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Para se entender um fato histórico deve-se compreender o contexto de sua época e os acontecimentos que o antecederam. Uma revolução, guerra ou revolta não acontecem sem motivos, por capricho. Fatos vão se acumulando até convergirem para um momento histórico. Momentos esses, muitas vezes representados por um nome ou liderança que é apenas um símbolo dos anseios de gerações inteiras de homens e mulheres anônimos que, aos poucos, vão fazendo a história. A independência do Brasil, comemorada em 7 de setembro de 1822, é um exemplo dessa dinâmica.
A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, ocasionou a elevação do território à condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, proporcionando maiores relações comerciais e diplomáticas com nações estrangeiras, permitindo aos brasileiros uma autonomia política e econômica que até então não possuíam e da qual não permitiriam diminuição.
A independência não foi reconhecida imediatamente por todas as regiões do Brasil. Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e principalmente na Bahia e Cisplatina (atual Uruguai), os governos locais permaneciam leais à Portugal. O processo de emancipação do Brasil não foi violento como o dos vizinhos da América espanhola ou a independência dos Estados Unidos da América, mas não quer dizer que tenha sido pacífico.
A chamada Guerra da Independência estendeu-se no Brasil de 1882 a 1824. Pode ser considerada uma guerra civil luso-brasileira, já que portugueses e brasileiros combateram em ambos os lados, defendendo seus interesses e convicções.
Favoreceu a independência do Brasil o fato de Portugal passar na época por uma divisão política, onde parte da população defendia o modelo vigente de monarquia constitucional, onde o rei tinha seus poderes limitados por uma Constituição redigida por representantes escolhidos pelo povo; outra parte defendia o retorno da monarquia absolutista, com os reis possuindo poderes ilimitados; e uma terceira corrente defendia a instauração de uma república em Portugal. Essa divisão gerava tensões internas que impediram o envio de tropas e navios para o Brasil.
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A independência do Brasil
1. A independência do Brasil
Conflitos brasileiros
Óleo sobre tela "Proclamação da Independência" - 1844 - François-René Moreaux
Imagem: lounge.obviousmag.org
Para se entender um fato histórico deve-se compreender o contexto de sua época e os
acontecimentos que o antecederam. Uma revolução, guerra ou revolta não acontecem sem
motivos, por capricho. Fatos vão se acumulando até convergirem para um momento
histórico. Momentos esses, muitas vezes representados por um nome ou liderança que é
apenas um símbolo dos anseios de gerações inteiras de homens e mulheres anônimos que,
aos poucos, vão fazendo a história. A independência do Brasil, comemorada em 7 de setembro
de 1822, é um exemplo dessa dinâmica.
Meses antes de D. Pedro proclamar a independência, ideias de emancipação não eram a
prioridade entre a maioria dos políticos, juristas, militares, jornalistas e dos cidadãos comuns no
Brasil. Pode-se mesmo afirmar que a população brasileira foi surpreendida pela proclamação
de sua independência. A separação de Portugal aconteceu mais pelo esforço dos
parlamentares lusitanos em tentar manter o Brasil num nível político mais baixo, pretendendo
também impor restrições econômicas desfavoráveis aos brasileiros.
Os motivos da independência do Brasil
Se a decisão de proclamar a independência pode parecer, num primeiro momento, como algo
impulsivo, é na verdade consequência de uma série de fatores políticos e econômicos,
externos e internos, que agravavam gradativamente as tensões no Brasil desde o final do
século XVIII. Movimentos externos ao Brasil como a Revolução Francesa (1789-1799), a
independência dos Estados Unidos da América (4 de julho de 1776) e do Haiti (1º de janeiro de
1804) serviram como inspiração para revoltas internas como a Conjuração Mineira em 1789, a
Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates) em 1798 e a Revolução Pernambucana de 1817.
A rejeição ao absolutismo monárquico e ao colonialismo aumentava internacionalmente e
dentro do Brasil. O crescimento do livre comércio induzia a um clima contrário às vantagens
econômicas dos portugueses e ao excesso de impostos.
2. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, ocasionou a elevação do
território à condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, proporcionando maiores
relações comerciais e diplomáticas com nações estrangeiras, permitindo aos brasileiros uma
autonomia política e econômica que até então não possuíam e da qual não permitiriam
diminuição.
Movimentos republicanos de libertação que conduziram à independência do Brasil
Imagem: geoprofessora.blogspot.com.br
A dinâmica da independência do Brasil
Em 9 de dezembro de 1821, emissários chegaram de Portugal com ordens para que D. Pedro
voltasse imediatamente à Corte, determinando ainda o fechamento de tribunais e
departamentos administrativos, o que resultaria na demissão de aproximadamente 2000
pessoas que viviam da burocracia no Reino do Brasil. Os magistrados ameaçados em seus
empregos se tornaram exaltados patriotas favoráveis à independência, influenciando através
de seu prestígio pessoas na imprensa e em cargos políticos que dependiam de seus favores.
