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Realismo
Léon Augustin Lhermitte, La Paie des moissonneurs, 1882.
O Realismo, enquanto
corrente literária e artística,
surgiu por volta de 1850:
•procurou fazer uma descrição
detalhada e minuciosa da
realidade;
•captou o real de forma fiel e
objetiva;
•recusou a idealização e a
emotividade do Romantismo;
•abordou os problemas da
vida quotidiana.
O interesse pela realidade social na literatura e nas artes
Realismo
Jules Breton, O fim de um dia de trabalho, 1886-1887.
O Realismo, enquanto
corrente literária e artística,
surgiu por volta de 1850:
•retratou as classes sociais
mais numerosas e menos
favorecidas, desde os
burgueses até aos operários,
passando pelos camponeses;
•substituiu o herói romântico
idealizado pela representação
do Homem comum;
•pretendeu captar o mundo
exterior numa perspetiva
positivista;
•procurou registar fielmente
a vida e a sociedade
contemporâneas.
O interesse pela realidade social na literatura e nas artes
Realismo
Ema Bovary é a figura central do romance que
chocou a sociedade francesa do século XIX.
Nesta obra, Ema, levada pelas histórias dos
romances que lia, procura escapar à sua
realidade. O amor sensual pauta o romance e
leva a literatura para novos caminhos,
inaugurando a corrente realista. A tragédia da
realidade sobrepõe-se às ilusões da personagem.
O Realismo e o Naturalismo na literatura
“Ema ama a vida, o prazer, o próprio amor mais
do que ama um homem; (…) não morre de amor,
mas sim de fraqueza (…) vive no presente e é
incapaz de resistir ao mais pequeno impulso.”
Albert Thibaudet
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na literatura
“Contudo, Ema sentia-se cheia de desejos, de raiva, de ódio. O seu vestido de
pregas regulares escondia um coração devastado, e os seus lábios tão púdicos
não revelavam a tormenta. Estava apaixonada por Léon, e procurava o isolamento
para mais à vontade se deleitar pensando nele. Quando o via, sentia perturbar-se
a volúpia dessa meditação. Palpitava ao ruido dos seus passos; depois a presença
dele fazia com que a emoção desaparecesse, e em seguida apenas lhe restava um
assombro imenso que terminava em tristeza.”
Excerto de Madame Bovary de Gustave Flaubert.
Cartaz do filme Madame Bovary (1949), realizado por Vicente Minnelli.
Realismo
O Realismo ganhou também expressão com
Honoré de Balzac.
A sua obra Comédia Humana, da qual constam
90 novelas, procura fazer um retrato da
sociedade francesa. Desde os mais humildes, a
aristocratas, banqueiros ou jovens em busca de
fama e fortuna na cidade de Paris. Balzac
pretende fixar a imagem de uma época. Os seus
vícios, virtudes, fraquezas, amores e ódios, tudo
surge na obra do autor da Comédia Humana.
O Realismo e o Naturalismo na literatura
“Balzac não esconde nada. Diz tudo.”
Marcel Proust
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na literatura
“Foi a casa da senhora de Restaud, filha do pai
Goriot, e lá cheirou a parisiense. Nesse dia, voltou
com uma palavra escrita na testa, e que eu bem li:
Conseguir! Conseguir a todo o custo. Bravo! Disse
para mim, eis um rapazola que me convém.
Precisou de dinheiro. Onde ir buscá-lo? Esfolai as
suas irmãs. Todos os irmãos intrujam mais ou
menos as irmãs. Os seus 1500 francos arrancados,
Deus sabe como? (…) Uma fortuna rápida é o
problema que se propõe resolver neste momento
50 000 jovens que se encontram todos na sua
posição. Você é um deles. Julgai os esforços que
terá de fazer e a dedicação no combate. Têm de se
comer uns aos outros como aranhas num pote (…).
