Este documento discute a educação integral e fornece orientações para sua implementação. Ele define educação integral como aquela que visa o desenvolvimento do indivíduo em seus diversos aspectos e integra diferentes tempos, espaços e agentes no processo educativo. O documento também apresenta referências teóricas e históricas da educação integral no Brasil e discute princípios como gestão democrática, currículo transversal e articulação com a comunidade.
2. Orientações gerais para utilização do PPT
Essa apresentação poderá servir de referência para debater
o conceito da Educação Integral, tanto no nível da secretaria
e com outros órgãos, quanto nas discussões com escolas,
ONGs e outros equipamentos do estado e município
O material é apenas uma base e deverá ser adequado às
demandas de cada secretaria;
Os dados são gerais, e recomendamos que o município/
estado destaque seus dados de interesse;
O mesmo vale para experiências. Selecionamos algumas que
podem apoiar a compreensão dos temas em destaque;
É interessante ler as anotações (que ficam na parte de baixo
do PPT) em cada slide: nelas apresentaremos dicas e
orientações para apoiar a apresentação. Vale ressaltar que
as anotações não ficam disponíveis na versão em PDF;
Por fim, recomendamos a leitura dessa apresentação com a
fonte Myriad Pro. Caso o computador esteja sem a fonte, a
formatação ficará um pouco diferente da original.
3. Quais os nossos desejos?
Qualificação dos processos educativos
Estudantes (desejo)
Críticos
Autônomos
Solidários
Capazes de intervir
positivamente no mundo
em que vivem
Conscientes de seus
desejos e capazes de
executar planos para
realizá-los
Desmotivados
Baixos índices de
proficiência, mesmo
recebendo formação
predominante de
aspectos conteudistas
Conectados, mas que
não veem conexão com
a escola
Com comportamentos,
muitas vezes, agressivos
Estudantes (realidade)
Agenda da Juventude Brasil, SNJ, 2013
4. Quais os nossos desejos?
Qualificação dos processos educativos
Professores (desejo)
Engajados
Autônomos
Capazes de conectar os
conhecimentos
acadêmicos ao mundo
contemporâneo e à
realidade local
Capazes de motivar os
estudantes e apoiá-los a
desenvolverem seus
projetos de vida
Desmotivados
Baixa qualificação
Oriundos de um sistema
formativo que não
prepara para o cotidiano
da sala de aula
Desvalorizados
Muitos com dificuldade
de lidar com o
comportamento dos
estudantes
Professores (realidade)
Pesquisa Conselho de Classe, Fundação Lemann,
5. Quais os nossos desejos?
Qualificação dos processos educativos
Gestão da escola (desejo)
Democrática,
valorizando a
participação da
comunidade escolar
Capaz de mobilizar a
comunidade para um
projeto comum
Capaz de desenvolver
Projetos Pedagógicos
que efetivamente
respondam às
necessidades locais e
dos estudantes
Muitas vezes autoritária
Sem conseguir mobilizar
a comunidade escolar,
especialmente os
familiares dos
estudantes
Excessivamente presa
às ações burocráticas e
administrativas,
deixando o trabalho
pedagógico em segundo
plano
Gestão da escola
(realidade)
Observatório do PNE, Todos pela Educação
6. Educação Integral
Conceito: autores e discussões
Concepção de educação que visa o
desenvolvimento do indivíduo em seus
diversos aspectos: intelectual, afetivo,
físico, social e simbólico.
Que integra os diversos tempos,
espaços e agentes - as crianças e os
jovens, as famílias, as escolas, as
comunidades, as organizações sociais, as
empresas e os governos.
Um processo contínuo: que acontece
em todo lugar, durante toda a vida.
físico
intelectual
afetivo
social
simbólico
A educação integral NÃO é uma modalidade; é um novo paradigma
7. Educação Integral
Histórico
Na tradição escolar brasileira: expressão que surge a partir de movimentos
político-sociais. Proposta de educação comprometida com a transformação do
sistema de educação.
Constituição Federal de 1988: “É dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
(Redação da Emenda Constitucional nº 65, de 2010).
