O documento resume os principais pontos da História da Filosofia, dividindo-a em quatro períodos: Filosofia Grega ou Antiga, Filosofia Medieval, Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea. Também discute o surgimento da filosofia a partir do mito na Grécia Antiga e o símbolo da coruja de Minerva para a filosofia.
2. HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Não é apenas um relato histórico, mas as transformações do
pensamento humano ocidental, ou seja, o percurso do
pensamento ocidental; o modo pelo qual essa forma de pensar
influenciou a realidade e, ao mesmo tempo, foi resultado dessa
realidade histórica.
A História da Filosofia pode ser estuda a partir de quatro períodos:
1. Filosofia Grega ou Antiga
2. Filosofia Medieval: Cristã
3. Filosofia Moderna
4. Filosofia Contemporânea
3. ATENA E A AVE DE MINERVA
Atena é a deusa grega da sabedoria e da justiça, entre outras
virtudes que lhe eram atribuídas.
A coruja, sua ave predileta, com frequência a acompanha nas
representações que os artistas dão à sua imagem. Mais
conhecida como coruja de Minerva – nome latino da deusa
Atena - , tornou-se símbolo da Filosofia, por ser Atena a deusa da
razão.
São inúmeras interpretações em torno desse símbolo.
A coruja é uma ave noturna sempre alerta; de visão aguda, é
capaz de enxergar no escuro, além de girar quase que
completamente a cabeça, o que lhe permite olhar por todos os
ângulos.
4. GEORGE W. FRIEDRICH HEGEL
O Filósofo alemão Hegel faz a aproximação entre a Filosofia e a ave de
Minerva:
[...] a filosofia [...] como pensamento do mundo, só aparece quando a
realidade efetuou e completou o processo da sua formulação.[...] é na
maturidade dos seres que o ideal se ergue em face do real [...]. Quando
a filosofia chega com a sua luz crepuscular a um mundo já a anoitecer, é
quando uma manifestação de vida está prestes a findar. [...] Quando as
sombras da noite começaram a cair é que levanta voo o pássaro de
Minerva.
HEGEL, Georg W, Friedrich. Prefácio. Princípios da filosofia do direito.
São Paulo: Martins Fontes, 1997.
5. Ao afirmar que, como a coruja, a filosofia alça voo ao entardecer,
Hegel está argumentando que o trabalho filosófico se inicia após o
trabalho do dia, ou seja, depois dos fatos decorridos, o que mostra que
a reflexão filosófica se apoia na realidade vivida.
6. 1. A CONSCIÊNCIA MÍTICA
O mito é a forma mais antiga da crença, por meio da qual os povos se
relacionam com o sobrenatural.
De modo geral, o mito está completamente influenciado por desejo
humano de afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante
do desconhecido, do perigo e da morte.
Podemos dizer que o mito vivido é uma “verdade”. Não na
concepção atual do que é a verdade, mas como relato que não
necessita de comprovações, porque o critério de adesão ao mito é a
crença, a fé.
Mito: Do grego mythos, significa “palavra expressa”, “narrativa”. A
consciência mítica é predominante em culturas de tradição oral, que
transmitem o conhecimento verbalmente.
7. 2. O MITO HOJE
A passagem da consciência mítica para a filosofia deveu-se a um
longo processo de transformações políticas, sociais e econômicas que
culminaram no aparecimento dos primeiros sábios gregos no século VI
a.C..
Perguntamos: Nos dias atuais, o desenvolvimento do pensamento
reflexivo teria decretado a morte da consciência mítica?
Apesar de estar presente nos contos populares, no folclore, na literatura,
nas artes em geral e em várias expressões da vida diária, hoje, porém, os
mitos não predominam nem emergem com a mesma força das
sociedades antigas ou tradicionais, porque o exercício da crítica racional
nos permite legitimá-los ou rejeitá-los quando nos desumanizam.
8. 3. A FILOSOFIA NASCEU NO OCIDENTE
Onde quer que a filosofia surja, ela se opõe ao mito. Não para
destruí-lo, mas no sentido de caminhar em outra direção, com base
em pressupostos diferentes. Na nova racionalidade, o pensamento e
a ação não possuem o caráter de sobrenaturalidade que
caracteriza o mito.
O pensamento filosófico surgiu na Grécia, no século VI a.C., mais
propriamente nas colônias gregas, com os primeiros pensadores:
Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e Heráclito de Éfeso. Embora seja
reconhecida a importância de outros sábios que viveram no Oriente
durante o mesmo período, suas doutrinas ainda não eram
propriamente filosóficas.