Sabe como se constrói o seu caminho (…)? Pelo
brilho do génio ou pela habilidade na corrupção. (…)
A honestidade não leva a nada. (…) Assim, o homem
honesto é o inimigo comum (…).”
Excerto de Pai Goriot, de Honoré de Balzac.
Realismo
A descrição da realidade foi adensada no final do século, pelo Naturalismo:
• produziu uma literatura mais científica;
• inspirou-se nas ideias evolucionistas;
• destacou o contexto social como determinante na definição dos personagens;
• retratou os vícios, preconceitos e misérias.
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Fernand Pelez, Sem Asilo, 1883.
Realismo
A descrição da realidade foi adensada no final do século, pelo Naturalismo:
• produziu uma literatura mais científica;
• inspirou-se nas ideias evolucionistas;
• destacou o contexto social como determinante na definição dos personagens;
• retratou os vícios, preconceitos e misérias.
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Fernand Pelez, Sem Asilo, 1883.
Realismo
De entre os escritores naturalistas destacou-se
Émile Zola.
O Realismo e o Naturalismo na literatura
“(…) mostrou toda a sua família, desgastada pela mina,
devorada pela Companhia, mais cheia de fome depois
de cem anos de trabalho; e, ao lado dela, mostrava os
ventres da Administração, arrotando dinheiro, toda
essa matilha dos acionistas, (…) sem fazerem nada
gozando à custa dos seus corpos. Não era medonho um
povo de homens que, de pais para filhos, vão morrer
no fundo dos poços para se pagarem luvas a ministros,
para que gerações de grandes senhores e burgueses
deem festas ou engordem ao canto da lareira (…). Esses
miseráveis, lançavam-nos como pasto às máquinas,
encerravam-nos como gado no redil dos bairros, (…)
absorviam-nos aos poucos, regulamentando a
escravidão, ameaçando arregimentar (…) milhões de
braços para fazer a fortuna de um milhar de parasitas.”
Excerto de O Germinal, de Émile Zola.
Fernand Pelez, O vendedor de violetas, 1885.
Realismo
De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se:
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Irmãos Goncourt
Em França:
• irmãos Jules e Edmond Goncourt;
• Guy de Maupassant.
Realismo
De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se:
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Em Inglaterra:
• Charles Dickens;
• George Eliot.
Realismo
De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se:
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Na Rússia:
• Fiódor Dostoiévski;
• Lev Tolstoi.
Realismo
De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se:
O Realismo e o Naturalismo na literatura
Nos Estados Unidos da América:
• Mark Twain;
• Henry James.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na pintura
O Realismo na pintura assume destaque com Gustave Courbet.
Música:
Camile Saint-Saëns, Dança Macabra, 1874.
Gustave Courbet, Os Britadores de Pedra, 1849.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na pintura
O Realismo na pintura assume destaque com Gustave Courbet.
Música:
Modest Mussorgsky, Uma noite no Monte Calvo, 1867.
Gustave Courbet, Autorretrato (O Homem desesperado)
1844-1845.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na pintura
Música:
Giacomo Puccini, Tosca (Vissi d’arte).
Édouard Manet, Olympia,1863.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na pintura
Música:
Transcrição para piano de um tema da ópera Carmen de Bizet (1875), por Vladimir Horowitz.
Édouard Manet, Le Déjeuner sur l'herbe, 1863.
Realismo
O Realismo e o Naturalismo na pintura
Gustave Courbet, O artista no seu atelier, 1855.
Na pintura o Realismo:
• rompeu com Neoclassicismo e o
Romantismo;
• procurou representar a verdade da
vida e do mundo;
• colocou de parte os temas
mitológicos e o herói romântico;
• rejeitou a pintura académica;
• viu na gente mais simples os
representantes da verdade da vida;
• pôs fim aos processos ilusionistas
de captação da realidade idealizada.
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  • 1.
