Janusz Korczak nasceu na Polônia em 1878 e se tornou um renomado pediatra e educador de crianças. Ele fundou um orfanato em Varsóvia em 1912 com foco na dignidade e direitos das crianças. Korczak acreditava que as crianças deveriam ser tratadas com respeito e compreendidas em suas necessidades. Ele seguiu as crianças do orfanato para o gueto judeu e finalmente para o campo de concentração de Treblinka, onde morreu em 1942.
2. Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, nasceu em 22 de Julho
de 1878, em Varsóvia, na Polônia.
Era membro de uma família judia rica.
Avesso à disciplina escolar, passou a infância e a adolescência resistindo às
regras institucionais da escola em que estudava.
Entre 1898-1904 estudou medicina em Varsóvia, especializando-se em
pediatria.
Nesse período, Henryk também começou a escrever e publicar suas
experiências entre a população carente, a fim de chamar a atenção para a
sua condição deplorável.
A partir do trabalho com crianças carentes, Korczak entrou em contato com
a obra do educador suíço Pestalozzi. Viajou para Zurique, posteriormente, a
fim de aprofundar seus estudos sobre o mesmo.
3. Nesta viagem, conheceu Stefa Wilczinska. Influenciado por ela, começou a
frequentar a faculdade de pedagogia.
Durante dois anos (1905-1906) serviu como médico do exército na Guerra
Russo-japonesa.
Em 1911, ele viajou pela Suíça, Itália, Holanda e Dinamarca a fim de
conhecer os orfanatos destes países.
4. Em 15 de Abril de 1912, Korczak e Stefa inauguram o orfanato “Lar das
Crianças” na Rua Krochmalna, em Varsóvia, projetado por eles e dedicado às
crianças judias, filhas de agricultores.
Em 1914, Korczak atuou como médico do exército com a patente de tenente
durante a Primeira Guerra Mundial.
Korczak propõe, em 1915, a instituição da Carta Magna dos Direitos da
Criança.
5. Entre 1934–1936 Korczak viajou anualmente para a Palestina para visitar os
kibbutzim. Nessas comunidades agrícolas coletivas, encantou-se com o
trabalho desenvolvido com as crianças, baseado na compreensão e no
respeito.
Em 1939, Korczak testemunhou a chegada do exército alemão, durante a
II Guerra Mundial, à Polônia.
Nesse período (1940), Varsóvia foi tomada pelos nazistas e Korczak foi
obrigado a deslocar suas crianças para o Gueto.
6. Em Maio de 1942, ele escreveu as memórias desse período no “Diário do
Gueto”, que foi publicado após a Segunda Guerra.
“Eu existo não para ser amado e admirado, mas sim para que eu mesmo aja e
ame. Não é dever dos que estão ao meu redor me auxiliar, ao contrário, sou
compelido pelo dever de cuidar do mundo, cuidar do ser humano.”
(KORCZAK, 1942)
No dia 5 de agosto de 1942, 200 órfãos marcharam lado a lado sob a
liderança de Korczak rumo aos vagões de carga que os levariam para os
campos de concentração de Treblinka.
Janusz Korczak e as crianças em sua última viagem -
pintura a óleo por Shmuel Nussenbaum.
7. “Não basta amá-las, é preciso respeitá-las e compreendê-las.”
Korczak dizia que a infância não era um período, e sim um estado. As
crianças deveriam ser compreendidas no momento em que se encontram;
Era contra a visão da criança como um adulto em miniatura. Segundo ele, “as
crianças não vão tornar-se pessoas no futuro porque já são pessoas".
O educador não deveria se sobrepor ao educando;
Valorizava a autonomia da criança;
8. Criança como sujeito de direitos;
Em seu trabalho como educador, Korczak procurava conhecer a criança para
melhor compreender sua essência.
“A criança é como a primavera, o sol brilha, o ar é agradável,
cheio de alegria e beleza. De repente, vem uma tempestade.”
