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Lacan e a Psicanálise:interlocuções com a contemporaneidade,[object Object],Tema : ,[object Object],Seminário 3 (As psicoses): subjetivação e  Nome-do-pai,[object Object],                                                          Coordenação Alexandre Simões,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Nos dois seminários anteriores (Seminários 1 e 2) Lacan expôs, reiteradamente, um argumento:,[object Object],por não haver um hiato entre teoria e prática na experiência clínica da Psicanálise, uma certa concepção teórica repercute na condução do fazer do psicanalista,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Isto quer dizer que a pergunta ‘o que fundamenta a Psicanálise ?’,[object Object],... é uma indagação clínica,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Além desse importante aspecto, que repercute sobre a direção que se dá a uma análise, é válido lembrar que,[object Object],a teorização inicial de Lacan, intensamente marcada pela proposta do retorno a Freud, o conduz a ressaltar que ‘a verdade fala’. ,[object Object],Certamente, isto não quer dizer que a verdade se articule. Isto quer dizer que a verdade se significa.,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
O percurso realizado por Jacques Lacan ao longo do Seminário 3 (16/11/1955 a 04/07/1956) levará em consideração estas marcações que acabamos de sinalizar,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
A abordagem mais enfática que Lacan realizará das psicoses, o conduzirá a,[object Object],desenvolver as formulações  -  até então iniciais -  sobre as três dimensões promovedoras da subjetivação: ,[object Object],o Imaginário, o Simbólico e o Real.,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Construção das três dimensões (no momento do Seminário 3):,[object Object],IMAGINÁRIO,[object Object],SIMBÓLICO,[object Object],REAL,[object Object],Espaço de produção da experiência de remetimento (deslocamento): ,[object Object],“Na ordem simbólica, todo elemento vale como oposto a um outro.” (Seminário 3, p. 17);,[object Object],=> estrutura, significantes, cadeia significante, metáfora, metonímia, sincronia (língua), diacronia (discurso).,[object Object],Retorna sempre ao mesmo lugar (o inexorável);,[object Object],Aquilo que resiste a ser significado, isto é, introduzido na cadeia significante;,[object Object],Um índice do real: a “estranheza total” (cf. Seminário 3, p. 103),[object Object],Espaço de produção do ‘duplo’;,[object Object],Engendra corporeidades/consistências (e as inflaciona);,[object Object],=> o eu;,[object Object],“...o imaginário é sem dúvida guia de vida para todo o campo animal. Se a imagem desempenha igualmente um papel capital no campo que é o nosso, esse papel é inteiramente retomado, refeito, reanimado pela ordem simbólica.” (Seminário 3, p. 17),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Articulação das três dimensões nessa época:,[object Object],Real,[object Object]
Lacan será bastante cuidadoso ao mencionar a possibilidade do ‘tratamento’ das psicoses,[object Object],Não exatamente por conta da aplicabilidade ou não da psicanálise a esses modos de subjetivação (paranóia, esquizofrenia, etc.), todavia, às condições mesmas do que se compreende por psicanálise,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
“Neste ano, começa a questão das psicoses.,[object Object],Digo questão, porque não se pode sem mais nem menos falar do tratamento das psicoses (...).,[object Object],Vamos partir da doutrina freudiana para apreciar o que nesta matéria ela ensina, mas não deixaremos de introduzir as noções que elaboramos no decorrer dos anos precedentes, nem de tratar todos os problemas que as psicoses suscitam atualmente.” ,[object Object],(Seminário 3, p. 11),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Com estas advertências, Lacan propõe algumas teses (orientadoras da experiência clínica da psicanálise):,[object Object],O campo das psicoses se divide em dois (cf. p. 12):,[object Object],de um lado, temos as psicoses que mantem a consistência do Imaginário (-> campo da paranóia); ,[object Object],de outro, as psicoses que expõem mais claramente os aspectos desagregadores (-> campo da esquizofrenia) ,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
2) A psicose porta uma especificidade tal que a distingue terminantemente da neurose,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
