A Filosofia Moderna se desenvolveu através do Racionalismo de Descartes, que viu a verdade no pensamento do sujeito, e do Empirismo de Bacon, Locke e Hume, que acreditavam que todo conhecimento vem da experiência. Kant criticou essas visões e propôs que a razão do sujeito estrutura como percebemos o mundo.
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Ficha 3 ano filosofia
1. Filosofia Moderna
A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou no Racionalismo (René Descartes) e no Empirismo (Francis
Bacon, John Locke, David Hume) e preparou, de certa forma, o caminho para o Criticismo Kantiano. Veja um pouco
de cada uma dessas correntes.
Em Descartes, a ideia de sujeito é o mesmo que: substância pensante, descobrindo com isso a posição do cogito
(do pensamento), definindo-o como substância do sujeito, (metafísica da subjetividade). Para ele, a verdade está
no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si. O conhecimento está na consciência do sujeito pensante
enquanto representação e/ou adequação entre a “coisa” (o mundo) e o pensamento (o cogito).
A substancialização do sujeito, em Descartes, reduz o corpo a uma extensão física e que não contribui positivamente
na busca da verdade. A garantia da existência das coisas, do mundo, nos é dada pela substância pensante que se
reconhece através dos seus modos e de suas ações como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, os modos
de vida do indivíduo ou a sua ética. A subjetividade é constituída justamente em sua autonomia para com o mundo
pelo processo de afirmação da consciência, do pensamento.
A modernidade se consolida a partir de Descartes, acentuando suas bases no poder da razão caracterizando o
sujeito moderno cartesiano, fundador do conhecimento, já que a verdade se encontra no interior de si mesmo
enquanto certeza da consciência de si. O sujeito pensante é, então, um sujeito individual.
O importante em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na constituição da subjetividade (do
pensamento, da consciência) entre o pensar e a realidade corpórea. Sendo assim, ele surge na modernidade como
o filósofo criador do sujeito individual, totalmente separado do mundo das coisas.
John Locke, David Hume e Francis Bacon foram os primeiros empiristas e fundadores da ciência moderna, viam a
mente como uma tábula rasa, e que o conhecimento vem de nossos sentidos e experiências (MYERS, 2004).
Francis Bacon, influenciado pelo contexto histórico político da Inglaterra - cuja ciência do momento era focada na
experiência, observações e julgamentos do senso comum - começou a questionar a mente humana e as suas falhas,
afirmando que "o entendimento humano, de sua natureza peculiar facilmente supõe um maior grau de ordem e
igualdade nas coisas do que realmente encontra" (MYERS, 2004).
Locke compara as mentes a uma lousa em branco, ou tabula rasa. Em vez de ser o conhecimento inato, Locke
escreve "todo o conhecimento baseia-se e, finalmente, deriva-se de sentido, ou algo análogo a ele, que pode ser
chamado de sensação" (CRANSTON, 1957).
Hume considera que de um lado há o conhecimento obtido pela aplicação do raciocínio, pela construção de relações
lógicas e de outro, há o conhecimento das questões de fato, que busca expressar conexões e relações descrevendo
ou explicando fenômenos concretos. Ele acredita que o conhecimento tem por fundamento princípios da mente:
impressões, ideias, imaginação, hábito e crença. A experiência seria assim, uma apreensão da realidade externa
através dos sentidos que forma a base necessária de todo conhecimento.
Para Kant e o Iluminismo Criticista, o sujeito seria constituído de uma estrutura racional dotada de formas a priori
da sensibilidade, do entendimento e da razão que indicaria aquilo que o homem poderia ou não conhecer, existindo
duas formas da sensibilidade responsáveis por ordenar as sensações ou impressões no sujeito: espaço e tempo.
Ele critica na tradição da filosofia é a iniciativa dos filósofos em colocar a realidade objetiva como prioridade sem se
perguntarem pela natureza da própria razão.