  • 2. Realismo Léon Augustin Lhermitte, La Paie des moissonneurs, 1882. O Realismo, enquanto corrente literária e artística, surgiu por volta de 1850: •procurou fazer uma descrição detalhada e minuciosa da realidade; •captou o real de forma fiel e objetiva; •recusou a idealização e a emotividade do Romantismo; •abordou os problemas da vida quotidiana. O interesse pela realidade social na literatura e nas artes
  • 3. Realismo Jules Breton, O fim de um dia de trabalho, 1886-1887. O Realismo, enquanto corrente literária e artística, surgiu por volta de 1850: •retratou as classes sociais mais numerosas e menos favorecidas, desde os burgueses até aos operários, passando pelos camponeses; •substituiu o herói romântico idealizado pela representação do Homem comum; •pretendeu captar o mundo exterior numa perspetiva positivista; •procurou registar fielmente a vida e a sociedade contemporâneas. O interesse pela realidade social na literatura e nas artes
  • 4. Realismo Ema Bovary é a figura central do romance que chocou a sociedade francesa do século XIX. Nesta obra, Ema, levada pelas histórias dos romances que lia, procura escapar à sua realidade. O amor sensual pauta o romance e leva a literatura para novos caminhos, inaugurando a corrente realista. A tragédia da realidade sobrepõe-se às ilusões da personagem. O Realismo e o Naturalismo na literatura “Ema ama a vida, o prazer, o próprio amor mais do que ama um homem; (…) não morre de amor, mas sim de fraqueza (…) vive no presente e é incapaz de resistir ao mais pequeno impulso.” Albert Thibaudet
  • 5. Realismo O Realismo e o Naturalismo na literatura “Contudo, Ema sentia-se cheia de desejos, de raiva, de ódio. O seu vestido de pregas regulares escondia um coração devastado, e os seus lábios tão púdicos não revelavam a tormenta. Estava apaixonada por Léon, e procurava o isolamento para mais à vontade se deleitar pensando nele. Quando o via, sentia perturbar-se a volúpia dessa meditação. Palpitava ao ruido dos seus passos; depois a presença dele fazia com que a emoção desaparecesse, e em seguida apenas lhe restava um assombro imenso que terminava em tristeza.” Excerto de Madame Bovary de Gustave Flaubert. Cartaz do filme Madame Bovary (1949), realizado por Vicente Minnelli.
  • 6. Realismo O Realismo ganhou também expressão com Honoré de Balzac. A sua obra Comédia Humana, da qual constam 90 novelas, procura fazer um retrato da sociedade francesa. Desde os mais humildes, a aristocratas, banqueiros ou jovens em busca de fama e fortuna na cidade de Paris. Balzac pretende fixar a imagem de uma época. Os seus vícios, virtudes, fraquezas, amores e ódios, tudo surge na obra do autor da Comédia Humana. O Realismo e o Naturalismo na literatura “Balzac não esconde nada. Diz tudo.” Marcel Proust
  • 7. Realismo O Realismo e o Naturalismo na literatura “Foi a casa da senhora de Restaud, filha do pai Goriot, e lá cheirou a parisiense. Nesse dia, voltou com uma palavra escrita na testa, e que eu bem li: Conseguir! Conseguir a todo o custo. Bravo! Disse para mim, eis um rapazola que me convém. Precisou de dinheiro. Onde ir buscá-lo? Esfolai as suas irmãs. Todos os irmãos intrujam mais ou menos as irmãs. Os seus 1500 francos arrancados, Deus sabe como? (…) Uma fortuna rápida é o problema que se propõe resolver neste momento 50 000 jovens que se encontram todos na sua posição. Você é um deles. Julgai os esforços que terá de fazer e a dedicação no combate. Têm de se comer uns aos outros como aranhas num pote (…). Sabe como se constrói o seu caminho (…)? Pelo brilho do génio ou pela habilidade na corrupção. (…) A honestidade não leva a nada. (…) Assim, o homem honesto é o inimigo comum (…).” Excerto de Pai Goriot, de Honoré de Balzac.
