O documento descreve o Concelho de Mafra em Portugal, destacando suas características geográficas, históricas e culturais. Mafra está localizada entre Lisboa e a Região Oeste e possui vales encaixados, costa atlântica com pequenas praias e patrimônio cultural e natural significativos, como o Palácio Nacional de Mafra e a Tapada Nacional. O documento também menciona os principais assentamentos humanos, a gastronomia local e eventos culturais do Concelho.
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
UFCD - STC6 - Modelo Urbanismo e Mobilidade
1. Mafra. é um lugar geométrico de transição entre a Área Metropolitana de
Lisboa e a Região Oeste, é um território de oportunidades abertas, com
valores próprios bem patentes na paisagem e no património cultural,
constituindo ainda, e felizmente, um caso ímpar no que respeita quer ao
património natural quer ao edificado. Concelho multifacetado nos seus
aspetos morfológicos e possuidor de extensa costa atlântica de uma beleza
singular, pontuada por pequenas praias, geralmente enquadradas por falésias
ou arribas rochosas, estende-se por uma mancha geográfica com cerca de
300 Km2, de grande complexidade orográfica, marcada por vales muito
encaixados de elevações de perfil duro e bastante declivoso, seguramente na
génese do atual modelo da ocupação humana.
O Concelho de Mafra
2. Vista aérea do centro da vila de Mafra
Do ponto de vista urbano destacam-se três núcleos principais, Mafra, Ericeira e Malveira,
polarizando todas as funções mais relevantes e definindo um eixo ou espinha dorsal,
pontuando a Norte e a Sul por uma constelação de pequenos lugares, geralmente não
ultrapassando os 500 habitantes, que constituem o esteio da atividade de cerca de metade da
sua população.
Quanto ao património natural, avulta, para além da Tapada Nacional, autêntico
ecomuseu, uma paisagem com características únicas e que, com algumas exceções, ainda
permanece intocada, casos por exemplo dos vales do Arquiteto, da Ribeira de Cheleiros e da
Carvoeira, ou de pontos da costa como S. Julião e as praias a norte da Ericeira. Relevante
ainda a fauna e a flora, em alguns casos endógena, que é possível observar.
3. Quanto ao património edificado, salienta-se a majestosa obra de dimensões quase incomparáveis: o mundialmente
conhecido Palácio Nacional, afamado por suas preciosa Biblioteca, e coleção de escultura italiana, como pelos
seus dois carrilhões e seis órgãos, conjuntos únicos em todo o mundo. De uma dimensão mais modesta, no
entanto, não desprezível, um número considerável de outros exemplos de Arquitetura religiosa podem ser
referidos: as igrejas matriz da Encarnação, Azueira, Enxara do Bispo, Milharado, Santo Estêvão das Galés, Santo
Isidoro, Gradil, S. Miguel de Alcainça, S. Pedro da Ericeira, os templos rurais da Murgeira, do Arquitecto, de S.
Julião, ou mesmo o templo medieval de Santo André, na Vila Velha de Mafra. O Forte da Ericeira, o conjunto de
fortes e fortins, que outrora constituíram parte das Linhas de Torres, são peças chave da arquitetura militar
regional. As casas de traça tradicional estão dignamente representadas no Sobral de Abelheira, exemplo típico de
aglomerado populacional rural, perfeitamente enquadrado no meio envolvente e pela Ericeira, Vila piscatória,
que mantém o núcleo original bastante preservado. São de referir ainda as inúmeras quintas, com Casas
Senhoriais, espalhadas por todo o Concelho, algumas delas, pelo seu valor arquitetónico e artístico, têm sido
objeto de tentativas de recuperação. Para muitos poderão vir a ser traçados projetos de turismo de habitação,
turismo rural e agroturismo.
4. NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A TAPADA DE MAFRA
D. João V, o “Rei Magnânimo” (1689-1750), mandou construir um Palácio-
Convento na Vila de Mafra em cumprimento da promessa que fez, caso a
Rainha lhe desse descendência.
Este grandioso monumento, construído numa época de grande prosperidade
real, em resultado da exploração de ouro e diamantes do Brasil, constitui uma
obra-prima do Barroco Português.
5. A Tapada Nacional de Mafra (TNM) compreende uma extensa área de 833 hectares,
na qual ocorrem vários substratos rochosos associados a uma evolução geológica
rica e diversificada.
