1. A identidade Cultural na Pós-modernidade
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Artes e Letras
PPGART/Doutorado em Artes Visuais
Arte e Elementos Culturais
Prof.ª Dr.ª Gisela Reis Biancalana
Santa Maria, 2021
Doutorando: Sandro Bottene
STUART HALL
2. Título original:
“The question of cultural identity”
Data: 1992
Livro: A identidade cultural na pós-
modernidade
Ano: 2006 – 11ª edição
Kingston, 3 de fevereiro de 1932
Londres, 10 de fevereiro de 2014
Foi um teórico cultural e sociólogo britânico-
jamaicano que viveu e atuou no Reino Unido a partir de
1951. Hall, juntamente com Richard Hoggart (1918-2014)
e Raymond Williams (1921-1988), foi uma das figuras
fundadoras da escola de pensamento que hoje é
conhecida como Estudos Culturais britânicos.
STUART McPHAIL HALL
3. 1. A identidade em questão (p. 7-22)
2. Nascimento e morte do sujeito moderno (p. 23-46)
mudanças nos conceitos de identidade e de sujeito
3. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
4. Globalização
5. O global, o local e o retorno da etnia
6. Fundamentalismo diáspora e hibridismo.
Sumário
4. 1. A IDENTIDADE EM QUESTÃO
• velhas identidades (estabilidade) Novas identidades (fragmentação) no mundo social
• “crise de identidade” processo de mudança: “descentradas” (deslocadas ou fragmentadas)
• conceito complexo “identidade”
• mudança estrutural transformando as sociedades modernas do final do século XX
• Transformação da modernidade em pós-moderno nós somos “pós” (concepção)
• O que pretendemos dizer com “crise de identidade”?
• Que acontecimentos recentes nas sociedades modernas
precipitaram essa crise?
• Que formas ela toma?
• Quais são suas consequências potenciais?
• abalo na ideia de sujeito integrado
• descentração do sujeito (lugar no mundo social e cultural e de si mesmo)
5. TRÊS CONCEPÇÕES DE IDENTIDADE
• sujeito do Iluminismo centrado, unificado capacidades de razão, de consciência e de ação
• sujeito sociológico refletia a complexidade do mundo moderno
• sujeito pós-moderno “mudança” para um sujeito fragmentado (várias identidades)
• “centro” (núcleo interior) individualista – sujeito descrito no masculino
• “autônomo e autossuficiente” (núcleo interior) – sujeito formado pela
relação com outras pessoas (mediavam valores – cultura)
• a identidade é formada pela “interação” (eu e a sociedade)
• Relação de preenchimento (interior e exterior)
• identidades contraditórias e não-resolvidas
• identidades culturais (provisório, variável, temporário e problemático)
• identidade transformada continuamente (“celebração móvel”)
• identidade definida historicamente e não biologicamente
• identidades diferentes em diferentes momentos
6. O CARÁTER DA MUDANÇA NA MODERNIDADE TARDIA
• Processo de mudança “globalização” – impacto sobre a identidade cultural
• Hall cita Karl Marx (1818-1883), sobre a modernidade (p.14)
• Hall cita Anthony Giddens (1938), sobre as descontinuidades (p. 16)
• Hall cita David Harvey (1935), sobre a ruptura (p. 16)
“... Todas as relações fixas e congeladas, com seu cortejo de vetustas representações
e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes
de poderem ossificar-se. Tudo que é sólido se desmancha no ar ...”
“os modos de vida colocados em ação pela modernidade nos livraram, de uma forma
bastante inédita, de todos os tipos tradicionais de ordem social. Tanto em extensão,
quanto em intensidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais
profundas do que a maioria das mudanças características dos períodos anteriores ...”
“caracterizada por um processo sem-fim de rupturas e fragmentações internas no seu
próprio interior”
7. • Hall cita Ernest Laclau (1935-2014), sobre o deslocamento (p.16)
as sociedades são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais
produzem uma variedade de diferentes “posições de sujeito” (identidades para indivíduos)
“uma pluralidade de centros de poder”
O QUE ESTÁ EM JOGO NA QUESTÃO DAS IDENTIDADES?
• exemplo: consequências políticas na fragmentação ou pluralização de identidades
George Bush (em 1991, presidente americano) indicou Clarence Thomas para a
Suprema Corte. Juiz Negro com visões políticas conservadoras. Brancos apoiariam pelo
caráter conservador, negros pela questão de raça. Acusado por assédio sexual,
mulheres negras estavam divididas, mulheres conservadoras brancas apoiavam,
feministas brancas se opunham... o presidente estava “jogando o jogo das identidades”
8. • O que acabou sendo colocado em jogo no episódio? (atravessamentos)
• “Jogo das identidades”
• Política
• Raça
• Sexismo
• Feminismo
• Liberalismo
• Conservadorismo
• identidades contraditórias (atuação fora – sociedade, e dentro – indivíduo)
• identificações rivais e deslocantes (erosão da “identidade mestra”).
Definida pelos novos movimentos sociais (feminismo, lutas negras,
libertação nacional, movimentos antinucleares e ecológicos).
• identidade muda (como o sujeito é interpelado), mas pode ser ganhada ou
perdida (descrito como mudança de uma política de identidade – de
classe, para uma política de diferença.