8. Educação Integral
Histórico
Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.º 9394/1996): A Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) da Educação foi aprovada em 1996 e, em sua composição, os artigos
34 e 87 dizem respeito à educação integral. O Artigo II da LDB afirma que a
educação tem como finalidade o pleno desenvolvimento do educando e
prepará-lo para exercitar sua cidadania, o que também prevê uma educação
que dialogue com os diversos setores da sociedade. Já os artigos 34 e 86
trazem como agenda que o ensino fundamental seja oferecido em tempo
integral de forma progressiva.
“Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (…) Art. 34º.§ 2º. O ensino fundamental será
ministrado progressivamente em tempo integral, a
critério dos sistemas de ensino.”
9. Educação Integral
Principais referências
Pierre-
Joseph
Proudhon
(1809-1865)
Anarquismo
Filósofo francês que defendia a auto-organização dos
trabalhadores e que estas organizações tivessem
legitimidade para possuir elas próprias os meios de
produção. Compromisso com a transformação social.
Paul Robin
(1837-1912)
Anarquismo
Professor francês que dedicou grande parte de sua vida à
realização de seu projeto de “Educação Integral” com o
Orfanato de Prévost (Cempius, na França, de 1880-1894)
com um modelo de educação cuja preocupação central era
o desenvolvimento pleno da criança.
Ele acreditava que a curiosidade da criança poderia fazer
com que ela buscasse o conhecimento por si mesma.
John Dewey
1859 – 1952
Corrente do
pragmatismo
Filósofo estadunidense que defendia a democracia e a
liberdade de pensamento como instrumentos para a
formação emocional e intelectual das crianças. Inspirou
teorias como o construtivismo e as bases teóricas dos
Parâmetros Curriculares Nacionais.
10. Educação Integral
Principais referências
Célestin
Freinet
1896-1966
Anarquismo
Pedagogo francês que defendia proposta de ensino
baseada na maneira de pensar da criança e de como ela
constrói o conhecimento. Para ele, aprender deveria passar
pela experiência de vida e isso só seria possível pela ação
e o professor atuaria na mediação do trabalho do aluno e
da sua realidade. Desenvolveu atividades como as aulas-
passeio e os jornais de classe.
Anísio
Teixeira
(1900-1971)
Escola Nova
Intelectual, educador e escritor brasileiro
Personagem central na história da educação no Brasil que
nas décadas de 20 e 30 difundiu os pressupostos do
movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a
ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de
julgamento, em preferência à memorização. Fundador da
Escolas-Parque, em Salvador (1950), instituição que
posteriormente inspiraria o modelo dos CIEPS, criados por
Darcy Ribeiro nos anos 80.
11. Educação Integral
Principais referências
Movimento de renovação do ensino, com início na
Europa e América do Norte, surgiu no Brasil em 1882,
pelas mãos de Rui Barbosa.
Exerceu grande influência nas mudanças promovidas no
ensino nas décadas de 20 e 30, quando o país passava
por uma série de transformações sociais, políticas e
econômicas.
Ganha impulso em 1932, com o “Manifesto dos
pioneiros de 32” com a defesa da universalização da
escola pública, laica e gratuita.
“Só existirá democracia no Brasil, no dia em que se
montar no país a máquina que prepara as democracias.
Essa máquina é a escola pública”. (Manifesto dos
Pioneiros, 1932).
Participaram intelectuais como: Anísio Teixeira, Rui
Barbosa, Fernando de Azevedo, Cecília Meireles,
Armanda Álvaro Alberto, Darcy Ribeiro, Florestan
Movimento
Escolanovista
1882 -
meados do
séc . XX, no
Brasil
12. Educação Integral
Principais referências
Educador e filósofo
Trabalho de referência na área da educação
popular (alfabetização e a conscientização política
de jovens e adultos);
Secretário municipal da Educação SP (1989 –
1993) e idealizador do MOVA.
Para ele, “todo ato de educação é um ato político.”
Autor de “Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da
Autonomia” e outras obras estruturantes para um
conceito denominado de pedagogia crítica
Sua prática didática fundamentava-se na crença
de que o educando é capaz de criar a sua própria
educação, fazendo ele próprio o seu caminho, e
não seguindo algo previamente construído
(contraposição ao que ele chamava de educação
bancária, tecnicista e alienante).
