERMANN HESSE
(1877-1962)
Escritor alemão naturalizado suíço, é o
autor de Siddharta (1922), um livro que
nasceu das experiências vividas durante
uma viagem à Índia, onze anos antes. Ao
narrar a história de Siddharta, e de como ele se tor-
na o Buda, Hesse cria uma espécie de guia para a
conversão espiritual, aliando ideias místicas com uma
atitude pacifista. Durante os anos 60, transformou-
se numa espécie de bíblia do movimento hippie mas
o seu impacto manteve-se até hoje, continuando a
ser um dos mais procurados nas livrarias.
O que nos ensinou: a procura da sabedoria através
do despojamento
ISAAC ASIMOV
(1920-1992)
Autor norte-americano de origem russa,
foi um dos chamados Três Grandes da
Ficção Científica (a par de Robert A.
Heinlein e do recentemente falecido Art-
hur C. Clarke). Com uma capacidade de trabalho
inesgotável, que lhe permitiu escrever ou editar mais
de 500 livros, Asimov ganhou tudo o que havia para
ganhar no campo da FC (oito prémios Hugo, três Ne-
bula, o respeito dos outros autores) e ainda conse-
guiu estabelecer uma enorme reputação enquanto
divulgador de temas científicos.
O que nos ensinou: muita ciência, em bruto e atra-
vés das suas ficções
WILLIAM FAULKNER (1897-1962) GUY DEBORD
Um dos gigantes da literatura norte-americana, do condado imaginário dos livros de Faulkner –
(1931-1994)
autor de romances poderosos (O Som e a Fúria; Yoknapatawpha – tatuado num dos braços. Publicado em 1967, nas vésperas do Maio
50
Luz em Agosto; Absalão, Absalão!), Nobel da Li- de 68, o ensaio A Sociedade do Espectácu-
teratura em 1949 e vencedor de dois Pulitzer e O que nos ensinou: a importância da polifonia na lo estabeleceu Guy Debord, já então conhe-
dois National Book Awards. Embora fiel às tradi- construção romanesca cido pela sua participação activa em movi-
ções literárias sulistas (nasceu no estado do Mis- mentos subversivos (do Letrismo à Internacional Situa-
sissipi), Faulkner soube cruzá-las com as mais va- cionista), como um dos principais críticos do capitalismo,
riadas técnicas modernas, entre as quais o reinterpretando o trabalho de Marx de forma a estender
stream of consciousness. No romance Palmei- o conceito de alienação a outras esferas, para lá da acti-
ras Selvagens, uma das personagens diz «Entre vidade laboral. A sua análise da cultura de massas e do
a dor e o nada, escolho a dor», talvez a mais glo- poder das imagens tornou-se ainda mais pertinente após
sada das suas frases, nomeadamente por Jean- o triunfo da globalização, a que já não assistiu por se ter
00
Luc Godard no filme O Acossado, com o fugitivo
Belmondo a optar, em vez da dor, pelo nada. Em
Portugal, o mais assumido discípulo é António
Lobo Antunes, que não esconde a influência que
o mestre exerceu no seu estilo de escrita. José
Luís Peixoto foi ainda mais longe e tem o nome S U
suicidado, em 1994, aos 63 anos, com um tiro no cora-
ção. A Antígona acaba de editar um livro sobre a sua fi-
gura e obra, assinado por Anselm Jappe.
