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A Guarda Suíça do Papa
Imagem: oglobo.globo.com
A Guarda Suíça do Vaticano
Guarda Suíça Pontifícia é o nome dado à tropa responsável pela segurança do papa e por
ajudar a manter a ordem no Vaticano. É o grupo militar em atividade mais antigo do mundo,
constituindo atualmente o equivalente às forças armadas da Cidade do Vaticano. O número de
integrantes varia de acordo com as necessidades do papa em exercício. É a única guarda do
mundo em que a bandeira é alterada a cada novo chefe de Estado, pois contém o emblema
pessoal do papa.
A defesa do Vaticano é de responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do papa fica a
cargo da Guarda Suíça. O Estado da Cidade do Vaticano, como é oficialmente conhecido,
emite autonomamente moeda, que desde 2002 é o Euro (antes era a Lira italiana), selos e
passaportes; tem seus próprios embaixadores ou representantes, um jornal oficial
(Acta Apostolicae Sedis – Atos da Sé Apostólica, em latim), uma estação de rádio
(Rádio Vaticana), a força militar denominada Guarda Suíça e uma força policial,
denominada Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano, responsável pela
segurança, ordem pública, controle das fronteiras, controle de tráfego, investigações criminais
e outras funções policiais dentro do território do Vaticano.
Integrantes da Guarda Suíça ocasionalmente pode auxiliar a Gendarmaria na segurança de
autoridades estrangeiras em visita ao Vaticano, misturar-se com as multidões na Praça de
São Pedro em ocasiões comemorativas e acompanhar o papa durante suas viagens
internacionais. Nesses casos os guardas servem como guarda-costas em trajes civis,
equipados com armamento variado e equipamentos de comunicação, ao invés das tradicionais
alabardas (lança com uma espécie de machado em uma das pontas, usada principalmente da
Idade Média para defender os muros dos castelos, enfrentar primariamente cavalaria e
secundariamente tropas a pé).
Sala do arsenal da Guarda Suíça (Foto Alessandro Bianchi - Reuters)
Imagem: g1.globo.com
Defensores da Liberdade da Igreja
A Guarda Suíça foi formada em 22 de janeiro de 1506, em atendimento a um pedido de
proteção feito em 1503 pelo papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres, tidos como
os melhores e mais corajosos foram a Roma vindos de Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna
(regiões da Suíça). O seu primeiro comandante foi o capitão Kaspar Von Silenen, de Uri.
A língua oficial da guarda é o suíço-alemão, seu lema é "Coragem e fidelidade"
e tem como patronos São Sebastião, São Martinho e São Nicolau Von Flüe.
Em 1512, pela bravura já demonstrada na defesa da Cidade do Vaticano, os integrantes da
Guarda Suíça receberam do papa Júlio II o título de “Defensores da Liberdade da Igreja”.
Recrutas em cerimônia de juramento no salão Paulo VI, no Vaticano (Foto Max Rossi - Reuters)
Imagem: g1.globo.com
O menor exército do mundo
É o único grupo de soldados particulares que a lei suíça permite. Para ser membro da
Guarda Suíça é necessário ser católico praticante com boa reputação social, treinamento
militar no exército suíço com certificado de boa conduta, altura mínima de 1,74m, diploma
profissional ou ensino médio concluído e idade entre 19 e 30 anos. Não pode haver qualquer
registro criminal e, assim como em outros exércitos, os soldados não podem ser casados ou se
casar enquanto estiverem na guarda, sendo o mesmo permitido para os sargentos e oficiais.
Dois anos de serviço é o tempo mínimo de compromisso de um membro da Guarda Suíça,
renovável até um máximo de 20 anos. O soldo mensal atual é de 1200 euros e não é permitido
a nenhum integrante da guarda dormir fora do Vaticano. A guarda dispõe de alojamentos e
uma capela onde um capelão realiza celebrações litúrgicas particulares, pois nas oficiais a
guarda encontra-se em serviço.