A partir de então, jornais se pronunciaram, cartas e abaixo-assinados chegaram de diversos
pontos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais pedindo a permanência de D. Pedro no
Brasil. O príncipe regente chegou a rascunhar um discurso de despedida aos brasileiros, mas
em 9 de janeiro de 1822, depois de receber um manifesto com 8000 assinaturas para que
desobedecesse as ordens de Portugal, protagonizou o "Dia do Fico". Mesmo depois deste
episódio, boa parte dos brasileiros desejava continuar mantendo a ligação com Portugal,
contanto que fosse em condição de igualdade. Em 28 de agosto de 1822 chegaram de Lisboa
mais ordens para que D. Pedro demitisse todos seus ministros e colocasse no lugar homens
escolhidos pelas Cortes Portuguesas. Estas ordens, entregues no Rio de Janeiro, foram
enviadas por mensageiro para o príncipe, que se encontrava numa viagem de Santos para São
Paulo e, recebendo-as em 7 de setembro de 1822 às margens do rio Ipiranga, causaram a
decisão da proclamação da independência.
Antes de confirmar um rompimento político definitivo com Portugal, D. Pedro escreve a seu pai
(o rei português D. João VI) sondando a situação política na Europa. Aconselhado pelo
ministro José Bonifácio, realiza viagem por Minas Gerais e São Paulo para perceber
pessoalmente a posição das lideranças locais com relação à independência.
3. Convencido de que teria apoio interno, Dom Pedro convoca a primeira Assembléia
Constituinte Brasileira. Os portugueses, no entanto, não aceitam a convocação da Assembléia
Constituinte Brasileira e exigem a volta imediata do príncipe, ameaçando o envio de
tropas. Depois de declarar que as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil seriam
consideradas inimigas, o governo brasileiro emite um Manifesto às Nações Amigas, escrito por
José Bonifácio. Com a assinatura deste manifesto, D. Pedro confirma o rompimento com as
Cortes Constituintes de Lisboa e assegura “a independência do Brasil, mas como reino irmão
de Portugal”. Em 12 de outubro de 1822 (dia de seu aniversário) ele é aclamado “Imperador e
Defensor Perpétuo do Brasil” e coroado em 01 de dezembro de 1822.
Óleo sobre tela "Grito do Ipiranga" - 1888 - Pedro Américo
Imagem: pt.wikipedia.org
A guerra da independência do Brasil
A independência não foi reconhecida imediatamente por todas as regiões do Brasil. Nas
províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e principalmente na Bahia e Cisplatina (atual
Uruguai), os governos locais permaneciam leais à Portugal. O processo de emancipação do
Brasil não foi violento como o dos vizinhos da América espanhola ou a independência dos
Estados Unidos da América, mas não quer dizer que tenha sido pacífico.
A chamada Guerra da Independência estendeu-se no Brasil de 1882 a 1824. Pode ser
considerada uma guerra civil luso-brasileira, já que portugueses e brasileiros combateram em
ambos os lados, defendendo seus interesses e convicções.
Militares e civis portugueses pegaram em armas para evitar a independência do Brasil, em
lealdade à Coroa Portuguesa e ao rei D. João VI, enquanto outros portugueses perceberam
como mais vantajoso unirem-se aos que defendiam a libertação, até mesmo porque o
soberano do Império do Brasil pertencia à casa portuguesa dos Bragança. Havia ainda um
reduzido número de brasileiros, geralmente ligados aos magistrados portugueses da alta
cúpula da administração, que defendendo seus privilégios financeiros ou políticos eram
solidários à Coroa Portuguesa.
Esta guerra caracterizou-se por ameaças, combates com reduzido número de mortes e cercos
às cidades onde os portugueses resistiram até se renderem devido à fome ou doenças. Além
de um rápido confronto naval próximo a Salvador, apenas as batalhas de Pirajá (Bahia) e
Jenipapo (Piauí) movimentaram grandes exércitos.
4. Logo após a independência, o governo brasileiro tinha à disposição um reduzido efetivo no
exército e não possuía marinha, uma vez que considerável parte das tropas terrestres e os
melhores navios de guerra que se encontravam no Brasil eram compostos por portugueses.
Através do ministro José Bonifácio, o Brasil adotou providências para eliminar a resistência
portuguesa, comprando armas e navios, recrutando tropas nacionais e contratando
mercenários estrangeiros. A estratégia de Dom Pedro era isolar as guarnições portuguesas e
forçá-las, uma a uma, a retornar para Portugal.
