Educação inclusiva

Almeida Emilene Santos
Almeida Emilene SantosPrefeitura Municipal de Barra de São Miguel
Educação inclusiva
 UMA INTRODUÇÃO 
 Uma educação de qualidade para todos contende-se, entre 
outros fatores, a atribuição de novas dimensões da escola 
no que consiste não somente na aceitação, como também 
na valorização das diferenças, resgatando os valores 
culturais e o respeito do aprender e construir, conforme 
define a Declaração de Salamanca (1994 p. 8-9): 
 [...] as crianças e jovens com necessidades educativas 
especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a 
elas devem se adequar [...] elas constituem os meios mais 
capazes para combater as atitudes discriminatórias, 
construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a 
educação para todos.
 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 Para SASSAKI (1997, p. 41) inclusão é: 
 Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas 
sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se 
preparam para assumir seus papéis na sociedade. (...) Incluir é trocar, entender, 
respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou 
para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da 
colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder 
decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. 
 Para FERREIRA (2005, p. 44) a inclusão envolve: 
 [...] uma filosofia que valoriza diversidade de força, habilidades e necessidades 
[do ser humano] como natural e desejável, trazendo para cada comunidade a 
oportunidade de responder de forma que conduza à aprendizagem e do 
crescimento da comunidade como um todo, e dando a cada membro desta 
comunidade um papel de valor.
 Nota-se que a materialização da escola 
verdadeiramente inclusiva trabalha 
baseando-se na defesa de princípios e 
valores éticos, na projeção dos ideais de 
cidadania e justiça, nivelada a uma proposta 
que visa à promoção de práticas pedagógicas 
contemplando o aluno, individualmente, em 
sua maneira peculiar durante o processo de 
aprendizagem e envolvendo, com 
compromisso e empenho, a comunidade 
escolar.
 Conceitua-se educação inclusiva através da 
interação, socialização e a própria construção do 
conhecimento. O cenário educacional deverá 
propiciar tais momentos, conforme explicita 
MITLER (2003, p. 25): 
 No campo da educação, a inclusão envolve um 
processo de reforma e de reestruturação das 
escolas como um todo, com o objetivo de 
assegurar que todos os alunos possam ter acesso 
a todas as gamas de oportunidades educacionais 
e sociais oferecidas pela escola.
 A inclusão é um processo dinâmico e gradual, 
esta se resume em “cooperação/solidariedade, 
respeito às diferenças, comunidade, valorização 
das diferenças, melhora para todos, pesquisa 
reflexiva” (SANCHEZ, 2005, p. 17). 
O educador é o mediador e responsável pela 
construção do conhecimento, interação e 
socialização do aluno com NEE, sendo a inclusão 
considerada uma tentativa de reedificar esse 
público, analisando desde os casos mais 
complexos aos mais singelos, pois uma educação 
de qualidade é direito de todos.
BREVE ANÁLISE HISTÓRICA E 
AVANÇOS DA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA NO BRASIL
Analisando o período histórico da educação inclusiva no 
Brasil, nos séculos XVII e XVIII, é possível notar que se 
evidenciam teorias e práticas sociais de discriminação, 
promovendo infinitas situações de exclusão. Essa época 
foi caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo 
deficiente: a família, a escola e a sociedade em geral 
condenavam esse público de uma forma extremamente 
preconceituosa, de modo a excluí-los do estado social. 
Os deficientes mentais eram internados em orfanatos, 
manicômios, prisões dentre outros tipos de instituições 
que os tratavam como doentes anormais, “[...] na 
antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e 
sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal 
constituídas, débeis, anormais ou deformadas” (BRASIL, 
2001, p.25).
 Em meados do século XIX encontra-se a fase de 
institucionalização especializada: aqueles indivíduos que 
apresentavam deficiência eram segregados nas residências, 
proporcionando uma “educação” fora das escolas, “protegendo” 
o deficiente da sociedade, sem que esta tivesse que suportar o 
seu contato. 
 A partir do século XX, gradativamente, alguns cidadãos 
começam a valorizar o público deficiente e emerge a nível 
mundial através de movimentos sociais de luta contra a 
discriminação em defesa de uma sociedade inclusiva. Nesse 
período histórico corroboram as críticas sobre as práticas de 
ensino da época, conduzindo também questionamentos dos 
modelos análogos do ensino aprendizagem, gerando exclusão 
no cenário educacional.