A maioria das rochas expostas datam do Cretácico inferior, com uma idade entre os 130 e os 140 milhões de anos. Nesta
altura o Planeta experimentava um período de acentuado o efeito de estufa, com uma temperatura média mais elevada
que a actual em cerca de 4ºC. O nível de CO2 estimado seria cerca de 6 vezes o nível pré industrial.
O registo destas condições pala ambientais são evidenciadas nas rochas com rudistas que podemos encontrar a Sudeste
da TNM, na região de Pero Pinheiro e que foram utilizadas para na edificação do Palácio Nacional de Mafra. Estas
testemunham a existência, no Cretácico Superior, há cerca de 90 Ma, de um mar tropical, de águas pouco profundas,
limpas e quentes.
As outras evidências desta época estão marcadas com formações de arenitos, rochas sedimentares provenientes da erosão
de granitos de antigos sistemas montanhosos que terão existido em torno da actual região da TNM.
Nestas formações fluviais, denotam-se uma complexa rede de deltas, observando-se várias figuras sedimentares, leitos
argilosos de menor energia alternando com leitos de conglomerados e brechas de alta energia. Nestes, podem observar-se
balastros de 5 a 6cm de comprimento cujo transporte requereria uma velocidade da água de mais de 20 cm/s, quase
metade da velocidade média de uma caminhada de um adulto.
6. É ainda evidente na morfologia e relevo da TNM as intrusões vulcânicas; filões e 3 chaminés vulcânicas que
ocorreram no cretácico superior entre 83 a 66 Milhões de anos.
Estes episódios vulcânicos fazem parte do denominado complexo vulcânico de Lisboa (CVL) que deu origem a
diversos cones vulcânicos entre Loures, Lisboa e Mafra e ao Maciço SUB vulcânico anelar de Sintra.
As estruturas filoneanas presentes na TNM conferem um relevo distinto pela resistência do basalto à erosão
comparativamente com as rochas sedimentares envolventes.
Tendo em conta a abundância de solo e de flora não são visíveis grandes afloramentos, mas o solo proveniente
destas intrusões potencia o crescimento mais abundante de massas florestais comparativamente com solos
provenientes das rochas sedimentares.
O Ponto mais alto da Tapada Nacional de Mafra com 357m de altitude corresponde a uma das chaminés
vulcânicas tendo-se diferenciado das rochas envolventes por séculos e milénios de erosão diferencial.
7. A Real Tapada de Mafra foi criada em 1747 com o objetivo de proporcionar um adequado envolvimento ao Monumento, de
constituir um espaço de recreio venatório do Rei e da sua corte e ainda de fornecer lenha e outros produtos ao Convento.
Com uma área de 1200 hectares, a Real Tapada de Mafra era rodeada por um muro de alvenaria de pedra e cal, com uma extensão
de 21 Km.
A Tapada foi dividida em três partes separadas por dois muros construídos em 1828, estando atualmente a primeira, com 360
hectares, sob administração militar.
Desde o século XVIII até à Implantação da República, a Real Tapada de Mafra foi local privilegiado de lazer e de caça dos monarcas
portugueses, sendo contudo, nos reinados de D. Luís (1861-1899) e de D. Carlos (1899-1908) que a Tapada conheceu o seu período
áureo como parque de caça.
Com a implantação da República passou a designar-se Tapada Nacional de Mafra (TNM), sendo utilizada fundamentalmente para o
exercício da caça e para atos protocolares.
A partir de 1941 foi submetida ao regime florestal total, sob tutela da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, passando a
ser gerida numa perspetiva mais ambiental.
Em 1993 a TNM foi concessionada à Empresa Nacional de Desenvolvimento Agrícola e Cinegético (ENDAC), uma sociedade de
capital exclusivamente público na dependência do Ministério da Agricultura.
A partir de 1998 é criada uma Cooperativa de Interesse Público para aproveitamento dos recursos da TNM, com o Estado a deter
posição maioritária no seu capital social, em parceria com a Câmara Municipal de Mafra e entidades privadas.