9. 4. UMA NOVA ORDEM HUMANA
No período arcaico (do século VIII ao VI a.C.), a Grécia passou
por transformações muito específicas nas relações sociais e
políticas, proporcionando a lenta passagem do mito para a
reflexão filosófica.
Segundo o estudioso francês Jean-Pierre Vernant, a nova visão do
mundo e do indivíduo resultou de inúmeros fatores, alguns deles:
A redescoberta da escrita (desvinculação do sagrado).
A moeda (noção abstrata de valor que estabelece a medida
entre valores diferentes).
10. A lei escrita (a norma se tornava comum a todos e sujeita a
modificações).
O cidadão da pólis (o nascimento da pólis, cidade-Estado grega,
foi um acontecimento decisivo, pois expressar-se em praça
pública – ágora, por meio do debate fez nascer a política).
A consolidação da democracia (os cidadãos livres, fossem ricos
ou pobres, tinham acesso à assembleia).
11. 5. PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA
5.1 – FILOSOFIA ANTIGA:
Corresponde a um longo período que começou por volta do século
VI a.C. e se estendeu até o século III d.C. Os primeiros filósofos foram
chamados pré-socráticos devido a uma classificação posterior da
filosofia antiga que tinha como referência a figura de Sócrates.
Perdeu-se grande parte das obras dos primeiros filósofos, restando-nos
apenas fragmentos e comentários feitos pelos filósofos posteriores, que
constituem a doxografia (opinião da escrita).
O centro de suas investigações era a natureza, por isso são
conhecidos como filósofos da physis (“mundo físico”, “natureza”).
12. Os filósofos em vez de explicar a ordem cósmica pela
interferência divina, buscavam respostas por si mesmos, por meio
da razão, da explicação argumentativa.
A palavra razão: tem origem na palavra latina, “ratio” e na
palavra grega “logos”, que significam reunir, juntar, medir,
calcular, portanto, razão significa pensar, falar ordenadamente,
com medida, com clareza e de modo compreensível.
A principal indagação dos filósofos pré-socráticos era o
“movimento”. Para os gregos, o conceito de movimento tem um
sentido bem amplo, podendo significar mudança de lugar,
aumento ou diminuição, qualquer alteração substancial quando
uma coisa é gerada ou se deteriora.
14. 5.2 – FILOSOFIA MEDIEVAL:
Podemos chamar de Filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu
na Europa durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este
período foi marcado por grande influência da Igreja Católica nas
diversas áreas do conhecimento, os temas religiosos predominaram no
campo filosófico.
Características e principais questões debatidas e analisadas pelos
filósofos medievais:
- Relação entre razão e fé;
- Existência e natureza de Deus;
- Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;
- Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.
15. Período da queda do Império Romano e o início do Renascimento.
Foram desenvolvidas duas correntes filosóficas distintas: A filosofia
patrística e a escolástica, ambas possuíam concepções religiosas,
porém com diferentes abordagens.
- FILOSOFIA PATRÍSTICA (SÉC. I ao VII):
A Patrística é considerada a primeira fase da filosofia medieval. Sua
principal característica era a expansão do Cristianismo na Europa e o
combate aos hereges. Por isso, essa doutrina filosófica foi representada
pelo pensamento dos Padres da Igreja, que aos poucos auxiliaram na
construção da teologia cristã.
Baseada na filosofia grega, os filósofos desse período tinham como
objetivo central compreender a relação entre a fé divina e o
racionalismo científico. Ou seja, eles buscavam a racionalização da fé
cristã.
16. Portanto, os principais temas explorados por eles estavam ancorados nas
vertentes do maniqueísmo, ceticismo e neoplatonismo. São eles: criação
do mundo; ressurreição e encarnação; corpo e alma; pecados; livre
arbítrio; predestinação divina.
Muitos pensadores deste período defendiam que a fé não deveria ficar
subordinada a razão.
Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo
Agostinho de Hipona (354 – 430) buscou a razão para justificar as crenças.
Foi ele quem desenvolveu a ideia da interioridade, ou seja, o homem é
dotado da consciência moral e do livre arbítrio.
17. - FILOSOFIA ESCOLÁSTICA (SÉC. IX ao XV):
Foi um movimento que pretendia usar os conhecimentos greco-
romanos para entender e explicar a revelação religiosa do
cristianismo. As ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles adquirem
grande importância nesta fase.