O uniforme que a guarda usa atualmente foi desenhado por Jules Réspond (comandante no
período de 1910 a 1921) a partir do modelo que alguns atribuem à Michelangelo por volta de
1505, apesar do Vaticano oficialmente afirmar que o uniforme foi desenhado por Rafael Sanzio,
que também pintou a Capela Sistina e influenciou a moda da Itália na época. Como ambos
possíveis criadores são contemporâneos, é considerado um dos uniformes militares mais
antigos do mundo.
Inicialmente a cor predominante do uniforme era o amarelo-ouro, cor dos nobres suíços que
originaram a guarda. A cor azul foi introduzida como referência à família Della Rovere
(de Roma) e o vermelho em referência à família Médici (de Florença). Ambas famílias italianas
tiveram em sua linhagem diversos papas ao longo dos séculos, sendo que os Médici eram
também banqueiros que controlavam a fortuna do Vaticano.
O capacete e a couraça peitoral seguem o modelo das armaduras medievais. A pluma
vermelha do elmo (capacete) foi introduzida pelo papa Leão X, simbolizando o sangue
derramado em defesa do papa.
A Guarda Suíça não utiliza botas, calçando meias aderentes às pernas presas à altura dos
joelhos por uma liga dourada, eventualmente cobertas por polainas. O tecido de cetim recorda
o esplendor das antigas cortes europeias e as cores chamativas o orgulho de ser soldado.
Imagem: denunciasecriticas.blogspot.com
Bravura e sacrifício da Guarda Suíça
A batalha mais expressiva da Guarda Suíça aconteceu em 6 de maio de 1527, quando as
tropas invasoras do imperador Carlos V (do Sacro Império), em guerra com Francisco I
(da França e República de Veneza), entram em Roma. Após a vitória militar, incapaz de pagar
os mercenários, o imperador Carlos V libera o saque de Roma. O exército imperial era
composto de cerca de 18000 homens, entre tropas alemãs e mercenários espanhóis e
italianos. Em frente à Basílica de São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda
Suíça lutou contra cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente
formando um círculo em volta do papa Clemente VII visando protegê-lo. Faleceram 108 dos
150 guardas, mas em contrapartida 800 dos 1000 mercenários do assalto caíram mortos
pelas alabardas dos suíços. Os 42 sobreviventes da guarda acompanharam o papa e alguns
cardeais através de uma passagem secreta (Passetto di Borgo) do Palácio Episcopal até o
Castelo de Santo Ângelo.
Os mercenários, na maioria luteranos, saquearam por oito dias o Vaticano, levando ou
destruindo obras de arte, relíquias e profanando sepulturas de papas. Cercaram o Castelo de
Santo Ângelo e realizaram procissões de paródia, ofendendo os santos católicos e gritando ser
Lutero o novo papa. O castelo tornou-se o refúgio de Clemente VII por sete meses, até que
a peste surgida em Roma fizesse com que o cerco fosse levantado. Mesmo assim o imperador
Carlos V exigiu e recebeu uma rendição formal e pagamento de 400 mil ducados em troca da
liberdade papal.
Por conta desta batalha, o dia 6 de maio é a data de admissão dos novos guardas. Na ocasião,
um por vez presta juramento com a mão direita levantada e os dedos polegar, indicador e
médio estendidos – simbolizando a Santíssima Trindade – enquanto com a mão esquerda
segura o estandarte da guarda.
Recruta faz juramento com três dedos simbolizando a Santíssima Trindade (Foto - Reuters)
Imagem: g1.globo.com
A história da Guarda Suíça
Após o saque a Roma e ao Vaticano, a Guarda Suíça foi dissolvida em 5 de junho de 1527
como parte das exigências do imperador Carlos V para a liberação do papa Clemente VII,
refugiado no Castelo de Santo Ângelo.