A estratégia portuguesa para retomar o controle do Brasil era deslocar suas tropas que se
encontravam em Montevidéu e usá-las para reforçar as guarnições na Bahia, local com maior
concentração de tropas portuguesas fiéis à Coroa naquele momento. Essas tropas
reconquistariam a Bahia, enquanto a marinha portuguesa bloqueava o Rio de Janeiro. A Bahia
serviria como base para reforços vindos da Europa e, depois de assumir o controle das
províncias do norte, iniciariam campanha para a reconquista da região sudeste e sul.
Favoreceu a independência do Brasil o fato de Portugal passar na época por uma divisão
política, onde parte da população defendia o modelo vigente de monarquia constitucional, onde
o rei tinha seus poderes limitados por uma Constituição redigida por representantes escolhidos
pelo povo; outra parte defendia o retorno da monarquia absolutista, com os reis possuindo
poderes ilimitados; e uma terceira corrente defendia a instauração de uma república em
Portugal. Essa divisão gerava tensões internas que impediram o envio de tropas e navios para
o Brasil.
A campanha da Bahia
A luta pela autonomia da Bahia em relação a Portugal começou antes da proclamação da
independência por D. Pedro I. A Província da Bahia, área tradicionalmente produtora de
açúcar e tabaco, dominada pelos grandes latifundiários, recebeu reforço de aproximadamente
2500 homens vindos de Portugal e elementos da Divisão Auxiliadora, que se retirava do Rio de
Janeiro, no contexto dos acontecimentos que culminaram no Dia do Fico, em 9 de janeiro de
1822. Esse reforço envolveu-se em diversos atos violentos e arbitrários em Salvador,
aumentando a insatisfação dos baianos com a presença portuguesa e iniciando um processo
de êxodo da população da capital para o interior da província, principalmente para o
Recôncavo Baiano.
Em 25 de junho de 1822, na vila de Cachoeira, distante 120 Km de Salvador, reuniram-se
autoridades locais e população na Câmara Municipal, declarando Dom Pedro “Regente
Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil” e iniciando movimento contra a presença da
Coroa Portuguesa na Bahia. O desfile de comemoração realizado na vila foi atacado por tiros
vindos de moradores portugueses e de uma escuna militar que estava ancorada no porto,
chegada havia pouco tempo de Salvador. A população da vila reagiu e houve tiroteio durante
toda a noite e no dia seguinte. Em 28 de julho de 1882 houve o combate pela tomada da
embarcação, que cercada por terra e água resistiu até a captura dos últimos sobreviventes.
As vilas do Recôncavo Baiano foram aos poucos aderindo à de Cachoeira na luta pela
independência, e em Salvador os portugueses, chefiados pelo general Inácio Luís Madeira de
Melo, aumentavam a repressão à população da cidade, intensificando o crescente êxodo dos
moradores da cidade para regiões do Recôncavo Baiano.
As vilas rebeldes se organizaram para a luta, treinando tropas e cavando trincheiras, enquanto
do sertão chegavam notícias da adesão de novas vilas e voluntários para o ataque a Salvador.
Posições estratégicas foram tomadas nas ilhas do Recôncavo, em Pirajá e Cabrito.
As hostilidades iniciaram-se e notícias destas espalharam-se pela província, pelo Brasil e
chegaram a Portugal. A ilha de Itaparica aderiu ao movimento de independência e foi atacada
por uma expedição de Madeira de Melo, que ocupou o local em 01 de julho de 1822,
engrossando a quantidade dos que fugiam para o Recôncavo. Posteriormente os portugueses
5. abandonaram a ilha por considerá-la sem valor estratégico (o que se mostraria uma
avaliação errada num futuro próximo). Todos estes movimentos foram comunicados ao
Príncipe-Regente. Portugal enviou 750 soldados como reforço para a manutenção da ordem na
Bahia, chegando estes em agosto.
Após a proclamação da independência do Brasil, por D. Pedro, foi organizado em 22 de
setembro de 1822 um governo baiano em Cachoeira para comandar a resistência. O Rio de
Janeiro enviou em outubro de 1822 para a Bahia uma pequena frota, comandada por Rodrigo
de Lamare, para auxiliar na luta pela independência, levando uma pequena tropa quase toda
constituída de portugueses, comandada pelo general mercenário francês Pedro Labatut.
Impedida de desembarcar em solo baiano, esta tropa desembarcou em Maceió (Alagoas) e
seguiu por terra para Salvador, ganhando adesão de voluntários brasileiros durante seu trajeto.
Chegando em Salvador, esta tropa armou um cerco à cidade, impedindo o envio por terra de
suprimentos, notícias ou reforços para os portugueses.