Surgiu a Teologia que foi uma ciência que buscava explicar
racionalmente a existência de Deus, da alma, do céu e inferno e as
relações entre homem, razão e fé.
Os teólogos e filósofos cristão começam a se preocupar em provar a
existência da alma humana e de Deus.
18. Para os filósofos escolásticos a Igreja possuía um importante papel
de conduzir os seres humanos à salvação.
No século XII, os conhecimentos passam a ser debatidos,
armazenados e transmitidos de forma mais eficiente com o
surgimento de várias universidades na Europa.
Principais representantes: Anselmo de Cantuária, Albertus Magnus,
São Tomás de Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham.
Principais obras filosóficas da Idade Média:
- Cidade de Deus (Santo Agostinho)
- Confissões (Santo Agostinho)
- Suma Teológica (São Tomás de Aquino).
19. – FILOSOFIA DO RENASCIMENTO OU RENASCENÇA:
são os termos usados para identificar o período da história da
europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do
século XVII, quando diversas transformações em uma
multiplicidade de áreas da vida humana assinalam o final da
Idade Média e o início da Idade Moderna.
Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura,
sociedade, economia, política e religião, caracterizando a
transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma
ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente
empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e
nas ciências.
20. 5.3 – FILOSOFIA MODERNA:
começa no século XV quando tem início o Idade Moderna. Ela
permanece até o século XVIII, com a chegada da Idade
Contemporânea.
Baseada na experimentação, a filosofia moderna vem questionar
valores relacionados com os seres humanos bem como sua relação
com a natureza.
O racionalismo e o empirismo demostram essa mudança. O primeiro
está associado a razão humana (considerada uma extensão do
poder divino), e o segundo está baseado na experiência.
21. Filósofos mais conhecidos:
- Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Considerado “Pai do Pensamento Político Moderno”, foi filósofo e
político italiano do período do Renascimento.
- Galileu Galilei (1564-1642)
“Pai da Física e da Ciência Moderna”, Galileu foi um astrônomo,
físico e matemático italiano.
22. – FILOSOFIA DO ILUMINISMO, ILUSTRAÇÃO OU SÉCULO DA LUZES (SÉC. XVII
E XVIII):
Foi uma filosofia que combatia o Antigo Regime ( Absolutismo e
Mercantilismo), e pregava a liberdade econômica, a liberdade
política e a igualdade jurídica.
Seus ideais conquistaram principalmente a burguesia e influenciaram
importantes acontecimentos como a independência dos Estados
Unidos, a Revolução Francesa, e no Brasil a Inconfidência Mineira e a
Conjuração dos Alfaiates.
23. 5.4 – FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA:
É aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII, que tem
como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto,
os séculos XVIII, XIX e XX.
Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo
gerado pela Revolução Industrial Inglesa, que tem início em
meados do século XVIII.
Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao
mesmo tempo que se vislumbra o avanço tecnológico e
científico.
24. Nesse momento são realizadas diversas descobertas. Destacam-se a
eletricidade, o uso de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva,
do automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo, da fotografia, do
cinema, do rádio, etc.
As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é
disseminada em todas as sociedades do mundo.
Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e
as convicções ancoradas no progresso tecnocientífico.
Já no século XX, o panorama começa a mudar, refletido numa era de
incertezas, contradições e dúvidas geradas pelos resultados inesperados.
25. Principais Filósofos Contemporâneos:
- Friedrich Hegel (1770-1831)
Filósofo alemão, Hegel foi um dos maiores expoentes do
idealismo cultural alemão, e sua teoria ficou conhecida como
“hegeliana”.
Hegel criou um sistema chamado dialética, que é um
processo espiral sobre o conhecimento, partindo da uma ideia
base que é chamada de tese, contrariada por outra ideia,
chamada de antítese e chegando a uma conclusão
chamada de síntese, que passa a ser uma nova tese, por isso,
espiral, algo que não tem fim, mas uma evolução de ideia.
26. - Auguste Comte (1798-1857)
Na “Lei dos Três Estados” o filósofo francês aponta para a
evolução histórica e cultural da humanidade.
Ela está dividida em três estados históricos diferentes: estado
teológico e fictício, estado metafísico ou abstrato e estado
científico ou positivo.
- Karl Marx (1818-1883)
Filósofo alemão e crítico do idealismo hegeliano, Marx é um dos
principais pensadores da filosofia contemporânea.