Em 3 de fevereiro de 1548, o papa Paulo III recria a Guarda Suíça com um efetivo de
225 homens.
O papa Pio V enviou a Guarda Suíça na coalizão de tropas para combater os turcos otomanos
na Batalha de Lepanto, em 7 de outubro de 1571. A vitória desta batalha representou o fim da
expansão islâmica no Mediterrâneo.
Em 1798, Napoleão conquista o Vaticano, exila o papa Pio VI na cidade francesa de Valence e
obriga o papa a dissolver a Guarda Suíça.
Em 1799, Pio VI morre no exílio e no ano seguinte o exército austríaco expulsa os franceses de
Roma. Postos em liberdade, os cardeais reúnem-se em Veneza e em 1800 elegem o papa Pio
VII, que reconstitui a Guarda Suíça em 1801 com os 64 milicianos que haviam permanecido no
Vaticano.
Em 1809, as tropas de Napoleão novamente conquistam Roma e prendem Pio VII, que é
obrigado a dissolver mais uma vez a Guarda Suíça. O papa Pio VII foi aprisionado em Savona
(Itália) e depois transferido para a cidade francesa de Fontainebeau, sendo libertado em 1814,
com a derrota de Napoleão diante da aliança militar encabeçada pelos russos, ingleses e
austríacos. Em 24 de maio de 1814, Pio VII retorna ao Vaticano e reconstitui a Guarda Suíça,
que estava dispersa.
Em 1824, o papa Leão XII aumenta o efetivo da guarda para 200 integrantes.
Em 1848, os então 153 homens da Guarda Suíça defenderam o papa Pio IX dos ataques dos
republicanos revolucionários italianos à residência papal (Palácio do Quirinal).
Entre 756 e 1870 os Estados Pontifícios, tendo Roma como capital, eram um dos governos
autônomos que compunham a Península Itálica antes da unificação da Itália. Em 20 de
setembro de 1870, após fracassadas negociações com o papa Pio IX, o governo italiano invade
e conquista sem resistência os Estado Pontifícios, havendo luta apenas na tomada de Roma.
A Guarda Suíça concentrou-se no Vaticano, mas Pio IX preferiu render-se sem luta. O acordo
de rendição permitiu a continuidade do livre exercício da Guarda Suíça, além da Guarda Nobre
Pontifícia e da Guarda Palatina de Honra (organizações militares que existiam no Vaticano
nesta época).
Quando a Alemanha nazista ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras
unidades (Guarda Palatina e Guarda Nobre) que na época constituíam as formas armadas
papais foram colocadas em estado de alerta, com aumento no número de postos de vigia.
As alabardas e espadas foram substituídas por espingardas Mauser com baionetas e
cartucheiras. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até a Praça de
São Pedro, não houve tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem confronto com as
tropas alemãs. Nessa época, a Guarda Suíça contava com 60 homens, podendo oferecer uma
resistência meramente simbólica.
Prestando continência para a hóstia consagrada
Imagem: salvemaliturgia.com
Passetto di Borgo
A passagem secreta do Vaticano
Durante séculos, em caso de perigo de suas vidas, os papas podiam fugir de seu palácio
através de uma passagem secreta a 10 metros de altura e com 800 metros de
comprimento, que os levavam do Palácio do Vaticano até à Fortaleza de Santo Ângelo.
Esta passagem foi construída no interior de uma antiga muralha e é conhecida como “Passetto
di Borgo” (“Corredor de Borgo” em italiano). Borgo é um distrito histórico de Roma, que tem sua
fronteira com o Vaticano demarcada pela muralha com a passagem em seu interior.
A muralha onde foi construída a passagem originou-se na metade do século VI.
Após o Vaticano ser saqueado pelos Sarracenos, no ano de 852, o Papa Leão IV ampliou a
muralha para proteger melhor a cidade, deixando-a com 3 quilômetros de comprimento e
44 torres. Hoje, apenas alguns blocos de pedra da estrutura original são preservados.