Em 01 de abril de 1823 parte do Rio de Janeiro, com destino a Salvador, uma esquadra
brasileira comandada pelo almirante mercenário inglês Thomas Alexander Cochrane. Em 04 de
maio de 1823 há uma batalha naval entre a esquadra portuguesa de Salvador (composta por
13 navios) e a esquadra brasileira (com 8 navios). As táticas de combate do almirante
Cochrane compensaram a desvantagem numérica e, apesar de nenhum navio ser afundado,
os danos causados aos navios portugueses fizeram com que sua esquadra retornasse para o
porto de Salvador. Ao amanhecer do dia seguinte, a força naval portuguesa, comandada pelo
almirante Pereira de Campos, sai de Salvador em busca da esquadra brasileira, mas não a
encontra, continuando em patrulha próxima a Salvador até o dia 21 de maio, quando se recolhe
novamente ao porto.
A Nau Pedro I, acompanhada apenas da corveta Maria da Glória, passa a perseguir os navios
mercantes portugueses próximos a Salvador, realizando o bloqueio de seu porto. Manter o
bloqueio ao porto de Salvador foi uma tarefa difícil porque inúmeras embarcações portuguesas
tentavam furar o bloqueio e consequentemente eram aprisionadas. Os barcos portugueses que
conseguiam chegar ao porto de Salvador traziam quantidade de suprimentos insuficiente para
abastecer convenientemente as tropas e população da cidade.
As vitórias brasileiras nas batalhas de Pirajá (8 de novembro de 1822), da ilha de Itaparica
(7 de janeiro de 1823) e de Cabrito (11 de fevereiro de 1823) tornaram cada vez mais difícil o
sustento da posição por parte do Exército Português.
A vitória na batalha de Pirajá foi considerada fundamental para o resultado da campanha. Os
portugueses tinham superioridade numérica e bélica (3200 portugueses contra 1300
brasileiros) e já haviam praticamente vencido a batalha, quando o corneteiro da tropa brasileira,
ao invés de tocar “retirada”, por iniciativa própria tocou “cavalaria avançar” e logo depois
“cavalaria degolar” (o que era um blefe uma vez que não existia tal cavalaria). Os portugueses,
acreditando ter caído em uma armadilha, recuaram desorganizadamente, perdendo o terreno
conquistado e sendo perseguidos pelos brasileiros. Morreram neste confronto
aproximadamente 286 brasileiros e 350 portugueses. Pirajá era o local de onde se controlava a
estrada que ligava Salvador ao norte da Bahia, única região onde os portugueses ainda
poderiam conseguir comida e reforços.
Na tentativa de aliviar o bloqueio a Salvador, os portugueses atacaram a ilha de Itaparica,
agora ocupada pelas tropas brasileiras vindas de Alagoas, que construíram um forte e
trincheiras no local. Os portugueses abandonaram a ilha no final do mesmo dia.
A batalha de Cabrito foi mais uma tentativa dos portugueses de romper o cerco e abrir um
caminho para o norte da Bahia. A luta durou quase todo o dia, com os portugueses atacando,
com o auxílio de canhoneiras, o local onde os brasileiros possuíam uma oficina de guerra, mas
estes resistiram entrincheirados e receberam reforços. Os portugueses se retiraram no final do
dia.
6. Em 02 de julho de 1823, já ficando sem suprimentos devido aos bloqueios por terra e mar, o
general português Madeira de Melo abandona Salvador com destino a Portugal em uma força
de 78 navios levando cidadãos, bens portugueses e aproximadamente 4500 militares
escoltados pelos 13 navios de guerra do almirante Pereira Campos. Essa esquadra foi
perseguida pela Esquadra Imperial Brasileira até a latitude 4º Norte, e mais
tarde acompanhada apenas pela fragata Niterói, sob o comando do capitão-de-fragata inglês
John Taylor, que seguiu os portugueses até as proximidades de Lisboa, retornando em 09 de
novembro de 1823. Por ocasião desta perseguição inicial, Cochrane aprisionou algumas
embarcações portuguesas mais lentas (Prontidão, Leal Portuguesa, Pizarro, Carolina e Conde
de Peniche).
No mesmo 02 de julho de 1823 entrou em Salvador o vitorioso exército brasileiro, com
aproximadamente 8700 homens, acompanhados por mais de mil mulheres que os auxiliavam
com serviços de enfermagem e cozinha, oficializando a libertação da Bahia e sua adesão ao
Império Brasileiro.
Alegoria do Caboclo
O índio (os brasileiros) joga no abismo o dragão (símbolo da casa portuguesa de Bragança)
Imagem: pt.wikipedia.org
A campanha do Piauí
Na Província do Piauí, tradicional produtora de gado, a burguesia comercial e os proprietários
de terras estavam ligados à Portugal. Após a proclamação da independência, Oeiras (capital
do Piauí de 1759 a 1851) e a maior parte do interior da província permaneceram sob o controle
de tropas do Exército Português, comandadas pelo Governador das Armas do Piauí, major
João José da Cunha Fidié.