O que nos ensinou: a urgência revo-
lucionária, da teoria à prá-
tica
( abril 2008 ) revista LER
6. THOMAS MANN JORGE LUIS BORGES (1899-1986)
(1875-1955)
Tal como Joyce, foi esquecido pela Academia Sueca, tão
Talvez o último dos grandes escritores lesta a entregar o Nobel a escritores menores. A bem
clássicos, mostrou-se ambicioso ao dizer, nunca necessitou desse tipo de caução. A sua fa-
ponto de querer fixar, nos seus impo- ma, ganhou-a com textos buriladíssimos – ficções labi-
nentes romances, o espírito de uma rínticas, poemas de uma elegância clássica, ensaios
época. Politicamente conservador, exilou-se nos desvairadamente enciclopédicos – e com a pose de sá-
Estados Unidos quando Hitler subiu ao poder, co- bio cego, feliz no recato de uma biblioteca sem limites,
mo a grande maioria dos intelectuais alemães. Da alimentando-se apenas da música das palavras. Erudi-
sua pena brotaram personagens prodigiosas, co- to, bibliómano, Borges é o escritor por antonomásia, o
mo Hans Castorp (A Montanha Mágica), Gustav homem que tinha na cabeça a Literatura toda (das
von Aschenbach (Morte em Veneza) ou Adrian Le- 1001 Noites às sagas islandesas, de Cervantes a Ches-
verkühn (Doutor Fausto). terton) e a soube reinventar em livros que são como jo-
gos de espelhos em que se aprisiona o infinito. A sua
O que nos ensinou: o recurso a certas personagens escrita, cerebral e de uma lógica avassaladora, prestou-
como arquétipos ideológicos se a todo o tipo de pastiches. Poucos autores do sécu-
lo XX terão influenciado tantos bons escritores e tan-
tos maus epígonos, iludindo-se estes com a aparente
GRAHAM GREENE facilidade de imitar o que afinal era inimitável.
(1904-1991) O que nos ensinou: uma biblioteca pode ser um lugar
Além de romancista excepcional, que mais aventuroso do que a selva amazónica
soube integrar as paisagens físicas e
humanas dos países por onde passou
(Libéria, México, Haiti, Cuba, Vietname,
etc.) na lógica interna dos seus romances, Graham
Greene também foi um agente dos serviços secre-
SAMUEL BECKETT (1906-1989)
tos britânicos (MI6), ao serviço dos quais passou “Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor” lhos decrépitos) arautos dos abismos da condição
uma temporada em Portugal. Católico com sim- (Pioravante Marche). Eis uma citação do autor de humana
patias esquerdistas, viveu angustiadamente al- Dias Felizes que se tornou um lema para muita
guns aspectos da fé religiosa (as questões relacio- gente e que resume uma ética transversal a toda a
nadas com a ideia de pecado, por exemplo), trans- obra do escritor irlandês, vencedor do Prémio No-
pondo-os muitas vezes para os seus protagonis- bel em 1969. Tanto nas peças de teatro como nas
tas, quase sempre homens desencantados e cíni- narrativas (romances e novelas), Beckett questio-
cos, cheios de dilemas existenciais, vivendo nou, desmontou e eliminou as convenções realis-
situações moralmente ambíguas em lugares onde tas, abdicando de elementos como o enredo ou as
o Mal anda à solta. noções precisas de tempo e espaço. À medida que
envelhecia, as suas obras, escritas quer em inglês
O que nos ensinou: a mistura certa de inteligência quer em francês, foram tendendo para uma rare-
com elegância facção cada vez maior, até ao ponto de se transfor-
marem em abstractos exercícios de linguagem. O
seu experimentalismo antecipou várias correntes
pós-modernas e são muitos os autores que reco-
T. S. ELIOT nhecem a sua herança, dos poetas da Beat Gene-
(1888-1965) ration a John Banville ou Harold Pinter.
Thomas Stearns Eliot, norte-americano
que se tornou inglês aos 39 anos, depois O que nos ensinou: a capacidade de fazer dos ex-
de se converter ao anglicanismo, foi um cluídos (vagabundos, mulheres presas na areia, ve- S
dos mais respeitados críticos literários
da sua geração, mas sobretudo um extraordinário
poeta, embora com uma obra relativamente curta.
