Este documento discute conceitos básicos sobre nematoides, incluindo sua posição taxonômica, características gerais, ecologia, ciclo de vida e como podem causar doenças em plantas. Também apresenta os principais gêneros de nematoides fitopatogênicos encontrados no Brasil.
2. ESTRUTURA
1. Conceitos sobre os nematoides
a. Posição taxonômica
b. Características gerais e anatomia
c. Ecologia e importância ecológica
d. Ciclo de vida
2. Nematoides: agentes patogênicos
a. Nematoides e doenças de plantas
b. Condições para o parasitismo de nematoides
c. Ambiente e nematoides
d. Ciclo das relações patógeno-hospedeiro e nematoides
e. Efeitos na planta e sintomatologia
3. Principais fitonematoides
a. Principais gêneros de fitonematoides com ocorrência no Brasil
b. Principais fitonematoides quarentenários no Brasil
9. Forma geral do corpo
Nematoide do grego nematis: em forma de fio
Verme tubular alongado, no geral fusiforme ou
subcilíndrico, às vezes muito fino e longo (filiforme) ou
com corpo aberrante (periforme, limoniliforme, etc).
29. Estoma: estiletes
Odontoestílico (odontoestilete):
Deriva-se de um dente e consiste de uma estrutura
caniculada com a extremidade anterior cortada em
bisel.
Estomatostílico (estomatoestilete):
Possuem três partes: uma parte anterior cônica, uma
haste cilíndrica que termina em trê nódulos basais e
músculos basais que permitem sua movimentação.
30. Estoma: estilete odontostílico
U. Zunke
Odontostilete
Odontóforo
(extensão do
estilete)
Procorpo
do esôfago
Região
basal do
esôfago
Lúmen do
esôfago
39. Esôfago
Órgão de formato e constituição muito variável.
Dorilaimoide (ordem Dorylaimida): constituído de duas
partes cilíndricas, diferenciadas em procorpo e região basal.
Tilencoide (subordem Tylenchina): formado por procorpo,
metacorpo (bulbo mediano), ístmo e região basal.
Afelencoide (subordem Aphelenchina): formado por
procorpo e metacorpo, com ístmo reduzido ou ausente e glândulas
formam um apêndice diretamente do metacorpo.
Rhabditoide (subordem Rhabditina): constituído de
procorpo, ístmo e região basal.
49. Como os nematoides podem causar
doenças em plantas?
Vetores de patógenos (vírus)
Agentes facilitadores de infecção (fungos e bactérias)
Parasitas de plantas
50. Como os nematoides podem causar
doenças em plantas?
Vetores de patógenos (vírus)
51. Como os nematoides podem causar
doenças em plantas?
Agentes facilitadores de infecção (fungos e bactérias)
Fonte: Bell (1959) apud Ferraz et al. (2010)
Meloidogyne incognita
Fusarium oxysporum
f.sp. vasinfectum
Percentual de plantas
com murcha
Ausente Ausente 0,0
Presente Ausente 1,2
Ausente Presente 2,5
Presente Presente 69,0
53. Embriogênese Eclosão Crescimento Reprodução
Baixa
umidade Interrupção Inibição Retardamento -
Alta
umidade - Inibição - -
Temperatura
baixa - Inibição
Morte ou
inibição Redução
Temperatura
alta Interrupção Inibição
Morte ou
inibição Redução
Nematoides e Ambiente
54. Nematoides e Ambiente
Flutuação populacional de juvenis de Meloidogyne javanica em vinhedos,
em Bien Donné. (Loubser e Meyer, 1987).
55. ECLOSÃO
Temperatura ótima para eclosão de algumas espécies de nematoides.
Espécies Temperatura (ºC)
Aphelenchus avenae 36
Hemcicycliophora arenaria 33
Heterodera avenae 10-18
Heterodera glycines 24
Heterodera rostochiensis 20-25
Heterodera schachtii 20-25
Heterodera trifolii 17
Meloidogyne hapla 21-25
Meloidogyne javanica 30
Tylenchulus semipenetrans 30
Fonte: Dias-Arieira et al., 2008
Nematoides e Ambiente
56. REPRODUÇÃO
Temperaturas ótimas para a ovoposição de diversos fitonematoides.