Em 19 de outubro de 1822, a vila piauiense de Parnaíba adere à independência. O levante é
sufocado em 18 de dezembro de 1822 por força comandada pelo major Fidié, oriunda de
Oieras e reforçada por tropas vindas do Maranhão. Em 24 de janeiro de 1823, Oeiras adere à
independência. Em 28 de fevereiro de 1823, uma força portuguesa de aproximadamente 1600
homens, com 11 peças de artilharia e cavalaria armada de lanças, comandada pelo major
Fidié, inicia seu deslocamento de Parnaíba para Oeiras.
7. No caminho, em 13 de março de 1823, ocorre a Batalha do Jenipapo no atual município de
Campo Maior, quando a tropa portuguesa encontra e vence as forças brasileiras piauienses
(reforçadas por tropas vindas de Crato, no Ceará) de aproximadamente 3000 combatentes,
comandados pelo capitão cearense Luís Rodrigues Chaves, armados precariamente com duas
velhas peças de artilharia, poucas espingardas e pistolas, punhais, arcos de flecha, lanças e
outras armas artesanais. Na batalha morreram aproximadamente 19 portugueses e 60 ficaram
feridos, enquanto 200 brasileiros foram mortos ou feridos, sendo 542 feitos prisioneiros.
Apesar da vitória militar portuguesa, foi possível aos brasileiros, devido à superioridade
numérica, tomar dos vencedores as reservas de água, comida, roupas, munição e algumas
armas. Os portugueses, debilitados pelas perdas materiais, desistem de reconquistar Oeiras
e se retiram em 15 de março de 1823 para Caxias, no Maranhão.
Outras localidades no Piauí manifestam gradativamente seu apoio à independência, mas a
adesão da província só foi garantida em 31 de julho de 1823, quando as tropas portuguesas
que estavam em Caxias foram derrotadas.
A campanha do Maranhão
Também na Província do Maranhão, as elites agrícolas e pecuaristas eram muito ligadas a
Portugal. A proximidade com a Europa tornava mais fácil e vantajoso o comércio com a
Metrópole do que com o sul do Brasil. O Maranhão era na época uma das mais ricas províncias
do Brasil, sendo a região conservadora e contrária aos comandos vindos do Rio de Janeiro. Na
capital São Luís, reduto português, os filhos dos comerciantes ricos estudavam em Portugal.
Em 26 de julho de 1823 o almirante Cochrane, a serviço do Império Brasileiro, usando uma
bandeira portuguesa aproximou-se do porto de São Luís com a Nau Pedro I, que com seus
74 canhões era o maior navio da recém-criada Marinha Brasileira. A falsa identificação permitiu
que capturasse sem luta dois navios de guerra e seis navios de transporte. Blefando que atrás
de si, pronto a apoiá-lo, se aproximavam poderosas forças por mar e terra, conseguiu com que
em 28 de julho de 1823 o Maranhão aceitasse a independência e aderisse ao Império.
Foi da Junta Governativa da Capital, em São Luís, que partiu a iniciativa da repressão ao
movimento da independência no Piauí. A junta controlava ainda a região produtora do vale do
rio Itapecuru, onde o principal centro era a vila de Caxias. Esta foi a localidade escolhida pelo
major Fidié para fortificar suas tropas após a retirada portuguesa do Piauí. Após cerco
realizado nesta vila por forças brasileiras vindas do Piauí e do Ceará, os portugueses se
renderam em 31 de julho de 1823. Fidié foi preso e depois mandado para Portugal, onde foi
recebido como herói.
Thomas Alexander Cochrane
Imagem: pt.wikipedia.org
8. A campanha do Grão-Pará
Na então Província do Grão-Pará, a burguesia comercial e os proprietários de terra também se
encontravam profundamente ligados a Portugal, mas o quadro era confuso na região devido às
constantes divergências entre as lideranças políticas e a rebeldia dos oficiais brasileiros de
baixa patente nas tropas da capital. Uma tentativa de adesão à independência em Belém foi
sufocada pelos portugueses, implicando na prisão dos chefes e grande número de envolvidos.
Após conseguir a adesão da Província do Maranhão, o almirante Cochrane enviou à Província
do Grão-Pará o mercenário capitão-tenente João Pascoe Grenfell, com o navio de guerra
português “Dom Miguel” capturado em São Luís e renomeado “Maranhão”. Este chegou ao
porto de Belém no dia 10 de agosto de 1823, também usando falsamente uma bandeira
portuguesa. Blefando que além da linha do horizonte, esperando ordens para atacar, estava
toda a frota imperial brasileira sob o comando do almirante Cochrane, e ameaçando começar
imediatamente o bombardeio da cidade com seu navio, conseguiu da junta governista do
Grão-Pará o reconhecimento da independência e adesão ao Império em 15 de agosto de 1823,
sem combates.