Livros como Prufrock e outras Observações, A Terra
J. R. R. TOLKIEN (1904-1973)
sem Vida (The Waste Land), Quarta-Feira de Cinzas Muitosescritorescriamumarealidadeparale- personagens(queincluihobbitseelfos).Veneradaporgera-
ou Quatro Quartetos são obras maiores da poesia de la,maspoucosterãoinventadoummundotão çõessucessivasdefãs,atrilogiadeTolkienpassouparao
língua inglesa. fechadoecomplexocomoaTerraMédia,on- grandeecrãpelamãodorealizadorPeterJackson.
de Tolkien coloca a acção de O Senhor dos
O que nos ensinou: a arte de rimar “come and go” Anéis.Paraestasagafantástica,oprofessordeOxfordefiló- O que nos ensinou: a ficção como culto partilhado com
com “Michelangelo” logoinventouváriaslínguas,alémdeumaimensagaleriade um fervor quase religioso
revista LER ( abril 2008 ) 00
7. PABLO NERUDA
(1904-1973) JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
Durante décadas, Ricardo Eliezer Neftalí Exemplo clássico do intelectual francês ideologi- apoio prolongado aos regimes autoritários co-
Reyes y Basoalto, que transformou o seu camente empenhado, Sartre assumiu durante munistas. Talvez por isso, e porque a globaliza-
pseudónimo (Pablo Neruda) em nome ofi- décadas o papel do maître à penser, o filósofo ção foi retirando estatuto e influência à cultura
cial, simbolizou o poeta militante, dispos- existencialista que enviava dos cafés do Boule- francesa, a posteridade não tem sido muito be-
to a colocar o lirismo tanto ao serviço do amor como vard Saint-Germain, em Paris, as coordenadas a nevolente com o seu legado, incluindo a vasta
de causas políticas (em Canto Geral, por exemplo, nar- partir das quais muita gente interpretava o que obra literária, distinguida com o Nobel em 1964
ra de forma épica a História da América Latina). Co- se ia passando no mundo. Embora se outorgas- – um prémio que Sartre recusou, afirmando que
munista ortodoxo, apoiante de Salvador Allende, mor- se o estatuto de consciência moral do seu tem- um escritor deve recusar que o transformem nu-
reu de ataque cardíaco a 23 de Setembro de 1973, 12 po, o fundador do jornal Libération (e um dos ma instituição.
dias após o golpe de Pinochet. mentores do Maio de 68) teve dificuldade em
conciliar a suposta defesa intransigente da liber- O que nos ensinou: “a existência precede a es-
O que nos ensinou: a fazer odes às coisas comuns (me- dade humana – pilar da sua filosofia – com o sência”
sa, cadeira, pão, sabonete, um par de peúgas, etc.)
S
LUDWIG WITTGENSTEIN
(1889-1951)
De quem somos herdeiros? Do Wittgens-
tein que escreveu o Tratado Lógico-Filosó-
fico onde diz que a linguagem é o espelho
do mundo (os limites de uma coincidindo
com os limites do outro)? Ou do que não viu publicadas
as Investigações Filosóficas dos “jogos de linguagem”?
O “segundo” Wittgenstein desenvolveu este conceito
nas aulas, que chegaram até nós em cadernos (Livros
Azul e Castanho) e considera a linguagem indissociável
do seu uso, à semelhança de um jogo que só se com-
preende jogando. Talvez sejamos herdeiros de ambos.
O que nos ensinou: se não podes falar sobre uma coi-
sa, cala-te
EMILIO SALGARI
(1862-1911)
Ao criar Sandokan, o temível Tigre da
Malásia, e outros personagens igualmen-
te corajosos (como o Corsário Negro),
iluminou milhões de infâncias num tem-
po em que ainda não havia televisão nem PlaySta-
tion. A fama de Salgari era tão grande que lhe atri-
buíram uma centena de livros apócrifos, para além
dos 200 que escreveu realmente. A lista de figuras
que o assumiram como leitura infantil vai de Umber-
to Eco a Sergio Leone, de Isabel Allende a Che Gue-
vara, passando pelo português Mário de Carvalho.
O que nos ensinou: a tensão dos romances de aven-
tura que tiram o fôlego
00 ( abril 2008 ) revista LER
8. ROBERT MUSIL
(1880-1942)
O Homem sem Qualidades, seu mag-
num opus, é a ficção “inacabada e inaca-
bável” por excelência, como disse João
Barrento, autor de uma nova tradução
do livro, editada no mês passado pela Dom Quixote
(a primeira feita em Portugal directamente do ale-
mão). Romance-ensaio, difícil e exigente para o lei-
tor, com as suas constantes interrupções do fluxo
narrativo, retrata a atmosfera de Viena em 1913,
pouco antes da eclosão da I Guerra Mundial (esse
abismo que engoliria de vez o império Austro-Hún-
garo). Um mundo dissecado pelos olhos do matemá-
tico Ulrich, anti-herói que se tenta libertar das “qua-
lidades” alheias para conseguir encontrar “o cami-
nho da sua própria vida”.