Em 1277, o Papa Nicolau III ordenou a reforma desta muralha e construção da passagem
acima desta, começando a atuar como ligação entre o Palácio Apostólico e o Castelo de
Sant'Angelo. Em 1492 o Papa Alexandre VI patrocina a construção de um passeio superior
sobre a passagem, que até então era aberta, transformando-a em uma galeria secreta área e
simulada, sem que chamasse a atenção na arquitetura da cidade e dificultasse quem estivesse
de fora ver quem passasse por dentro.
Do exterior você pode ver apenas uma parede, às vezes parecendo um aqueduto, mas seu
interior é uma longa galeria para ser usada como rota de fuga por papas em perigo.
O Papa Alexandre VI a utilizou em 1494, quando o rei da França, Carlos VIII, invadiu a cidade.
Também o Papa Clemente VII, atacado por Carlos V, escapou juntamente com alguns cardeais
para a segurança do Castelo de Sant'Angelo por essa passagem quando tropas do imperador
do Sacro Império Romano-Germânico saquearam Roma e o Vaticano em 1527 e massacraram
quase toda a Guarda Suíça nos degraus do altar-mor da Basílica de São Pedro. O castelo
tornou-se o refúgio do Papa por sete meses, até que a peste surgida na cidade fizesse com
que o cerco fosse levantado. Mesmo assim, para conseguir sua liberdade, foi exigida uma
rendição formal e pagamento de 400 mil ducados.
Em 2000, como parte das comemorações do ano do Jubileu, séculos depois de ser construída,
esta famosa obra de engenharia militar do Renascimento, também conhecida como “o corredor
aéreo”, está aberta à visitação pública com hora marcada.
A passagem secreta no Vaticano (em vermelho)
Imagem: saintpetersbasilica.org
A muralha com a passagem em seu interior
Imagem: elmonilloviajero.blogspot.com
Castelo de Santo Ângelo
Imagem: pt.wikipedia.org
Passetto di Borgo (Interior)
Imagem: atlasobscura.com
Blog HistóriaS
www.historiasylvio.blogspot.com.br
Autor:
Sylvio Bazote

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A Guarda Suíça do Papa

  • 1. A Guarda Suíça do Papa Imagem: oglobo.globo.com A Guarda Suíça do Vaticano Guarda Suíça Pontifícia é o nome dado à tropa responsável pela segurança do papa e por ajudar a manter a ordem no Vaticano. É o grupo militar em atividade mais antigo do mundo, constituindo atualmente o equivalente às forças armadas da Cidade do Vaticano. O número de integrantes varia de acordo com as necessidades do papa em exercício. É a única guarda do mundo em que a bandeira é alterada a cada novo chefe de Estado, pois contém o emblema pessoal do papa. A defesa do Vaticano é de responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do papa fica a cargo da Guarda Suíça. O Estado da Cidade do Vaticano, como é oficialmente conhecido, emite autonomamente moeda, que desde 2002 é o Euro (antes era a Lira italiana), selos e passaportes; tem seus próprios embaixadores ou representantes, um jornal oficial (Acta Apostolicae Sedis – Atos da Sé Apostólica, em latim), uma estação de rádio (Rádio Vaticana), a força militar denominada Guarda Suíça e uma força policial, denominada Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano, responsável pela segurança, ordem pública, controle das fronteiras, controle de tráfego, investigações criminais e outras funções policiais dentro do território do Vaticano. Integrantes da Guarda Suíça ocasionalmente pode auxiliar a Gendarmaria na segurança de autoridades estrangeiras em visita ao Vaticano, misturar-se com as multidões na Praça de São Pedro em ocasiões comemorativas e acompanhar o papa durante suas viagens internacionais. Nesses casos os guardas servem como guarda-costas em trajes civis, equipados com armamento variado e equipamentos de comunicação, ao invés das tradicionais alabardas (lança com uma espécie de machado em uma das pontas, usada principalmente da Idade Média para defender os muros dos castelos, enfrentar primariamente cavalaria e secundariamente tropas a pé).