Em 16 de outubro de 1823 ocorre um violento movimento popular, liderado por oficiais
paraenses de baixa patente, com saques e destruição de casas e estabelecimentos
portugueses. As autoridades locais, com o apoio de tropas desembarcadas por Grenfell,
realizam prisões e controlam a situação. Durante a repressão, um marinheiro português
esfaqueia Grenfell nas costelas, mas este sobrevive. Grenfell prende mais de 100 militares e
300 civis suspeitos de envolvimento e fuzila no dia seguinte, sem julgamento, cinco dos
militares paraenses, líderes da rebelião.
Na noite de 19 de outubro muitos dos presos tentam arrombar a cadeia e é necessário
posicionar tropa com artilharia na frente da prisão para controlar a situação. A pedido da junta
governista, 256 presos são transferidos para os porões do brigue (o menor tipo de navio de
guerra na época) “Palhaço”. Ao serem acomodados nos porões do navio, com as escotilhas
fechadas e apenas uma pequena fresta para entrada de ar, os presos imediatamente iniciaram
um tumulto. Para controlar a situação, a guarda abriu fogo contra os prisioneiros – matando
aproximadamente 12 destes – jogou cal virgem sobre os presos e trancou os porões, ficando
com os fuzis apontados em prontidão durante toda a noite. Na manhã seguinte, quando
abertos os porões, foi constatado que 252 dos 256 presos estavam mortos. Dois inquéritos
foram realizados, mas não se chegou a uma resposta conclusiva dos motivos e responsáveis
pelas mortes.
Grenfell não foi responsabilizado, por não ter ordenado as mortes e não estar presente no
navio naquela noite. Acredita-se que a soma do pouco espaço e oxigênio, a falta de água
potável e os efeitos das queimaduras provocadas pelo cal nos corpos molhados pelo suor
tenham matado a maioria dos prisioneiros. Há também a possibilidade de mortes causadas
pela luta entre os prisioneiros na tentativa de alcançar um lugar que possibilitasse melhor
respiração ou envenenados por beber água forte (substância altamente corrosiva utilizada em
procedimentos gráficos) que havia em uma tina no porão.
A campanha da Cisplatina
Em 1815, com a restauração dos Bourbons na Espanha, surgiu em D. João VI o receio da
formação de um bloco político espanhol poderoso na região do rio do Prata. Em 1816 enviou
ao sul a Divisão de Voluntários Reais, vinda de Portugal e comandada pelo general Carlos
Frederico Lecor. Esta divisão, formada por 2 brigadas, cada uma com um regimento de
infantaria, um batalhão de caçadores, cavalaria e artilharia, invadiu em meados de outubro de
1816 o território espanhol do atual Uruguai, conhecido na época como “Banda Oriental”.
Encontrando fraca resistência os portugueses tomaram a cidade de Maldonado e ocuparam a
capital Montevidéu em 20 de janeiro de 1817. O político e militar uruguaio José Gervasio
Artigas prosseguiu resistindo com guerrilhas e somente a vitória portuguesa na batalha de
Tucuarembó, em 22 de janeiro de 1820, estabeleceria o domínio definitivo luso-brasileiro na
9. região. A 31 de julho de 1821, em assembléia formada por deputados representantes de todas
as localidades orientais, foi aprovada por unanimidade a incorporação da Banda Oriental à
Coroa Portuguesa, fazendo parte do domínio do Brasil com o nome de Província Cisplatina.
Quando da proclamação da independência do Brasil, o brigadeiro português Álvaro da Costa
de Sousa de Macedo, Comandante de Armas da Divisão de Voluntários Reais, sediada em
Montevidéu, permaneceu fiel a D. João VI, entrando em conflito com o general português
Carlos Frederico Lecor, que aderiu ao Império juntamente com as forças brasileiras da região.
Fazendo alianças com lideranças locais, o general Lecor organizou sua base em Maldonado e
realizou um cerco a Montevidéu, onde o brigadeiro Álvaro da Costa permaneceu por 17 meses
com 4000 portugueses, também isolados pelo mar pela Divisão Naval, fiel a D. Pedro I.
Em 18 de novembro de 1823, representantes brasileiros e portugueses firmaram um acordo
pela qual Álvaro da Costa se comprometia a se retirar com suas tropas para Portugal. Após
este acordo cessaram as hostilidades de ambas as partes e os portugueses permaneceram
sob cerco fazendo os preparativos para a viagem e aguardando reforços vindos da Europa.
Em 02 de março de 1824 retornaram para Portugal. Lecor ocupou a cidade no mesmo dia,
tendo os últimos portugueses abandonado a região do Prata somente seis dias depois, por
falta de transportes adequados.
Era o fim do último reduto de resistência lusitana na América. Estava consolidada a
independência do Brasil, faltando o seu completo reconhecimento internacional.
Em 1825, os uruguaios liderados por Juan Antonio Lavalleja e Fructuoso Rivera iniciaram a luta
pela sua independência, apoiados pelas Províncias Unidas do Rio do Prata (atual Argentina),
levando à Guerra da Cisplatina, que terminou em 27 de agosto de 1828 com o reconhecimento
da República Oriental do Uruguai por parte do Império do Brasil, através da mediação da
Inglaterra e da França.