(Korczak)
9. O orfanato foi fundado em Varsóvia, em 1912;
Korczak dirigiu a instituição por 30 anos, pondo em prática seu sistema de
educação, que transformava os pequenos em seus ajudantes, valorizando-os;
O orfanato – conhecido como República das Crianças - preconizava que as
crianças deveriam ser educadas com amor, consideração, cooperação
coletiva e entendimento, sempre em uma gestão democrática;
A organização interna do orfanato era baseada em um acordo envolvendo as
duas partes: crianças e adultos. As regras do orfanato eram seguidas por um
código próprio;
As crianças e os educadores eram submetidos às mesmas disciplinas;
10. Cooperação coletiva - todos tinham direitos e deveres iguais;
Regime de auto-gestão;
Tribunal - eleito e composto pelas crianças. Julgava as disputas, os delitos e
também as boas ações dos internos e dos membros do grupo educativo,
incluindo o diretor – Korczak;
Arbitragem inter-pares e escolha de juiz;
Exemplos de alguns processos e suas sentenças:
”Uma menina tirou um livro da sala de leitura e saiu para o pátio,
deixando o livro no banco; outra criança menor aproximou-se do
banco, rasgando este livro.”
O Tribunal deu castigo à menina.
O castigo: a culpa do acusado era anunciada na presença de todos;
11. Segundo Korczak, porém, “era melhor perdoar do que castigar; era
preciso dar ao acusado a oportunidade de melhorar.”
”Um menino subiu numa árvore, sabendo que era proibido fazer isso. Mas
queria mostrar a seus amigos que sabia fazer isso depressa. E ele, depois, se
apresentou ao Tribunal.”
O Tribunal perdoou-o, pois ele mesmo reconheceu a sua culpa.
Parlamento – eleito e composto pelas crianças.
Exemplos de algumas normas sancionadas:
Parágrafo n°9: “A sentença do dia 22 de Dezembro: Não é necessário
acordar cedo, porque o dia é muito curto, e quem quiser pode dormir mais, ou
quem quiser pode deixar de arrumar a cama.”
Parágrafo n°10: “O lema do dia 22 de Junho: Não é preciso deitar-se, quem
quiser pode ficar acordado e passear se o tempo estiver bom.”
Parágrafo n°18: “O dia dos mortos: na reza matutina, serão lembrados os
nomes das crianças falecidas.”
12. Plebiscito – todas as crianças tinham a possibilidade de exprimir sua opinião,
dando a oportunidade de conhecerem a si próprias;
Jornal “O Semanário” – órgão oficial da instituição. Nele circulavam temas
sobre acontecimentos e problemas relativos ao orfanato;
Sala do silêncio;
A criança exercia o papel de educadora, através do trabalho voluntário;
Listas ou cartazes – sistema de divulgação utilizado como estratégia para
educar na cidadania;
Considerava a ‘confiança’ uma estratégia educacional importante.
18. Crianças do orfanato em um programa
de acampamento de verão.
Por ordens da Gestapo, o Lar das
Crianças foi obrigado a se mudar da Rua
Krochmalna para o Gueto, em Dezembro
de 1940.
19. “Não deve-se adaptar a criança aos métodos de educação, mas, ao contrário,
os métodos devem adaptar-se à criança.” (KORCZAK)
Korczak não possuía métodos, pois acreditava que a educação se fazia
através da dialética do cotidiano;
Seu sistema de educação era baseado na compreensão das necessidades
mais profundas da criança;
Pregava uma educação não repressiva, onde o medo não deveria se confundir
com respeito;
Educação centrada no amor, na compreensão, na solidariedade e nos valores
éticos que dão sentido à existência humana;
Auto-gestão das crianças;
20. Educação através do trabalho;
Possibilitar às crianças diversas formas de atividades educativas e
recreativas, adaptando suas necessidades e desejos;
Korczak introduziu na Pedagogia o método de observação e registro da
prática, empregado na Medicina;
Segundo Korczak, o papel de um pai ou professor não é impor metas para a
criança, mas sim ajudá-la a alcançar seus próprios objetivos;
As crianças eram incentivadas a conhecerem os ideais de justiça, o respeito
aos semelhantes, a obrigação de responder pelas próprias ações e as dos
outros, e as leis sociais.
21. BERNHEIM, Mark, Father of the Orphans: The Story of JanuszKorczak. Nova York: E. P. Dutton,
1989.
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SILVA, Taís Oliveira de Amorim da. Desaprendendo a ver: Representações da Linguagem Discente
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Graduação em Educação, Rio de Janeiro, 2007.
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