  • 2. Sala do arsenal da Guarda Suíça (Foto Alessandro Bianchi - Reuters) Imagem: g1.globo.com Defensores da Liberdade da Igreja A Guarda Suíça foi formada em 22 de janeiro de 1506, em atendimento a um pedido de proteção feito em 1503 pelo papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres, tidos como os melhores e mais corajosos foram a Roma vindos de Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna (regiões da Suíça). O seu primeiro comandante foi o capitão Kaspar Von Silenen, de Uri. A língua oficial da guarda é o suíço-alemão, seu lema é "Coragem e fidelidade" e tem como patronos São Sebastião, São Martinho e São Nicolau Von Flüe. Em 1512, pela bravura já demonstrada na defesa da Cidade do Vaticano, os integrantes da Guarda Suíça receberam do papa Júlio II o título de “Defensores da Liberdade da Igreja”. Recrutas em cerimônia de juramento no salão Paulo VI, no Vaticano (Foto Max Rossi - Reuters) Imagem: g1.globo.com
  • 3. O menor exército do mundo É o único grupo de soldados particulares que a lei suíça permite. Para ser membro da Guarda Suíça é necessário ser católico praticante com boa reputação social, treinamento militar no exército suíço com certificado de boa conduta, altura mínima de 1,74m, diploma profissional ou ensino médio concluído e idade entre 19 e 30 anos. Não pode haver qualquer registro criminal e, assim como em outros exércitos, os soldados não podem ser casados ou se casar enquanto estiverem na guarda, sendo o mesmo permitido para os sargentos e oficiais. Dois anos de serviço é o tempo mínimo de compromisso de um membro da Guarda Suíça, renovável até um máximo de 20 anos. O soldo mensal atual é de 1200 euros e não é permitido a nenhum integrante da guarda dormir fora do Vaticano. A guarda dispõe de alojamentos e uma capela onde um capelão realiza celebrações litúrgicas particulares, pois nas oficiais a guarda encontra-se em serviço. O uniforme que a guarda usa atualmente foi desenhado por Jules Réspond (comandante no período de 1910 a 1921) a partir do modelo que alguns atribuem à Michelangelo por volta de 1505, apesar do Vaticano oficialmente afirmar que o uniforme foi desenhado por Rafael Sanzio, que também pintou a Capela Sistina e influenciou a moda da Itália na época. Como ambos possíveis criadores são contemporâneos, é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo. Inicialmente a cor predominante do uniforme era o amarelo-ouro, cor dos nobres suíços que originaram a guarda. A cor azul foi introduzida como referência à família Della Rovere (de Roma) e o vermelho em referência à família Médici (de Florença). Ambas famílias italianas tiveram em sua linhagem diversos papas ao longo dos séculos, sendo que os Médici eram também banqueiros que controlavam a fortuna do Vaticano. O capacete e a couraça peitoral seguem o modelo das armaduras medievais. A pluma vermelha do elmo (capacete) foi introduzida pelo papa Leão X, simbolizando o sangue derramado em defesa do papa. A Guarda Suíça não utiliza botas, calçando meias aderentes às pernas presas à altura dos joelhos por uma liga dourada, eventualmente cobertas por polainas. O tecido de cetim recorda o esplendor das antigas cortes europeias e as cores chamativas o orgulho de ser soldado.