Paulo Freire
(1921-1997)
Pedagogia Crítica
13. Educação Integral
Panorama nacional: PNE
Fontes: Observatório do PNE (março de
2014)/ Datafolha e FIS, 2013
PNE
Em 2024, metas:
50% de escolas públicas com matrículas em
educação integral
25% das matrículas em educação integral
E, mais ainda: é uma realidade presente
63% dos brasileiros, declararam já ter ouvido falar em
Educação Integral.
90% dos brasileiros entendem que a educação integral é
necessária para o futuro das novas gerações
14. MAS, COMO EFETIVAMENTE TRANSFORMAR NOSSA REDE?
Precisamos reorganizar a
política educacional de forma
sistêmica e integrada, ao passo
do que for possível estrutural e
financeiramente
A Educação Integral nos
convoca a uma série de
reformulações estruturantes.
15. Envolvimento de todos os segmentos com os valores e propósitos que
a embasam
A política deve ser construída colaborativamente pelos diferentes
segmentos = papeis e responsabilidades
Comunicação: contínua, objetiva e adequada aos diferentes segmentos
A transparência das informações e decisões deve permear todo o
processo
As escolas são responsáveis por pactuar a política com a sua
comunidade
COMUNICAÇÃO E ALIANÇAS
16. Os territórios têm inúmeras oportunidades educativas = história e
saberes
Aprendizagem = diversidade de oportunidades para além do ambiente
escolar
A articulação das oportunidades educativas deve ser programática
(intencionalidade e desenvolvimento integral) e, portanto, políticas
públicas devem ser integradas ou formuladas
Fortalecimento do tecido associativo entre pessoas e instituições: os
tempos da EI pressupõem a articulação “escola e território”
EDUCAÇÃO NO TERRITÓRIO
17. Criação de condições para todos os espaços educativos articulados à
política de educação integral
Aspectos centrais: alimentação, cuidados pessoais, transporte,
recursos humanos, infraestrutura escolar e urbana =
desenvolvimento integral.
O acesso à cidade é direito inalienável na Educação Integral =
mobilidade como eixo fundamental
Faixa etária e Acessibilidade
Quadro de funcionários deve atender as novas demandas da EI
Os espaços das escolas devem ser abertos = livre circulação de toda
a comunidade
INFRAESTRUTURA E RECURSOS
18. Gestão integrada do programa: diferentes secretarias de governo
A gestão intersetorial = trabalho em rede capaz de desenvolver o
planejamento, monitoramento e avaliação do programa, inclusive no
financiamento
Integração de serviços e atores locais = redes com vistas ao
desenvolvimento integral das pessoas
Mecanismos permanentes de participação da sociedade com o
objetivo de validação e legitimação das ações do programa
O programa deve envolver diversos setores da sociedade, tais como:
universidades, iniciativa privada, coletivos, movimentos sociais.
GESTÃO INTERSETORIAL
19. Processos de tomada de decisão participativos e
transparentes
Participação ativa das famílias e comunidades
Processo educativo centrado no estudante
Integração com o território
Oportunidades educativas diversificadas e integradas ao
currículo - novos tempos, espaços, modos, saberes
GESTÃO DA ESCOLA
20. Superação da lógica de turno e contraturno
Perspectiva transversal do conhecimento = desenvolvimento integral
Contextualizado e pertinente (autonomia da escola)
Diferenças integradas na perspectiva da garantia da equidade e do respeito
aos Direitos Humanos
Articulação intersetorial e participativa na perspectiva da aprendizagem
Valorizar o conhecimento do educando e das comunidades locais
Relevância das oportunidades educativas na perspectiva dos valores
sociais e das habilidades e competências = participação ativa na sociedade
contemporânea
Elementos curriculares: áreas do conhecimento + organização da
escola, agentes envolvidos, práticas pedagógicas e formas de
avaliação
CURRÍCULO TRANSVERSAL
21. Desenvolvimento integral = rede diversificada de agentes
educativos envolvendo escolas e comunidades
Reconhecimento e incorporação dos saberes comunitários ao
currículo escolar , incorporando novas formas e linguagens
Professores como o articuladores entre os saberes acadêmicos e os
comunitários
Educadores devem trabalhar em rede, ancorados pelo PPP da
escola – considerando todos os profissionais da escola como parte
da Rede de Educadores
Necessidade de profissional responsável por operar a articulação
escola-território
REDE DE EDUCADORES