O que nos ensinou: a literatura como sistema que or-
ganiza um mundo caótico
PRIMO LEVI
(1919-1987)
“Há dois tipos de sobreviventes do Holo-
causto: os que calam e os que falam”,
disse um dia este discreto químico italia-
no – vítima, como tantos outros judeus,
das atrocidades que fizeram de Auschwitz um “bu-
raco negro” na História do século XX. Após o fim da
guerra, Levi, que nunca deixou de ser o prisioneiro n.º
174517 (número que substitui o epitáfio na sua cam-
pa), escolheu falar do horror nazi em vários dos seus
livros, um dos quais, Se Isto é um Homem, crónica
quase científica do que se passou, narrada de forma
objectiva e destituída de pathos, viria a transformar-
se num dos melhores reflexos literários do “dever de
memória” que pesava sobre quem conseguiu esca-
par do inferno.
O que nos ensinou: uma posição ética inabalável pe-
50
rante a barbárie nazi
J. K. ROWLING (1965-)
Escritores de best-sellers há muitos, do místico pelo conjunto da indústria Potter (incluindo o
Paulo Coelho ao romântico-açucarado Nicholas merchandising e os cinco filmes produzidos em
Sparks. Por serem capazes de mobilizar legiões Hollywood), recordes absolutos de encomendas
de leitores fiéis, acabam por deter um poder na Amazon e de rapidez nas vendas de cada li-
crescente no cada vez mais comercial mundo do vro, etc. Terminada a série, resta saber o que vai
livro. Nenhum deles, porém, chega aos calcanha- Rowling fazer para se manter na crista da onda,
res desta inglesa que passou anos a escrever em quando não faltam imitadores a criar sucedâ-
cafés, antes de revolucionar a literatura juvenil neos do rapaz de óculos redondos, a ver se lhes
US com a saga em sete volumes do feiticeiro Harry
Potter, um dos maiores êxitos editoriais de to-
dos os tempos. Os números são esmagadores:
cerca de 400 milhões de livros vendidos à esca-
la planetária, 10 mil milhões de euros gerados
sai a sorte grande.
O que nos ensinou: numa época em que o mar-
keting dita as regras, quem tem uma fórmula de
sucesso é rei
00
9. ROLAND BARTHES
GEORGE ORWELL (1903-1950) (1915-1980)
Figura de rara abrangência, que espalhou
Em 1948, este escritor britânico criou uma extraor-
a sua curiosidade intelectual por muitas
dinária distopia: Mil Novecentos e Oitenta e Qua-
frentes, recorrendo a vários modelos teó-
tro. Nesse então futuro longínquo, que para nós já
ricos (entre os quais o estruturalismo e,
é passado, Orwell imagina uma sociedade totalitá-
quando confrontado com os seus limites, o pós-estru-
ria levada às últimas consequências, em que o Es-
turalismo), Barthes é dos autores que mais resistem
tado tem um controlo absoluto sobre os cidadãos,
a ser resumidos num parágrafo. Da crítica literária à
dominando-os através da linguagem (a “Novilin-
semiótica, da análise textual ao hedonismo, da disse-
gua” que asfixia à nascença qualquer forma de re-
cação dos símbolos materiais da sociedade de consu-
beldia) e da vigilância permanente (“Big Brother is
mo (Mitologias) à definição do que é um punctum fo-
watching you”). Que o nome do ditador, esse Gran-
tográfico (A Câmara Clara), a sua obra forma uma gi-
de Irmão omnipotente, tenha sido dado ao primei-
gantesca e fascinante rede de sentidos que cobre
ro reality show televisivo de grande sucesso não
uma vasta área dos chamados estudos culturais.
deixa de ser irónico. Nunca chegámos sequer per-
to da profecia negra de Orwell, mas há formas mais
O que nos ensinou: a olhar para as coisas (objectos
subtis de alienação que produzem efeitos assusta-
ou obras literárias) de outra maneira, a partir de no-
doramente parecidos. E nem sequer faltam, por es-
vos ângulos
se mundo fora, equivalentes do Ministério da Ver-
dade que tentam manipular o passado com a
maior desvergonha, a seu bel-prazer.
