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A VIDA A BORDOS DAS CARAVELAS
A caravela
Na caravela, por debaixo do convés, havia um espaço que servia para transportar os alimentos. Na
popa, erguia-se o castelo, uma construção de madeira onde, no seu interior: ficavam os aposentos do
capitão e do escrivão.
A vida a bordo
Como as viagens eram longas e os alimentos frescos se estragavam com facilidade, a base da
alimentação a bordo era: carne de porco salgada; peixe seco ou salgado (sardinhas e pescadas);
biscoitos (pão cozido duas vezes para ficar bem seco e durar mais tempo); azeite; vinagre; vinho; água
doce. Sempre que possível pescavam. Para cozinhar, utilizavam um fogão que existia na zona mais alta
do convés, junto à proa.
Quando desembarcavam, abasteciam-se de água e alimentos frescos: chamava- se 'fazer aguada".
Quando não podiam fazer escalas para reabastecimento, a tripulação e os passageiros socorriam-se da
água das chuvas, para o que utilizavam telas de pano encerado.
Higiene
A bordo não havia qualquer espaço reservado à higiene. Os homens utilizavam um balde para as suas
necessidades, o qual penduravam borda fora para que as ondas se encarregassem de o limpar.
Não havia papel higiénico. Utilizavam uma corda com a ponta desfiada e que ia sempre dentro de água.
A dormida
Dormiam estendidos pelo convés, ao relento. Os melhores lugares eram junto à proa, mas quando
chovia ficavam todos molhados.
Tripulantes e passageiros
As caravelas mais pequenas levavam entre 25 e 30 homens. As maiores levavam 100.
A tripulação era composta por:
- um capitão - o mais importante, pois era ele que organizava a vida a bordo e tomava as
decisões;
- um escrivão - que registava, em livro próprio, a carga;
- um piloto - responsável pela orientação do navio. Ia na popa utilizando a bússola, o astrolábio e
o portulano. Gritava as ordens para o marinheiro que estava no convés que, por sua vez, as
transmitia ao homem do leme;
- um homem da ampulheta - era o marinheiro que vigiava a ampulheta (o relógio de areia, para
saberem as horas);
- um homem do leme - manejava o navio sob as instruções do capitão e do piloto;
- vários marinheiros - faziam todo o tipo de serviço (içar; manobrar e recolher as velas, lavar;
carregar; etc.);
- vários grumetes - jovens de cerca de 12 anos que aprendiam a fazer o trabalho de bordo.
A bordo seguiam sempre membros do clero: celebravam missa diária e em dia de festa organizavam
procissão.
Mulheres na tripulação
Durante a primeira fase da Carreira da índia era absolutamente proibido levar mulheres a bordo. Sabe-
se, no entanto, que algumas, mais ousadas, cortavam o cabelo, vestiam-se de homem e embarcavam
mesmo, enganando as autoridades.
Integradas na tripulação, tiveram de desempenhar tarefas duras, engrossar a voz ou falar pouco, fingir
que se barbeavam ou então acompanhar sobretudo os grumetes, rapazes muito novos e ainda
imberbes.
Se por acaso eram desmascaradas, a sorte dessas mulheres dependia do capitão. Podiam ser
castigadas, ficar prisioneiras num compartimento fechado ou toleradas com benevolência. Se ainda
navegavam perto das ilhas da Madeira e Açores, geralmente deixavam-nas lá.

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A bordo das caravelas

  • 1. A VIDA A BORDOS DAS CARAVELAS A caravela Na caravela, por debaixo do convés, havia um espaço que servia para transportar os alimentos. Na popa, erguia-se o castelo, uma construção de madeira onde, no seu interior: ficavam os aposentos do capitão e do escrivão. A vida a bordo Como as viagens eram longas e os alimentos frescos se estragavam com facilidade, a base da alimentação a bordo era: carne de porco salgada; peixe seco ou salgado (sardinhas e pescadas); biscoitos (pão cozido duas vezes para ficar bem seco e durar mais tempo); azeite; vinagre; vinho; água doce. Sempre que possível pescavam. Para cozinhar, utilizavam um fogão que existia na zona mais alta do convés, junto à proa. Quando desembarcavam, abasteciam-se de água e alimentos frescos: chamava- se 'fazer aguada". Quando não podiam fazer escalas para reabastecimento, a tripulação e os passageiros socorriam-se da água das chuvas, para o que utilizavam telas de pano encerado.
  • 2. Higiene A bordo não havia qualquer espaço reservado à higiene. Os homens utilizavam um balde para as suas necessidades, o qual penduravam borda fora para que as ondas se encarregassem de o limpar. Não havia papel higiénico. Utilizavam uma corda com a ponta desfiada e que ia sempre dentro de água. A dormida Dormiam estendidos pelo convés, ao relento. Os melhores lugares eram junto à proa, mas quando chovia ficavam todos molhados. Tripulantes e passageiros As caravelas mais pequenas levavam entre 25 e 30 homens. As maiores levavam 100. A tripulação era composta por: - um capitão - o mais importante, pois era ele que organizava a vida a bordo e tomava as decisões; - um escrivão - que registava, em livro próprio, a carga; - um piloto - responsável pela orientação do navio. Ia na popa utilizando a bússola, o astrolábio e o portulano. Gritava as ordens para o marinheiro que estava no convés que, por sua vez, as transmitia ao homem do leme; - um homem da ampulheta - era o marinheiro que vigiava a ampulheta (o relógio de areia, para saberem as horas); - um homem do leme - manejava o navio sob as instruções do capitão e do piloto; - vários marinheiros - faziam todo o tipo de serviço (içar; manobrar e recolher as velas, lavar; carregar; etc.); - vários grumetes - jovens de cerca de 12 anos que aprendiam a fazer o trabalho de bordo. A bordo seguiam sempre membros do clero: celebravam missa diária e em dia de festa organizavam procissão. Mulheres na tripulação Durante a primeira fase da Carreira da índia era absolutamente proibido levar mulheres a bordo. Sabe- se, no entanto, que algumas, mais ousadas, cortavam o cabelo, vestiam-se de homem e embarcavam mesmo, enganando as autoridades. Integradas na tripulação, tiveram de desempenhar tarefas duras, engrossar a voz ou falar pouco, fingir que se barbeavam ou então acompanhar sobretudo os grumetes, rapazes muito novos e ainda imberbes. Se por acaso eram desmascaradas, a sorte dessas mulheres dependia do capitão. Podiam ser castigadas, ficar prisioneiras num compartimento fechado ou toleradas com benevolência. Se ainda navegavam perto das ilhas da Madeira e Açores, geralmente deixavam-nas lá.