DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Biografia e ideias de Alexander Neill, fundador da escola Summerhill
1. Fernanda Diniz
Izabel de Almeida e Silva
Julita Benevides
Livia Lage
Alexander S. Neill
2. BIOGRAFIA:
• Nasceu em 17 de outubro de 1883 em Forfar,
subúrbio de Edimburgo, na Escócia.
• Seu pai era professor primário e diretor de escola e
sua mãe, também professora primária, deixou de
ensinar para educar os filhos.
• Foi o único entre os irmãos a não fazer os estudos
secundários.
• Começou a trabalhar aos 14 anos, mas também não
obteve sucesso.
3. • Aos 15 anos entrou como aluno-monitor na escola
do pai e aos 19 anos passou no exame nacional que
autorizava ensinar e pode ser contratado como “ex-
aluno-mestre”.
• Posteriormente ensinou também em outras
instituições.
• Matriculou-se na Universidade de Edimburgo aos 25
anos e obteve sua licença em letras depois de quatro
anos de estudo.
• Desenvolveu o gosto pela escrita e tornou-se redator
chefe da revista da universidade.
4. • Em 1914, como diretor de uma escola, publicou o seu
primeiro livro A Dominie’s Log (Diário de um mestre-
escola do campo), onde já apontava a sua concepção
pedagógica e o seu descontentamento com a escola
tradicional.
• Em 1921 fundou Summerhill.
• Casou duas vezes. Sua segunda mulher, Ena Wood
Neill, administrou Summerhill junto com ele por
algumas décadas até que a filha do casal, Zoë
Readhead, assumiu o cargo.
• Faleceu em 23 de setembro de 1973, aos 90 anos.
5. CONTEXTO HISTÓRICO:
• Pós-Guerra, onde o pensamento libertário se fortalece
com as críticas à sociedade repressora.
• Crítico da escola tradicional, Neill acreditava ser
possível construir um mundo melhor por meio da
escola.
• Princípios radicais que se opunham até às propostas da
Escola Nova, consideradas de vanguarda. Segundo
Neill, elas propunham mudanças didáticas mas não
faziam referência a modificações na sociedade.
6. INFLUÊNCIAS PSICANALÍTICAS:
• Contato com Homer Lane e Wilhelm Reich
• Crença na bondade original da criança que é
pervertida pela sociedade
• Atribui à sexualidade papel fundamental no
desenvolvimento infantil e na saúde do homem
• Concorda com Reich e discorda de Freud no que diz
respeito à sublimação dos desejos desejos devem
ser satisfeitos e não substituídos
• Utiliza sessões psicoterapêuticas com as crianças
“Lições Particulares”
7. IDEIAS PEDAGÓGICAS:
• Fazer com que a escola se adapte às crianças e não
ao contrário
• Não há um método de ensino → educação =
exploração afetiva do si
• Ensinar às crianças através da liberdade e não da
autoridade
• Deixar que a criança esgote seus desejos e interesses
• A educação deve ser tanto intelectual quanto
emocional → desenvolvimento humano integral
8. • A criança é fundamentalmente boa, é a sociedade que
a perverte
• Disciplina e castigo só geram medo e hostilidade, é
importante ser sempre sincero com a criança
• Liberdade ≠ Anarquia→ respeito às regras coletivas e
às pessoas deve ser sempre observado
• O alvo da educação é o encontro da felicidade e da
vida equilibrada → criança deve esgotar seus desejos
e interesses naturais
9. • Não pretende formar seres bem preparados para o
êxito de mercado; mais importante do que “ter” ou
“saber” é poder “ser”
• Contra o aprendizado “livresco”: livros escolares não
tratam do caráter humano → tentativa de
subordinar o pensamento ao sentimento
• Ensino deve vir sempre depois do brinquedo o que é
diferente de ensinar através do brinquedo →
“dourar a pílula”: pois continua-se preso a
associação entre brincar = perda de tempo.