RAINER MARIA RILKE
O que nos ensinou: “somos todos iguais, mas al- (1875-1926)
guns são mais iguais do que outros”
Na poesia, as Elegias de Duíno e os Sone-
tos a Orfeu. Em prosa, os Cadernos de
Malte Laurids Brigge. Bastam estas
ninfeta de 12 anos que causou escândalo e foi adapta- obras para colocar Rilke entre os maio-
VLADIMIR NABOKOV do ao cinema por Stanley Kubrick. res escritores de língua alemã de todos os tempos.
(1899-1977) As suas dez Cartas a um Jovem Poeta, enviadas a
Russo fugido à Revolução de 1917, Nabo- O que nos ensinou: entre muitas outras coisas, o modo Franz Xaver Kappus, com ideias, conselhos e súmu-
kov é um caso à parte na literatura do sé- de dizer “Lo-lee-ta”, com a língua a fazer uma viagem las de arte poética, tornaram-se um modelo da co-
culo XX. Tendo publicado metade da sua de três passos entre o céu da boca e os dentes municação entre um mestre e potenciais discípulos.
obra na língua materna, escreveu a restan- A sua influência estendeu-se à música, à pintura e ao
te num inglês perfeito (à semelhança de Joseph Conrad, cinema.
embora este nunca tenha escrito em polaco). Académi- SCOTT FITZGERALD
co de “opiniões fortes”, era um individualista que via na O que nos ensinou: a transfigurar as coisas no invisí-
literatura apenas um meio de alcançar os mais altos cu-
(1896-1940) vel: “A minha verdadeira tarefa é o mundo já não vis-
mes da fruição estética. Gostava de borboletas, xadrez Membro da “geração perdida” de ame- to pelo homem, mas pelo Anjo”
e simetrias. Da obra narrativa, destaca-se Lolita, roman- ricanos que se tornaram adultos duran-
50
ce sobre o amor de um homem de meia-idade por uma te a I Guerra Mundial, Fitzgerald é o ca-
so típico de um talento excepcional que SYLVIA PLATH
não tem consciência da sua grandeza e murcha an-
tes do tempo, como sugeriu o seu amigo Hemi-
(1932-1963)
ngway. Eternamente atolado em problemas finan- Durante muito tempo, o mito sobrepôs-
ceiros, matrimoniais e de saúde (causados pelo al- se à escritora: as tentativas de suicídio, a
coolismo), esbanjou energias em trabalhos alimen- tempestuosa relação com o marido (Ted
tares para revistas e argumentos de filmes, morren- Hughes), a manhã em que acendeu de
do jovem, aos 44 anos, de ataque cardíaco. Dos vez o gás da cozinha. Como se a poesia fosse só um
quatro romances completos que deixou, destacam- pormenor na vida complicada de “Lady Lazarus”, es-
S
00
U se O Grande Gatsby e Terna é a Noite, livros que
inspiraram várias gerações de escritores, entre os
quais J. D. Salinger, que chegou a considerar-se “o
sucessor de Fitzgerald”.
O que nos ensinou: “não há
segundos actos nas vidas
americanas”
sa mulher espantosa para quem morrer era “uma ar-
te”. Confessional sem ser melodramática, Plath ins-
creveu o seu nome na literatura do século com ver-
sos afiados como facas. E tornou-se, compreensivel-
mente, um dos mais fulgurantes ícones feministas.