 Conforme esclarece JANNUZZI ( 2004, p. 34): 
 “A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em 
associações de pessoas preocupadas com o problema da 
deficiência: a esfera governamental prossegue a desencadear 
algumas ações visando à peculiaridade desse alunado, criando 
escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades 
filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas, há 
surgimento de formas diferenciadas de atendimento em clínicas, 
institutos psicopedagógicos e outros de reabilitação.” 
 13. Nesse contexto, ao final do século XX, movimentos sociais, 
políticos e educacionais, estudiosos, associações e conferências 
propõem aprofundar as discussões, problematizando os 
aspectos acerca do público susodito, resultando em reflexões 
diante das práticas educacionais.
 A Declaração de Salamanca (1994, p. 6) 
caracteriza a inserção dos indivíduos que 
possuem NEE com uma política de justiça social, 
conforme explicita: 
 [...] as escolas se devem ajustar a todas as 
crianças, independentemente das suas condições 
físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste 
conceito, terão de incluir-se crianças com 
deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou 
crianças que trabalham, crianças de populações 
remotas ou nómadas, crianças de minorias 
linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de 
áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.
 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96) 
estabelece o direito de todos a educação, sendo o dever 
do Estado e da família promove-la, conforme enfatiza o 
Art. 2º sobre os princípios da educação nacional: 
 Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada 
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do 
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho.
 Os principais documentos legais, 
relacionados aos direitos das pessoas com 
NEE, tais como a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional de 1996 e a Declaração de 
Salamanca (1994) abordam algumas 
particularidades referentes à inclusão social e 
escolar desse público. Segundo determina a 
LDB 9.394/96:
 Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta 
Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais. 
 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, 
na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de 
educação especial. 
 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou 
serviços especializados, sempre que, em função das condições 
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas 
classes comuns de ensino regular. 
 § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do 
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a 
educação infantil.
 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com 
necessidades especiais: 
 I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização 
específicos, para atender às suas necessidades; 
 II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível 
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas 
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar 
para os superdotados; 
 III - professores com especialização adequada em nível médio ou 
superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino 
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; 
 IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na 
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não 
revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante 
articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que 
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou 
psicomotora; 
 V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares 
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
 Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de 
ensino estabelecerão critérios de caracterização 
das instituições privadas sem fins lucrativos, 
especializadas e com atuação exclusiva em 
educação especial, para fins de apoio técnico e 
financeiro pelo Poder Público. 
 Parágrafo único. O Poder Público adotará como 
alternativa preferencial, a ampliação do 
atendimento aos educandos com necessidades 
especiais na própria rede pública regular de 
ensino, independentemente do apoio às 
instituições previstas neste artigo.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 A educação inclusiva é um processo em pleno 
desenvolvimento, sujeitando de reflexões e especialmente 
ações concretas para alcançar a práticas eficientes. 
 Através da pesquisa é possível reconhecer que para a 
educação inclusiva acontecer na prática, é necessária a 
qualidade, eficiência e competência dos gestores 
educacionais, bem como a disponibilidade de recursos e 
oferecimento de boa estrutura escolar pelas políticas 
públicas, pois a educação inclusiva necessita do seu 
cumprimento, acordado à qualidade que a legislação 
brasileira oferece.
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Educação inclusiva

  • 2.  UMA INTRODUÇÃO  Uma educação de qualidade para todos contende-se, entre outros fatores, a atribuição de novas dimensões da escola no que consiste não somente na aceitação, como também na valorização das diferenças, resgatando os valores culturais e o respeito do aprender e construir, conforme define a Declaração de Salamanca (1994 p. 8-9):  [...] as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar [...] elas constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos.
  • 3.  CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA  Para SASSAKI (1997, p. 41) inclusão é:  Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. (...) Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.  Para FERREIRA (2005, p. 44) a inclusão envolve:  [...] uma filosofia que valoriza diversidade de força, habilidades e necessidades [do ser humano] como natural e desejável, trazendo para cada comunidade a oportunidade de responder de forma que conduza à aprendizagem e do crescimento da comunidade como um todo, e dando a cada membro desta comunidade um papel de valor.
  • 4.  Nota-se que a materialização da escola verdadeiramente inclusiva trabalha baseando-se na defesa de princípios e valores éticos, na projeção dos ideais de cidadania e justiça, nivelada a uma proposta que visa à promoção de práticas pedagógicas contemplando o aluno, individualmente, em sua maneira peculiar durante o processo de aprendizagem e envolvendo, com compromisso e empenho, a comunidade escolar.