9. De citar ainda a gastronomia, cujo impacto turístico é cada vez maior: o Artesanato, extremamente desenvolvido
principalmente no que concerne à olaria; os grupos folclóricos, alguns dos quais tiveram a coragem de encetar trabalho sério
de recolha etnográfica; as procissõas, Festas e Romarias que animam o Município Mafrense, sendo de destacar as
Procissões da Quaresma (Mafra), os festejos de Nossa Senhora da Nazaré, cujo círio percorre grande parte das suas
freguesias, a Romaria da Serra do Socorro (Enxara do Bispo), as Festas da Senhora da Boa Viagem (Ericeira), entre outras. É
ainda necessário fazer jus ao famoso mercado da Malveira, visitado todas as quintas feiras por multidão de comerciantes e
curiosos oriundos de um aro bastante alargado, bem como a antiquíssima feira dos Alhos, na Vila de Mafra, no terceiro
Domingo de Julho.
Em termos arqueológicos, Mafra é um repositório do passado longínquo. O Penedo do Lexim e a Tholas da Tituaria são
casos significativos de arqueossítios, embora muitos outos, de idêntica importância, aguardem estudos mais aturados por
parte dos especialistas. Também no que respeita à Arqueologia Industrial o concelho é campo fértil, com os seus moinhos de
vento e azenhas, estruturas típicas de produção rural.
No Concelho de Mafra existem dois Museus de cariz regional, o Centro de Estudos Históricos e Etnográficos
Professor Raúl de Almeida e o Arquivo-Museu da Ericeira, ambos albergando peças de valor inestimável e constituindo
espaços de reconstituição histórica e etnográfica.
10. O Concelho de Mafra abrange 17 Freguesias:
Azueira
28. A importância da caça na Tapada remonta à sua fundação em 1747.
Pelo facto de ser uma área florestal de fortes potencialidades cinegéticas, a realeza encontrou neste
espaço um local especialmente vocacionado para a caça e o lazer, conferindo-lhe um cunho próprio de
nobreza que ainda hoje é preservado e continuado.
A prática da caça está ligada à natureza humana desde os tempos pré-históricos, evoluindo de uma
atividade indispensável à sobrevivência humana, ou de complementaridade alimentar, para uma
atividade de recreio e lazer associada ao gosto do contacto com a natureza e à gestão das espécies
animais.
Sendo hoje uma atividade de significativa importância económica e socialmente popularizada, tempos
houve em que estava reservada às classes sociais privilegiadas – aristocracia e realeza, que dispunham
de extensas áreas de tapadas e coutos de caça para seu uso exclusivo.
29. A caça assumia então um simbolismo de poder, por um lado, e de lazer por outro, constituindo essa
prática de vencer animais, fisicamente mais poderosos, uma forma de preparação física para as
contendas militares.
Na época de D. João V, monarca que construiu o Convento e criou a Tapada de Mafra, deu-se um
grande incremento no fabrico nacional de armas de fogo e armas de caça, que teve continuidade no
reinado do seu filho D. José I.
À medida que as armas de caça se tornavam distintas das armas de guerra, tornaram-se objetos de
ostentação, espelhando o poder económico e o gosto do seu possuidor.
Mafra, pela sua proximidade à Corte em Lisboa, constituiu, a par de Salvaterra de Magos, área
privilegiada de caça dos reis e rainhas da Casa de Bragança, nomeadamente D. João V e D. José I,
assim como D. Maria I e D. João VI, D. Pedro II, D. Fernando, D. Luís e D Carlos.
A tradição era caçar de batida ou de montaria, com o tiro feito a curtas distâncias sobre a caça em
movimento.
30. Listar os recursos aqui
D. Luís I, que reinou 28 anos, manifestou interesse pela natureza e pela caça, muito para
além do seu aspeto lúdico e transmitiu também ao seu filho, o futuro Rei D. Carlos I, as
bases que vieram a resultar na sua figura de notável naturalista, oceanógrafo, caçador e
fotógrafo, registando frequentemente os eventos cinegéticos em que participava.
D. Carlos foi considerado um grande caçador, não tanto pelo número de animais abatidos
ou pelo tempo dedicado à caça, mas sobretudo pela sua atitude perante o caçar, pela forma
como integrava a caça noutros saberes e outros saberes na caça.
Sobressaiu também, no meio cultural da época, como notável pintor, transpondo para a tela
as emoções colhidas no seu contacto com os campos e com os mares.
D. Carlos foi ainda um frequentador assíduo e entusiasta da Tapada de Mafra, gosto
partilhado pela sua mulher Rainha D. Amélia, ficando na história da Tapada como a sua
figura mais emblemática.