O que nos ensinou: a beleza visceral, paredes meias
com o desespero
( abril 2008 ) revista LER
10. UMBERTO ECO S
(1932-)
Professor de Semiótica na Universidade
de Bolonha, Eco ficou em segundo lugar
na lista dos intelectuais mais influentes do
mundo publicada pela revista Prospect
em 2005, atrás de Noam Chomsky e à frente de Ri-
chard Dawkins. O seu eclectismo não podia ser maior:
trabalhou na televisão italiana, foi editor (na Bompia-
ni), especialista em estética medieval e em teoria lite-
rária, autor de ensaios seminais (como A Obra Aber-
ta, de 1962), cronista na imprensa italiana e mundial,
além de romancista. No campo da ficção, os seus livros
mereceram não só os favores do público como da crí-
tica especializada. Sobre O Pêndulo de Foucault, por
exemplo, houve quem dissesse que se trata de um Có-
digo da Vinci para pessoas que gostam de pensar.
O que nos ensinou: os académicos respeitáveis tam-
bém podem ser best-sellers
ANDRÉ BRETON
(1896-1966)
Com o Manifesto do Surrealismo (1924)
explicou ao que vinha: a procura de au-
tomatismos psíquicos capazes de ex-
pressar o funcionamento real do pensa-
mento, “na ausência de qualquer vigilância exercida
pela razão e para além de qualquer preocupação es-
tética ou moral”. O resultado foi uma revolução, em
França e em várias artes (da poesia à pintura), que
chegou tarde e suavizada a Portugal. “A beleza será
convulsiva ou não será”, dizia Breton, Papa do movi-
mento e responsável-mor pelos seus cismas.
O que nos ensinou: a escrita automática como for-
ma de arrombar as portas do inconsciente
MICHEL FOUCAULT
(1926-1984) SIGMUND FREUD (1856-1939)
Como um verdadeiro arqueólogo, procu- Se houve um lugar marcante do século XX – losofia. Ao estudar o inconsciente (esse conti-
rou nas camadas do inconsciente colec- talvez tão marcante como os cadeirões de Ial- nente negro), os mecanismos da líbido, as sim-
tivo ocidental a essência dos mecanis- ta onde se sentaram Churchill, Roosevelt e Es- bologias oníricas ou os traumas de infância, o
mos de poder e a sua explicação a uma taline; ou os blocos de betão de que era feito médico austríaco confrontou-nos com a natu-
escala microfísica. Interessou-se por todos os que fo- o Muro de Berlim –, esse lugar foi o divã do Dr. reza extraordinariamente complexa e precá-
ram empurrados para as margens da sociedade (ho- Freud. No consultório de Viena, nasceram ria da nossa psique. Conteste-se ou não a vali-
mossexuais, loucos, outros sem rótulo nem lugar). conceitos teóricos sobre o modo como pensa- dade dos seus pressupostos, convém salien-
Não foi o primeiro a escrever “panóptico”, mas fez da mos, sonhamos e recalcamos impulsos – tar um aspecto muitas vezes esquecido: o Dr.
palavra um conceito que nasceu na prisão ideal de ideias que vieram a ter um impacto enorme Freud era, para além do resto, um grande es-
Bentham e assentou como uma luva às sociedades na vida das pessoas. E não apenas nas que re- critor.
que desenvolveram as câmaras de vigilância. correm à psicanálise, porque as premissas
freudianas infiltraram-se em todos os domí- O que nos ensinou: “às vezes um charuto é só
O que nos ensinou: O corpo é o primeiro e último lu- nios, da literatura ao cinema, da política à fi- um charuto” (mas só às vezes)
gar do exercício do poder
revista LER ( abril 2008 ) 00
11. S MARCEL PROUST (1871-1922)
Embora tenha escrito outras obras, inclusive no cências, num tour de force narrativo que lhe
campo da não-ficção (ensaio, crítica, crónicas, ocupou os últimos 13 anos de vida, passados em
GEORGES PEREC pastiches), Proust será sempre lembrado como reclusão no seu apartamento forrado a cortiça
(1936-1982) o autor de um projecto literário de escala gigan- do Boulevard Haussmann. No momento da mor-
tesca: Em Busca do Tempo Perdido, romance te, aos 51 anos, ainda não tinha revisto as pro-
Com Raymond Queneau, Italo Calvino
com mais de três mil páginas, dividido em sete vas dos últimos três volumes, publicados postu-
e outros, deu corpo ao OuLiPo (Ou-
volumes (editados há uns anos pela Relógio mamente, mas a sua reputação já estava firma-
vroir de Littérature Potentielle), um
d’Água, em tradução de Pedro Tamen). Partin- da. Graham Greene, por exemplo, considerava-
dos mais profícuos movimentos de ex-
do do conceito de “memória involuntária”, ace- o o “maior romancista do século XX”.