Mapa do Brasil em 1821
Imagem: pra-frente-brasil-afn.blogspot.com
10. O preço da independência do Brasil
As nações geralmente pagam com sangue sua libertação, através de revoluções ou guerras
civis. O Brasil pagou sua independência com dinheiro mesmo.
Depois de vencer as resistências internas e manter a coesão do território, era necessário o
reconhecimento das nações estrangeiras para futuros acordos econômicos, políticos e
militares.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil, em 26 de
maio de 1824. Depois o México e a Argentina, em 1825.
Portugal não aceitava a independência brasileira, e as nações européias também não, devido a
acordos diplomáticos com Portugal. Através de negociações mediadas pelos britânicos, os
portugueses reconheceriam a independência se o Brasil pagasse a dívida de 2 milhões de
libras que Portugal tinha com a Inglaterra. Para pagar a indenização para Portugal, o Brasil
pediu um empréstimo à Inglaterra. D. João VI reconheceu a contragosto a independência do
Brasil em 29 de agosto de 1825, obtendo como parte do acordo o título de “Imperador Titular
do Brasil”, que não lhe dava, porém, qualquer direito sobre o antigo reino.
Depois do reconhecimento da independência pelos portugueses, veio o reconhecimento oficial
da Inglaterra em 1826 e das demais nações européias em seguida, firmando o Império do
Brasil no cenário internacional.
O reconhecimento da independência brasileira por parte de Portugal foi uma manobra política
onde os portugueses, sem exército ou marinha fortes o suficiente para uma ocupação do
território brasileiro, se livravam da enorme dívida que possuíam com a Inglaterra (país que
dava suporte político e militar para Portugal na Europa desde a invasão de Napoleão),
preservando a possibilidade de futuramente, através dos laços sanguíneos pela casa de
Bragança, no momento de uma sucessão do trono brasileiro, reivindicar apoio diplomático e
militar das demais nações européias para uma possível reincorporação do Brasil como território
português.
O Brasil só romperia os vínculos com Portugal, consolidando um governo independente, com
a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889.
Mentiras e verdades sobre a independência do Brasil
A famosa frase proferida por D. Pedro no "Dia do Fico" em 9 de janeiro de 1822 ("Se é para o
bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico.") foi divulgada
na imprensa no dia seguinte. A original era mais imprecisa: "Convencido de que a presença de
minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e convencido de que a
vontade de algumas províncias assim o requer, demorarei a minha saída até que as Cortes de
meu augusto pai deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstâncias que
têm ocorrido."
Após a proclamação da independência, ainda foram necessárias décadas para que o episódio
às margens do rio Ipiranga adquirisse a importância que possui atualmente.
A data de 7 de setembro inicialmente não era considerada relevante pela imprensa brasileira,
nem pelo próprio D. Pedro I. Em carta dirigida aos paulistas em 8 de setembro de 1822, o
príncipe fala da necessidade urgente de retornar ao Rio de Janeiro em função de notícias
recebidas de Portugal, não fazendo qualquer referência à uma proclamação de independência.
Em carta dirigida ao seu pai em 22 de setembro do mesmo ano, D. Pedro não cita o evento.
Os jornais brasileiros da época que defendiam a ideia da independência não trazem qualquer
menção ao 7 de setembro. O Correio Brasiliense publicou notícia declarando 1º de agosto de
1822 como marco da emancipação, pois nesta data o príncipe enviou o Manifesto às
Províncias do Brasil, no qual se desobrigava de obedecer as ordens das Cortes de Lisboa. O
redator do jornal Regulador Brasileiro apontaria 12 de outubro de 1822, data da aclamação de
D. Pedro I como “Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil”, como o marco de criação da
11. jovem nação. Outras datas, como o 9 de janeiro de 1822 (“Dia do Fico”, em que D. Pedro
recusou-se a embarcar para Portugal, desobedecendo ordens dadas pelas Cortes de Lisboa) e
1º de dezembro de 1822 (data da coroação de D. Pedro I) foram mencionadas como o
momento da independência brasileira, ignorando o 7 de setembro.
Logo após a independência, era muito importante para as elites evitar que a proclamação se
tornasse uma revolução popular, como ocorrera na América Espanhola, com consequências
desfavoráveis como guerras civis e massacres. Assim, nos primeiros anos após a
independência, foram postas em evidência as datas que reafirmavam a monarquia Bragança,
como a aclamação e a coroação de D. Pedro I.
O “Grito do Ipiranga” começa a ganhar força em 1826, com a publicação do testemunho do
padre Belchior Pinheiro Ferreira incluindo a data de 7 de setembro no calendário de
festividades da independência. O relato atendia aos interesses dos paulistas em ser palco dos
principais acontecimentos que levaram à ruptura com Portugal. Esta versão ganhou força na
mesma proporção que São Paulo crescia no cenário econômico do império brasileiro através
da produção do café.