Espécie
Temperatura
ótima (oC)
Meloidogyne javanica 27 - 30
Meloidogyne hapla 20 -25
Pratylenchus brachyurus 28 - 30
Rotylenchulus parvus 28 - 30
Ditylenchus dipsaci 18 - 22
Thylenchorrynchus annulatus 28 - 30
Fonte: Ferraz, 2009
Nematoides e Ambiente
61. Sobrevivência
Adaptações fiosiológicas
QUIESCÊNCIA: Redução do metabolismo
Movimentação reduz ou cessa;
Desenviolvimento para;
Metabolismo lento, mas detectável
CRIPTOBIOSE: Cessassão do metabolismo
Adaptações físicas (morfológicas)
ANIDROBIOSE: Espiralização dos nematoides
ESTÁDIO DUERLARVAL: Manutenção da
cutícula da fase anterior (J2 J3)
SENESCÊNCIA: Processos normais no ciclo de vida
65. Número estimado de J4 de Ditylenchus dipsaci , considerando-se Tb =
14oC ; T sup = 23oC e K = 500oC. (Tenente et al., 2007).
Sobrevivência – número de gerações
66. Sobrevivência
Tempo de sobrevivência de alguns gêneros de fitonematoides no solo
Nematoide
Sobrevivência na AUSÊNCIA
de plantas hospedeiras
Mesocriconema xenoplax 2 anos
Globodera palida 10 a 15 anos
Heterodera glycines 4 a 7 anos
Meloidogyne spp. 1 a 12 meses
Pratylenchus coffeae 6 meses
Radopholus similis 9 a 14 meses
Pratylenchus brachyurus 21 meses
Tylenchulus semipenetrans 3 a 10 anos
Rotylenchulus reniformis 18 meses a 2 anos
Fonte: Adaptado de Ferraz et al. (2010)
67. Disseminação
Direta pela migração no solo ÁGUA
Indireta:
Implementos e tratos culturais
Animais
Transporte de órgãos e plantas infectadas
Água contaminada
69. Infecção
ENZIMAS Degradação da parede celular
ESTILETE Perfuração, sem ruptura da membrana
plasmática no sítio alimentar (sedentários) ou com ruptura
(migradores).
70. Colonização
Endoparasitas sedentários: penetram
no sistema radicular e não retornam ao
solo.
Endoparasitas migradores: penetram no
sistema radicular, locomovem-se e podem
retornar ao solo.
Semiendoparasitas: penetram apenas a
parte anterior do corpo no sistema
radicular.
Ectoparasitas: não penetram no sistema
radicular, mas apenas introduzem o
estilete.
71. Colonização
A) Endoparasita sedentário (Meloidogyne sp.);
B) Semiendoparasita (Tylenchulus semipenetrans);
C) Endoparasita migrador (Radopholus similis);
D) Exoparasita (Mesocriconema xenoplax);
A B C
D
Fotos: University of Maryland
73. Ação na planta
Traumática: injúrias mecânicas decorrentes do movimento
no tecido vegetal.
Espoliadora: desvio de nutrientes da planta para o
nematóide.
Tóxica: secreção de enzimas e toxinas prejudiciais à
planta.
76. Principais nematoides
Espécie Denominação Hospedeiro
Anguina tritici Nematoide das sementes Trigo
Ditylenchus dipsaci Nematoide de bulbos Alho e cebola
Heterodera glycines Nematoide de cisto da soja Soja
Meloidogyne spp. Nematoide de galhas Diversas culturas
Mesocriconema xenoplax Nematoide anelado Pessegueiro
Scutellonema bradys Nematoide da casca preta Inhame
Rotylenchulus reniformis Nematoide reniforme Algodão e soja
Pratylenchus spp. Nematoide das lesões Diversas culturas
Tylenchulus semipenetrans Nematoide dos citros Citros
Radopholus similis Nematoide cavernícola Bananeira
Aphelenchoides besseyi Nematoide da ponta branca Arroz
Bursaphelenchus cocophilus Nematoide do anel vermelho Coqueiro
Fonte: Adaptado de Ferraz et al. (2010)
Principais nematoides fitoparasitas, no Brasil.