  • 8. Realismo A descrição da realidade foi adensada no final do século, pelo Naturalismo: • produziu uma literatura mais científica; • inspirou-se nas ideias evolucionistas; • destacou o contexto social como determinante na definição dos personagens; • retratou os vícios, preconceitos e misérias. O Realismo e o Naturalismo na literatura Fernand Pelez, Sem Asilo, 1883.
  • 9. Realismo A descrição da realidade foi adensada no final do século, pelo Naturalismo: • produziu uma literatura mais científica; • inspirou-se nas ideias evolucionistas; • destacou o contexto social como determinante na definição dos personagens; • retratou os vícios, preconceitos e misérias. O Realismo e o Naturalismo na literatura Fernand Pelez, Sem Asilo, 1883.
  • 10. Realismo De entre os escritores naturalistas destacou-se Émile Zola. O Realismo e o Naturalismo na literatura “(…) mostrou toda a sua família, desgastada pela mina, devorada pela Companhia, mais cheia de fome depois de cem anos de trabalho; e, ao lado dela, mostrava os ventres da Administração, arrotando dinheiro, toda essa matilha dos acionistas, (…) sem fazerem nada gozando à custa dos seus corpos. Não era medonho um povo de homens que, de pais para filhos, vão morrer no fundo dos poços para se pagarem luvas a ministros, para que gerações de grandes senhores e burgueses deem festas ou engordem ao canto da lareira (…). Esses miseráveis, lançavam-nos como pasto às máquinas, encerravam-nos como gado no redil dos bairros, (…) absorviam-nos aos poucos, regulamentando a escravidão, ameaçando arregimentar (…) milhões de braços para fazer a fortuna de um milhar de parasitas.” Excerto de O Germinal, de Émile Zola. Fernand Pelez, O vendedor de violetas, 1885.
  • 11. Realismo De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se: O Realismo e o Naturalismo na literatura Irmãos Goncourt Em França: • irmãos Jules e Edmond Goncourt; • Guy de Maupassant.
  • 12. Realismo De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se: O Realismo e o Naturalismo na literatura Em Inglaterra: • Charles Dickens; • George Eliot.
  • 13. Realismo De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se: O Realismo e o Naturalismo na literatura Na Rússia: • Fiódor Dostoiévski; • Lev Tolstoi.
  • 14. Realismo De entre os escritores realistas e naturalistas, destacaram-se: O Realismo e o Naturalismo na literatura Nos Estados Unidos da América: • Mark Twain; • Henry James.
  • 15. Realismo O Realismo e o Naturalismo na pintura O Realismo na pintura assume destaque com Gustave Courbet. Música: Camile Saint-Saëns, Dança Macabra, 1874. Gustave Courbet, Os Britadores de Pedra, 1849.
  • 16. Realismo O Realismo e o Naturalismo na pintura O Realismo na pintura assume destaque com Gustave Courbet. Música: Modest Mussorgsky, Uma noite no Monte Calvo, 1867. Gustave Courbet, Autorretrato (O Homem desesperado) 1844-1845.
  • 17. Realismo O Realismo e o Naturalismo na pintura Música: Giacomo Puccini, Tosca (Vissi d’arte). Édouard Manet, Olympia,1863.
  • 18. Realismo O Realismo e o Naturalismo na pintura Música: Transcrição para piano de um tema da ópera Carmen de Bizet (1875), por Vladimir Horowitz. Édouard Manet, Le Déjeuner sur l'herbe, 1863.
  • 19. Realismo O Realismo e o Naturalismo na pintura Gustave Courbet, O artista no seu atelier, 1855. Na pintura o Realismo: • rompeu com Neoclassicismo e o Romantismo; • procurou representar a verdade da vida e do mundo; • colocou de parte os temas mitológicos e o herói romântico; • rejeitou a pintura académica; • viu na gente mais simples os representantes da verdade da vida; • pôs fim aos processos ilusionistas de captação da realidade idealizada.