O relato do padre Belchior era conveniente às elites na medida em que enfatizava a atuação de
D. Pedro I como o herói capaz de tomar o destino do Brasil em suas mãos.
A primeira representação oficial da independência do Brasil ocorreu em 1844, através do
quadro “Proclamação da Independência”, do francês François-René Moreaux, mostrando
D. Pedro ao entrar na cidade de São Paulo, cercado pelo povo em comemoração, levantando
seu chapéu em sinal de saudação enquanto a outra mão segura a carta vinda de Lisboa, que
motivou a independência.
O quadro "Grito do Ipiranga", também conhecido como "Independência ou Morte", de 1888, foi
terminado pelo pintor paraibano Pedro Américo um ano antes da Proclamação da República e
depois da Guerra do Paraguai, episódio responsável pela decadência do Império. O quadro,
encomendado por D. Pedro II, mostra seu desejo de manter-se no poder, querendo reforçar
para a elite da época a importância da casa de Bragança na construção de uma identidade
nacional.
O quadro foi feito 66 anos depois da independência por um pintor que nem era nascido em
7 de setembro de 1822. Morando na França quando recebeu a encomenda do quadro, Pedro
Américo veio ao Brasil estudar o cenário que deveria retratar e, deparando-se com a
construção nas margens do rio Ipiranga, decidiu incluí-la na tela. A construção conhecida como
Casa do Grito era, na verdade, uma venda que atendia a tropeiros, cujo primeiro registro é de
1884, não existindo portando na ocasião da independência. A tropa, em uniforme de gala, não
corresponde aos poucos militares em uniforme comum que faziam a segurança da comitiva de
D. Pedro no 7 de setembro, bem como os cavalos mostrados, que eram mulas, mais fortes e
adaptadas para a viagem de subida da serra de Santos para São Paulo.
José Bonifácio: O Patriarca da Independência
A atuação do brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva foi decisiva para a preparação e a
consolidação da independência do Brasil, tanto internamente como no exterior.
Suas orientações influenciaram fortemente D. Pedro na adesão ao movimento emancipador.
Graduado em Filosofia Natural e Direito Civil pela Universidade de Coimbra, em Portugal, foi
designado no Brasil como ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros de janeiro de 1822 a
julho de 1823. Neste período se entendia de forma tão íntima com D. Pedro, que este vinha
vê-lo e despachar em sua casa no Largo do Rossio.
Através de uma série de decretos internos, praticou uma política centralizadora que definiu os
primeiros símbolos nacionais, coordenou ações estratégicas para sufocar as resistências
internas e negociações diplomáticas para o reconhecimento da independência brasileira pelas
demais nações. Também realizou o confisco de bens e a expulsão daqueles que não
aceitassem a emancipação política do Brasil.
12. Eleito para a Assembléia Constituinte de 1823, discordou da política de D. Pedro I, sendo preso
e deportado para a Europa. Anistiado, retornou para o Brasil em 1829 e reaproximou-se do
imperador que, ao abdicar da Coroa em 1831, o indicou para tutor de seu filho (D. Pedro II),
então com 5 anos, permanecendo nesta função até setembro de 1833, quando foi destituído
pela Regência, que temia o retorno de D. Pedro I ao poder. Ficou em prisão domiciliar até
1835, quando terminou o processo-crime instaurado contra ele por conspiração e perturbação
da ordem pública.
Viveu os últimos anos de sua vida na ilha de Paquetá e faleceu pobre aos 75 anos em Niterói,
em 1838.
Óleo sobre tela "José Bonifácio, o Patriarca da Independência" - 1902 - Benedito Calixto
Imagem: pt.wikipedia.org
Versões alternativas da "história oficial":
George Orwell afirmou que "A História é escrita pelos vencedores!".
São os vencedores que comandam as instituições, os meios de comunicação e educação
capazes de transmitir a versão que lhes convém da "verdade histórica". São os que vencem
que repartem o poder financeiro e político, que podem calar as bocas divergentes e fazer falar
falsas verdades.
No século XXI, com a consolidação de meios de comunicação abrangentes e rápidos demais
para serem eficientemente controlados, como Internet, computadores cada vez mais portáteis,
telefones celulares e máquinas fotográficas digitais, há um grande movimento de
questionamento sobre o que verdade ou não nas versões oficiais de episódios históricos.
Muitas vezes há motivos ou detalhes que são omitidos ou modificados pelos interesses e
necessidades de quem "escreve a História".
A independência do Brasil não fica fora deste contexto.
Autor:
Sylvio Bazote
www.historiasylvio.blogspot.com
13. Humor:
O motivo pelo qual foi declarada a independência
Imagem: karensoares.wordpress.com