3) Na experiência das psicoses, o inconsciente aparece como externo, porém, como não-assumido: ,[object Object],“A questão não é tanto a de saber por que o inconsciente que está aí, articulado à flor da terra, permanece excluído para o sujeito, não-assumido -  mas porque ele aparece no real.” (Seminário 3, p. 20),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
A  topologia  do  sujeito (elementos iniciais):,[object Object],Dispositivo da forclusão (Verwerfung):,[object Object],promove exteriorização.,[object Object],Daí, o caráter central da alucinação (cf. p. 33):,[object Object],Dispositivo do recalque (Verdrängung):,[object Object],      promove interiorização,[object Object],“... o que foi rejeitado no simbólico reaparece no real (...) o doente não quer saber nada disso no sentido do recalque.”(Seminário 3, p. 57; cf. p. 21, 22, 97, 98, 104, 217),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
O episódio alucinatório da “porca”(Seminário 3, p. 59-65),[object Object],Uma mulher, ao sair de sua casa, cruza com um homem mal-educado e desprezível aos seus olhos (ele era um homem casado, amante de sua vizinha). No momento em que ela passa por esse homem, no corredor, ele diz a ela um palavrão depreciativo. Mas, a paciente não era totalmente inocente nesta situação, pois ela própria havia dito algo ao passar pelo homem: “Eu venho do salsicheiro”. O que esta mulher ouviu do homem? “Porca!”,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
O que se escuta do exterior é uma mensagem de si mesmo.,[object Object],“Quem será que fala? Já que há alucinação, é a realidade que fala.”   (Seminário 3, p. 62),[object Object],Tal como já anunciamos, mais ao início, a verdade fala: isto não quer dizer que a verdade se articule; isto quer dizer que a verdade se significa.,[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
“É isso o importante. Ela fala de tal modo bem por alusão que não sabe o que diz. O que diz ela? Ela diz: Eu venho do salsicheiro. Ora, quem vem do salsicheiro? Um porco cortado. Ela não sabe que diz isso, mas o diz assim mesmo. Esse outro a quem ela fala, ela lhe diz de si mesma -  Eu, a porca, eu venho do salsicheiro, já sou descontinuada, corpo espedaçado, membra disjecta, delirante e meu mundo se vai em pedaços, como eu mesma. Eis o que ela diz.” (Seminário 3, p. 64),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Temos  aí, por conseguinte, o que Lacan menciona a título de “inconsciente a céu aberto”,[object Object],Que, notemos, é uma apropriação de uma formulação já proposta por Freud em mais de um momento em seus textos dedicados às psicoses: a psicose revela aquilo que a neurose oculta,[object Object]
Efeitos do inconsciente a céu aberto (Seminário 3, cf. 74):,[object Object],Exacerbação da sincronia significante: ,[object Object],“O significante como existindo sincronicamente é suficientemente caracterizado na fala delirante por uma modificação que destaquei aqui, a saber: alguns de seus elementos se isolam, tornam-se pesados, ganham um valor, uma força de inércia particular, carregam-se de significação, simplesmente de uma significação.” (Seminário 3, p. 67),[object Object],“=> ‘significante carregado’: “Quando o significante se acha assim carregado, o sujeito dá-se conta disso muito bem’ (p. 67),[object Object],=> “O próprio significante sofre profundos remanejamentos...” (p. 104),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
Esta exacerbação do significante tem como veículo o ‘fenômeno elementar’ (cf. p. 28, 91, 284),[object Object],[object Object]
distúrbios da linguagem (cf. p. 109)
intuição delirante (cf. pp. 18, 30)
alucinação verbal (cf. p. 23)ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
A tese de Lacan acerca da falta radical de um significante é bastante exigente:,[object Object],“... a falta de um significante leva necessariamente o sujeito a reconsiderar o conjunto dos significantes” (Seminário 3, p. 231),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]
A exacerbação da sincronia significante é limitada pela operação do Nome do Pai:,[object Object],“Para que o ser humano possa estabelecer a relação mais natural, aquela do macho com a fêmea, é preciso que intervenha um terceiro, que seja a imagem de alguma coisa de bem-sucedido, o modelo de uma harmonia. Não é demais dizer  -  é preciso aí uma lei, uma cadeia, uma ordem simbólica, a intervenção da ordem da palavra, isto é, do pai. Não o pai natural, mas do que se chama pai. A ordem que impede a colisão e o rebentar da situação no conjunto está fundada na existência desse nome do pai.” (Seminário 3, p. 114, cf. p. 354, 359),[object Object],ALEXANDRE SIMÕES ,[object Object],® Todos os direitos  de autor reservados.,[object Object]

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