  • 4. Imagem: denunciasecriticas.blogspot.com Bravura e sacrifício da Guarda Suíça A batalha mais expressiva da Guarda Suíça aconteceu em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras do imperador Carlos V (do Sacro Império), em guerra com Francisco I (da França e República de Veneza), entram em Roma. Após a vitória militar, incapaz de pagar os mercenários, o imperador Carlos V libera o saque de Roma. O exército imperial era composto de cerca de 18000 homens, entre tropas alemãs e mercenários espanhóis e italianos. Em frente à Basílica de São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou contra cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente formando um círculo em volta do papa Clemente VII visando protegê-lo. Faleceram 108 dos 150 guardas, mas em contrapartida 800 dos 1000 mercenários do assalto caíram mortos pelas alabardas dos suíços. Os 42 sobreviventes da guarda acompanharam o papa e alguns cardeais através de uma passagem secreta (Passetto di Borgo) do Palácio Episcopal até o Castelo de Santo Ângelo. Os mercenários, na maioria luteranos, saquearam por oito dias o Vaticano, levando ou destruindo obras de arte, relíquias e profanando sepulturas de papas. Cercaram o Castelo de Santo Ângelo e realizaram procissões de paródia, ofendendo os santos católicos e gritando ser Lutero o novo papa. O castelo tornou-se o refúgio de Clemente VII por sete meses, até que a peste surgida em Roma fizesse com que o cerco fosse levantado. Mesmo assim o imperador Carlos V exigiu e recebeu uma rendição formal e pagamento de 400 mil ducados em troca da liberdade papal. Por conta desta batalha, o dia 6 de maio é a data de admissão dos novos guardas. Na ocasião, um por vez presta juramento com a mão direita levantada e os dedos polegar, indicador e médio estendidos – simbolizando a Santíssima Trindade – enquanto com a mão esquerda segura o estandarte da guarda.
  • 5. Recruta faz juramento com três dedos simbolizando a Santíssima Trindade (Foto - Reuters) Imagem: g1.globo.com A história da Guarda Suíça Após o saque a Roma e ao Vaticano, a Guarda Suíça foi dissolvida em 5 de junho de 1527 como parte das exigências do imperador Carlos V para a liberação do papa Clemente VII, refugiado no Castelo de Santo Ângelo. Em 3 de fevereiro de 1548, o papa Paulo III recria a Guarda Suíça com um efetivo de 225 homens. O papa Pio V enviou a Guarda Suíça na coalizão de tropas para combater os turcos otomanos na Batalha de Lepanto, em 7 de outubro de 1571. A vitória desta batalha representou o fim da expansão islâmica no Mediterrâneo. Em 1798, Napoleão conquista o Vaticano, exila o papa Pio VI na cidade francesa de Valence e obriga o papa a dissolver a Guarda Suíça. Em 1799, Pio VI morre no exílio e no ano seguinte o exército austríaco expulsa os franceses de Roma. Postos em liberdade, os cardeais reúnem-se em Veneza e em 1800 elegem o papa Pio VII, que reconstitui a Guarda Suíça em 1801 com os 64 milicianos que haviam permanecido no Vaticano. Em 1809, as tropas de Napoleão novamente conquistam Roma e prendem Pio VII, que é obrigado a dissolver mais uma vez a Guarda Suíça. O papa Pio VII foi aprisionado em Savona (Itália) e depois transferido para a cidade francesa de Fontainebeau, sendo libertado em 1814, com a derrota de Napoleão diante da aliança militar encabeçada pelos russos, ingleses e austríacos. Em 24 de maio de 1814, Pio VII retorna ao Vaticano e reconstitui a Guarda Suíça, que estava dispersa. Em 1824, o papa Leão XII aumenta o efetivo da guarda para 200 integrantes.