  • 5.  Conceitua-se educação inclusiva através da interação, socialização e a própria construção do conhecimento. O cenário educacional deverá propiciar tais momentos, conforme explicita MITLER (2003, p. 25):  No campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola.
  • 6.  A inclusão é um processo dinâmico e gradual, esta se resume em “cooperação/solidariedade, respeito às diferenças, comunidade, valorização das diferenças, melhora para todos, pesquisa reflexiva” (SANCHEZ, 2005, p. 17). O educador é o mediador e responsável pela construção do conhecimento, interação e socialização do aluno com NEE, sendo a inclusão considerada uma tentativa de reedificar esse público, analisando desde os casos mais complexos aos mais singelos, pois uma educação de qualidade é direito de todos.
  • 7. BREVE ANÁLISE HISTÓRICA E AVANÇOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
  • 8. Analisando o período histórico da educação inclusiva no Brasil, nos séculos XVII e XVIII, é possível notar que se evidenciam teorias e práticas sociais de discriminação, promovendo infinitas situações de exclusão. Essa época foi caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente: a família, a escola e a sociedade em geral condenavam esse público de uma forma extremamente preconceituosa, de modo a excluí-los do estado social. Os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicômios, prisões dentre outros tipos de instituições que os tratavam como doentes anormais, “[...] na antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas” (BRASIL, 2001, p.25).
  • 9.  Em meados do século XIX encontra-se a fase de institucionalização especializada: aqueles indivíduos que apresentavam deficiência eram segregados nas residências, proporcionando uma “educação” fora das escolas, “protegendo” o deficiente da sociedade, sem que esta tivesse que suportar o seu contato.  A partir do século XX, gradativamente, alguns cidadãos começam a valorizar o público deficiente e emerge a nível mundial através de movimentos sociais de luta contra a discriminação em defesa de uma sociedade inclusiva. Nesse período histórico corroboram as críticas sobre as práticas de ensino da época, conduzindo também questionamentos dos modelos análogos do ensino aprendizagem, gerando exclusão no cenário educacional.
  • 10.  Conforme esclarece JANNUZZI ( 2004, p. 34):  “A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em associações de pessoas preocupadas com o problema da deficiência: a esfera governamental prossegue a desencadear algumas ações visando à peculiaridade desse alunado, criando escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas, há surgimento de formas diferenciadas de atendimento em clínicas, institutos psicopedagógicos e outros de reabilitação.”  13. Nesse contexto, ao final do século XX, movimentos sociais, políticos e educacionais, estudiosos, associações e conferências propõem aprofundar as discussões, problematizando os aspectos acerca do público susodito, resultando em reflexões diante das práticas educacionais.
  • 11.  A Declaração de Salamanca (1994, p. 6) caracteriza a inserção dos indivíduos que possuem NEE com uma política de justiça social, conforme explicita:  [...] as escolas se devem ajustar a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito, terão de incluir-se crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.
  • 12.  EDUCAÇÃO INCLUSIVA E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA  A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96) estabelece o direito de todos a educação, sendo o dever do Estado e da família promove-la, conforme enfatiza o Art. 2º sobre os princípios da educação nacional:  Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
  • 13.  Os principais documentos legais, relacionados aos direitos das pessoas com NEE, tais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e a Declaração de Salamanca (1994) abordam algumas particularidades referentes à inclusão social e escolar desse público. Segundo determina a LDB 9.394/96:
  • 14.  Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.  1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.  2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.  § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
  • 15.  Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:  I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;  II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;  III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;  IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;  V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
  • 16.  Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.  Parágrafo único. O Poder Público adotará como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.
  • 17.  CONSIDERAÇÕES FINAIS  A educação inclusiva é um processo em pleno desenvolvimento, sujeitando de reflexões e especialmente ações concretas para alcançar a práticas eficientes.  Através da pesquisa é possível reconhecer que para a educação inclusiva acontecer na prática, é necessária a qualidade, eficiência e competência dos gestores educacionais, bem como a disponibilidade de recursos e oferecimento de boa estrutura escolar pelas políticas públicas, pois a educação inclusiva necessita do seu cumprimento, acordado à qualidade que a legislação brasileira oferece.

Notas do Editor

  1. O que significaria qualidade nesse contexto?