O documento discute a prática da interpretação no psicanalista, especificamente a regra da associação livre estabelecida por Freud e as perspectivas estrutural e topológica introduzidas por Lacan. Lacan criticou a tradição pós-freudiana por reservar à palavra do psicanalista um lugar explicativo em vez de promover ondas com a interpretação.

1. Curso
A prática do
psicanalista
Coordenação
Alexandre Simões
Encontro 8:
A palavra do analista: demarcações da
prática da interpretação

2. Classicamente, Freud estabeleceu uma regra
fundamental para a dimensão da palavra do
analisando:
a associação-livre

3. A associação-livre:
de forma mais evidente, retira a palavra da dimensão da comunicação
(comunicação dos fatos, descrição de uma estória, encadeamento de
uma sequência de fatos segundo as prerrogativas do logos) e a introduz
na dimensão do discurso, da fala, do verbo

4. De tal modo que, por meio de cada passo da associação livre,
sempre é possível de se perguntar:
De onde se diz isto? Problemática da tópica
Quem diz isto? Problemática da enunciação

5. Nesta perspectiva, quanto à associação livre,
temos a dimensão estrutural:
Aquele que fala, diz mais do que aquilo que está falando

6. Esta proposição - aquele que fala, diz mais do
que aquilo que está falando
- instala na clínica
o lugar do sujeito

7. Jacques Lacan chega a comparar este sujeito ao
mensageiro da Antiguidade:
que traz, inscrita em sua
cabeça, uma mensagem que
ele ignora e não lê, pois
desconhece os caracteres
com os quais foi escrita

8. Este lugar do sujeito comporta, portanto, uma
interrelação constante entre:
• o saber e o não-saber;
• dentro e o fora;
• o perto e o longe;
• o direito e o avesso;
• o familiar e o estranho;

9. Com Lacan, temos aberta ao menos duas perspectivas
que lidam com a transmissão deste aspecto:
perspectiva estrutural
perspectiva lógica
fio condutor lógico

10. enunciado
enunciação
sujeito do enunciado
sujeito da enunciação
ou:
Perspectiva estrutural:

11. Perspectiva topológica:
O que não pode ser dito (representado) há de ser mostrado (nomeado):

12. Recomendações freudianas sobre a palavra do
psicanalista:
parcimoniosa
não-apressada
atenta à transferência

13. Os lugares da palavra do psicanalista na tradição pós-
freudiana:
palavra explicativa -> lugar produtor de sentido
palavra substitutiva -> o psicanalista ocupando o
lugar do Outro imaginarizado
palavra complementar - > o psicanalista complementando a
falha do Outro (função paterna ou função materna)

14. Em suma:
a interpretação concebida ao estilo do
“isto quer dizer ...”

15. Lacan será bastante crítico, em todos os momentos de seu
ensino, ao lugar que a tradição pós-freudiana reservou à
palavra do psicanalista

16. A interpretação:
Há de ser menos explicativa e atenta
à seguinte provocação:
“a interpretação é um dizer que
promove ondas”

17. F I M
ALEXANDRE
SIMÕES
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