  • 6. Em 1848, os então 153 homens da Guarda Suíça defenderam o papa Pio IX dos ataques dos republicanos revolucionários italianos à residência papal (Palácio do Quirinal). Entre 756 e 1870 os Estados Pontifícios, tendo Roma como capital, eram um dos governos autônomos que compunham a Península Itálica antes da unificação da Itália. Em 20 de setembro de 1870, após fracassadas negociações com o papa Pio IX, o governo italiano invade e conquista sem resistência os Estado Pontifícios, havendo luta apenas na tomada de Roma. A Guarda Suíça concentrou-se no Vaticano, mas Pio IX preferiu render-se sem luta. O acordo de rendição permitiu a continuidade do livre exercício da Guarda Suíça, além da Guarda Nobre Pontifícia e da Guarda Palatina de Honra (organizações militares que existiam no Vaticano nesta época). Quando a Alemanha nazista ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras unidades (Guarda Palatina e Guarda Nobre) que na época constituíam as formas armadas papais foram colocadas em estado de alerta, com aumento no número de postos de vigia. As alabardas e espadas foram substituídas por espingardas Mauser com baionetas e cartucheiras. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até a Praça de São Pedro, não houve tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem confronto com as tropas alemãs. Nessa época, a Guarda Suíça contava com 60 homens, podendo oferecer uma resistência meramente simbólica. Prestando continência para a hóstia consagrada Imagem: salvemaliturgia.com
  • 7. Passetto di Borgo A passagem secreta do Vaticano Durante séculos, em caso de perigo de suas vidas, os papas podiam fugir de seu palácio através de uma passagem secreta a 10 metros de altura e com 800 metros de comprimento, que os levavam do Palácio do Vaticano até à Fortaleza de Santo Ângelo. Esta passagem foi construída no interior de uma antiga muralha e é conhecida como “Passetto di Borgo” (“Corredor de Borgo” em italiano). Borgo é um distrito histórico de Roma, que tem sua fronteira com o Vaticano demarcada pela muralha com a passagem em seu interior. A muralha onde foi construída a passagem originou-se na metade do século VI. Após o Vaticano ser saqueado pelos Sarracenos, no ano de 852, o Papa Leão IV ampliou a muralha para proteger melhor a cidade, deixando-a com 3 quilômetros de comprimento e 44 torres. Hoje, apenas alguns blocos de pedra da estrutura original são preservados. Em 1277, o Papa Nicolau III ordenou a reforma desta muralha e construção da passagem acima desta, começando a atuar como ligação entre o Palácio Apostólico e o Castelo de Sant'Angelo. Em 1492 o Papa Alexandre VI patrocina a construção de um passeio superior sobre a passagem, que até então era aberta, transformando-a em uma galeria secreta área e simulada, sem que chamasse a atenção na arquitetura da cidade e dificultasse quem estivesse de fora ver quem passasse por dentro. Do exterior você pode ver apenas uma parede, às vezes parecendo um aqueduto, mas seu interior é uma longa galeria para ser usada como rota de fuga por papas em perigo. O Papa Alexandre VI a utilizou em 1494, quando o rei da França, Carlos VIII, invadiu a cidade. Também o Papa Clemente VII, atacado por Carlos V, escapou juntamente com alguns cardeais para a segurança do Castelo de Sant'Angelo por essa passagem quando tropas do imperador do Sacro Império Romano-Germânico saquearam Roma e o Vaticano em 1527 e massacraram quase toda a Guarda Suíça nos degraus do altar-mor da Basílica de São Pedro. O castelo tornou-se o refúgio do Papa por sete meses, até que a peste surgida na cidade fizesse com que o cerco fosse levantado. Mesmo assim, para conseguir sua liberdade, foi exigida uma rendição formal e pagamento de 400 mil ducados. Em 2000, como parte das comemorações do ano do Jubileu, séculos depois de ser construída, esta famosa obra de engenharia militar do Renascimento, também conhecida como “o corredor aéreo”, está aberta à visitação pública com hora marcada.
  • 8. A passagem secreta no Vaticano (em vermelho) Imagem: saintpetersbasilica.org A muralha com a passagem em seu interior Imagem: elmonilloviajero.blogspot.com
  • 9. Castelo de Santo Ângelo Imagem: pt.wikipedia.org Passetto di Borgo (Interior) Imagem: atlasobscura.com Blog HistóriaS www.historiasylvio.blogspot.com.br Autor: Sylvio Bazote