perimentalismo literário, ainda hoje activo. Teve
sa por uma espécie de interruptor (a madalena
ousadia e génio para escrever, em La Disparition,
molhada no chá), Proust conduz o seu alter-ego O que nos ensinou: o tempo que já passou pesa
um romance inteiro sem a vogal mais usada pela
através de um prodigioso labirinto de reminis- muito mais do que o que está para vir
língua francesa (o “e”), mas a sua obra-prima ab-
soluta é A Vida Modo de Usar, espécie de hiper-fic-
ção que vai engolindo a realidade como um bura-
co negro narrativo.
O que nos ensinou: os constrangimentos formais
podem dar asas às imaginação
RAYMOND CARVER
(1938-1988)
Dizia-se “propenso à brevidade e à inten-
sidade”, razão que o terá levado a escre-
ver apenas contos e poemas. Era tam-
bém propenso ao álcool, um vício que
em vários momentos lhe destruiu a vida. A sua escri-
ta, herdeira longínqua do estilo de Anton Tchékhov,
mergulhava no quotidiano dos subúrbios america-
nos e nas pequenas tragédias da classe média, em
contos de uma extraordinária concisão descritiva e
de uma melancolia por vezes asfixiante.
O que nos ensinou: quando as olhamos de perto, as
vidas banais são tudo menos banais
BARBARA CARTLAND
(1901-2000)
Ultra-light e rosa shock, eis Dame Bar-
bara Cartland, uma das mais duradou-
ras socialites inglesas (morreu aos 98
anos). Os mais de 700 romances que
escreveu mal se distinguem uns dos outros: há
sempre raparigas virginais, príncipes encantados
a cujos braços se acolhem, sexo só depois do ca-
JUAN RULFO (1917-1986)
samento e uma infinita colecção de lugares-co- Ganhou um lugar de destaque no pan- Bartleby. Gabriel García Márquez conta que foi a lei-
muns. É piroso, é foleiro, é kitsch? É, sim. De fugir. teão das letras latino-americanas com tura de Rulfo que o salvou de um bloqueio criativo,
Mas nunca faltou quem a lesse avidamente, colo- apenas dois livros curtos: A Planície em no início da década de 60. Ou seja: sem a existência
cando-a quase ao nível de Agatha Christie em ter- Chamas (1953) e Pedro Páramo (1955). de Comala, talvez não existisse Macondo.
mos de vendas. Por prodigiosa que fosse a sua escrita, preferiu pou-
sar a caneta e pegar na máquina fotográfica, mas a O que nos ensinou: as melhores obras completas não
O que nos ensinou: a eficácia dos clichés românticos sua influência não diminuiu depois da síndrome de se medem pelo número de páginas
00 ( abril 2008 ) revista LER
12. WALTER BENJAMIN (1892-1940)
Intelectual judeu com um destino trági- (monumental projecto que não chegou a completar)
co, morreu em Port Bou (Pirenéus), – num estilo único, assente numa acumulação de
quando tentava fugir para os Estados fragmentos e em “constelações” de sentido. Os seus
Unidos, via Lisboa, escapando aos nazis livros são dos mais citados nos meios académicos e
que acabavam de invadir a França. Com um pensa- estudos culturais, nomeadamente A obra de arte na
mento originalíssimo, marcado pelo idealismo ale- era da reprodução mecânica.