9. 2. NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO
• descrição através de teóricos contemporâneos (sujeito e identidade) no pensamento moderno
sujeito centrado sujeito sociológico (interativo) sujeito descentrado
chega à modernidade durante a modernidade na modernidade tardia
• concepções mutantes do sujeito humano (três pontos estratégicos) – se têm uma história
emergiu em seu nascimento e contemplamos a sua morte
• individualismo (nas tradições e nas estruturas) – se acreditava na ordem divina das coisas
• movimento da modernidade se deu na ruptura com o passado
Humanismo Renascentista (século XVI) e o Iluminismo (século XVIII)
10. • Raymond Williams (1921-1988) – sujeito individual reúne dois aspectos:
“indivisível” (no seu próprio interior) “singular, distintiva, única” (entidade)
contribuíram para o pensamento: Reforma Religiosa e o Protestantismo,
Humanismo renascentista, revoluções científicas, o Iluminismo
• René Descartes (1596-1650) – dúvida (deslocamento de Deus do centro do universo)
substância espacial (matéria) substância pensante (mente)
no centro da “mente”, o sujeito individual com capacidade de raciocinar e pensar:
“penso, logo existo” ou “sujeito cartesiano”
• John Locke (1632-1704) – indivíduo em termos da “mesmidade de um ser racional”
Ensaio sobre a compreensão humana
“a identidade da pessoa alcança a exata extensão em que sua consciência pode ir para trás,
para qualquer ação ou pensamento passado” (sujeito da razão e sujeitado a ela)
11. • as sociedades modernas tornavam-se complexas (forma mais coletiva e social)
economia, política, propriedade, industrialização, classes do capitalismo
surge a concepção de um sujeito mais social
localizado no interior dessas estruturas da sociedade moderna
sujeito moderno: “biologizado” – biologia darwiniana (razão com base na natureza)
“fundamento” – (desenvolvimento do cérebro humano)
• novas ciências sociais
• modelo sociológico interativo (estável) entre “interior” e “exterior”
• Surge a figura do indivíduo isolado, exilado ou alienado (multidão da metrópole anônima e impessoal)
• “indivíduo soberano”: vontades, necessidades, desejos e interesses
• divisão das ciências sociais entre a psicologia e outras disciplinas
• sociologia (os indivíduos são formados subjetivamente em relações
sociais e vice-versa)
12. DESCENTRANDO O SUJEITO
• cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas ocorridas no pensamento
deslocamento através de rupturas nos discursos do conhecimento moderno
• Primeiro descentramento: tradições do pensamento marxista
“homens fazem a história, mas apenas sob as condições que lhe são dadas”
reinterpretaram que os indivíduos só podiam agir em condições históricas e que,
nasceram, utilizando os recursos materiais e de cultura fornecidos por gerações anteriores
• Segundo descentramento: descoberta do inconsciente por Freud
nossas identidades, nossa sexualidade e a estrutura de nossos desejos são formadas com base em
processos psíquicos e simbólicos do inconsciente (diferente daquela da Razão)
• Jacques Lacan (1901-1981) – a criança aprende gradualmente (imagem do eu como inteiro e
unificado) – “fase do espelho” (formação do eu no “olhar” do Outro) ocorre por meio: a língua, a
cultura, a diferença sexual, sentimentos contraditórios, negação de sua parte masculina ou
feminina... (“formação do inconsciente do sujeito”)... origem contraditória da “identidade”
13. a identidade é algo formado ao longo do tempo, através de processos inconscientes,
e não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento
não deveríamos falar da identidade como uma coisa acabada, mas sim de identificação (preenchida)
O trabalho de Freud e Lacan são bastante questionados pela dificuldade de serem examinados
• Terceiro descentramento: trabalho linguista estrutural por Saussure
• Ferdinand de Saussure (1857-1913) – a língua é um sistema social e não é um sistema individual
os significados das palavras não são fixos...
o significado surge nas relações de similaridade e diferença que as palavras têm com outras palavras
“eu quem eu sou em relação com “o outro”
• Jacques Derrida (1930-2004) – as palavras são “multimoduladas” (carregam outros significados)
14. • Quarto descentramento: poder disciplinar por Foucault
• Michel Foucault (1926-1984) – “regimes disciplinares”... preocupação das instituições em disciplinar
as populações modernas (oficinas, quarteis, escolas, prisões, hospitais, clínicas...)
objetivo de controle (vida, atividade, trabalho, saúde física e moral, práticas sexuais, vida familiar...)
• Quinto descentramento: feminismo (crítica e movimento social) nos anos 1960
unem-se as revoltas estudantis, movimentos juvenis contraculturais e antibelicistas,
lutas por direitos civis, movimentos revolucionários do “Terceiro Mundo”, movimento pela paz “1968”
• momento histórico • oposição à política liberal capitalista do Ocidente e à “estalinista” do Oriente
• abraçavam o “teatro” da revolução
• classe política se fragmenta em vários e separados de movimentos sociais
• formação da identidade social (sexual, racial, antibelicista...)
• homem e mulheres eram parte da mesma identidade (“Humanidade”)
15. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
Referência