22. Todos os agentes envolvidos no programa devem ter acesso a
oportunidades formativas (áreas diferentes – integralidade do
desenvolvimento)
Formação deve ser contínua e em serviço, considerando os espaços
de planejamento coletivo
Aspectos pedagógicos e de gestão de forma interdependente
O processo de avaliação e monitoramento é parte do processo
formativo
Princípios da EI; novas formas de ensinar e aprender, partindo do
repertório dos educadores em formação e em diálogo com a
realidade local
FORMAÇÃO CONTINUADA
23. Avaliação é processo formativo
Avaliar a EI: qualidade dos processos de ensino-aprendizagem, como
também da gestão do programa, da escola e da formação de
educadores
Contemplar os diferentes aspectos do desenvolvimento integral do
estudante
Precisa considerar tanto os processos quanto os resultados:
diagnóstica, contínua e processual, integrante do currículo escolar e
dos mecanismos de gestão do programa
A avaliação da aprendizagem deve servir para revisão dos métodos,
as estratégias e abordagens utilizados pelo professor: está a serviço
da formação do educando e não o inverso
AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
24. Educação Integral
Principais programas
Programa Mais Educação
Ano de criação: 2007
Área de Abrangência: Brasil
Portaria Interministerial nº 17/2007
Ampliação da jornada escolar e reorganização curricular
Processo pedagógico que conecta áreas do saber à
cidadania, ao meio ambiente, direitos humanos, cultura,
artes, saúde e educação econômica
Considerado uma agenda indutora de uma política de
Educação Integral no país
Aumenta a oferta educativa nas escolas públicas por meio
de atividades optativas que foram agrupadas em
macrocampos (Ex. acompanhamento pedagógico e
Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital e
Tecnológica.)
Presente em 60 mil escolas, atendendo 4,4 milhões de
crianças e jovens com matrículas em tempo integral
25. Evolução do programa Mais Educação
Agenda indutora da educação integral
• 65% deles não pensavam ações de
educação integral antes do Mais
Educação
• 84,5% dos territórios onde a
implementação do programa gerou uma
nova demanda e influenciou o
atendimento voltado para a integralidade
dos indivíduos
• 87,6% dos estados e municípios afirmam
ter incluído as diretrizes do Mais
Educação no seu planejamento de
gestão
Teia UFMG, 2014
54
4836
1 2
Municípios
2008 2013
26. Educação Integral
Principais programas
Cada experiência é sempre única e sempre deve dialogar com as
características e necessidades do território. Contudo, estas e outras
experiências reúnem algumas perspectivas em comum:
Integração
escola-
comunidade
Extensão da
jornada escolar
Gestão escolar
participativa
Formação de
todos os
envolvidos no
programa
Qualificação dos
espaços públicos para
fins educacionais
Centralidade do
estudante
Acesse a pesquisa na íntegra: http://fundacaolemann.org.br/novidades/a-visao-dos-professores-sobre-a-educacao-no-brasil
Vale conferir o site todo, mas nos baseamos nos textos da meta 19: http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/19-gestao-democratica
Começamos a apresentação discutindo o conceito geral de educação integral. Neste slide, vale pontuar o entendimento da rede sobre o tema e a diferenciação entre educação integral e educação em tempo integral
Os próximos slides trarão os princípios orientadores do Educação Integral na Prática. A ideia é que esses dados e conceitos sejam adaptados ao conceito da rede.
O programa de EI pode contribuir com a formação inicial dos professores ao aproximar as escolas das universidades
Produto de trabalho do professor não é a aula, é a aprendizagem do educando
Mais informações ficam disponíveis no site do Ministério: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=16690&Itemid=1115
Este slide mostra dados de evolução do programa. Acesse mais dados neste site: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21094 e na reportagem: http://educacaointegral.org.br/noticias/seminario-internacional-de-educacao-integral-pesquisadores-apresentam-pesquisa-sobre-mais-educacao/
Cada experiência se deu de uma forma, mas todas reúnem alguns pontos em comum. Além das apresentadas, recomendamos acessar a seção experiências do Centro de Referências em Educação Integral, que detalha programas de diferentes regiões do país: http://educacaointegral.org.br/experiencias/