mão e pelo misticismo judaico, Benjamin escreveu
sobre os mais variados temas – modernismo, Baude- O que nos ensinou: o pensamento crítico enquanto
laire, filosofia da História ou as arcadas parisienses forma suprema de lucidez
J. D. SALINGER KARL POPPER (1902-1994)
Indiscutivelmente um dos mais importantes fi- O que nos ensinou: é preciso duvidar de tudo,
(1919-) lósofos da ciência, este austríaco, mais tarde até das dúvidas
Quando é preciso dar exemplos de escritores re- naturalizado britânico, atravessou o século
clusos, o seu nome vem sempre à baila, juntamen- quase todo, abarcando vários domínios do sa-
te com os de Thomas Pynchon e Cormac McCart- ber: epistemologia (assente no racionalismo
hy (embora este último tenha começado a sair do crítico e na ideia de que os avanços científicos
casulo, com aparições no programa da Oprah e na acontecem através de um sistema de hipóte-
entrega dos Óscares). Salinger deve grande parte ses, sujeitas a conjecturas e refutações); filoso-
da sua fama ao romance The Catcher in the Rye fia analítica (campo em que explorou o proble-
(À Espera no Centeio, Difel), um livro de culto pa- ma da Indução); e filosofia política (com uma
ra sucessivas gerações de jovens revoltados, des- crítica feroz ao historicismo e aos modelos to-
de que foi publicado em 1951. O escritor ainda talitários). A sua defesa de uma “Sociedade
editou contos e novelas até ao início da década de Aberta”, teorizada num ensaio clássico (The
60, mas depois disso fechou-se à chave dentro da Open Society and Its Enemies), transformou-o
sua vida e remeteu-se a um silêncio absoluto, até numa das principais referências do liberalismo.
agora imune às muitas tentativas de violação da No campo da filosofia da ciência, as suas ideias
privacidade. Embora nunca tenha deixado de es- foram pontos de partida para Lakatos e Feye-
crever, não se sabe ao certo a magnitude da obra rabend (que as repudiou), mas a sua influência
póstuma que vai deixar. Entre os autores que as- extravasou a academia, chegando ao investi-
sumiram uma influência do peculiar estilo de Sa- dor George Soros.
linger, contam-se Harold Brodkey, John Updike,
Haruki Murakami e o Philip Roth dos primeiros
tempos.
ALBERT CAMUS MARGUERITE DURAS
50
O que nos ensinou: a retórica da invisibilidade
(1913-1960) (1914-1996)
Chamaram-lhe existencialista mas recu- Ao entrar em qualquer um dos seus tex-
sou essa etiqueta, como de resto todas as tos, reconhecemos imediatamente um
outras com que o quiseram catalogar. Era tom, uma voz, uma cadência, uma tex-
um espírito livre que via na revolta “o úni- tura que é dela e só dela. Nunca lhe fal-
co meio de superar o absurdo”, mas com consciência taram elementos biográficos (a infância na Indochi-
de que muitas revoluções estão condenadas a trans- na, a resistência contra os nazis em Paris, a militân-
formar-se em tiranias. No mais conhecido dos seus ro- cia comunista e posterior dissensão, os muitos amo-
mances, O Estrangeiro, criou Meursault, como ele um res, as crises de alcoolismo) capazes de lhe oferecer
US
revista LER ( abril 2008 )
pied noir (francês nascido na Argélia), personagem ín-
tegra que, ao ser julgada por homicídio, não tenta es-
capar às suas responsabilidades através de um falso ar-
rependimento. Muitas vezes citado em filmes, o livro
também inspirou um número invulgar de canções
pop/rock, entre as quais Killing an Arab, dos
The Cure.
O que nos ensinou: a solidão existencial do
homem moderno
material romanesco. No entanto, o que a distinguiu
enquanto escritora foi um certo encantamento com
a melodia das frases, a carga erótica da linguagem
que se toca como se fosse um corpo, uma espécie
de hipnose, uma vertigem onde cabe tudo: a loucu-
ra dos amantes, o silêncio, as emoções que não po-
dem ser ditas, o aroma de uma magnólia em flor.
O que nos ensinou: escrevemos para saber o que es-
creveríamos se escrevêssemos
00