77. Meloidogyne sp.
(Nematoide de galhas)
Parasitam uma ampla variedade de plantas, como tomate,
pimentão, berinjela, tabaco, soja, erva-mate, olivas, café, milho,
batata, cana-de-açúcar, cenoura e algodão.
Endoparasita sedentário
Acentuado dimorfismo sexual
Ciclo: 30- 45 dias
Principais espécies no Brasil: M. incognita, M. javanica, M.
paranaensis, M. coffeicola, M. hapla, M. arenaria, M. exigua, M.
enterolobii.
89. Heterodera glycines
(NCS – Nematoide de cisto da soja)
Parasitam principalmente a cultura da soja.
Endoparasita sedentário
Ciclo: 21-25 dias
Ampla gama de plantas daninhas hospedeiras
Pode parasitar feijoeiro e ervilha
99. Sincício x Cenócito
Meloidogyne sp. Heterodera glycines
Plasmodesmas com células do floema
Invaginações da PC próximas ao xilema
Fonte: Rodiuc et al., 2014
102. Pratylenchus sp.
(Nematoide das lesões radiculares)
Polífagos, principalmente gramíneas (arroz, trigo,
cana-de-açúcar, milho e forrageiras), algodão, soja, café,
citros, fumo, batata, algumas olerícolas, ornamentais,
essências florestais e sobrevive em diversas plantas
daninhas.
Endoparasita migrador
Principais espécies: P. brachyurus, P. zeae, P. jaehni,
P. coffeae
Distribuição P. brachyurus no Brasil: 96% no MT
118. Radopholus similis
(Nematoide cavernícola)
Parasita principalmente bananeira
Relatado como causador de danos em citros, chá,
coqueiro, etc.
Endoparasita migrador
Ciclo: 20-25 dias (banana) e 18-20 dias (citros)
123. Nematoides emergentes
Tubixaba tuxaua
• Ordem Dorylaimida
Família Aporcelaimidae
• Inicialmente encontrada no oeste do Paraná.
• Atualmente: Tocantins, Mato Grosso, Piauí e Maranhão
• Ectoparasito migrador
• Hospedeiros: diversas culturas, incluindo milho, soja, trigo e
mandioca e adubos verdes: mucuna preta, mucuna anã,
crotalária e feijão de porco
• Comprimento 11,3 mm (de 10,7 - 12,8 mm)
127. Nematoides emergentes
Aphelenchoides sp.
• Em laboratório: 1 nematoide = 250 após 30 dias
• Principal alimento = fungos
• Soja Louca II Postulados de Koch em 2016 (Embrapa e
EPAMIG)
• Folhas verde escuro e encarquilhadas;
• Permanece verde mas não produz vagens.
144. Referências
AGRIOS, G.N. Plant diseases caused by nematodes. In: AGRIOS, G. N. Plant
pathology. 5 ed, 2005.
CAMPOS, V. P.; SILVA, J. R. C.; PEREIRA, L. H. C. Manejo de fitonematóides. 2007.
FERRAZ, S., FREITAS, L.G., LOPES, E.A., DIAS-ARIEIRA, C.R. Manejo sustentável
de fitonematóides. 2010.
FERRAZ, C.C.B., MONTEIRO, A.R. Nematóides. In: BERGAMIN FILHO, A. KIMATI,
H., AMORIN, L. Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 1995
LUC, M.; SIKORA, R. A.; BRIDGE, J. Plant-parasitic nematodes in subtropical and
tropical agriculture. 2005.
TIHOHOD, D. Nematologia agrícola aplicada. 1993.
WHITEHEAD, A. G. Plant nematode control. 1997.