O documento discute a relação entre mito, filosofia e religião. Explica que os mitos narram a origem das coisas através de forças sobrenaturais, enquanto a filosofia busca explicações racionais. Embora a filosofia rompa com os mitos, eles continuaram a conviver. Já a religião se baseia em dogmas revelados por deuses e possui rituais e instituições, diferindo da filosofia que busca explicações lógicas não definitivas.
4. • Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por
meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças
sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos
homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são
genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.
• A pergunta dos estudiosos é a seguinte: ao surgir, a filosofia
não é uma cosmogonia, e sim uma cosmologia, uma
explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as
causas das transformações e repetições das coisas;
5. •Mas a cosmologia nasce de uma
transformação gradual dos mitos ou de uma
ruptura radical com os mitos?
•A filosofia continua ou rompe com a
cosmogonia e a teogonia?
6. Os estudiosos chegaram à conclusão de que
as contradições e limitações dos mitos para
explicar a realidade natural e humana levaram
a filosofia a retomá-los, porém reformulando e
racionalizando as narrativas míticas,
transformado-as numa explicação inteiramente
nova e diferente.
7. A CONVIVÊNCIA ENTRE MITO E
FILOSOFIA
• O pensamento filosófico desenvolveu-se em
uma forma de conhecimento que se diferencia
da mitologia. Se o mito era uma narrativa
fictícia, uma história imaginada para explicar o
mundo, a filosofia pretendia ser um
pensamento não fantasioso, baseado no
raciocínio, no exame consciente das coisas,
buscando uma explicação racional, e não
sobrenatural.
8. A CONVIVÊNCIA ENTRE MITO E
FILOSOFIA
• A filosofia, contudo, não substituiu a mitologia.
Ambas continuaram convivendo. Platão, em
alguns dos diálogos filosóficos que escreveu, fez
uso de narrativas míticas para, com base nelas,
elaborar suas explicações racionais. Em outros
momentos, a mitologia foi combatida como
pura mistificação. Hoje em dia ocorre algo
semelhante. Filosofia e Mito convivem, às vezes
conflituosamente.
10. • A mitologia tem certa proximidade com a religião, mas não
é exatamente uma religião.
• Qual seria então a diferença?
• Basicamente pode-se dizer que a religião é um conjunto de
crenças, em geral amparadas em um texto,
compreendidas como uma revelação de Deus (ou de um
grupo de deuses) aos seres humanos.
11. •Por serem verdades reveladas por Deus, elas
não podem ser contestadas.
•Dizemos, por isso, que as religiões são
dogmáticas, se fundamentam em dogmas,
que são verdades absolutas que não podem
ser questionadas.
12. • Outra característica importante da religião é a existência de
ritos que orientam a relação dos seres humanos com a(s)
divindade(s).
• Os ritos são normas e comportamentos organizados pelos
sacerdotes, pessoas consideradas intermediárias na relação
entre cada pessoa e a(s) divindade(s).
• De modo geral as religiões se tornam instituições, ou seja,
organizações que controlam o funcionamento do grupo
religioso.
• Contam com uma rede organizada de pessoas que
ocupam diversos postos, dos mais simples aos mais
elevados, isto é, formam uma hierarquia.
13. EM RESUMO, O CONHECIMENTO DE
TIPO RELIGIOSO CARACTERIZA-SE:
• Por um conjunto de ideias expressas em um texto ou um
livro sagrado, compondo o dogma da religião –
embora existam também religiões baseadas em uma
tradição oral, que não possuem um livro sagrado.
• Pela organização institucional de um conjunto de
pessoas que administram esse conhecimento e a
relação das pessoas com ele;
• Pela definição de rituais na forma de viver esse
conhecimento e se relacionar com ele.
14. O pensamento religioso
apresenta-se como uma
“sabedoria”, um
conhecimento pronto e
definitivo que algumas
pessoas têm e outras
não, mas que qualquer
um pode aprender,
desde que aceite os
dogmas.
15. • Esse conhecimento está centrado na fé, uma
confiança absoluta nas palavras que foram
reveladas pela divindade. A fé não é racional,
embora a razão possa ser utilizada como um
instrumento para compreender os mistérios da
fé, como de fato o foi por vários filósofos cristão
durante a Idade Média; às vezes, acreditamos
em coisas que não fazem qualquer sentido
quando examinadas racionalmente.
16. • Os primeiros filósofos foram justamente aqueles
que não aceitaram os dogmas religiosos e as
explicações míticas, e começaram a buscar
outras explicações.
• Os filósofos procuraram construir explicações
racionais, que não estivessem prontas nem
fossem definitivas, que fizessem sentido e que
pudessem convencer pela lógica, e não pela
aceitação incondicional do dogma.