10. SUMMERHILL
• Fundada em 1921, estabeleceu-se em Leiston,
Inglaterra
• Atende crianças de 5 à 15 anos de idade, divididas
em 3 grupos: 5 - 7; 8 - 10; 11 - 15 em formato de
pensionato
• No início recebia mais crianças “difíceis”, mas nunca
aceitou crianças especiais
• Ausência de método de ensino mas presença de
regras claras estabelecidas pelas assembléias gerais
• Voto de crianças de 6 anos = voto dos adultos
11. • O papel do professor é descobrir em que reside o
interesse da criança e ajudá-la a esgotá-lo
• O professor jamais deve insistir, direcionar ou motivar
a criança ou adolescente a fazer algo que ele
espontaneamente não demonstre interesse
• Mobiliário simples e despojado de todo refinamento
opressivo com o objetivo de libertar a criança de
qualquer amarra ou coação simbólica
• Estrutura simples de divisão do tempo: aulas
opcionais entre 9:30 e 12:30, tardes livres e algumas
noites dedicadas à atividades especiais
12. IMPLICAÇÕES: prós e contras
• Identidade, autonomia e autoconfiança → crianças
desenvolvem um conhecimento claro sobre si
mesmas, têm clareza sobre seus desejos, capazes de
fazer suas próprias escolhas e não são facilmente
influenciáveis.
• Quando a criança é livre e respeitada ela dificilmente
será agressiva ou odienta
• Fortalecem seu sentido de cidadania, coletividade,
respeito mútuo e capacidade colaborativa
13. • Summerhill é um caso excepcional → dificuldade da
criança ou adolescente para adaptar-se à outras
instituições
• Riscos inerentes a autonomia e a liberdade desde
uma tenra idade → aspectos físicos, emocionais e
intelectuais
• Excesso de liberdade pedagógica caso da menina
que com 17 anos ainda não sabia ler ou escrever
• Vantagens da mistura de idades troca entre
crianças e adolescentes
• Liberdade e brincadeira na infância e adolescência →
adultos com maior maturidade emocional e
sentimento de autenticidade
14. CRÍTICAS À PROPOSTA DE NEILL
• Crença/ingenuidade/pensamento carismático X
embasamento teórico-metodológico
• Círculo vicioso→tanto os sucessos como os fracassos
servem para corroborar uma doutrina irrefutável
• Ilusão/purismo X desejo da criança é desde sempre
socializado:influências e estereótipos socioculturais
• Intervenção adulta pode ser importante para
construir a personalidade da criança
• Noção de capacidades/interesses naturais→
reproduz a estrutura social estabelecida ao invés de
subvertê-la
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18. FRASES DE NEILL:
• A função da criança é viver sua própria vida, não a vida
que seus pais angustiados pensam que ela deve levar,
nem a que está de acordo com os propósitos de um
educador que pensa que sabe o melhor.
• Educação de alto nível e diplomas universitários não
fazem a mínima diferença na confrontação dos males
da sociedade. Um neurótico letrado não faz diferença
alguma de um neurótico iletrado.
• O currículo que faz uma costureira em potencial
estudar raiz quadrada ou a Lei de Boyle é absurdo.
19. • A maior parte do trabalho escolar que os adolescentes
fazem é simplesmente desperdício de tempo, de energia,
de paciência. Rouba à juventude seu direito de brincar,
brincar e brincar.
• (...)compreendendo que meu trabalho essencial não é
reformar a sociedade, mas dar felicidade a algumas, a
poucas crianças.
• O mundo de Montessori é demasiado científico para mim;
é organizado demais, didático demais. Só a expressão
“material didático” me dá arrepios.
• Os livros são o material menos importante da escola. Tudo
o que a criança precisa aprender é ler, escrever, e contar.
O resto deveria compor-se de ferramentas, argila, esporte,
teatro, pintura, e liberdade.
20. • A escola foge à sua finalidade básica: todo o grego, e
matemática, e história, do mundo, não ajudará a
fazer o lar mais amável, as crianças livres de inibição,
os pais livres de neuroses. O próprio futuro de
Summerhill pode ser de pequena importância. Mas o
futuro da ideia de Summerhill é da maior
importância para a humanidade. Novas gerações
devem receber a oportunidade de crescer libertas. A
outorga da liberdade é a outorga do amor. E só o
amor pode salvar o mundo.
• Mas como, dirão, posso saber que o meu ideal é o
certo? Não posso explicar, eu sei e é só.
21. BIBLIOGRAFIA:
• GAUTHIER, Clemont. Alexander Neill e a pedagogia
leberária. IN: GAUTHIER, Clemont e TARDIF, Maurice.
A Pedagogia, Teorias e práticas da antiguidade aos
nossos dias. Petrópolis: Vozes, 2010. p.227-251.
• NEILL, Alexander S. Liberdade sem medo
(Summerhill). São Paulo: IBRASA, 1966.
• NEILL, Alexander S. Liberdade sem excesso. São
Paulo: IBRASA, 1967.
• http://www.summerhillschool.co.uk/